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BIANCA AKEMI VITOR A aplicação da preclusão de apresentação de provas no processo administrativo tributário à luz do princípio da verdade material O presente trabalho objetiva abordar o processo administrativo tributário sob o viés da aplicação da preclusão de apresentação de provas à luz da verdade material. Sabe-se que o processo administrativo tributário, ou também denominado, processo administrativo fiscal, é orientado através do princípio da verdade material, ou verdade real, aquela na qual o julgador possui o poder de formar sua convicção não somente pelas informações e documentos que as partes trazem aos autos, mas buscando elucidar os fatos ocorridos de forma exaustiva, conforme dispõe os artigos 18 e 29 do Decreto nº 70.235/72 que regulamenta o processo administrativo fiscal. Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Nesse diapasão, a ilustre Profª. Drª Odete Medauar, em sua obra “Processualidade no Direito Administrativo”, preceitua: “O princípio da verdade material ou verdade real, vinculado ao princípio da oficialidade, exprime que a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos considerados pelos sujeitos”. Ademais, importante destacar que é este princípio, uma das principais diferenças existentes entre o processo judicial e o processo administrativo. No judiciário, a verdade formal é a regra, enquanto nos processos administrativos tributários, a verdade material deve prevalecer, a fim de buscar a possibilidade da real ocorrência do fato gerador. Em contrapartida, tão importante princípio pode muitas vezes conflitar com o instituto da preclusão, que ocorre quando o prazo processual legal se expira, e o direito da parte de praticar determinado ato no processo se extingue, não o podendo mais exercer de forma válida. Nota-se, apesar disso, a importância da aplicação deste instituto para o ordenamento jurídico, visto que é essencial para manter e promover a celeridade dos atos do processo. Nesse sentido, segundo o ilustre Prof. Hamilton Fernando Castardo “preclusão é a perda de uma faculdade ou de um direito processual, que, por se haver esgotado ou por não ter sido exercido em tempo e momento oportunos, fica praticamente extinto. Declara-se a inadmissibilidade da prática de um ato que não foi praticado no prazo devido previsto. Vem do latim praecludo, que significa fechar ou encerrar”. De maneira mais específica, uma das hipóteses de ocorrência da preclusão no processo administrativo tributário ocorre quando o sujeito passivo deixa de apresentar as provas documentais no momento da impugnação, podendo apenas exercê-lo posteriormente, quando cabalmente provado a impossibilidade de tê-los apresentados no prazo oportuno, por motivos de força maior, ou caso se refira a fato ou direito superveniente ou destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, conforme prescreve o parágrafo 4º, do art. 16, do Decreto nº 70.235/72. Não somente a norma, mas também a jurisprudência administrativa tem sido altamente exigente quanto ao cumprimento do referido artigo, não aceitando a apresentação de provas intempestivas quando não enquadradas nas hipóteses previstas no parágrafo 4º. Ora, se o princípio da verdade material que rege o processo administrativo fiscal/tributário acaba por afastar o formalismo em prol da verdade real, como coexistir dois princípios tão divergentes? A indicação de tornar preclusa a apresentação de provas após a impugnação é totalmente contrária ao principio da busca pela verdade material, haja vista que o julgador deve sempre, ou ao menos deveria, buscar a verdade dos fatos. Diante de tudo quanto foi exposto, entende-se que não se deve afastar os requisitos mínimos para o devido processo administrativo tributário, todavia, razoável o entendimento que, em casos conflitantes, deve-se prevalecer a verdade real sobre a forma, de modo a atender melhor a função social inerente ao processo tributário.
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