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A INFLUÊNCIA DA CULTURA CARIBENHA NA FORMAÇÃO DE PORTO VELHO

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FACULDADES INTEGRADAS DE 
ARIQUEMES 
 
 
DIEGO ALVARES PINSAN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DA CULTURA CARIBENHA NA 
FORMAÇÃO DE PORTO VELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARIQUEMES 
2012 
 
FACULDADES INTEGRADAS DE 
ARIQUEMES 
 
 
Diego Alvares Pinsan 
 
 
 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DA CULTURA CARIBENHA NA 
FORMAÇÃO DE PORTO VELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Artigo apresentado como requisito parcial 
para obtenção do Título de Licenciatura 
Plena em História das Faculdades 
Integradas de Ariquemes – FIAR. 
Orientador: Carmelita da Silva Santos 
 
Ariquemes 
2012 
Diego Alvares Pinsan 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DA CULTURA CARIBENHA NA 
FORMAÇÃO DE PORTO VELHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em ____de ________de _______ 
 
 
 
 
__________________________________________ 
Professor Orientador: Carmelita da Silva Santos 
Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR 
 
 
 
__________________________________________ 
Prof. 
Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR 
 
 
 
__________________________________________ 
Prof. 
Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR 
 
 
 
 
Ariquemes 
2012 
Artigo apresentado como requisito parcial para 
obtenção do título de Licenciatura Plena em 
História das Faculdades Integradas de 
Ariquemes – FIAR, sob apreciação da seguinte 
Banca Examinadora: 
 
A INFLUÊNCIA DA CULTURA CARIBENHA NA FORMAÇÃO DE PORTO VELHO1 
 
 
Carmelita da Silva Santos2 
Diego Alvares Pinsan3 
 
 
RESUMO 
 
 
A vinda dos caribenhos para a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré com certeza marcou 
o início da estadia destes operários que para alguns tenha sido temporária, mas para muitos foi o início 
de uma nova vida, criando assim raízes e deixando descendentes em Porto Velho, juntamente com 
seus costumes que caracterizam hábitos de cultura inglesa trazida pelos caribenhos durante a 
construção da EFMM, como por exemplo, o uso dos chapeis para as mulheres, a religiosidade 
protestante e o hábito de se tomar o “chá das cinco”. Assim esta pesquisa visa levar ao público em 
geral a relevância do povo caribenho que não ajudaram somente na construção da ferrovia, mas 
também na formação cultural e social da cidade de Porto Velho. Deste modo, é imprescindível que este 
fato, que este povo tenha seu devido respeito e reconhecimento, uma vez que existem desconhecidas 
verdades por trás desta tão “conhecida” história, que devem vir ao conhecimento e assim eternizadas. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Caribenhos. EFMM. Porto Velho. Cultura. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
The coming of the Caribbean for the construction of the Railroad Madeira Mamore certainly marked the 
beginning of stay for some of these workers who have been temporary, but for many it was the beginning 
of a new life, thus creating roots and leaving descendants in Porto Velho, along with their customs that 
characterize habits of English culture brought by the Caribbean during the construction of EFMM, such 
as the use of Hats for women, the Protestant religion and the habit of taking the "afternoon tea". Thus 
this research aims to bring to the public the importance of Caribbean people who not only helped in the 
construction of the railway, but also in social and cultural background of the city of Porto Velho. Thus, it 
is essential that this fact, that this people have their due respect and recognition, since there are 
unknown truths behind this as "known" history, which should come to knowledge and thus perpetuated. 
 
KEYWORDS: Caribbean. EFMM. Porto Velho. Culture. 
 
 
1 Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura Plena em História 
das Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR. 
2 Professor Orientador e docente das Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR: licenciado em 
Libras; Especialista em Libras. 
3 Discente do curso de História 
SUMÁRIO 
 
 
Introdução ..................................................................................................................... 5 
1 A influência inglesa nas ilhas do caribe ................................................................ 6 
1.1 Estrada de ferro madeira mamoré e sua função na criação de porto velho 10 
1.2 Do caribe para o noroeste brasileiro ................................................................. 14 
2 A influência dos caribenhos na formação cultural e social de porto velho .... 16 
Considerações finais ................................................................................................. 25 
Referências ................................................................................................................. 28 
 
5 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 Nas grades curriculares das Escolas públicas ou privadas, tanto no Ensino 
Fundamental quanto no Ensino Médio, os livros didáticos de História assim como de 
outras disciplinas são bem resumidos, onde passa para os alunos a História do mundo 
ou do Brasil de forma sintetizada, contudo dentro da História do Brasil assuntos como 
Tratado de Tordesilhas são estudados com mais amplitude que outros, enfatizando 
também a atuação dos espanhóis e portugueses, uma vez que estes são personagens 
imprescindíveis para a história do nosso país. 
 Seguindo este pressuposto, vários fatos e eventos relevantes são ofuscados 
através da divulgação dos assuntos que são considerados mais “importantes” para 
serem estudados em sala de aula. Desta forma vê-se a relevância da realização desta 
pesquisa, que mostrará aos pesquisadores, professores e alunos que existem 
acontecimentos em nosso Estado que devem ser estudados com a mesma 
proeminência de outros episódios de nossa história. 
 Deste modo este trabalho levará ao público a história de pessoas que 
influenciaram na formação de uma cidade, a capital de Rondônia, assim como na 
formação cultural desta. Onde tudo começou com a construção da Estrada de Ferro 
Madeira Mamoré, a única da região Norte e a terceira máquina a vapor do Brasil, 
empreendimento que teve a notória participação de um povo singular, os caribenhos, 
que assim como os demais operários, soaram a camisa, suportando o clima quente e 
úmido e todos os perigos da nossa Floresta Amazônica, com o objetivo de levantar 
riquezas enquanto erguiam um monumento que voltaria os olhos do país a um 
pontinho da região Norte, monumento que foi candidato a se tornar um Patrimônio da 
Humanidade da UNESCO. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
1 A INFLUÊNCIA INGLESA NAS ILHAS DO CARIBE 
 
 
 Com a descoberta da existência das Américas pelo navegador Cristovão 
Colombo no século XV, a primeira coisa que os reis católicos da Espanha e Portugal 
fizeram, foi garantir a posse das Américas com a ajuda do papa Alexandre VI que 
tornou isto possível com o tratado de Tordesilhas onde os dois interessados Espanha 
e Portugal tomavam posse de toda a terra, claro que isto gerou incômodo por parte 
dos outros países que se encontravam na corrida pela expansão marítima, como a 
França, Holanda e Inglaterra (AQUINO; LEMOS; LOPES, 2008). 
 Seus pontos de apoio nas novas terras eram onde hoje estão as ilhas 
caribenhas na America Central, como Barbados e Granada, e outras tantas ilhas que 
serviram muitas vezes de esconderijo para os piratas, durante a colonização 
espanholae portuguesa nas Américas após o século XV. 
 Barbados foi descoberta pelos espanhóis em 15 de agosto de 1518, mas não 
colonizaram o local, em 1627 os ingleses colonizaram a ilha e importaram escravos 
da África para lavoura de cana-de-açúcar, há indícios de que onde hoje está localizada 
a cidade de Saint James teria sido o local aonde chegaram os primeiros colonizadores 
ingleses no ano de 1625 (AQUINO; LEMOS; LOPES, 2008). 
 Já Granada foi descoberta por Cristovão Colombo no ano de 1498, batizando-
a de Concepción e também não quiseram colonizá-la, e por mais de um século se 
manteve nas mãos dos índios Caribes, somente em 1650 quando o governador 
francês da Martinica fundou uma colônia em Saint Georges é que os índios Caribes 
foram então exterminados. E isso aconteceu também em Barbados e em muitas 
outras ilhas da região do Caribe. 
 Isto é, a França levou franceses de origem pobre para trabalhar nessas 
colônias, contudo era muito perigoso, pois sofriam constantes ataques pelos nativos 
caribenhos, assim muitos nativos foram exterminados, e alguns sobreviventes foram 
levados para a França para divertir a corte (REZENDE, 2001). 
 Deste modo, a França passou a importar escravos da África para o cultivo da 
cana-de-açúcar, e permaneceram até 1762 quando perderam o poder para os 
Britânicos, pois os dois países nesta época se viam em persistentes conflitos. Assim 
7 
 
 
foi sancionado o Tratado de Paris em 1736, em que a França teria que entregar todas 
as suas ilhas conquistadas no Caribe para o domínio inglês que as invadiram em 1779. 
 Contudo a região volta a ser dos franceses quando esta a toma em um ataque, 
que novamente mais tarde volta definitivamente a ser dos Britânicos em 1783, mas 
neste caso a “uti possidetis solis”4 foi para os ingleses naquela época um forte preceito 
de ocupação das ilhas caribenhas até 07 de Fevereiro de 1974, quando por fim, o 
Caribe se torna um Estado independente, com exceção das Ilhas Virgens Britânicas 
(REZENDE, 2001). 
 Com a tomada das terras pelos britânicos, estes deram continuidade ao 
cultivo de cana-de-açúcar e a importação dos negros africanos, acarretando assim na 
formação da população negra nas ilhas. 
 Seguindo esse pressuposto, o Caribe é um conjunto de ilhas no mar do Caribe 
que fica na América Central, é também conhecido como Antilhas. Os territórios mais 
conhecidos são: Cuba, Barbados, Haiti, República Dominicana, Jamaica, Granada, 
Bahamas. 
 Barbados é uma ilha que fica numa região que é conhecida como Pequenas 
Antilhas, que são de origem vulcânica. O Caribe já recebeu em seu território durante 
sua colonização, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses, em que cada um 
trouxe consigo importantes mudanças sociais para essas regiões influenciando direta 
e indiretamente na cultura dessas ilhas (FOLHA, on-line, 2012). 
 Barbados com certeza é a mais inglesa de todas as outras ilhas inglesas do 
Caribe. Barbados, independente de ser pequena ainda assim foi a primeira grande 
colônia inglesa caribenha, “a nobreza dos gestos, o jeito de falar e a formalidade no 
trato com os turistas são alguns sinais dessa influência. O bom humor e até a 
paciência para suportar algumas ofensas são traços comuns do povo barbadiano” 
(BARBADOS, on-line, 2012), sendo que “a influência inglesa, no entanto, surge em 
toda parte, na arquitetura, na educação, nos costumes, nas leis e na política” 
(BARBADOS, on-line, 2012). 
 
4 Nomenclatura sinônima de Geopolítica mais antiga, que se trata da explicação ‘legal’ de o por quê 
das grandes nações terem ou quererem o direito de adquirir terras mesmo aquelas já habitadas por 
povos considerados pelos conquistadores inferiores e sendo assim não aptos a permanecerem com 
tais áreas geográficas. 
8 
 
 
 De tal modo que se pode perceber a cultura inglesa principalmente no idioma 
do país, uma vez que “a relação entre uma língua e um povo é tão íntima que 
dificilmente se pode separá-los. Uma língua é importante porque os seus falantes 
também o são – em termos de política, economia, comércio, sociedade e cultura” 
(PIRES, 2002, p.11), mesmo que estejam presentes também outras línguas, mas o 
inglês ainda assim é o mais expressivo dos idiomas falados na região, pois: 
O inglês é a língua mais falada em todas as ilhas, assim como o francês nas 
ilhas de origem francesa. Na maioria também se entende e fala o espanhol. 
A linguagem popular é o Papiamento ou Patois (diz-se patoá) dialeto de 
origem africana misturado aos diversos idiomas que dominaram e dominam 
as ilhas como inglês, francês, holandês, espanhol e português e ainda a 
língua dos arauaques, índios que habitavam a maioria das ilhas antes do seu 
descobrimento (LOTUFO, on-line, 2012). 
 Em Barbados encontra-se o mais puro estilo inglês nos seus edifícios e 
igrejas, que parecem cópias exatas dos campos ingleses, “as casas, em estilo 
vitoriano, o povo disciplinado e mão esquerda de direção, e os campos de críquete 
evidenciam sua origem” (FREIRE, on-line, 2012). Sendo que alguns bairros e locais 
ganharam nomes iguais aos bairros da Inglaterra, como Brighton, Hastings, Dover, 
Vauxhall e Worthing (LITTLE..., on-line, 2012). Muitos costumes oriundos da Inglaterra 
ainda perduram no cotidiano de Barbados como o: 
 Tradicional chá da tarde com bolos de creme, que existe em quase todos os 
hotéis e casas diariamente. Assim como, o sistema educacional e judicial é o 
mesmo utilizado pelos ingleses. Outro indício desta influência é o fato de que 
na ilha existem muito mais bajans5 anglicanos do que católicos (LITTLE..., 
on-line, 2012). 
 A pequena Inglaterra tropical mesmo depois de sua independência em 1966, 
ainda mantém sua lealdade à coroa inglesa, contudo o sistema político é próprio e 
singular, o Poder Executivo é chefiado pela Rainha Elizabeth II: 
 
5 Nativo ou residente de Barbados, termo pelo qual os moradores locais gostam de ser 
chamados 
9 
 
 
Representada pelo governador geral [...]. O Primeiro-Ministro [...] é o chefe 
de Governo [...]. Não há eleições. O monarca é hereditário e o Governador 
Geral é indicado pelo monarca. Após as eleições legislativas, o líder do 
partido majoritário ou o líder da coalisão majoritária é geralmente indicado 
Primeiro-Ministro pelo Governador Geral, sendo o Vice-Primeiro-Ministro 
recomendado pelo Primeiro-Ministro (BARBADOS, on-line, 2012). 
 Já o Poder Legislativo é formado pelo Congresso Bicameral que é: 
Composto pela Casa da Assembléia, com 30 membros eleitos por voto 
popular direto para mandato de 5 anos, e Senado, com 21 Senadores 
indicados pelo governador geral. As próximas eleições para a Casa da 
Assembléia estão previstas para maio de 2008 (BARBADOS, on-line, 2012). 
 Sendo que “nas eleições gerais de janeiro de 2008, o Partido Trabalhista 
Democrático ganhou 20 de 30 assentos. O Excelentíssimo Freundel J. Stuart, M.P., 
é o atual primeiro ministro” (SOBRE..., on-line, 2012). O Poder Judiciário é o sistema 
legal de Barbados que: 
Deriva da Common Law e estatutos britânicos. As cortes administram as Leis 
de Barbados, que consistem basicamente de legislação local. A atividade 
judicante é exercida por Procurador-Geral, Juiz Supremo e demais 
magistrados. O Juiz Supremo e demais magistrados são nomeados pelo 
Governador-Geral, por indicação do Primeiro-Ministro. A apelação final das 
cortes de Barbados é apreciada pelo Conselho Privado (Reino Unido) 
(BARBADOS, on-line, 2012). 
 De acordo com essa perspectiva, nota-se a similaridade entre a política 
barbadiana e a inglesa, assim como há também uma semelhança no sistema 
educacional6, a organização política, a predominânciada religião anglicana, e uma 
conduta típica que significa o orgulho britânico em cada cidadão barbadense (ROCHA, 
on-line, 2012). 
 
 
 
6 Com um índice de alfabetização de 99,7%, Barbados foi classificado em 4º lugar no mundo inteiro. 
O sistema educacional de Barbados, que oferece educação gratuita desde o ensino fundamental até 
o superior é reconhecido mundialmente como um modelo altamente bem sucedido. 
 
10 
 
 
1.1 ESTRADA DE FERRO MADEIRA MAMORÉ E SUA FUNÇÃO NA CRIAÇÃO DE 
PORTO VELHO 
 
 
 O processo de colonização do espaço geográfico onde hoje é o Estado de 
Rondônia acompanhou: 
Rigorosamente o padrão do método europeu de colonização levado a cabo 
no Novo Mundo. A rigor, não houve no processo de povoamento da região a 
absorção de povos nativos, mas sim a supressão por afugentamento das 
múltiplas etnias autóctones que originariamente foram os ocupantes 
primitivos deste espaço geográfico (MENDES, p. 4). 
 Deste modo, Teixeira, Fonseca e Moratto (2008) destacam que: 
O estado de Rondônia foi criado em 1982 a partir do Território Federal de 
Rondônia. Seu território foi formado por terras originalmente pertencentes aos 
estados do Mato Grosso e Amazonas. A colonização dessa região ocorreu a 
partir do século XVIII quando portugueses se instalaram no vale do Guaporé 
e montaram um sistema de ocupação e colonização baseado no tripé: 
mineração, escravidão ocupação militar das fronteiras (2008, p.1). 
 Portanto, o Brasil com o objetivo de trazer maior controle sobre o território 
nacional e manter uma comunicação mais direta com suas fronteiras, deu extrema 
importância à sua primeira arma de conquista – o telégrafo. 
 O telégrafo vinha com a função do “estudo da região no que tange sua defesa, 
o caminho para a comunicação fronteiriça, a navegabilidade dos rios e a utilização da 
terra para lavoura, assim como o estudo de tudo o que pudesse ser extraído da região” 
(RELATÓRIO DO MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, VIAÇÃO E OBRAS PÚBLICAS, 
1908, p. 413-418). Assim como levar a comunicação para as regiões menos 
desenvolvidas, fazendo com que o telégrafo ligasse essas localidades com as demais 
regiões: 
Dessa forma, foi constituída em 1907 uma comissão especial, numa parceria 
nunca antes feita, composta não só pelos funcionários da respectiva 
repartição, mas também por um largo contingente de militares, a Comissão 
de Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas 
(CLTEMA), com a finalidade de expandir o telégrafo para uma área de 
11 
 
 
extrema importância ao Brasil que se formava. Contudo, seu chefe, Candido 
Mariano da Silva Rondon (1865-1958), fez dessa finalidade quase um meio 
para se buscar o (re) conhecimento desse imenso país, seguindo até 1915 
com uma diversidade de atividades dirigidas por ele (MARTINS, p. 542). 
 Assim, a integração nacional começa com o desbravador Cândido Mariano da 
Silva Rondon juntamente com a CLTEMA, que ficou conhecida como Comissão 
Rondon: 
Quem vive ao longo da Linha Rondon facilmente se julgaria na Lua. Imagine-
se um território do tamanho da França, três quartos inexplorados; percorrido 
somente por pequenos bandos de indígenas nômades que estão entre os 
mais primitivos que se possam encontrar no mundo; e atravessado de ponta 
a ponta por uma linha telegráfica (LÉVI-STRAUSS, 1979, p.267). 
 A Comissão Rondon por atingir grandes proporções na mídia da época 
chegou a alcançar o respeito até do então presidente norte-americano Theodore 
Roosevelt, em que apontou que “a América poda [sic] apresentar ao mundo duas 
realizações ciclópicas: ao norte, o Canal do Panamá, ao sul, o trabalho de Rondon. 
Cientista, prático, humanitário" (NETO, p. 25). 
 Contudo, o telégrafo não foi o único meio que permitiu a expansão do poder 
central para a Amazônia. Ou seja, o Brasil tinha uma segunda arma de conquista, a 
malha ferroviária, que era “um grande plano da República nascente para 
delineamento, ocupação e colonização militar das fronteiras brasileiras com o 
Paraguai e a Bolívia” (MACIEL, 1999, p. 80). 
 Assim iniciou-se o drama de uma estrada de ferro que fracassaria antes 
mesmo de sair do papel, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, sendo que: 
A construção de uma ferrovia dessa escala no meio da floresta amazônica no 
início do século XX, entretanto, era uma empreitada das mais difíceis. O 
montante de intrigas, migrações, investimentos (nacionais e estrangeiros, 
públicos e privados), endividamentos, falências, doenças e mortes que 
acompanhou esse processo revestiu a obra de uma certa mística 
(FERREIRA, 1982). 
 A espetacular Estrada de Ferro Madeira Mamoré teve uma participação 
expressiva na formação do Estado de Rondônia, influenciando principalmente na 
12 
 
 
criação de sua capital, a cidade de Porto Velho. Mas o principal ponto em que esse 
empreendimento se focaria, seria o escoamento dos produtos tanto do Brasil quanto 
da Bolívia para o oceano atlântico, assim os dois países teriam grande vantagem 
nesta construção. Deste modo, o artigo VII do tratado de Petrópolis7, visava que: 
Os Estados Unidos do Brasil obrigam-se a construir em território brasileiro, 
por si ou por empresa particular, uma ferrovia desde o porto de Santo Antônio, 
no rio Madeira, até Guajará-Mirim, no Mamoré, com um ramal que, passando 
por Vila-Murtinho ou em outro ponto próximo (Estado de Mato-Grosso), 
chegue a Villa-Bella (Bolívia), na confluência do Beni e do Mamoré. Dessa 
ferrovia, que o Brasil se esforçará por concluir no prazo de quatro anos, 
usarão ambos os países com direito às mesmas franquezas e tarifas 
(DECRETO..., on-line, 2012). 
 Para Hardman, a determinação de levar adiante uma construção deste porte 
foi além dos objetivos econômicos, mas também da: 
Afirmação nacional, pelo desejo de dominar o desconhecido e selvagem, pelo 
afã – em dado momento incontornável – de percorrer territórios estranhos e 
de transformá-los, neles imprimindo as marcas conhecidas da engenharia 
mais avançada (HARDMAN, 1988). 
 Contudo, independentemente da razão e mesmo com todos os empecilhos 
naturais, portanto se deu início ao grande empreendimento de tal modo que: 
Em 1861 o general boliviano Quentin Quevedo e o engenheiro brasileiro João 
Martins da Silva Coutinho, sem ter contato nenhum, cada um trabalhando 
para seu país sugeriram aos seus governos ou aos seus contratantes, a 
construção de uma ferrovia margeando as cachoeiras nos rios Madeira e 
Mamoré (SCUCUGLIA, 2005, p. 03). 
O rio Madeira não era um rio fácil de navegar, isso devido às suas perigosas 
cachoeiras, porém era o único caminho que a Bolívia poderia alcançar o Atlântico, 
então: 
 
7 Decreto n° 5.161, de 10 DE Março de 1904. Que Manda executar o Tratado de permuta de 
territórios e outras compensações, celebrado em 17 de novembro de 1903, entre o Brasil e a Bolívia. 
 
13 
 
 
A partir de 1907, aquela parte da região amazônica virou um formigueiro com 
mais de 3 mil trabalhadores vindos de todos os cantos do mundo. Até uma 
loja maçônica, a dos “Temporários”, fundou-se por lá. Vindas de Nova York, 
modernas máquinas à vapor foram instaladas para ajudar os trabalhadores 
na derrubada da paisagem paleozóica que cercava os trilhos da temerária e 
desabrida ferrovia que, segundo seus detratores “ ligava o nada a lugar 
nenhum (CARMO, p. 3). 
 O período que transcorreu de 1907 a 1912, foi um período muito longo para 
todos os envolvidos nesta saga, assim para a construção da Estação de Ferro Madeira 
Mamoré, foi necessário mais que paciência entre os dois países, desde a ideia de se 
construir até a iniciação da obra passou mais de 10 anos foram necessárias mais de 
quatro concessionáriaspara depois de quarenta anos entregar a ferrovia funcionando 
para os dois países. O último responsável pela construção da ferrovia foi Joaquim 
Catramby, um engenheiro que trabalhava para Percival Farquhar (SCUCUGLIA, 
2005). 
 Durante todo o processo de construção da tão sonhada e improvável ferrovia 
diversos obstáculos atrapalharam o trabalho daqueles responsáveis pela obra, “a 
saúde durava cerca de um mês, após esse período estariam inutilizados, fora os que 
não resistiam as inúmeras endemias” (GÓES, 2007, p.37) como: 
A bexiga, a beribéri, a diarréia, a pneumonia, a malária e enxames de 
mosquitos os devastou. Eram os anti-corpos usados pela floresta para expelir 
os invasores. Metade dos médicos morreu ou adoeceu com gravidade. 
Pavorosas ainda eram as chuvas. As trombas d’água, uma a cada 24 horas, 
dissolvendo tudo, punham o trabalho de meses a perder. Partindo do cais de 
Porto Velho em direção à fronteira boliviana, o primeiro trecho de 90 km da 
estrada de ferro Madeira-Mamoré foi inaugurado em 1910 (CARMO, p. 3). 
 Apesar das barreiras, a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré foi 
adiante e “em 1º de agosto de 1912, com 366 km completados, finalmente a 
inauguraram, encerrando assim um dos maiores feitos da engenharia do nascente 
século 20” (CARMO, p. 3). 
1.2 DO CARIBE PARA O NOROESTE BRASILEIRO 
 
 
14 
 
 
 O processo do levantamento da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que 
persistiu de 1907 a 1912, com o intuito de promover o povoamento do extremo norte 
brasileiro bem como de abrir caminho ao Atlântico, trouxe além dos diversos 
problemas, também suas vantagens, como o nascimento da cidade de Porto Velho 
que contava “com luz elétrica, água tratada, telefone, tipografia, fábrica de gelo, entre 
outros” (SCUCUGLIA, 2005), pois: 
As instalações do complexo ferroviário cresciam, a renda per capta era alta, 
o comércio vigoroso e o fluxo de estrangeiros intenso. Foi o que bastou para 
a pequena cidade chamar a atenção de nações distantes com interesses 
especiais: um pequeno povoado em franco desenvolvimento, uma estrada de 
ferro e um eldorado latente em plena selva brasileira (ANDRADE, on-line, 
2012). 
 Contudo, durante esse período, a EFMM que estava sobre responsabilidade 
de Farquhar, só conseguiu ir adiante com a importação de trabalhadores, pois a mão-
de-obra local se via insuficiente, uma vez que o ciclo da borracha estava no auge, 
deste modo sendo necessária a introdução de mão-de-obra importada. 
 De início viu-se a entrada de trabalhadores espanhóis para a construção, já 
que estes já haviam trabalhado em construções similares em Cuba. Porém com os 
altos índices de baixas por ataques de índios, acidentes de trabalho, feras da mata e 
doenças tropicais, juntamente com a má remuneração, fez com que os espanhóis 
retornassem para suas terras deixando a construção para traz. 
 Desta maneira, logo se viu a necessidade de mão-de-obra mais resistente aos 
fenômenos naturais, assim o capitão Walter Dudley, opinou em trazer trabalhadores 
com experiência em obras grandes em regiões mais invasivas. Imediatamente os 
nativos das colônias inglesas na América Central foram cogitados. Deste modo, por 
terem trabalhado na fantástica obra do Canal do Panamá, estes se portaram mais 
eficientes diante da necessidade de Dudley e Farquhar. 
 Portanto se deu início a mais um processo de importação de mão-de-obra a 
fim de dar continuidade ao grande projeto, assim: 
Os ingleses tinham como praxe a contratação de candidatos à ferrovia em 
caráter de experiência. Os prazos variavam de 6 meses a 1 ano para a 
efetivação. A remuneração era de 3 mil réis por dia. A disciplina e o bom 
comportamento no trabalho eram condições imprescindíveis (GÓES, 2007, 
p.41). 
15 
 
 
 Então vários “profissionais” foram importados de vários países: 
[...] Em 1908 foram trazidos para Porto Velho 2.450 homens de várias 
nacionalidades. [...] É fácil imaginar como seria, naquela época da 
construção, a maioria dos estrangeiros vieram da Espanha, Barbados, 
Trinidad, Jamaica, Panamá, Colômbia, na realidade a língua que 
predominava era o espanhol [...] (SCUCUGLI, 2005, p 18). 
 Charles Shockness foi um dos operários importados veio do Caribe, mas ele 
chegou a Porto Velho apenas em 1910, faltando somente dois anos para o término 
da construção. Dionísio Shockness filho de Charles conta que na época da construção 
a mão de obra utilizada era específica, “o meu pai é um exemplo, dessas pessoas. 
Ele veio de Granada (Caribe), especialmente para trabalhar num setor específico da 
construção da ferrovia, contratado pelos ingleses” (GÓES, 2007, p. 41). 
 De acordo com a perspectiva de Dionísio, naquela época era difícil achar mão 
de obra qualificada, como engenheiro, carpinteiros, não somente nos países da 
América, mas até mesmo na Europa. Mas com a introdução de trabalhadores mais 
especializados provenientes do investimento de Farquhar, a obra seguiu com mais 
vapor. Pois independentemente das críticas, Farquhar foi o impulsionador da obra, 
ganhando respeito até mesmo de um dos seus principais críticos da época, Monteiro 
Lobato, em que “deixou de considerar o americano como um capitalista sinistro para 
descrevê-lo como um clássico construtor de império, imbuído de um inabalável 
otimismo econômico” (GÓES, 2007, p. 175). 
 Seguindo esse pressuposto, Farquhar e Dudley foram os responsáveis por 
trazer os barbadianos, para trabalhar na construção da ferrovia, durante o período de 
1907 a 1912. Assim, os trabalhadores barbadianos fizeram parte dos 22.000 
trabalhadores aproximadamente que fizeram a diferença nesta construção épica. E 
de acordo com Dionísio Shockness, a construção da EFMM não seguiria em frente se 
não estivesse sob a responsabilidade dos ingleses. E “ele afirmou categoricamente 
que tudo que aconteceu em matéria de abandono da Estrada de Ferro Madeira 
Mamoré, nos dias atuais, foi nada mais nada menos, do que uma clara política de 
opção pela via rodoviária” (GÓES, 2007, p. 41). 
 A própria vida de Dionísio se estabeleceu em torno da Estrada e depois que 
ela parou de funcionar, e assim como os demais que dependiam dela, Dionísio sente 
16 
 
 
muito pesar ao se lembrar da EFMM, pois ele era o encarregado de manter em ordem 
o funcionamento do trem, consertando os problemas e prevenindo-os durante a 
jornada da Madeira Mamoré, e quando esta foi desativada tudo mudou pra ele: 
A Madeira-Mamoré acabou. Nada é mais Madeira-Mamoré. Hoje, pra falar o 
português claro, eu tenho até vergonha disso aqui. Eu pergunto: onde está a 
fábrica de gelo, as casas, os barracões? Eu comecei a trabalhar aqui em 1934 
e me aposentei em 69. Já fiz todo esse percurso da ferrovia. De Abunã pra 
cima, ficava tudo na minha responsabilidade. Se caísse alguma coisa, se 
quebrasse alguma coisa, eu que recuperava. Recuperava litorina, recuperava 
tudo. A gente tinha que passar carga trazida da Bolívia, passava borracha. 
Ao longo da linha tinha seringalistas, tinha residências de gente que morava 
aí, tinha comércio. Essa ferrovia supria tudo. Isso foi tudo no tempo do trem. 
(MAJOLO, 2011, p. 101). 
 De acordo com o exposto, nota-se o quão proeminente foi a Estrada de Ferro 
Madeira Mamoré para aqueles que dependiam dela e que fizeram parte do alicerce 
do povoamento de Porto Velho, os caribenhos “um povo expropriado de sua cultura 
original, a africana, em favor de uma imperialista, a inglesa, sob o sol amazônico, com 
todas as suas características tão particulares e completamente antagônicas à 
manutenção da fleuma britânica” (MARTINS, 2011, p. 4). 
 
 
2 A INFLUÊNCIA DOS CARIBENHOS NA FORMAÇÃO CULTURAL DE PORTO 
VELHO 
 
 
 Os barbadianos como eram conhecidos todos os trabalhadores imigrantesde 
qualquer uma das colônias inglesas do Caribe, fizeram parte da grandiosa e duvidosa 
construção da EFMM juntamente com diversos outros imigrantes de várias partes do 
mundo, mas ao contrário dos outros operários, os barbadianos tiveram uma grande 
influência na formação social e cultural da cidade de Porto Velho. 
 Seguindo a perspectiva aqui exposta, os barbadianos chegaram a Porto Velho 
para levantar uma grandiosa obra em plena região amazônica, uma vez “que foram 
convencidos pela oferta de emprego e preferidos pelos empregadores, por julgarem 
17 
 
 
ser os mais resistentes as doenças tropicais que aqui encontravam” (DOMINGUES 
TEIXEIRA, 2001, p.142), e por serem também mais experientes, já que recebiam em 
suas ilhas treinamento como mecânicos e artífices, assim sendo aos olhos dos 
empregadores, mais requisitados para o trabalho de mecânica e manutenção da 
ferrovia (BURGEILE, 1989). 
 Destarte, com a finalidade de ajudar a erguer um grandioso monumento 
(levando em consideração os riscos e por se tratar de uma construção em plena selva) 
e com propósitos próprios de cada caribenho, estes se viam em meio a uma região (a 
princípio inóspita) muito distante de suas terras e “se relacionando” com pessoas de 
diferentes partes do mundo. 
 De início vieram os homens que não tinham família, deste modo vieram 
sozinhos, e os que tinham família a deixavam em suas terras; porém teve alguns que 
trouxeram suas famílias, mas eram poucos. Depois de algum tempo, os que deixaram 
suas famílias nas Antilhas coseguiram autorização para trazê-las para Porto Velho. 
 Com a conclusão da EFMM os trabalhadores importados tiveram que voltar 
para suas terras natais, mas muitos barbadianos não puderam voltar para o Caribe, 
fato que se deu por algumas razões, e Theophilus Shockness descendente de 
barbadiano esclarece em uma entrevista o porquê de muitos caribenhos não voltarem 
para o Caribe: 
[...] quando a estrada de ferro "parou", muitos que não tiveram filhos, e 
queriam voltar para a terra de origem a Companhia inglesa pagava a 
passagem de volta. No caso do meu pai que teve 12 filhos, teria que pagar 
uma fiança até certa idade para cada filho, para se naturalizar inglês, o que 
dificultou a volta [...] (MENEZES, 2010, p. 73). 
 Como muitos não tinham condições de custear as passagens de volta, para 
todos da família, a opção era permanecer em Porto Velho com suas famílias, e aos 
poucos os caribenhos começaram a introduzir seus costumes na região, trazendo as 
tradições anglo-caribenhas para os vales do Madeira e do Mamoré (FONSECA; 
MORATTO; TEIXEIRA, 2008, p. 2). 
 Os caribenhos estavam em um país distante dos seus, com costumes 
diferentes dos seus, mas ainda assim “apresentavam aspectos favoráveis neste 
contexto, pois eram letrados, tinham profissão industrial e urbana, sua cultura 
18 
 
 
anglicanizada e protestante” (FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, p. 2) fizeram com 
que distanciasse os caribenhos dos negros locais. Por fim, ao se estabelecerem em 
Porto Velho “já letrados e com formação escolar, evidenciaram profunda diferença em 
relação ao restante do conjunto de trabalhadores negros nacionais, caracterizando-se 
como um grupo especializado e considerado superior” (FONSECA; MORATTO; 
TEIXEIRA, 2008, p. 2). 
 Suas conexões com a EFMM os mantiveram sempre em seus arredores, 
ainda hoje, “a Vila da Candelária, local do antigo hospital e cemitério construídos pelos 
ferroviários é o seu ponto de residência mais expressivo na capital do estado” 
(FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, 2008, p. 2). 
 Contudo, desde o início, os barbadianos se tornaram um grupo isolado, pois 
sofriam com a discriminação, já que eram negros e estrangeiros, e a população ao 
seu redor não entendia a complexidade desse povo negro vindo da América Central, 
naturalizado inglês com origem africana, assim os caribenhos formaram suas próprias 
comunidades e se mantiveram o máximo possível isolados da sociedade, pois estes 
sendo detentores de uma cultura colonialista inglesa “são protestantes ou evangélicos 
(Batistas, Anglicanos e outros). Ainda falam o inglês e não se consideram afro-
descendentes nem vinculados à escravidão, mas descendentes dos súditos de Sua 
Majestade Britânica (FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, 2008, p. 2). 
 É notório que os barbadianos se adaptaram a partir das diferenças entre os 
demais e “mesmo sob as fortes pressões das políticas racistas regionais constituiu-se 
em um elemento chave para a formação da sociedade regional” (FONSECA; 
MORATTO; TEIXEIRA, 2008, p. 2). 
 Uma das comunidades formadas pelos barbadianos foi o Alto do Bode, uma 
comunidade independente das demais, onde “não havia analfabetismo e a base 
alimentar de seus moradores se dava através da criação de animais, plantação de 
árvores frutíferas, arroz, milho, batata doce e feijão” (NOGUEIRA, p. 2), e quase todas 
as famílias tinham a sua própria horta, além da criação de porcos e galinhas 
(NOGUEIRA, p. 2). 
 O fato de os barbadianos se isolarem parcialmente acarretou em vários 
entraves para com seus vizinhos, gerando discriminação entre ambas as partes, isto 
é, os caribenhos também eram preconceituosos, pois estes consideravam os demais 
“inferiores” no que se refere aos seus costumes e principalmente a higiene. 
19 
 
 
 Entretanto ambos eram “sutis” em seus preconceitos, uma vez que Porto 
Velho na época era pequena e constava poucos moradores, assim todos se 
conheciam e era inevitável se encontrarem pelas ruas, e quando esse encontro 
acontecia entre barbadianos e outro grupo racial, havia uma certa cordialidade entre 
eles, contudo, cada qual com seus costumes, e “o barbadiano ao cumprimentar um 
não-barbadiano retirava um lenço do bolso para limpar as mãos” (NOGUEIRA, p. 2). 
 Outro fator que demonstrava ato de preconceito por parte dos barbadianos 
com os demais acontecia quando eram convidados a almoçar em casa de vizinhos, 
sendo que os barbadianos sempre levavam em mãos seus próprios talheres e pratos, 
por acharem que os vizinhos não tinham muita higiene. 
 A higiene era levada muito em consideração, tanto, que muitos homens 
caribenhos esperavam suas noivas virem do Caribe para se casarem, pois as 
mulheres daqui eram consideradas sujas pelos barbadianos, sendo deste modo, 
avaliadas como impróprias para o matrimônio. No entanto: 
“A prática implementada pelos barbadianos no ato do cumprimento ou no fato 
de levarem talheres e pratos para os almoços e jantares na casa de amigos 
pertencentes a um outro grupo racial/social, pode, no entanto, ser entendida 
hoje não como uma prática de discriminação, mas sim como uma prática que 
os súditos da coroa inglesa – como ainda se consideravam - incorporaram, 
ao longo do desenvolvimento industrial na Inglaterra: a preocupação com a 
higiene corporal. Manter o corpo “são” consistia em torná-lo útil, produtivo e 
capaz para o sistema vigente” (NOGUEIRA, p. 2). 
 Todavia é importante ressaltar que os costumes anglo-caribenhos dos 
barbadianos mesmo que considerados preconceituosos pelos demais, apenas releva 
e expõe suas raízes colonialistas, como resultado de uma colonização inglesa. E 
esses poucos costumes “preconceituosos” são insignificantes diante de uma cultura 
tão civilizada e culta. 
 Segundo Nogueira, no morro do Alto do Bode não era possível ter um espaço 
destinado às escolas, assim as aulas eram dadas em barracões de madeira ou nas 
próprias casas. Muitos dos barbadianos no Alto do Bode já eram professores nas 
Antilhas, neste caso as mulheres detinham o papel e a responsabilidade de educar 
seus filhos, uma vez que os homens se voltavam para o trabalho na EFMM e nas 
plantações, ou seja, em trabalhos que precisavam de esforços mais físicos.20 
 
 
 Já quando uma família de barbadiano não tinha entre si um professor, 
acabavam por contratar professores do morro para educar seus filhos: 
Os barbadianos quando não contavam com professores em sua própria 
família, contratavam professores no próprio bairro para ensinar os seus filhos, 
dentro do modelo inglês de educação, porque tinham, sobretudo, esperanças 
de voltar para a América Central e lá não existiam analfabetos. Todas as 
crianças aprendiam a falar e a escrever em inglês. As aulas eram ministradas 
nas próprias residências e algumas vezes em um barracão da E.F.M.M. 
localizado no bairro. Neste barracão as crianças e os adultos exerciam suas 
atividades de lazer principalmente, na montagem e ensaios de peças teatrais 
com temas cômicos ou religiosos, pelo menos duas vezes por mês e tais 
peças eram apresentadas totalmente em inglês (NOGUEIRA, p. 4). 
 A educação é a base de tudo, de todas as profissões, e atualmente o Brasil 
busca diminuir o índice de analfabetismo e melhorar a educação. Episódio 
contraditório se relacionado com o que aconteceu no morro do Alto do Bode em Porto 
Velho, onde este havia erradicado o analfabetismo no bairro, contudo, o que de fato 
seria bom para o bairro e para a cidade acabou levando outra interpretação: 
A implementação da base educacional no Alto do Bode erradicou o 
analfabetismo entre os moradores do bairro e acabou significando, aos olhos 
da classe dominante local, um afrontamento, afinal, como podia uma 
população de negros alfabetizar, mesmo em inglês, os seus filhos e 
manterem um bairro com um índice zero de analfabetismo em um período em 
que se registra a inexistência de escolas e professores em Porto Velho 
(NOGUEIRA, p. 4). 
 
 O contexto expõe claramente a preferência do Estado pela elite e os 
resquícios do período da escravatura, mostrando todo o seu preconceito para com a 
raça negra, inferiorizando e subestimando-os: 
Não temos preconceito de cor, mas somos obrigados a confessar que os 
pretos não constituem fortes elementos de civilização, nem garantem à raça 
tipos aperfeiçoados física, mental e moralmente. Será formosa, mas sem 
dúvida mais arriscada que formosa, a missão do hospedeiro de raças 
decaídas, retardadas, perseguidas e infelizes (CAMBI, apud NOGEIRA, p. 5). 
21 
 
 
 Deste modo, o sistema educacional barbadiano acarretou alguns agravantes 
para os moradores do bairro do Alto do Bode, pois eles eram considerados como 
ofensores, mas: 
Para os barbadianos, no entanto, que se consideravam súditos da coroa 
inglesa e, portanto, falantes de um idioma superior não havia nada demais 
em defender e tentar manter viva, através da alfabetização, a língua inglesa 
e transportar para essas paragens o modelo de alfabetização implantado pela 
Inglaterra aos seus domínios coloniais (NOGUEIRA, p. 5). 
 Mas esse entrave entre o Estado e o modelo educacional dos barbadianos 
promoveu o surgimento da primeira escola pública da região: 
O Superintendente Municipal, Major Fernando Guapindaia de Souza 
Brejense, pouco depois de instalado o município, com a Lei nº 5, de 1º de 
março de 1915, criava e instalava a primeira escola pública municipal. 
Freqüentada [sic] inicialmente, por poucos alunos, ao fim do período letivo já 
apresentava uma freqüência média diária de 40 alunos. (...) Essa primeira 
escola foi o sêmen da atual estrutura de ensino (...) (MENEZES, apud 
NOGUEIRA, p. 5). 
 Esta perspectiva mostra um certo “quê” de inveja e competição por parte do 
Estado, ao mesmo tempo em que revela o atraso do sistema educacional na região 
Amazônica perante os outros estados. O surgimento da primeira escola aqui referida 
se torna irrelevante diante de um bom processo educacional que seria se tivessem 
adotado o sistema barbadiano. Deste modo, os barbadianos tiveram que matricular 
seus filhos nessa escola e nas que surgiram posteriormente. 
 Entretanto, com o crescimento e o desenvolvimento da cidade de Porto Velho, 
o bairro do Alto do Bode foi dissolvido: 
O morro existiu até a chegada do 5º Batalhão de Engenharia e Construção – 
5º BEC – na década de 60, quando foi ordenada a destruição do bairro 
polêmico. A retirada do morro, para garantir o embelezamento e a 
planificação do centro da cidade gerou algumas conseqüências, dentre elas 
as enchentes que inundam o local onde ficava o bairro, além da 
desestruturação do modelo produtivo e educacional desenvolvido por seus 
habitantes (NOGUEIRA, p. 3). 
22 
 
 
 Assim, os moradores do morro tiveram que se dispersar para outros bairros, 
mas mesmo seus filhos estudando em escolas públicas ou particulares, os 
barbadianos continuaram com sua base educacional, cultivando o hábito de falar 
inglês, e passando seus costumes anglo-caribenhos. 
 Portanto, desde o início, o sistema educacional dos barbadianos foi a base da 
formação regional, oferecendo a cidade de Porto Velho, “profissionais altamente 
especializados como médicos, enfermeiros, professores, pastores e bibliotecários. 
Serviram como tradutores e interpretes” (FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, p. 2). A 
cultura dos barbadianos é tão expressiva que: 
Ainda hoje registramos a presença de dezesseis grupos familiares de 
procedência barbadiana em Porto Velho. Trabalhadores especializados da 
Estrada de Ferro, esse contingente populacional é responsável pela 
introdução do protestantismo na região, pela formação de um dos primeiros 
serviços de enfermagem profissional feminina do país, ligado ao Hospital da 
Candelária (FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, p.7). 
 Era notável o profissionalismo dos anglo-caribenhos, pois “enquanto os 
homens, [...] se notabilizaram pelos trabalhos na EFMM, as mulheres alcançaram uma 
notoriedade maior, quer nos trabalhos educacionais, de enfermagem, hospitalar ou de 
caráter cultural” (FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, p. 8). 
 Todavia a cultura dos barbadianos não se limita apenas a sua capacidade 
profissional ou seu modelo de educação. Mas engloba todo um conjunto de costumes 
ingleses, que segue desde a religião aos hábitos cotidianos. 
 Os caribenhos foram os responsáveis a introduzir em Porto Velho a religião 
protestante: 
Primeiramente a Anglicana e, posteriormente a fundação da Primeira Igreja 
Batista são, seguramente, heranças da comunidade barbadiana. A 
musicalidade dessas populações pode ser percebida, ainda hoje nos 
repertórios dos hinos “gospel” de algumas igrejas locais (TEIXEIRA, 2006, p. 
44). 
 Seguindo este pressuposto, os barbadianos tinham como religião o 
protestantismo, e não a Católica e nem mesmo tradições africanas, como nos 
esclarece Dionísio Shockness em uma entrevista dada a Nilza Menezes dizendo que: 
23 
 
 
[...] nós éramos moldados dentro de uma cultura diferente daqui, de religião 
anglicana, não tínhamos esse negócio de boi-bumbá, batuque... Quem trouxe 
essas manifestações foram os povos que vieram do nordeste [...] (MENEZES, 
2010, p. 73). 
 A premissa enfatiza o quão importante para os barbadianos era e ainda é a 
religião anglicana, que foi expandida para toda a cidade. E assim como todos os outros 
traços de sua cultura, a religião também distinguiam os barbadianos do demais. 
 O uso de chapéis pelas mulheres também era um forte traço diferenciador das 
mulheres caribenhas: 
Até a década de 60, as mulheres caribenhas ainda mantinham o hábito do 
uso do chapéu como era usado no começo do século. As mesmas eram 
distinguidas pela fala, pela forma de se vestir caracterizando um grupo 
diferenciado dentro da cidade (MENEZES, 2010, p. 79). 
 A higiene como já foi citado aqui, é um forte traço da cultura barbadiana, assim 
Theophilus Shockness em uma entrevista, diz que “[...] o pessoal daqui, lhes faltavam 
princípios, os hábitos, questão higiene, eles observavam muito como as pessoas 
tratavaum peixe, fazia um café (...) minha mãe não tomava café de vizinhos...” 
(MENEZES, 2010, p. 74). 
 E mesmo em plena floresta Amazônica, os barbadianos mantinham seus 
costumes por mais que parecessem “desconfortáveis” para quem os vissem, como o 
famoso chá das cinco: 
Os valores da cultura inglesa tinham que ser mantidos, mesmo custando o 
isolamento, o chá tinha que ser tomado as cinco, mesmo na floresta 
amazônica, onde ainda hoje há quem diga que chá só para remédio, ou que 
chá é só para lugares frios. Havia então um choque de culturas que facilitava 
o isolamento étnico por parte dos caribenhos (MENEZES, 2010, p. 74). 
 E “na culinária foram introduzidos diversos elementos, como o costume do 
consumo do “bolo da rainha” por ocasião do Ano Novo” (TEIXEIRA, 2006, p. 44,), 
seguindo de “terno de linho branco para os momentos importantes e casas de jogos 
e diversões, tudo ajudava a manter os trabalhadores, mesmo no meio da floresta, com 
24 
 
 
alguns dos costumes de seus antigos donos e colonizadores” (MENEZES, 2010, p. 
74). 
 Em síntese, a complexidade cultural dos barbadianos, juntamente com as 
outras culturas aqui instaladas somaram um diferencial resultando na formação 
cultural e social de Porto Velho: 
A comunidade dos descendentes de afro-caribenhos da Amazônia já se 
encontra em sua quinta geração. As histórias de seus membros se confunde 
com a própria história local e sua importância ainda não foi devidamente 
avaliada pelos estudiosos das questões étnicas e demográficas da Amazônia. 
Constituída a partir de um deslocamento expressivo de trabalhadores 
portando mais de uma dezena de diferentes sobrenomes a comunidade 
“barbadiana” local caracterizou-se como uma comunidade negra urbana, 
portadora de identidade e tradições próprias ligadas à cultura e colonização 
anglo-americana. Esta diferença lhes assegurou uma posição de distinção na 
sociedade que se formava ao longo do eixo ferroviário da Madeira-Mamoré 
(FONSECA; MORATTO; TEIXEIRA, p.9). 
 Sendo assim a cultura dos anglo-caribenhos um dos principais fatores que 
deram origem ao povo portovelhense, um povo rico em cultura, proveniente de uma 
mistura entre nordestinos, sulistas, indígenas, bolivianos e barbadianos, onde cada 
cultura contribuiu com alguns traços expressivos para este povo e sua cidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
25 
 
 
Em 1912 após a inauguração da EFMM Porto Velho como o autor ferrovia do 
diabo Manoel Rodrigues Ferreira relata ter em naquele ano cerca de 800 habitantes. 
A conclusão da obra foi em 1912 e muitos caribenhos não puderam retornar 
para suas terras natais devido a algumas objeções como, por exemplo, de que para 
retornarem estes teriam que naturalizar seus filhos ingleses pois a lei assim dizia, e 
isso custaria caro já que haviam famílias com até 15 ou mais filhos, já aqueles que 
por um motivo ou outro não tiveram muitos filhos ou nenhum filho, estes puderam 
retornar para suas terras tranquilos com a consciência de que terminaram mais uma 
obra. 
Era considerada embora pela localização geográfica, como uma cidade com 
alto potencial mesmo estando em plena floresta amazônica, antes mesmo de vista 
como cidade ainda com casas e barracões de madeira a pequena região já tinha 
energia, luz elétrica, fábrica de gelo, uma fábrica de biscoitos, além de água tratada 
entre outras coisas, o que a tornava cidade modelo em pleno século XX. 
Com todo o sucesso e força que ocorria em uma cidade recém formada, Porto 
Velho teve algo que nenhuma outra cidade brasileira teve, que foi justamente a 
presença de um povo com uma formação cultural e social invejada até os dias atuais 
pelo povo brasileiro, que desde sua educação a até comportamentos éticos religiosos 
e principalmente higiênicos sempre estiveram anos luz a frente do povo brasileiro, 
estes eram os barbadianos que aliciados pelos ingleses vieram importados de suas 
terras natais fazendo com que os brasileiros tivessem preconceitos tanto racial como 
também social, já que aos seus olhos estes não entendiam como era possível que 
homens e mulheres de cor negra pudessem ter uma formação tão avançada de modo 
a se igualar aos brancos daquela região. 
Por outro lado, os barbadianos não demonstravam interesses na cultura 
brasileira uma vez que achavam o povo brasileiro atrasado e sujo, sem higiene, o que 
na época para os brasileiros pareceu preconceito, mas para os caribenhos era 
somente, um preceito inglês de higiene pessoal, que para eles era essencial para a 
saúde e vivência de cada pessoa. 
Ainda durante a construção da EFMM, enquanto os caribenhos iam para a 
obra na floresta suas esposas além de fazer o trabalho doméstico, ainda eram muitas 
delas professoras de seus filhos e dos filhos de outros caribenhos, sempre muito 
unidas elas formavam pequenas escolas em suas casas para educar as crianças com 
26 
 
 
um nível alto de ensino para a época, uma vez que não existia escolas na região, seus 
filhos já liam, escreviam e falavam em línguas estrangeiras, como o inglês língua 
oficial em muitas ilhas do arquipélago caribenho. 
Além disso, as caribenhas ainda eram administradoras de empresas elas 
mantinham na cidade lavanderias em estilo inglês para cuidar das roupas utilizadas 
pelos construtores da EFMM. Isto fez com que este povo fosse mais ainda excluído 
pelos povos de diferentes etnias que com eles conviviam, contudo, não foi o suficiente 
para abalar os caribenhos. Fizeram sua primeira moradia em um bairro chamado Alto 
do Bode onde criavam galinhas, porcos e plantavam quase tudo o que lhes eram 
necessário foram retirados deste bairro onde se misturaram por entre as outras vilas. 
Mesmo com a criação de escolas pelo governo brasileiro os caribenhos 
continuaram a educar seus filhos em casa, promoviam obras teatrais para as crianças 
que as faziam totalmente em inglês, muitas vezes realizadas em antigos barracões da 
estação ferroviária, já desta forma contribuindo na formação cultural de Porto Velho, 
outro costume embora no início reprovado pelos brasileiros mas hoje em dia comum 
até na empresas do Estado foi o lanche da tarde ou para eles o chá das cinco servido 
normalmente com bolos e biscoitos e que para os caribenhos mesmo em meio a mata 
era um hábito praticamente sagrado. 
Já para as senhoras dentro da cidade um costume bem visível e que para elas 
as tornavam familiarizadas era o uso de chapéis, vestidos ou saias longas, sempre 
abaixo dos joelhos que nos dias atuais passou a fazer parte do costume das mulheres 
religiosas protestantes e que já na época inicial a formação de Porto Velho era comum 
entre as pioneiras barbadianas. 
Outro costume inglês adotado pela capital foi o uso da chamada ou conhecida 
“mão inglesa”; contorno utilizado nas vias públicas do Estado que ao contornar para o 
sentido contrário de onde se vai se entra pelo lado esquerdo e não pela direita como 
em outras cidades do país. 
Contudo o que vale levar em consideração para com este povo não seria 
somente costumes, hábitos ou crenças, houve também barbadianos que por um 
motivo ou outro se casaram com mulheres brasileiras, o que acarretou em exclusão 
por parte de outros caribenhos mais tradicionalistas que viam seus conterrâneos com 
maus olhos por se misturarem aqueles povos tão sem higiene que com eles 
conviviam, o que mostrou ainda mais a capacidade de um barbadiano de vencer e 
27 
 
 
superar situações ruins, sempre bem formados com conhecimentos dos mais variados 
desde engenharia, mecânica industrial. 
Entre outras estes que se misturaram ao povo brasileiro passaram seus 
costumes para suas esposas e estas por sua vez passaram a serem mais 
disciplinadastanto nos afazeres domésticos quanto em se tornarem mais religiosas 
junto a seus maridos, como não havia na época igrejas anglicanas e as que mais 
pareciam com esta era as Batistas, Assembleias, pois tinham costumes e doutrinas 
religiosas parecidas com as anglicanas, passou a ser fundamentais para o 
mantimento religioso que os caribenhos necessitavam. 
Quando o autor Manoel Rodrigues Ferreira da obra Ferrovia do diabo, 
expressa a quantidade de habitantes em Porto Velho ainda em 1912, este 
indiretamente afirma que os verdadeiros pioneiros da cidade foram os caribenhos e 
não os brasileiros, uma vez que durante a época não tinham muitos brasileiros na 
região já que estes estavam em meio à mata extraindo látex e não povoando a capital. 
Pode-se concluir que os barbadianos foram essências não só na formação 
cultural, social e religiosa da cidade, motivo este mais do que suficiente para se 
respeitar, admirar e principalmente reconhecer a importância que este povo teve na 
conclusão da Estação Ferroviária Madeira Mamoré junto com a formação da cidade 
de Porto Velho. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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	DIEGO ALVARES PINSAN
	Diego Alvares Pinsan
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