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Material da Disciplina de Orientação Vocacional do Curso de Psicologia do Mackenzie
Prof. Fabiano Fonseca da Silva
Modalidade Clínica de Rodolfo Bohoslavsky
	Bohoslavsky desenvolveu o trabalho de Orientação Vocacional Clínica durante os anos 70 na Argentina e basicamente propôs um trabalho que se opunha ao que chamou de modalidade estatística, ou psicométrica, que determinava um lugar do homem no mundo. A escolha para Bohoslavsky é uma tarefa afetiva-emocional, dimensões que ficam em segundo plano na abordagem psicométrica.
	Outro ponto importante é que Bohoslavsky dizia que sua estratégia era psicoprofilática, ou seja, preventiva. Mas podemos avaliar que sua intervenção não pode ser considerada preventiva, pois funciona mais adequadamente em situações de crise, ou quando o sujeito passa por mudanças em sua carreira, como o próprio autor diz.
	Bohoslavsky propõe uma divisão para explicar como se constrói a escolha no jovem. Para o autor há quatro situações pelos quais os jovens passam seriam elas: pré-dilemática, dilemática, problemática e resolução. O pré-dilemático é o jovem que não se dá conta que tem de fazer uma escolha, não sabe sequer se está em dúvida, sua angústia é confusa, pode ser comparado ao jovem no início do ensino médio ou final do fundamental; o dilemático sabe que existe um conflito, mas não se preocupa muito com ele; o problemático é o vestibulando típico, com ansiedade de tipo persecutório, sente-se perseguido e pressionado por todos; para o jovem na situação de resolução a tarefa não é escolher, mas “deixar de escolher”, ou seja, ele já sabe o que quer fazer, mas não consegue abrir mão das outras carreiras que interessam, sua angústia é de tipo depressivo.
	Para Bohoslavsky o ideal é atender a pessoa na situação problemática ou de resolução, ou seja, quando estão em crise, que é quando melhor se aplica a sua proposta de trabalho. 
	As principais referências do modelo de Bohoslavsky eram: a Psicanálise Kleiniana; a psicoterapia do ego, que deu origem posteriormente às psicoterapias breves ou focais; o Existencialismo.
Como a escolha é contruída?
	Bohoslavsky propõe uma forma para explicar como se constrói a escolha profissional, para esse autor há duas referências importantes: a Identidade Ocupacional (que está ligada às relações que a pessoa estabelece com o mundo) e a Identidade Vocacional (ligada à forma como a escolha é construída subjetivamente).
	A Identidade Ocupacional (IO) é a “autopercepção ao longo do tempo em termos de papéis ocupacionais”. Onde:
Ocupações são nomes com os quais se designam expectativas, que têm os demais indivíduos, em relação ao papel de um indivíduo.
Papel é a seqüência estabelecida de ações aprendidas, executadas por uma pessoa em situação de interação.
	A IO é adquirida ao longo do tempo, é uma construção que incorpora as nossas vivências e a maneira como organizamos as relações que são importantes em termos ocupacionais, ou as nossas identificações.
	Para Bohoslavsky antes de construímos nossa identidade estabelecemos uma série de identificações, com pessoas, lugares, grupos dos quais participamos durante a nossa vida. As identificações têm um caráter inicial defensivo, ou seja, procuramos ser igual a alguém, ou um grupo, para podermos ser aceitos. Com o tempo estabelecemos uma identidade, então os valores das pessoas e grupos com os quais nos identificamos deixam de ser defensivos ou imitativos e passam a ser de fato compartilhados. 
	Há quatro identificações importantes para Bohoslavsky: identificações familiares (quando nos identificamos com os valores de nossa família, identificação positiva, ou quando fazemos o contrário de nossos familiares, identificação negativa); identificações com grupo de pares (quando nos identificamos com nossos colegas, sempre é positiva); identificações sexuais (ou de gênero, podemos escolher carreiras que são mais masculinas ou femininas); gênese do ideal do ego (projetamos uma imagem de futuro para nós mesmos, uma imagem ideal, que compõem a nossa identidade ocupacional).
	Certamente há outros fatores de identificação, como a escola, trabalho, mídia, mas estes não foram explorados por Bohoslavsky.
	Para Bohoslavsky a base da Identidade Vocacional (IV) é o que nos motiva a escolher, é o que faz com que o ego procure algo que dê conta de nossas necessidades subjetivas. A IV responde ao processo de reparação de Melanie Klein, ou seja, há um objeto interno danificado que precisa ser reparado no mundo exterior e, para Bohoslavsky, as nossas escolhas vocacionais seriam formas de dar conta desta necessidade de reparação, ou seja, nossas escolhas são guiadas para diminuir o sofrimento e a angústia da perda do objeto pleno que era a mãe.
	O objeto interno chama, ou invoca, o ego para que ele procure fora (no mundo exterior, por meio da IO) escolhas que possam minimizar o sofrimento e a sensação de perda. Desta forma Bohoslavsky retoma o sentido da palavra vocação, onde Deus chama a pessoa para um trabalho religioso, só que na proposta da IV o chamado vem de dentro do sujeito.
	Nem toda a escolha profissional seria reparatória, há as chamadas pseudo-reparações, onde a pessoa não consegue alcançar uma reparação autêntica:
Pseudo-reparação maníaca: nega a perda do objeto e os sentimentos de abandono, o sujeito torna-se onipotente, pode resgatar a vida por meio de uma escolha, ou condenar uma pessoa.
Pseudo-reparação melancólica: autodestrutiva, forma de repara objeto é destruindo a si mesmo, intensa culpa, a pessoa nunca é boa o suficiente para uma escolha. A pessoa ataca ao objeto com o qual se identificou e a si mesma.
Pseudo-reparação compulsiva: Há uma culpa persecutória pela destruição do objeto, reparar é impossível, há rigidez e autoritarismo que se expressam pela escolha. 
Luto pela escolha
	Para Bohoslavsky muitas pessoas não têm dificuldade em escolher, na verdade procuram a Orientação Vocacional com a opção já realizada, a dificuldade está em definir o que “não querem escolher”. 
Sempre que fazemos uma opção nós preterimos outras, a maioria das descartadas não nos interessa, mas há algumas que nos mobilizam mais. Por exemplo, você quando prestou vestibular para Psicologia devia ter outras carreiras que interessavam, mas acabou por optar pelo curso que faz hoje, mas o que houve com o seu interesse pelas outras opções?
Possivelmente você manteve o interesse que fez você pensar em outro curso, mas isso deve estar em outro lugar na sua vida que não sua carreira, pode ser até que vire uma opção por especialização daqui algum tempo, ou mesmo um hobby, o importante é que os interesses não somem, mas quando não estão relacionados diretamente à carreira ocupam outro lugar em nossa identidade.
O luto é a capacidade de abrir mão de uma escolha, há pessoas que ficam melancólicas, pois não conseguem deixar de lado as opções secundárias, elas de fato precisam morrer. Mas o importante é que sempre é um luto pelo futuro, pelo que você não será, quando abre mão de pedagogia você não será pedagogo, o interesse por educação pode permanecer.

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