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Resumo História 2 - a partir da 9ª semana

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PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
9ª Semana 
 
AULA 11 DA PLATAFORMA 
 
Aula 11 do Livro 
 
Texto: História do Brasil Colonial 1 
Como Tudo Começou 
Nas aulas anteriores, aprendemos sobre os fundamentos de algumas das mais importantes 
manifestações políticas, culturais, sociais e econômicas que caracterizaram esse período: 
Renascimento, Humanismo, Mercantilismo e Absolutismo. Agora vamos transpor tudo isso para 
Portugal nas vésperas do descobrimento do Brasil, para podermos compreender melhor por que 
vias aquela pequena nação conseguiu lançar-se em uma aventura de dimensões sem precedentes 
na História, dominando mares, descobrindo novas terras, estabelecendo comércio com nações 
longínquas. 
O final da Idade Média foi marcado, dentre outros fenômenos, pela recuperação econômica 
baseada no comércio, dando ênfase no Mercantilismo. Porém, essa recuperação não se deu 
apenas pelo aquecimento das antigas rotas comerciais, tradicionalmente dominadas pelos italianos, 
que levavam os produtos do Oriente até a Europa, que se tornaram muito perigosas. Era importante 
estabelecer novas vias de acesso às terras das especiarias para baratear os custos das 
negociações e escapar do monopólio italiano. 
Portugal era um pequeno país apertado entre a poderosa Espanha e o desconhecido e 
temido Atlântico. Era relativamente pobre em recursos naturais, e o considerável avanço político 
carecia de iniciativas que a mantivesse autônoma e a colocasse no concerto das novas tendências 
econômicas. Enfrentar a poderosa ex-senhora e vizinha Espanha não parecia ser uma atitude 
prudente. Então restava aos portugueses a vastidão do mar. Foi um processo paulatino, marcado 
por duas tendências: por um lado, a prática pesqueira; por outro, a rota comercial Mediterrâneo-
mar do Norte. 
Aos poucos, os pescadores foram dominando o mar e se aprimorando das técnicas de 
navegação, a leitura das estrelas e o regime dos ventos e das marés. Esse conhecimento permitia 
que fossem cada vez mais longe em busca de melhores pescarias. 
No final da Idade Média e princípio da Idade Moderna, a rota marítima apresentava 
vantagens sobre a terrestre. Era mais barata porque transportava maior quantidade de carga. Então 
os barcos mercantes saíam do Mediterrâneo e passavam em Portugal para chegar ao mar do Norte. 
Lisboa cresceu como um entreposto comercial. Isso, somado à experiência acumulada na atividade 
pesqueira, foi transformando Portugal em um importante centro de navegação. 
 
Marcos da expansão marítima portuguesa 
Em 1415 as embarcações da pequena nação portuguesa atravessavam o estreito de 
Gibraltar e conquistavam Ceuta. Foi o marco da expansão marítima. O século XV foi dedicado ao 
périplo (viagem em torno de um pais ou continete) africano: navegar pela costa da África até 
encontrar o caminho marítimo que levasse ao oceano Índico, às terras das valiosas especiarias. 
Portugal pretendia um lance ousado: abrir uma nova via de comércio, que não dependesse dos 
italianos nem dos lentos caminhos terrestres. Queria descobrir um caminho marítimo que o 
colocasse diretamente em contato com os fornecedores das tão cobiçadas especiarias. 
RESUMO DO LIVRO: O Brasil entrou no cenário internacional a partir da expansão comercial que 
inaugurou a Idade Moderna. Portugal objetivava negociar especiarias entre o Oriente e a 
Europa. Neste processo de expansão o Brasil foi descoberto e passou paulatinamente a compor 
o cenário do Mercantilismo, até transformar-se, já no século XVII, na mais importante Colônia 
de Portugal. Ao elevar-se a esta destacada categoria, começou a construir, por diversos 
caminhos, uma identidade que cada vez mais o distinguia da metrópole. Na passagem do século 
XVIII para o XIX, o Brasil apresentava os sintomas de querer ser Brasil. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
Em 1488, Bartolomeu Dias contornou o cabo das Tormentas que ou foi rebatizado pelo rei 
D. João, cognominado o Príncipe Perfeito, de cabo da Boa Esperança. Era o caminho para se 
chegar às Índias e começar a fazer vantajosas trocas comerciais, que transformariam o pequeno 
reino de Portugal em um gigante dos mares e do comércio mundial. 
 
E o Brasil? 
Depois de descoberto o caminho que levaria os portugueses às Índias, o rei de Portugal 
armou uma grande expedição comercial que deveriam voltar ao reino abarrotados de valiosas 
especiarias. No comando estava Pedro Álvares Cabral. Em 9 de março de 1500 partiram de Lisboa. 
O fato é que, embora apenas preparados para uma viagem de comércio, em 22 de abril daquele 
mesmo ano, Pedro Álvares Cabral e seus homens descobriram o Brasil. 
Na esquadra de Cabral encontrava-se um escrivão. Ele fora nomeado para assumir cargo 
em Calicute, na Índia. É de sua autoria o primeiro documento que fala explicitamente das novas 
terras descobertas e das pessoas que nela habitavam. Trata-se da famosa Carta de Caminha, que 
para alguns representa a certidão de nascimento do Brasil. Nela o escrivão narra ao rei de Portugal, 
a viagem do reino até a descoberta da Terra de Santa Cruz. Recebem grande destaque na Carta 
de Caminha, os índios que viviam no litoral naquele momento do primeiro encontro. Para ele, 
tratava-se de gente de boa constituição física e aparentemente de boa índole, indivíduos que 
traziam os corpos desnudos e pintados, e disso não tinham nenhuma vergonha; viviam em 
inocência e eram ao mesmo tempo desconfiados e curiosos. 
 
E que era os índios? 
Estima-se que viviam aqui cerca de três milhões e meio de índios, divididos em quatro 
principais troncos lingüísticos, que se desdobravam em incontáveis dialetos. O principal grupo, com 
o qual os descobridores fizeram contatos em abril de 1500, foi o tupi-guarani, tronco constituído por 
várias nações que habitavam o litoral, depois de terem expulsado para o interior as tribos que não 
eram tupis. De modo geral, podemos dizer que se organizavam em núcleos menores – as tribos – 
e desconheciam a propriedade privada. Tanto a terra como os produtos dela tirados e o resultado 
das caçadas e das pescarias pertenciam à coletividade. Conheciam a agricultura. Plantavam 
principalmente mandioca, além de milho, feijão, amendoim e abóbora. Completavam a dieta 
alimentar com a caça e a pesca. 
Na tribo destacavam-se duas figuras: a do sacerdote, que comandava os cultos e cuidava 
das doenças; e a do guerreiro, que conduzia os seus nas constantes batalhas que travavam com 
outras tribos pelo domínio territorial de caça e pesca, e para vingar ofensas. A educação dos 
meninos e das meninas ocorria num clima harmonioso, por meio do qual eram inseridos, 
progressivamente, na vida da comunidade. As crianças acompanhavam os adultos nas atividades 
cotidianas e pouco a pouco aprendiam. 
Os contatos entre os índios e os portugueses nem sempre foram hostis, mas também nem 
sempre foram pacíficos. Eles variaram segundo os interesses e os comportamentos de ambos. Ao 
longo da colonização, de forma geral, pode-se dizer que os portugueses assumiram uma postura 
arrogante diante dos índios. Sentiam-se superiores a eles e esforçaram-se para escravizá-los e 
submetê-los à lógica do trabalho forçado, fundamental para tirar das terras conquistadas as 
riquezas cobiçadas. Movidos pela ganância e pela necessidade, os descobridores perpetraram 
verdadeiros massacres, reduzindo a população nativa a um número insignificante comparado ao 
ano de 1500. 
 
Ocupar para não perder 
As Índias representavam um sonho de riqueza, abundância e exotismos, e para lá seguiam 
as naves portuguesas. Mas abandonar o território descoberto seria o mesmo que perdê-lo; outras 
nações pretendiam conquistar colônias e elas não deixariam de ocupar um imenso território com 
potencialidade para produzir riquezas. Os portugueses estavam preparados para comercializar, 
mas nem tanto para colonizar, ou seja, transformar aquele imenso território, por meio de exploração 
e trabalho sistemático,em produtor de riqueza. 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
O século XVI: a fixação litorânea 
Em 1627, frei Vicente do Salvador colocava um ponto final na primeira História do Brasil 
escrita por um homem que nasceu e viveu a maior parte da vida aqui no Brasil. É um livro muito 
rico. Dentre as muitas tiradas originais, há uma muitas vezes citada quando se escreve sobre o 
Brasil no século XVI: “os portugueses andam arranhando a costa como caranguejos”. O nosso autor 
fazia uma crítica à ocupação portuguesa que, segundo ele, descuidou do interior e fixou pontos de 
povoamento e colonização apenas no litoral. 
Por falta de homens e recursos, por medo e ignorância das coisas do sertão, pela 
necessidade de estar próximo da costa, de onde se partia para o reino e dele se recebiam notícias 
e mercadorias, a colonização ao longo do século XVI teimou em fixar-se no litoral. 
Primeiro ela começou com a extração do pau-brasil, madeira que dará nome à nova terra. 
Uma árvore muito comum, que existia em abundância ao longo da costa, nas florestas de Mata 
Atlântica. Os índios tratavam de abater as árvores e transportá-las para as feitorias (local onde se 
guardava) e depois para os navios. Recebiam como forma de pagamento produtos manufaturados, 
principalmente instrumentos metálicos. A atividade de extração do pau-brasil gerou renda 
significativa para a Coroa, que não dispunha de muitos recursos financeiros nem humanos para 
povoar e defender de possíveis invasores as terras descobertas. Essa extração foi importante não 
só apenas para a visão comercial, mas também, conhecer melhor os locais, a língua aqui falada e 
também para conhecer o interior, servindo como um laboratório. 
Em 1532, Martim Afonso de Souza fundou São Vicente, a primeira vila no Brasil, próxima à 
atual cidade de Santos. A vila foi fundada sob ordens reais, o que significa que a Coroa portuguesa 
assumia a intenção de colonizar o Brasil. No entanto, diante da imensidão da costa brasileira, São 
Vicente significava apenas um ponto diminuto e isolado. Pensando nisso, no mesmo ano de 1532, 
a Coroa decide dividir a terra em porções e doá-las a homens ricos de Portugal. São as chamadas 
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS. 
Os donatários, aqueles que recebiam uma capitania hereditária, enfrentavam várias 
dificuldades. Imagine um grupo de homens, chegando com suas ferramentas e mantimentos, sem 
poder contar com nenhuma forma de socorro, tendo de construir as suas moradias, defender-se 
dos ataques dos índios, derrubar a mata e preparar o solo para cultivo e a maioria dos donatários 
não conseguiu superá-lo. 
Um outro problema enfrentado pelos donatários foi a dificuldade e demora na comunicação 
com Lisboa. Estavam distantes de Portugal e não contavam com um ponto de apoio para a 
resolução de problemas de justiça e segurança. O donatário tornava-se uma espécie de juiz e 
governador das suas terras, acumulando muitos poderes. 
Em 1549, chegou ao Brasil o primeiro governador-geral: Tomé de Souza. Ele vinha com a 
tarefa de construir uma cidade para sediar a nova administração. A partir daquele momento, as 
questões de justiça, de cobrança de impostos e de segurança estariam a cargo do governador-
geral. 
Manuel da Nóbrega era um dos mais conhecidos jesuítas que estiveram aqui no primeiro 
século da colonização. Foi trabalhador aguerrido, tanto no sentido de converter os índios, quanto 
na tentativa de moralizar os portugueses e impedir os abusos praticados por muitos senhores na 
escravização dos índios. 
A vida religiosa na Colônia era bastante movimentada em função das diversas culturas e 
origens distintas que conviviam no mesmo espaço. 
Os jesuítas e outras ordens religiosas que estavam presentes no Brasil tentavam, com a 
catequese e a conversão, amenizar esses conflitos (causados pela escravização), criando uma 
frente de contato mais branda com os índios e, às vezes, até mais lúdica. Nóbrega entendeu que a 
maneira mais eficiente de aproximação seria por meio da educação. Por isso ele criou a escola de 
crianças. Concluiu que os adultos já estavam arraigados demais aos seus princípios religiosos para 
ceder ao discurso do cristianismo, mas com as crianças poderia ser diferente. 
 
 
 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
A cana-de-açúcar 
Baseando-se nas experiências de produção do açúcar nas ilhas atlânticas e na confiança 
de que o produto teria uma boa aceitação no mercado, Portugal transforma o Brasil em pólo de 
produção na montagem de um complexo sistema de produção em larga escala: a monocultura da 
cana. Ela só era viável na medida em que se dispunha de grandes extensões de terra e mão-de-
obra escrava. E aqui estão dois elementos importantes para se compreender o Brasil, não só do 
ponto de vista econômico, mas do social também 
Com a monocultura, a necessidade de escravos aumenta. E logo os proprietários de terra 
e de escravos tornaram-se os senhores, uma distinção social que perdurou ao longo de todo o 
período colonial, adentrando inclusive nas sucessivas fases da História do Brasil. 
O “senhor de engenho” se refere a um homem que é o proprietário de uma extensa faixa 
de terra e que produz açúcar por meio da exploração do trabalho escravo. E para ser realmente um 
senhor, era preciso ter em suas terras um engenho: uma estação de transformação da cana em 
açúcar. O senhor de engenho era o ápice da hierarquia social na Colônia. Os senhores formavam 
um tipo de nobreza da terra. 
No final do século XVI o açúcar era o principal produto de exportação do Brasil. Além de 
gerar riqueza, ele participou diretamente no desenho das características da sociedade colonial e de 
sua hierarquização. Na parte superior da pirâmide social estavam os burocratas, os grandes 
comerciantes e os senhores de engenho. Na base dessa pirâmide, os escravos africanos e 
indígenas. Entre os extremos, trabalhadores livres, pequenos comerciantes, pequenos plantadores, 
escravos libertos e aventureiros. A fixação litorânea, processo caracterizador da colonização no 
século XVI, teve na cana, na extração do pau-brasil, na fundação de vilas e cidades e no comércio 
com o exterior os seus pontos de apoio. 
 
Século XVII: A Expansão 
Em 1580, Portugal perdeu a coroa para o rei da Espanha. É o cume de um processo longo, 
que manteve as duas casas reais ligadas através de casamentos. Com a morte de Dom Sebastião 
em 1578, a Coroa portuguesa ficou vacante e passou a ser disputada por vários pretendentes, mas 
o rei Filipe de Espanha levou a melhor. Deu-se então a União Ibérica, que perdurou até 1640. 
Portugal saiu arrasado dessa união forçada. A partir de 1640, o Brasil emerge como a mais 
importante Colônia de Portugal e a única esperança de sobreviver às milionárias dívidas contraídas 
para libertar-se da dominação espanhola. 
A cultura da cana ia muito bem. O século XVII marcou o pleno estabelecimento do cultivo 
da cana e do refino de açúcar. Vários novos engenhos foram erguidos e terras doadas e ocupadas. 
Outras culturas também foram implantadas. O tabaco ganhou força, e o Brasil passou a exportar, 
principalmente para a África, farinha de mandioca e aguardente. 
Os metais e as pedras também exerciam um grande fascínio sobre os colonos. Era comum 
pensar-se que o Brasil continha em seu subsolo imensas riquezas minerais que ainda não haviam 
sido encontradas. Portanto, buscá-las era uma atividade alimentada previamente por uma crença 
bastante forte e arraigada. Assim, a necessidade de mão-de-obra indígena e a esperança de 
encontrar minérios valiosos fizeram com que os limites estabelecidos no TRATADO DE 
TORDESILHAS fossem empurrados para o interior. O Brasil foi crescendo em direção ao Oeste! 
O século XVII marcou a expansão da pecuária. As fazendas de gado, mais baratas e mais 
fáceis de administrar, foram ocupando as terras vazias do sertão. As fazendas localizavam-se na 
proximidade dos rios, e era o percursodos rios que sinalizava os caminhos dos vaqueiros e de seus 
rebanhos. O rio São Francisco cumpriu um papel fundamental: a sua porção nordestina foi o berço 
da colonização do interior. Ao findar o século XVII, o interior da Bahia ligava-se ao interior do Rio 
Grande do Norte pelos caminhos do gado 
TRATADO DE TORDESILHAS: Foi celebrado entre Portugal e Espanha em 1494. Ele defi nia as áreas de domínio 
extra-europeu, ou seja, estipulava como o mundo novo seria dividido entre as duas potências marítimas e 
descobridoras. Por esse tratado Portugal tinha a posse somente de uma pequena parte do Brasil. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
Explorar e ocupar o Norte do Brasil fazia parte de uma estratégia de manutenção da 
Amazônia, uma forma de controlar a ligação do Atlântico com o interior do continente, rico produtor 
de metais preciosos. Era uma maneira de controlar a desembocadura do rio Amazonas. 
Assim como também se insistiu na permanência de uma colônia no extremo sul do 
continente, a Colônia do Sacramento. Ela foi fundada na margem esquerda do Prata, por onde eram 
escoadas as riquezas produzidas na América espanhola. 
Podemos dizer que ao findar o século XVII, todo litoral do atual Brasil estava sob o domínio 
português. O sertão não era mais apenas o vazio desconhecido e ameaçador. Ele já acomodava 
importantes iniciativas econômicas e contribuía para o comércio internacional. A região do 
Amazonas, embora escassamente povoada, como a maior parte do território brasileiro, estava 
pontilhada por colonos que, com dificuldade, mantinham-se atuantes na faina de cultivar e extrair 
riquezas da floresta, marcando a posse de Portugal sobre os vastos domínios amazônicos. 
Durante o século XVII o açúcar permaneceu como o principal produto de exportação. Os 
holandeses invadiram Pernambuco em 1630 e lá permaneceram até 1654, quando foram expulsos. 
Depois desta data, tem início a crise do açúcar. Os holandeses criaram plantações e engenhos nas 
Antilhas e passaram a produzir um açúcar de boa qualidade e com preços competitivos no mercado. 
Além dessas vantagens, eles dominavam a distribuição do produto na Europa, o que acarretou 
grandes dificuldades para os produtores brasileiros. 
 
O Século XVIII: Ouro e Reformas 
Em 1695, foi finalmente encontrado ouro no Brasil em quantidade significativa; primeiro em 
Minas Gerais, depois em regiões mais afastadas como Goiás. Primeiro o ouro, depois as pedras 
preciosas. Essas tão sonhadas e procuradas riquezas não foram encontradas no litoral, e sim no 
sertão, fato que mudou o eixo de poder e de riqueza da colônia. Se durante os dois primeiros 
séculos da colonização a sede do governo geral esteve em Salvador, no Nordeste, bem próximo 
aos principais centros de produção de riqueza no século XVIII ela se transfere para o Rio de Janeiro, 
por onde saíam o ouro e as pedras preciosas arrancadas ao subsolo. O Sudeste tornou-se, então, 
a região mais povoada e vigiada da Colônia. 
Sobre a nova região, todos os veios auríferos pertenciam à Coroa, mas ela não tinha como 
explorá-los diretamente. A solução encontrada foi doar aos descobridores uma parcela do terreno 
aurífero e leiloar em lotes, chamados datas, os que a ela pertenciam por direito. Muitos homens 
disputavam as datas, mas para concorrer a uma era necessário apresentar condições de explorá-
la, e estas condições estavam diretamente ligadas ao fato de possuírem escravos e dinheiro. Todo 
ouro deveria ser quintado, ou seja, um quinto dele ficava como pagamento de impostos à Coroa. 
As vilas nasceram e cresceram e, pela primeira vez no Brasil colonial, apresentavam alto 
índice de desenvolvimento sociocultural. Mariana, Sabará, São João Del Rei e Ouro Preto, são 
cidades históricas mineiras, que guardam um verdadeiro e rico patrimônio cultural erguido à época 
da mineração. Dessa densa sociabilidade emergiram os mais famosos e poderosos movimentos 
artísticos e de contestação colonial, o Barroco mineiro e a Inconfidência mineira. 
Nesse contexto, em função das grandes dívidas de Portugal, o Brasil situa-se como a mais 
importante Colônia de Portugal. Mas o século XVIII foi tremendamente marcado por alterações no 
cenário político e administrativo. E um nome ganha destaque ímpar nesse contexto: o marquês de 
Pombal. Nomeado ministro de D. José I, Pombal figura entre as mais destacadas personagens da 
Europa no século XVIII, um déspota esclarecido (pessoa que exerce autoridade arbitrária e até 
absoluta). E esclarecido é aquele que tem luz, conhecimento, informação e consciência de suas 
atitudes autoritárias. São figuras políticas típicas do Iluminismo, quando se acreditava que apenas 
o conhecimento e a educação poderiam levar um povo ao estado de civilização avançada. Pombal 
representou em Portugal e nas suas Colônias essa figura. Ele criou uma importante reforma. O seu 
objetivo era baratear a administração e centralizar o poder nas mãos do monarca. 
Implementou companhias de comércio para otimizar a economia colonial; proibiu a 
discriminação racial e religiosa, abrindo as portas para o retorno do capital dos judeus; proibiu o 
uso da língua geral; e permitiu aos descendentes de índios a ocupação de cargos administrativos. 
Uma de suas mais drásticas decisões foi a de expulsar os jesuítas do Brasil, a mais importante e 
poderosa ordem religiosa aqui estabelecida. Foi uma tentativa de intimidar o crescente poder 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
exercido pelos jesuítas em vários setores da vida colonial. O resultado foi um duro golpe na 
educação, pois eles controlavam todas as fases do ensino no Brasil. Pombal tentou substituí-los 
com a criação das chamadas AULAS RÉGIAS, proferidas por professores não centrados em 
instituições de ensino. O resultado foi uma maior elitização do saber e uma desestruturação da 
educação em geral. 
Em 1808, a família real transfere-se para o Brasil, que passa a ser a sede da monarquia. 
Estava dado um passo importante para o processo da Independência do Brasil, que poria fim ao 
período colonial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
9ª Semana 
AULA 11 DA PLATAFORMA 
Aula 12 do Livro 
Texto: História do Brasil Colonial 2 
 
Introdução 
Nomear é uma ação impregnada de significados. Não existe neutralidade nessa tarefa, pois 
ela embute sentimentos, valores, sentidos, posicionamentos sociais, políticos e econômicos. Nesse 
sentido, um importante debate deve estar presente no ensino de História para as Séries Iniciais: a 
desmistificação do descobrimento. O registro da chegada dos portugueses na América do Sul como 
um feito de descoberta, traduz uma perspectiva eurocêntrica; isto é, interpreta a História a partir 
das vivências e significados dos europeus. A idéia de descobrimento, portanto, além de exaltar o 
feito português, procura apagar uma constatação óbvia: as terras da América só não eram 
conhecidas pelos europeus, pois inúmeros povos, muitos séculos antes das Grandes Navegações, 
já as tinham descoberto e desbravado. Essa desvalorização da presença secular dos povos 
indígenas nas Américas desdobra-se na crença nos direitos de propriedade, domínio e colonização 
dos europeus sobre o Novo Mundo. Nota-se que esse processo foi, como já vimos, impregnado 
pelas justificativas de caráter religioso e civilizatório; isto é, ao europeu cabia dominar para 
converter os nativos ao cristianismo (católico ou protestante) e para ensinar os valores, padrões, 
costumes e práticas civilizadas. Se por um lado, a chegada dos europeus ao continente 
desconhecido traduz, efetivamente, um feito épico; por outro, sob a ótica das sociedades indígenas 
das Américas, é inegável que esse processo foi de invasão, conquista e dominação. No contexto 
das Séries Iniciais é preciso imenso cuidado para que a grandiosidadedo feito europeu não ofusque 
a percepção de que, concomitantemente, se processou uma invasão. Dessa maneira, devemos ter 
atenção com a visão civilizatória da colonização incutida na nossa própria cultura que inferioriza as 
ricas culturas dos povos indígenas. A colonização não pode ser entendida como um direito europeu, 
não pode ser naturalizada. Deve se dar espaço para a percepção da violência do processo de 
ocupação européia que, além da terra, roubou, muitas vezes, a identidade e aniquilou milhares de 
vidas. 
“BANDIDOS” E “MOCINHOS” DA COLONIZAÇÃO: UMA VISÃO A SE SUPERAR NO 
ENSINO” 
 
Os indígenas 
A consolidação da colonização necessitou, obviamente, de colonos! Nesse momento, 
identificou-se um primeiro movimento de imigração de portugueses para o Brasil. A oportunidade 
de enriquecimento, a nomeação para um cargo pelo rei, o degredo, a fuga de perseguições 
religiosas, dentre outras, foram motivações que trouxeram imigrantes para as terras americanas. 
As dificuldades de adaptação ao clima e as doenças locais não eram pequenas e, além 
disso, a constância dos confrontos com os indígenas também provocavam um aumento na 
mortalidade 
RESUMO DO LIVRO: Discutiram-se as terminologias utilizadas para designar o momento da 
chegada dos europeus à América. Posteriormente, trabalhou-se criticamente os papéis 
históricos de certos atores sociais do processo, questionando a imagem de bandidos e 
mocinhos imputados a eles. Por fim, estabeleceu-se uma análise do processo de destruição dos 
ecossistemas provocado pela colonização, a partir do caso da Mata Atlântica. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
Os indígenas não diferenciavam portugueses ou franceses. Aliavam-se aos “invasores” que 
lhes apresentassem mais vantagens, mesmo que momentâneas. Os tupinambás, por exemplo, 
foram aliados dos franceses contra os portugueses que, por seu turno, eram apoiados pelos 
temiminós na disputa pelo controle da baía de Guanabara 
 
 
Após mais de uma década, os franceses foram definitivamente expulsos (1567), mas os 
tupinambás formaram aldeias na região de Niterói e continuaram a atacar os portugueses e seus 
aliados. Em 1575, desferiram um ataque que detonou uma forte reação portuguesa. Uma tropa com 
cerca de 400 homens brancos e 700 índios “amigos” promoveu a destruição dos redutos 
tupinambás de Niterói até Cabo Frio. Mais de mil índios foram mortos! 
Refletir sobre a construção histórica dos papéis de “bandido” e “mocinho” dever ser uma 
preocupação do ensino de História. Os indígenas tiveram, de acordo com o papel desenvolvido, 
tratamento diferenciado. Os tupinambás foram tratados como traidores pelos portugueses porque 
se aliaram aos franceses. Por outro lado, hoje, em frente ao ancoradouro das barcas em Niterói, a 
estátua de Arariboia, homenageia o chefe dos temiminós que lutaram ao lado dos colonizadores 
portugueses contra os franceses e tupinambás. Claro que, se os franceses tivessem vencido a 
disputa, os “bandidos” e “mocinhos” seriam outros. 
 
Os bandeirantes 
A vila de São Paulo de Piratininga foi fundada em 1554 e se caracterizou como um núcleo 
pobre e sem recursos. Nesse sentido, a prática de expedições para o sertão tornou-se comum. Era 
no interior que os paulistas iam buscar mão-de-obra (escravos indígenas) e procuravam encontrar 
metais e pedras preciosas. 
Nesse cenário de restrições, surgiu a figura dos bandeirantes, líderes expedicionários. Na 
literatura didática tradicional, os bandeirantes aparecem como heróis do desbravamento do sertão. 
São representados como homens determinados e corajosos que atuaram para o crescimento do 
controle territorial português na América. 
Na verdade, as dificuldades econômicas que experimentavam foram, de fato, as maiores 
motivações para que esses homens se embrenhassem nas matas, subissem e descessem rios, 
enfrentassem animais, indígenas e doenças. Era, portanto, a necessidade de sobrevivência e não 
alguma espécie de outro sentimento nobre que os movia. 
Os bandeirantes não estavam ligados aos interesses da Coroa portuguesa. Após 
descobrirem o ouro em Minas Gerais após 1693, os bandeirantes não aceitaram pacificamente o 
controle administrativo da metrópole e a onda migratória que se seguiu à divulgação da notícia. O 
descontentamento foi tanto que gerou a Guerra dos Emboabas, na qual paulistas e portugueses se 
confrontaram pelo controle da exploração do ouro e do comércio local. 
A desmistificação da imagem do bandeirante precisa ser trabalhada nas Séries Iniciais. O 
papel de “bandido” e “mocinho” sempre se constrói a partir de um lugar social, de uma posição 
histórica; logo, é preciso fazer que o estudante reflita sobre as visões maniqueístas que no passado 
e no presente se constroem. Os bandeirantes devem, portanto, ser analisados de forma não 
romântica. Atuaram na História a serviço dos interesses de sua sobrevivência, não para a grandeza 
da colonização portuguesa. Por outro lado, desbravaram o sertão a custa da escravidão indígena 
– legalmente proibida desde 1639 –, exterminando milhares de nativos com a realização das 
expedições e com o trabalho escravo. 
Martim Afonso de Sousa instalou, em 1531, uma casa forte na desembocadura do rio Carioca. 
Abandonada, a área foi tomada pelos franceses em 1555. Mem de Sá, em 1560, expulsou os franceses e deixou 
a região. Franceses e tupinambás se reorganizaram, construindo fortalezas (Uruçu-Mirim, na região da Carioca e 
Paranapuam, na ILHA DO GATO). A Coroa portuguesa decidiu, então, fixar-se na região, fundando a cidade do 
Rio de Janeiro (1° de março de 1565). 
 
ILHA DO GATO: foi chamada posteriormente de ilha do Governador. 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
Os Jesuítas 
O processo de ocupação do território brasileiro foi acompanhado desde cedo pelos jesuítas 
– em 1549 os primeiros membros da ordem chegaram ao Brasil –, que tinham como missão básica 
converter os “gentios” (grupo de família/que não possui evangelho). Com esse objetivo, os jesuítas 
montaram aldeamentos e missões. Esses redutos permitiam a cristianização dos indígenas e sua 
utilização como mão-de-obra. 
Na prática, todas as ordens religiosas, especialmente a Companhia de Jesus, tornaram-se 
grandes proprietárias de terras, produtoras de artigos para a exportação e senhoras de escravos 
africanos. Defenderam, em oposição, a não escravização do indígena, o que gerou imensos 
conflitos com colonizadores e colonos. 
 
 
Na vila de São Paulo de Piratininga, colonos e inacianos (jesuítas) divergiram intensamente 
sobre o apresamento e a escravização dos indígenas. Em 1640, os jesuítas chegaram a ser 
expulsos, retornando em 1643 sob a proteção de um alvará do rei D. João IV. 
No Rio de Janeiro, houve conflito entre os colonizadores e os inacianos pelo controle do 
território. A Companhia de Jesus reivindicou de 42% da sesmaria (terreno abandonado/inculto) da 
Câmara a partir de 1643. Só em 1754 os limites das sesmarias foram demarcados, mas a Câmara 
perdeu boa parte das terras públicas. 
Outro conflito no qual se envolveram os jesuítas foi o da preservação dos manguezais da 
cidade. Movido tanto pelos interesses de não verem suas terras invadidas e pelo conhecimento da 
importância do ecossistema para a reprodução de peixes e crustáceos, os inacianos se colocaram 
contra diversos seguimentos de colonos (lenhadores, donos de curtumes, produtores de cal, 
carvoeiros e catadores de caranguejos). 
A Companhia de Jesus era, no Rio de Janeiro, proprietária de engenhos, lavouras, olarias, 
madeireiras, imóveis urbanos e rurais, o que gerava um grande descontentamento na população 
local. A eliminação do poder político e econômico da Companhia de Jesus ocorreu com sua 
expulsão do reino de Portugal e suas colônias em 1759, quando suas propriedades foram 
confiscadas pela Coroa. 
Os abusos e o enriquecimento dessas ordens podem ser o ponto de partida para a 
discussão dopapel das instituições religiosas na sociedade; assim como, podem oportunizar a 
percepção do poder de controle que a religiosidade pode desenvolver em nome da evangelização 
e da pregação de uma visão de mundo única e indiscutível. 
 
A DEVASTAÇÃO DO “PARAÍSO” 
 
Uma outra questão que pode ser trabalhada nesse processo de ocupação do litoral é a da 
devastação da Mata Atlântica. Essa temática merece bastante atenção, porque os PCN apresentam 
A Companhia de Jesus e outras ordens construíram aldeias e missões 12 onde as comunidades 
indígenas pacificadas eram ensinadas, convertidas e organizadas de acordo com os valores europeus. O trabalho 
nessas comunidades era coletivo, sendo teoricamente realizado para prover a subsistência. Na realidade, uma 
imensa disponibilidade de mão-de-obra livre, mas gratuita, ficava sob o domínio das Ordens, que a utilizava para 
produção, inclusive, de artigos de exportação. Nesse sentido, a escravidão indígena não era interessante. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
o Meio Ambiente como um de seus eixos temáticos transversais. No ano de 1500, esse ecossistema 
cobria cerca de 97% do território do atual Estado do Rio de Janeiro. 
A Mata Atlântica é o ecossistema de floresta da encosta da Serra do Mar brasileira 
considerado o mais rico do mundo em biodiversidade. Era a segunda maior floresta tropical úmida 
do Brasil, só comparável à floresta Amazônica. Originalmente, estendia-se do Rio Grande do Norte 
ao Rio Grande do Sul e ocupava 1,3 milhão de km2 . Hoje restam, apenas, cerca de 5% de sua 
extensão original. 
No período colonial, a Mata Atlântica foi devastada pelo extrativismo descontrolado, pela 
prática das queimadas, pelo desmatamento para a formação de fazendas, pelo crescimento das 
cidades, dentre outros fatores. Mas é importante que você tenha em mente que a devastação 
continuou mesmo após a independência, o fim do escravismo e a proclamação da República. 
No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, o crescimento da lavoura do café no século XIX 
provocou estragos imensos no vale do rio Paraíba do Sul. Dados publicados pela Fundação S.O.S. 
Mata Atlântica demonstraram que em 1990 restavam cerca de 928.858 hectares de florestas no 
Estado do Rio de Janeiro, o que correspondia a 21,1% da superfície da unidade federativa. Entre 
1990-1995 e 1995-2000, foram perdidos, respectivamente, 140.372 hectares e 3.773 hectares. 
Ao longo de 500 anos de exploração, a Mata Atlântica foi sendo reduzida a pequenas 
manchas verdes, a redutos ao longo da costa. Além da evidente perda da biodiversidade, várias 
espécies endógenas – que só ocorrem nesse ecossistema – desapareceram ou correm risco de 
desaparecer. A perda da cobertura vegetal empobrece o solo, permite a erosão e afeta os 
mananciais de água. 
Não podemos também mitificar a relação das populações indígenas com a Natureza. As 
comunidades agrícolas que habitavam os domínios da Mata Atlântica desenvolviam ações de 
interferência no ecossistema. Não havia, portanto, uma Mata Atlântica integralmente virgem por 
ocasião da chegada dos europeus, nem tampouco, uma relação harmoniosa indígenas/Natureza 
sem nenhum tipo de impacto ambiental. 
Essa percepção crítica do mito do “bom selvagem” pode ajudar na reflexão de 
questões contemporâneas, como a constante presença de notícias do envolvimento das 
comunidades indígenas com exploração de madeira, garimpo ilegal, tráfico de animais etc. 
– ações muitas vezes implementadas nas reservas indígenas. 
É fundamental que a Educação contemporânea reflita sobre a relação do homem com a 
Natureza. É importantíssimo que recuperemos a percepção da dimensão da espécie animal na qual 
estamos incluídos. Caso a espécie humana não seja capaz de rever e redefinir seu posicionamento 
frente ao universo, abdicando de uma visão utilitarista, consumista e depredadora, a pena pode ser, 
cedo ou tarde, a nossa própria extinção. 
 
CONCLUSÃO: 
A abordagem do conhecimento histórico nas Séries Iniciais não deve priorizar conteúdos. 
É importante que o estudante tenha dimensão da violência do processo de colonização quer pela 
eliminação física quer pela destruição das identidades das populações indígenas e africanas. É 
igualmente importante que o aluno seja capaz de refletir sobre a imagem que se construiu sobre 
cada agente histórico. Perceber que outras histórias são contadas, que os “bandidos” para uns 
foram os “heróis” de outros. Por fim, não podemos deixar de refletir sobre as perdas de vidas, 
saberes e culturas ocorridas no contexto do processo de colonização. 
 
 
 
 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
11ª Semana 
 (AULA 13 DA PLATAFORMA) 
TEXTO COMPLEMENTAR V + VÍDEO 
 
Texto: O que é história local e do cotidiano? 
 
O que é? 
É o eixo em que são trabalhados conteúdos com base na relação do aluno com seu espaço, 
no seu e em outros tempos. 
O estudo da história local e do cotidiano faz com que as crianças das séries iniciais se 
percebam como parte integrante da História, por meio das vivências pessoais com sua comunidade. 
Com a reflexão sobre o desenvolvimento da sua região e a comparação com os grupos antigos que 
lá viviam, o aluno é capaz de entender que a História que está nos livros é construída pela ação de 
diversos povos e classes sociais. 
Ao conhecer a história da sua localidade, os alunos não estudam a disciplina apenas como 
um acumulado de datas e fatos. As aulas fazem parte de um processo de formação de sujeitos 
mais conscientes e críticos, preparados para a experiência e a prática da cidadania. 
Há menos de uma geração, as aulas eram resumidas à memorização de episódios e à 
apreciação das figuras heroicas que estampavam os livros didáticos. O conteúdo trabalhado em 
sala seguia o calendário cívico, de feriados nacionais e datas comemorativas - o que mantinha as 
aulas restritas a um passado descontextualizado. Até hoje, no entanto, muitas escolas usam essa 
abordagem que, além de desestimular, faz com que a turma não se sinta parte desse processo 
histórico. Como resultado disso, o que se vê muitas vezes são alunos com grandes dificuldades em 
ligar os ideais de vida coletiva e em sociedade ao seu papel cidadão. 
Para Daniel Helene, coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana, em 
São Paulo, é importante, sim, tratar de temas do cotidiano e dos hábitos, mas sem abandonar a 
perspectiva histórica de como eles se relacionam e se encadeiam em panoramas mais gerais. 
"Estudar a história de como as pessoas se sentavam à mesa, ou se alimentavam no século 18 tem 
sua importância, mas não é equivalente e nem substitui o estudo de grandes temas da História 
como a Revolução Francesa, ou a Inconfidência Mineira", diz o educador. 
 
Por que ensinar? 
Por meio da observação da realidade local, a turma pode entrar em contato com os 
primeiros conceitos históricos e aprender a construir ligações entre o cotidiano e os aspectos mais 
amplos da vida social. 
Desde pequenas, as crianças recebem um grande número de informações sobre as 
relações sociais e coletivas. Mas muitas dessas reflexões são sustentadas por ideias que vêm do 
senso comum. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, para o ensino de História, "cabe à 
escola interferir nas concepções de mundo dos alunos, para que desenvolvam uma observação 
atenta do seu entorno". No decorrer da vida escolar, os estudantes aprofundam o modo como 
observam e compreendem a sociedade em que vivem. 
Coletando por meio de depoimentos a história dos moradores do seu bairro, por exemplo, 
as crianças começam a estabelecer as primeiras noções de diferenças e semelhanças. É assim 
que elas passam a compreender as ideias do "eu" e também do "outro", que compartilha com elas 
o mesmo tempo e espaço, formando, então, a noção do "nós". Com esse sentimento, criam-se as 
concepções de grupo, que se estendem da sala de aula que dividem, ao bairro, ao paísou até em 
comunidades globais. 
Os conhecimentos relacionados ao eixo estão próximos da realidade dos alunos, sobretudo 
nas séries iniciais, quando estão começando a aprendizagem dos conceitos históricos. Ao estudar 
a cidade onde vivem e tecer junto dela a sua história, as crianças descobrem seus encantos e 
problemas, e aprendem a propor soluções, defender e pensar com embasamento as questões do 
lugar onde vivem. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
 
Localidade 
 Quando o aluno procura as conexões entre a História e a vida de sua comunidade, o 
conteúdo sai dos livros e passa a repercutir em sua vida. 
É por meio da localidade que os assuntos historiográficos ganham sentido no dia a dia do 
aluno. "É uma ferramenta potente de ensino", diz Daniel Helene, coordenador pedagógico do 
Centro de Estudar Acaia Sagarana. E é fundamental ressaltar a sua importância nesse trabalho. É 
você quem faz o papel de articulador entre a história local e um contexto mais amplo. 
Segundo as Orientações Curriculares da Prefeitura de São Paulo, pensar sobre a localidade 
é uma aprendizagem significativa que vai além dos aspectos cognitivos dos envolvidos no processo, 
mas "está intimamente ligada a suas referências pessoais, sociais e afetivas". 
Relacionar a história cotidiana a outros períodos é uma ótima opção para trabalhar a 
localidade. Por meio de mapas antigos ou mesmo de fotografias de diferentes épocas, os alunos 
das séries iniciais podem comparar as alterações feitas na cidade ao longo do tempo - o que pode 
ser feito por meio de antigos mapas e mesmo fotografias de diferentes períodos históricos do 
município. 
“No caso dos mapas, uma análise comparativa das principais transformações pode 
estimular a garotada a distinguir e dar nome aos espaços, com termos como rural e urbano", explica 
Dora Martins Dias e Silva, autora de livros didáticos. A visualização dessas transformações também 
pode auxiliar na compreensão mais abstrata dos conceitos de mudança e permanência. Neste link, 
você encontra imagens da construção de Brasília e como ela está hoje que podem ser usadas para 
a observação das mudanças. 
O ideal é que os estudantes estejam em contato com a maior diversidade de materiais 
possível: fotografias, pinturas, esculturas, filmes. Mas o trabalho não deve se esgotar somente na 
observação. Por meio dessas fontes históricas, os alunos aprendem também a tirar conclusões e 
questionar os dados fornecidos. Qual a relação entre os personagens retratados? Que lugar é 
retratado? Como esse lugar se encontra nos dias atuais? Quem é o autor? De que época ele é? 
Essas são perguntas que ajudam a turma a analisar e confrontar o passado e o presente, e não 
apenas vê-los sob uma ótica cronológica. 
Para estimular o espírito crítico da criançada, é importante refletir sobre os conteúdos dos 
livros didáticos e apresentá-los como uma das muitas formas de se contar a História, seja do tempo 
presente, ou passado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
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Maio de 2019 
12ª Semana 
 
AULA 14 DA PLATAFORMA + VÍDEO 
 
Aula 23 do Livro 
 
Texto: A cidade do Rio de Janeiro no Período Colonial 
 
 
 
Introdução 
Especialmente no contexto das Séries Iniciais, é extremamente importante que se parta da 
realidade do aluno para a elaboração do conhecimento sistematizado sobre a sociedade. Como 
sabemos, as noções de tempo e de espaço não se encontram totalmente desenvolvidas, 
amadurecidas nos alunos nesse momento da escolaridade básica. A História local, nesse sentido, 
pode ser uma importante estratégia de ensino da História, considerando que ela torna possível a 
utilização das vivências dos alunos para dar significado ao ensino-aprendizagem de conteúdos mais 
abstratos. Cada um de nós, em sua prática docente, trabalha em realidades muito distintas, o que 
inviabiliza o estudo de todas as possibilidades de utilização da História local. Assim, utilizaremos 
como base de análise dessa estratégia a História da cidade do Rio de Janeiro, estabelecendo 
diretrizes que poderão ser aplicadas a outros contextos. 
 
 
AS ORIGENS DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO 
 
Começaremos por entender o que significa carioca. Quando a expedição de Martim Afonso 
de Souza esteve no Rio de Janeiro em 1531, foi construída uma casa de pedra para lhes servir de 
abrigo. Esta casa, localizada na atual Praia do Flamengo, foi chamada pelos tamoios de “carioca” 
que, em nossa língua, significa casa de branco. Assim, o nome passou para o rio que deságua na 
Baía da Guanabara e, posteriormente, para os habitantes da cidade que ali se fundaria. 
O início da ocupação ocorreu por volta de 1504, quando o navegador português Gonçalo 
Coelho desembarcou na baía que recebeu o nome Baía de Guanabara, a mando do rei de Portugal, 
D. Manuel. O interesse do rei de Portugal era fazer o reconhecimento da costa. 
Em 1534, com a criação do sistema de Capitanias Hereditárias, essa região passou a fazer 
parte da Capitania de São Vicente, doada a Martim Afonso de Souza. As principais atividades 
econômicas da região eram a extração do pau-brasil e, a partir de 1530, a produção de açúcar. 
Havia, também, a produção de gêneros alimentícios como mandioca, milho, arroz e feijão. 
RESUMO DO LIVRO: Antes da chegada dos portugueses, diversos comerciantes europeus já 
negociavam pau-brasil com os índios através de escambos. A partir de 1530, Martim Afonso de 
Souza tentou desenvolver a cidade. Porém, em 1555 os huguenotes fundaram na região do Rio 
de Janeiro a França Antártica. Estácio de Sá fundou uma “nova” cidade denominada São 
Sebastião do Rio de Janeiro a partir da qual promoveu a expulsão dos franceses (1567) com a 
ajuda dos índios temiminós, chefiados por Araribóia. Por outro lado, a partir da expansão e 
crescimento da cidade nota-se uma forte presença de ordens religiosas. Já no século XVIII 
houve um grande desenvolvimento das Minas Gerais, e o porto do Rio de Janeiro, devido ao 
fato de ser ponto de escoamento de ouro e diamantes, motivou a transferência da capital de 
Salvador para o Rio de Janeiro. Com essa nova capital correu uma expansão do comércio, 
aumento demográfico etc. Mas foi no século XIX que a cidade do Rio de Janeiro se desenvolveu 
mais, teve um maior impulso com a transferência da Corte em 1808. Várias mudanças culturais 
e econômicas ocorreram. O Brasil foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves 
e, evidentemente, isso tudo trouxe mais desenvolvimento econômico e cultural ao Rio de 
Janeiro. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
= Pedro & Liz, o Papai ama vocês = 
Maio de 2019 
 
No entanto, a região da Guanabara não se destacava apenas por sua produção agrícola e 
extrativista, mas, também, por sua posição estratégica para o controle da navegação do Atlântico 
Sul. Além disso, a região oferecia condições favoráveis para o atracamento de navios, isso porque 
as águas eram mais tranqüilas (em comparação com o mar aberto) e os morros que contornavam 
a baía, como o Cara de Cão (atual São João) e o Pão de Açúcar, ofereciam boa visibilidade aos 
portugueses, o que favorecia a defesa da região. 
 
A FRANÇA ANTÁRTICA E A FUNDAÇÃO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 
 
Em 1555, os HUGUENOTES franceses tentaram fundar no Rio de Janeiro uma colônia – a 
França Antártica. Devido às perseguições que vinham sofrendo em seu país, o almirante Gaspar 
de Coligny, chefe dos huguenotes, aprovou o plano de Nicolau Durand de Villegagnon de fundar 
uma colônia no Brasil. 
 
Sendo assim, chegaram os franceses na Baía de Guanabara e ocuparam várias ilhas – as 
atuais ilhas Laje e Villegagnon – situadas a pequena distância da entrada da barra, onde foi erguido 
o Forte Coligny. A existência do forte e a chegada crescente de colonos – em 1557, chegaram por 
volta de 300 – punham em risco a posse portuguesa sobre essas terras da América. 
A permanênciados franceses na Guanabara criaria uma divisão territorial da Colônia 
portuguesa, pois separaria as capitanias que ficavam ao norte daquelas localizadas ao sul do Rio 
de Janeiro. 
Estácio de Sá, ao desembarcar entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, no primeiro 
dia de março de 1565, fundou um pequeno povoado para abrigar suas tropas, dando início à “nova” 
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. No início esse local chamou-se São Sebastião, em 
homenagem ao rei de Portugal. Foi a partir deste ponto que se travou a luta para expulsar os 
franceses. 
Após as primeiras derrotas, os franceses remanescentes refugiaram-se nas matas do 
interior da Baía da Guanabara e, com o auxílio dos índios tamoios, tornaram a ocupar a ilha de 
Serigipe (Villegagnon) e se instalaram junto ao atual morro da Glória e em vários pontos da ilha de 
Paranapuã (atual Governador). 
Em 1567, entretanto, os franceses foram definitivamente expulsos pelas tropas de Estácio 
de Sá com a ajuda dos índios temiminós, chefiados pelo cacique Araribóia, aliado dos portugueses. 
O contexto de expulsão dos franceses pode ser útil, também, para discutir a valorização 
histórica dada a vencedores e vencidos, a partir do tratamento dado aos tamoios e aos temiminós. 
 
 
O CRESCIMENTO E A EXPANSÃO DA CIDADE 
 
Aos poucos a cidade foi se expandindo. 
Ao longo do século XVII, construções religiosas seriam erguidas no topo e encostas de 
alguns destes morros. A presença dessas ordens religiosas expressava a influência ideológica 
exercida pela religião católica, influência esta pautada no domínio econômico através da produção 
agrícola, pastoril e do acúmulo de propriedades imobiliárias. Dessas capelas e mosteiros devem 
ser lembrados como os mais antigos: o mosteiro (1620) e a igreja de São Bento (1642), a capela 
da Conceição (1634), a igreja de São Francisco da Prainha (1696), na encosta do morro da 
Conceição voltada para o mar, e a capela de Nossa Senhora do Livramento (1670). 
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: foram criadas para povoar, desenvolver, defender e controlar a administração da 
Colônia. 
HUGUENOTES: Eram protestantes franceses seguidores do calvinismo. Devido à Reforma Protestante, eles 
estavam sendo perseguidos na França. 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
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Maio de 2019 
No século XVIII, a atividade mineradora nas Minas Gerais promoveu grandes mudanças na 
cidade do Rio de Janeiro, estimulando tanto a expansão geográfica quanto o crescimento 
demográfico da cidade. 
A abertura do Caminho Novo ligava a região das Minas Gerais diretamente ao Rio, que 
assim se transformava em movimentado ponto de intercâmbio entre aquela região e Portugal. O 
porto do Rio passou a ser visitado regularmente por navios portugueses, exportando ouro e 
diamantes e recebendo gêneros alimentícios, tecidos e escravos. 
Com a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, a cidade 
desenvolveu-se urbanisticamente, assumindo sua nova função político-administrativa e tornando-
se, no final do século XVIII, o principal centro urbano da Colônia. 
 
 
A CORTE NO RIO DE JANEIRO 
Sem dúvida, a mineração e a elevação da cidade a capital da Colônia proporcionaram 
grande progresso material à cidade do Rio de Janeiro no século XVIII. Mas foi a transferência da 
Corte portuguesa para o Brasil no século XIX que deu um grande impulso à produção cultural da 
cidade, além de acarretar uma considerável reorganização administrativa. 
D. João VI chegou ao Brasil em 1808 com a família e mais uma comitiva composta de 10 
mil a 15 mil pessoas, causando problemas em função do alojamento da grande comitiva,, onde as 
melhores residências da cidade foram cedidas aos altos funcionários da Corte. 
Algumas medidas de caráter econômico foram tomadas, dentre elas, a “Abertura dos Portos 
às Nações Amigas”. Essa medida trouxe ao Brasil um grande número de comerciantes, cientistas 
e curiosos de várias partes do mundo. 
Muitos hábitos e costumes se modificaram profundamente com a instalação de D. João VI 
e sua Corte no Brasil. 
Ao lado das mudanças econômicas, o Brasil passou também por algumas alterações 
políticas nessa época. Em 1815, a Colônia tornou-se Reino Unido a Portugal e Algarves, primeiro 
passo em direção à efetiva emancipação política. 
Várias medidas administrativas tomadas durante a permanência de D. João VI deram feição 
mais moderna ao Brasil e estimularam certo progresso: criação de escolas e academias militares, 
tipografia, Banco do Brasil, museu, biblioteca, Jardim Botânico etc. 
Todas as realizações de D. João VI no plano cultural estavam marcadas pela mentalidade 
colonialista e não tinham preocupação de beneficiar o povo. Eram medidas destinadas à satisfação 
das elites sociais, cujo desejo era europeizar o Brasil. Assim, as transformações realizadas com a 
vinda da Corte portuguesa não alteraram a vida de miséria da maioria da população. 
 
CONCLUSÃO: 
Com certeza a fundação da cidade do Rio de Janeiro por Estácio de Sá foi bem diferente 
daquela feita pelos huguenotes (protestantes franceses). Tanto os portugueses quanto os 
franceses tinham interesses econômicos e estratégicos na região. Após a expulsão dos franceses 
por Estácio de Sá em 1565, o Morro do Castelo passou a ser o local de sede da cidade. Houve 
assim uma outra fundação da cidade gerando ao redor do morro o estabelecimento das autoridades 
militares, civis e religiosas. 
A partir do início do século XVII houve uma expansão e crescimento da cidade. Informações 
da época atribuem ao Rio de Janeiro uma população de cerca de 4.000 pessoas, sendo a maioria 
composta por índios, 750 portugueses e somente 100 africanos escravos. Porém, o maior poder 
ainda cabia à Igreja Católica, fato que ficava denunciado na arquitetura, com muitos prédios 
religiosos no século XVII. Mas, sem dúvida nenhuma, o maior boom da cidade foi com a chegada 
da Corte portuguesa em 1808. D. João VI mandou criar academias militares, científicas e artísticas, 
fundou o Banco do Brasil, o Jardim Botânico e muitas outras instituições. A partir do início do século 
XIX, a cidade se tornou cada vez mais assistida e europeizada 
 
 
 
PRETO FÊNIX – Morro Grande – Araruama – RJ 
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Maio de 2019 
12ª Semana 
 
AULA 14 DA PLATAFORMA 
 
Aula 24 do Livro 
 
Texto: A cidade do Rio de Janeiro no Período Imperial 
 
A CIDADE DO RIO DE JANEIRO APÓS A INDEPENDÊNCIA 
 
A declaração de Independência do Brasil (1822) não alterou a vida da cidade do Rio de 
Janeiro como ocorrera com a chegada da Corte portuguesa, em 1808. A família real continuou 
morando na Quinta da Boa Vista. O país herdou uma economia extremamente dependente da 
Inglaterra e, também, uma enorme desigualdade social, já que a escravidão, mesmo com as 
pressões internacionais, foi mantida. De fato, apenas uma mudança na estrutura jurídico-política da 
época ocorreu: o Brasil deixou de ser uma colônia de Portugal. Mas, lembre-se: esse episódio não 
provocou nenhuma alteração na ordem econômico-social – continuamos a ter uma economia 
agrário-exportadora baseada na escravidão. 
No âmbito das Séries Iniciais seria interessante, portanto, discutir o significado de 
independência a partir da identificação das inúmeras exclusões que permanecem após o 
rompimento com Portugal, como, por exemplo, a exclusão proporcionada pela escravidão e pelo 
voto censitário. 
O Primeiro Reinado foi marcado por uma crise econômico-financeira. Não havia mais 
produto agrícola se destacando e muito menos ouro. Não se processava a industrialização no país. 
Em 1831, D. Pedro I, diante da falta de apoio militar e político, abdicou do trono brasileiro em favor 
de seu filho Pedro, então com cinco anos. Iniciou-se assim o período regencial e o Rio de Janeiro 
permaneceu sendo a capital – o centro das decisões políticas e administrativas – do Império. 
A Regência se caracterizaria como um período conturbado, marcado pela “desordem” e por 
convulsõessociais. Diversas revoltas estouram no país inteiro, como: a Cabanagem (Grão-Pará, 
1835-1840); a Balaiada (Maranhão e Piauí, 1838-1841), a Sabinada (Bahia, 1837-1838); a Revolta 
dos Malês (Bahia, 1835); a Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (Santa Catarina e no 
Rio Grande do Sul, 1835-1845). Todas essas revoltas originaram-se em crises econômicas locais 
e em uma demanda por maior descentralização política, ou seja, maior autonomia para as 
províncias. 
Temendo que a instabilidade política e econômica propiciasse a fragmentação territorial, a 
elite política brasileira rapidamente se articulou em prol da antecipação da maioridade do imperador 
– o Golpe da Maioridade. Assim, em 1840, D. Pedro II foi coroado imperador, embora não tivesse 
RESUMO DO LIVRO: O desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro esteve 
relacionado, ao longo do século XIX, a sua condição de centro econômico, político, financeiro e 
cultural do Período Imperial (1822-1889). A partir de 1840, o desenvolvimento cafeeiro no Vale 
do Paraíba – que escoava sua produção pelo porto do Rio de Janeiro – viabilizou o surgimento 
dos “barões do café”, com enorme influência nos negócios e na política da capital. O dinheiro 
originado da produção do Vale do Paraíba permitiu a expansão, embelezamento e 
melhoramento dos serviços urbanos na cidade do Rio de Janeiro (instalação de iluminação a 
gás, saneamento, melhoria dos transportes). A vida social cada vez mais se intensificou na 
Corte. A aristocracia participava de cerimônias públicas, religiosas ou de festas de salão. Já o 
povo participava de festas religiosas ou profanas. Nas ruas do centro do Rio havia luxo e riqueza 
(armazéns, confeitarias, barbearias, lojas de tecidos fi nos, de luvas, cristais etc.), mas havia, 
também, casas pobres como os cortiços e casas de cômodo que começavam a surgir. Sede de 
importantes instituições de ensino, de cultura e de memória, a cidade manteve seu papel de 
centro cultural do país mesmo após a proclamação da República. 
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ainda quinze anos completos. Era o início do Segundo Reinado, que só terminaria com a 
Proclamação da República (1889). 
 
 
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL: O REFLEXO NA CORTE 
 
Após a Independência, tanto o governo regencial quanto o de D. Pedro II se preocuparam 
em manter o Brasil unido, em ordem – segundo os padrões da elite da época –, e em construir uma 
identidade nacional. Para isso, foram criadas no Rio de Janeiro instituições vinculadas à memória, 
à história e à educação. 
Em 1826, foi criada a ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTES, que colaborou para a 
formação da identidade nacional. A Academia procurava garantir aos artistas formações científica 
e humanística, além de treinamento no ofício (aulas de desenho e cópia de moldes). Durante o 
reinado de D. Pedro II, artistas acadêmicos foram responsáveis pela elaboração de diversos 
retratos do imperador, pelo registro de comemorações oficiais e pela construção de uma memória 
romântica da nação. 
Em 1837, foi criado o Imperial Colégio Pedro II e, em 1838, o Instituto Histórico e Geográfico 
Brasileiro (IHGB) e o Arquivo Público do Império. 
O Imperial Colégio Pedro II foi o primeiro colégio de instrução secundária oficial do Brasil, 
caracterizando-se como importante elemento de construção do projeto civilizatório do Império, de 
fortalecimento do Estado e formação da nação brasileira. 
O IHGB deveria escrever uma História do Brasil ressaltando valores ligados à unidade 
nacional e à centralização política, construindo a idéia de que éramos uma sociedade brasileira 
branca e européia. Os objetivos da instituição – “coligir, metodizar, publicar ou arquivar os 
documentos necessários para a História e a Geografia do Brasil” – foram estabelecidos no Art. 1º 
do Estatuto de 1838 e são mantidos até a atualidade. 
Os lugares de memória não se limitam a instituições como o IHGB e o Arquivo Público. 
Museus, espaços públicos históricos e construções antigas podem também ser assim 
reconhecidos. É interessante notar, também, que o modelo de ensino seguido é o europeu. Assim, 
na sua origem, o ensino no Brasil é pensado para poucos, o que pode ser comprovado pela própria 
exigência de pagamento de anuidade na única instituição secundária do Império. 
 
 
AS REPERCUSSÕES DA EXPANSÃO DO CAFÉ NA CORTE 
Inicialmente, o café – chamando “ouro verde” devido à enorme riqueza que a economia 
cafeeira trouxe para o país – era uma planta exótica de quintal, originária da Etiópia. Veio para o 
Brasil trazida pelo militar Francisco Palheta. Foi no Rio de Janeiro que o café se desenvolveu e se 
expandiu, alcançando a Baixada Fluminense e, em seguida, o Vale do Paraíba, onde havia um 
clima propício e terras disponíveis para a lavoura cafeeira. A Floresta da Tijuca, também, era área 
de um antigo cafezal. 
Com a riqueza trazida pelo “ouro verde” surgem os “barões do café” no Vale do Paraíba 
fluminense, que tinha como centros mais importantes Vassouras, Resende, Barra Mansa, Valença 
e Cantagalo. Aqueles cafeicultores tornaram-se importantes, não só como produtores de café e 
donos de terras e escravos, mas como aliados do governo imperial e defensores do sistema 
escravista. 
Através do Campo de Santana, ligavam-se os bairros antigos aos novos; nele existiam as 
igrejas de Santana e São Jorge e várias edificações governamentais como o Quartel do Exército, o 
Senado, a Câmara Municipal, a Central do Corpo de Bombeiros e a Casa da Moeda. O Campo de 
Santana tornou-se, assim, a praça mais importante do Império, tomando o lugar do antigo Largo 
do Carmo (atual Praça XV), onde se localizava a principal sede da colônia e do período joanino. 
Cabe acrescentar que não foi à toa que a República brasileira foi proclamada em uma casa ao lado 
do Campo de Santana, ou seja, na própria residência do marechal Deodoro da Fonseca. Depois 
desse episódio, o Campo passou a chamar-se Praça da República. 
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Durante o percurso do século XIX, mais alguns prédios que embelezam o Rio de Janeiro 
até hoje foram construídos. São eles o Palácio da Ilha Fiscal; a Casa de Rui Barbosa, na Rua São 
Clemente; o Hospital da Santa Casa da Misericórdia; o Palácio do Itamaraty, na Avenida Marechal 
Floriano; o Palácio do Catete; a Estação das Barcas, na Praça XV; o Hospital da Beneficência 
Portuguesa, na Glória; o Hospital dos Alienados, na Urca (atual campus da Praia Vermelha da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro), além, é claro, dos quiosques espalhados por toda a 
cidade. 
Durante o Segundo Reinado (1840-1889), a economia brasileira se expandiu graças à 
economia cafeeira. O Brasil se modernizou construindo ferrovias, ampliando a iluminação a gás das 
cidades, assim como o saneamento e a rede de transportes. Diversas dessas transformações 
urbanas ocorreram, principalmente, nas cidades do sudeste, particularmente no Rio de Janeiro e 
em São Paulo. 
O centro da cidade do Rio de Janeiro abrigava pequenas fábricas, mas com o 
desenvolvimento surgiram indústrias em outros bairros, como por exemplo, a Fábrica Confiança, 
em Vila Isabel, em 1885. 
Ainda no centro da cidade surgiram inúmeros cortiços e casas de cômodos, pois era lá que 
havia as maiores ofertas de trabalho. Por isso, as famílias pobres e os trabalhadores precisavam 
morar próximos a essa região, como nas ruas do Riachuelo, Camerino, Visconde de Inhaúma, 
Barão de São Félix etc. Em geral, esses habitantes eram imigrantes europeus, africanos ou 
brasileiros libertos da escravidão. 
A partir da segunda metade do século XIX, “a marcha do café” atinge o oeste paulista. 
O oeste paulista investirá em novas tecnologias de beneficiamento do produto, no incentivo 
à vinda de imigrantes como mão-de-obra para trabalhar nas lavouras de café, assim como na 
expansão da malha ferroviária para escoar o produto até Santos. Das iniciativaspioneiras temos a 
inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II (atual Central do Brasil), que ligou a Corte às províncias 
de São Paulo e Minas Gerais. 
A cidade mais desenvolvida do Império era o Rio de Janeiro. Nas duas últimas décadas do 
século XIX também cresceram outras cidades brasileiras, como São Paulo, Recife e Porto Alegre. 
Era na cidade do Rio de Janeiro que tudo acontecia no Império, como, por exemplo, a Primeira 
Exposição Nacional em 1861, mostrando e exibindo à população o caráter moderno e civilizado da 
monarquia brasileira. 
 
 
A VIDA NA CORTE 
Uma das ruas mais importantes do Rio de Janeiro era a do Ouvidor, onde ficavam as 
melhores lojas de tecidos e produtos importados. A vida na Corte proporcionava à elite um padrão 
europeu, ou seja, o domínio da conversação, o conhecimento do francês, a polidez, a elegância no 
vestir, as festas nos salões reservados e as compras de importados na rua do Ouvidor etc. 
No Império, a vida social foi muito influenciada pelas festas religiosas, públicas ou oficiais. 
Dentre as festas religiosas tínhamos no Rio de Janeiro, por exemplo, a festa da Glória e a da Penha. 
Havia missa, queima de fogos de artifício, barraquinhas, leilões de prendas etc. Outro tipo de festa 
era o carnaval, visto pela elite e pela Igreja como uma festa bárbara (não utilizada). Eram três dias 
de festa, onde tanto homens livres quanto escravos poderiam ser molhados e sujos pelos 
participantes do entrudo (festa popular que antecedia a quaresma/deu origem ao carnaval). 
 
A chamada boa sociedade, ou seja, a elite econômica, política e cultural do Império, foi 
criando aos poucos outros espaços de sociabilidade, como as festas de salão, que aconteciam 
dentro das casas das famílias de posses. Nelas havia jogos, dança, músicas e passatempos; 
combinavam-se negócios, casamentos e candidaturas políticas. 
Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, várias vezes a prefeitura baixou posturas proibindo o entrudo, sob a 
alegação de que era um atentado aos bons costumes e à segurança pública. Nenhuma dessas medidas, porém, 
teve efeitos práticos (FREIRE, AMÉRICO e outros, 2004). 
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A boa sociedade encontrava-se, também, no teatro, em lojas e confeitarias da Rua do 
Ouvidor, o lugar mais importante da cidade para a convivência de políticos e senhoras elegantes 
da Corte. Além disso, havia os concertos ao ar livre, as regatas e as corridas de cavalos, D. Pedro 
II preocupou-se, também, em remodelar espaços públicos da Corte como o Passeio Público, a 
Praça da República (naquela época, Praça da Aclamação) e a Quinta da Boa Vista. Ainda no Rio 
de Janeiro, resolveu colocar estátuas e chafarizes franceses em diversos parques e jardins. 
 
 
 
 
 
Conclusão: 
 
Você estudou como a História do Brasil foi se entrelaçando com a História da Corte da 
cidade do Rio de Janeiro – palco dos mais importantes episódios políticos e econômicos. Ao fi nal 
do século XIX, a cidade já estava bastante urbanizada e desenvolvida. 
Em 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Áurea e encerrou defi nitivamente a chaga da 
escravidão em nosso país. O Império, que sempre fora apoiado pelo sistema escravista, sofreu um 
enorme abalo, o que já vinha ocorrendo desde 1850 com os decretos das leis abolicionistas. A isso 
veio se somar o surgimento de novas forças econômicas e políticas, como os cafeicultores 
paulistas, as camadas médias urbanas e os militares. Além disso, nosso imperador estava 
fragilizado e doente. 
O Rio de Janeiro foi novamente cenário da última aparição pública do imperador e de sua 
família, no que veio a ser chamado “O último baile do Império”, realizado na Ilha Fiscal, na baía de 
Guanabara, em 11 de novembro de 1889. Tal baile foi uma homenagem à Marinha chilena. Nesse 
evento D. Pedro II recebeu muitos convidados, entre eles diversos estrangeiros, parecendo ignorar 
a ebulição já reinante no país. 
No dia seguinte o imperador deixou o Rio e foi para Petrópolis. No dia 15 do mesmo mês 
as tropas do Exército cercaram o Ministério da Guerra e exigira a demissão do visconde de Ouro 
Preto. Com todas as mudanças políticas e econômicas que vinham ocorrendo, a monarquia 
brasileira não resistiu, e o desfecho desse processo ocorreu em 15 de novembro de 1889, quando 
Deodoro da Fonseca proclamou a República, na cidade do Rio de Janeiro. 
A população do Rio de Janeiro não se opôs à queda da monarquia, mas, assim como todo 
o Brasil, assistiu sem participar ao golpe militar que implantou a República em nosso país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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14ª Semana 
 
AULA 16 DA PLATAFORMA 
 
Aula 18 do Livro 
 
Texto: Mundo contemporâneo e a constituição da(s) identidade(s): a questão da orientação 
sexual 
 
Introdução 
Vivemos em um mundo em que não é possível mais pensar o sujeito de forma simplista, 
homogênea e constante. A consciência das múltiplas facetas da constituição dos sujeitos e da 
dimensão sócio-histórica desse processo trouxe à tona a discussão sobre a complexidade, a 
heterogeneidade e a mutabilidade, como princípios inerentes à percepção das identidades. 
Diversos valores socialmente considerados normais foram criticados pelo movimento da 
contracultura na década de 1960. O próprio conceito de normalidade passou a ser debatido, com 
ênfase na sua construção histórica. 
Mas o que se criticava? Dentre outras coisas, os papéis socialmente determinados de 
homem e mulher; o conceito fechado de família; o casamento indissolúvel, heterossexual e 
monogâmico; o culto à virgindade feminina; a visão pecaminosa do sexo; a sociedade de consumo; 
o racismo etc. Questionava-se, em suma, o padrão ético, moral e burguês da classe média 
ocidental. 
Como não poderia deixar de ser, esses questionamentos ganharam diferentes dimensões, 
atuando na percepção das manifestações de gênero e da sexualidade. Por isso, a discussão sobre 
a inclusão da temática da sexualidade na escola intensificou-se, justamente, a partir da década de 
1970, quando o embate dessas questões se acirrou. Foi no desdobramento dessas discussões que 
os PCN acolheram a Orientação Sexual como tema transversal. 
 
 
 
 
OS OBJETIVOS PARA A ORIENTAÇÃO SEXUAL 
 
A sexualidade é inerente (ligado) à vida e à saúde, expressando-se desde cedo nos seres 
humanos. Nesse sentido, os PCN consideram que o objetivo primordial do tema transversal 
Orientação Sexual é “contribuir para que os alunos possam desenvolver e exercer sua sexualidade 
com prazer e responsabilidade” (BRASIL, 2000, p. 133). Constata-se, portanto, que o tema vincula-
se ao próprio exercício da cidadania, na medida em que promove o respeito por si e pelo outro, e, 
defende o conhecimento e o acesso aos direitos básicos de todos os cidadãos. 
Vários são os objetivos específicos da Orientação Sexual para o Ensino Fundamental. 
Primeiro, destaca-se o respeito à diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes 
relativos à sexualidade e ao reconhecimento de que as características socialmente atribuídas ao 
masculino e ao feminino são também determinações culturais. Sendo assim, preconiza-se 
(sugerir/aconselhar) a rejeição, a discriminação por diferenças de gênero e de orientação sexual. 
 
Cabe também ressaltar a importância da compreensão de que a busca do prazer é uma 
dimensão saudável da sexualidade humana; contudo, o consentimento mútuo é condição 
Observe que no Brasil, a construção histórica da conduta sexual está marcada pela ideologia de gênero 
patriarcal que embasa os binômios feminino/passivo e masculino/ativo; pela ideologia judaico-cristã que apresenta 
o casamento, a monogamia e o sexo procriativo como opção única; e pelo discurso da higiene social do século XIX 
que definiu a sexualidade saudável/normal (heterossexual) e a não saudável/patológica (homossexual). Essas 
matrizes ideológicas legitimam ou condenamas manifestações da sexualidade tanto no âmbito do gênero quanto 
no da orientação sexual. Nunca podemos perder de vista essa percepção quando discutimos a sexualidade. 
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necessária para seu usufruto em uma relação a dois. Por fim, a Orientação Sexual deve contribuir 
para que o aluno: 
 
 proteja-se de relacionamento sexuais coercitivos e exploradores; 
 conheça seu corpo, percebendo que o cuidado com a saúde é condição para usufruir 
de prazer sexual; 
 adote práticas de sexo protegido nos relacionamentos sexuais, evitando contrair ou 
transmitir doenças sexualmente transmissíveis; 
 respeite os portadores das doenças sexualmente transmissíveis, notadamente os 
portadores do HIV; 
 busque orientação para a adoção de métodos contraceptivos quando desejar 
 
O tema transversal Orientação Sexual deve ser trabalhado, de acordo com os PCN, em 
três blocos de conteúdos: corpo, relações de gênero e prevenção de doenças sexualmente 
transmissíveis. 
Os PCN apresentam para cada bloco um conjunto de conteúdos básicos a serem tratados 
e orientações didáticas de caráter geral e específico. A seleção de temáticas – como toda seleção 
– foi norteada por certos critérios: a relevância sociocultural do conteúdo para a 
contemporaneidade; a dimensão biológica, psíquica e sociocultural da sexualidade; e a 
possibilidade de conceber a sexualidade de forma saudável, prazerosa e responsável. 
 
 
SEXUALIDADE, SEXO, GÊNERO E ORIENTAÇÃO SEXUAL 
No contexto dos embates políticos e teóricos que se travaram a partir do século XIX, certos 
conceitos foram sendo elaborados e amadurecidos. O aprofundamento da discussão sobre a 
sexualidade na escola, portanto, exige o conhecimento dessa base conceitual, historicamente 
construída. 
 
Sexualidade 
A sexualidade sempre foi um tema polêmico nas sociedades. No final do século XIX, 
entretanto, o debate do comportamento sexual no mundo ocidental tornou-se tão destacado que 
propiciou o surgimento da disciplina Sexologia, tendo como bases a Psicologia, a Biologia e a 
Antropologia. O pioneiro da Sexologia, RICHARD VON KRAFFT-EBING, descreveu o sexo como 
um instinto natural, evidenciando a influência do darwinismo naquele período histórico. 
Hoje sabemos, contudo, que a sexualidade humana é muito mais do que o corpo e o 
instinto. Na verdade – por mais que se tenha tentado naturalizar a sexualidade humana –, ela é 
fruto de um complexo processo histórico, sendo, portanto, uma construção social (visão 
construcionista). Assim, a sexualidade é o conjunto de “crenças, comportamentos, relações e 
identidades socialmente construídas e historicamente modeladas” (WEEKS apud LOURO, 2001, p. 
43) que se relacionam com o corpo e seus prazeres. 
 
Gênero e Sexo 
O conceito de gênero está intimamente ligado ao movimento feminista contemporâneo. 
Após a primeira onda de reivindicações das mulheres na virada do século XIX para o XX, 
identificada com a luta pelo direito ao voto (sufragismo), o movimento feminista sofreu uma certa 
acomodação. Na década de 1960, entretanto, ele eclodiu, com imensa força, incorporando as 
preocupações sociais e políticas a estudos acadêmicos, o que propiciou uma elaboração teórica 
sobre o tema. 
Nesse contexto, o termo gênero surgiu para ampliar os sentidos impostos pelo limites do 
conceito de sexo. Para compreender “o lugar e as relações de homens e mulheres numa sociedade, 
importa observar não exatamente seus sexos, mas tudo o que socialmente se constituiu sobre os 
O termo sexo, até meados do século XX, concentrava a percepção das diferenças entre homens e 
mulheres, apenas a partir da diferenciação anatômica/fisiológica. 
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sexos” (LOURO, 2004, p. 21). Assim, feministas anglo-saxãs passaram a utilizar a palavra gender 
(gênero) com sentido distinto de sex (sexo). 
O conceito de gênero, portanto, planeja a diferenciação entre homens e mulheres na 
dimensão social, centrando foco na constituição da identidade masculina e feminina. 
Implicou, por exemplo, a percepção de que diversas instituições e práticas sociais – como 
a educação e a escola – formam homens e mulheres ao longo da vida. 
A compreensão de gênero também facilitou a percepção de que existem muitas e 
conflitantes formas de definir e viver a feminilidade e a masculinidade. Nesse caso específico, 
ressalta-se que há uma articulação do gênero com outros construtores da identidade do sujeito: 
classe, etnia, sexualidade, geração, religião e nacionalidade. Essa articulação promove diferenças 
nas formas que a feminilidade e a masculinidade operam. Lembre-se, por exemplo, do mito da 
hipersexualidade dos homens negros e da fascinação da chamada “sexualidade exótica” das 
mulheres orientais, registradas enfaticamente na literatura ocidental. 
A esse complexo cenário do gênero, gradativamente, veio somar-se o debate sobre os 
transgêneros – entendidos como homens no sentido fisiológico, mas que se relacionam com o 
mundo como mulher (ou vice-versa) – e os transexuais – aqueles que “não aceitam o sexo que 
ostentam anatomicamente” (BRASIL, 2004, p.30), justificando o desejo pela cirurgia de 
transgenitalização. 
 
Orientação/Identidade sexual 
No artigo “Sem medo da diversidade sexual”, Anna Cláudia Ramos dialoga com os pais 
sobre suas reações caso um filho se afirmasse gay. A autora aconselha os pais a olharem “seus 
filhos como indivíduos” – logo, com direito a identidade própria – e alerta que “(...) o amor não 
deveria incomodar. Mas sim a hipocrisia, a mentira, a falta de respeito pelo próximo e a corrupção” 
Outro aspecto interessante é que o direito à vivência livre da identidade se encontra 
associado à idéia de que a sociedade está em transformação e evolução. Novos tempos são 
portadores, portanto, de novos valores, novas moralidades, novos princípios que legitimam outros 
comportamentos. 
O artigo trata, portanto, não de uma questão da fisiologia sexual ou de gênero, mas de uma 
questão que envolve a orientação ou identidade sexual. 
Orientação/identidade sexual são termos que vão conceituar a sexualidade no âmbito do 
desejo. Em outras palavras, a identidade de alguém em função da direção de seu desejo e/ou 
condutas sexuais. Assim, aqueles que orientam sua afetividade e sexualidade para indivíduos do 
mesmo sexo, do sexo oposto ou de ambos os sexos são, respectivamente, homossexuais, 
heterossexuais e bissexuais. 
 
Embora existam no âmbito das distinções de sexo o homem (macho) e a mulher (fêmea), 
podemos identificar três identidades de gêneros: a masculina, a feminina e a dos transgêneros 
(travesti e transexual). Por outro lado, a identidade sexual/orientação sexual pode ser hetero, homo 
ou bissexual. 
 
 
Entre os transgêneros estão: travestis, transformistas, drag kings e drag queens. Os travestis constroem 
seus corpos em busca de um feminino que não abdica de características masculinas (ou vice–versa), fluindo entre 
esses pólos. Já os transformistas são homens e mulheres que se vestem e se comportam, respectivamente, como 
mulheres e homens, buscando transformar-se, o mais proximamente, no sexo oposto. Drag kings e drag queens 
se diferenciam dos travestis pela forma caricata, exagerada na maquiagem e nos trejeitos, que apresentam, 
apenas, em momentos e locais específicos. 
A utilização da expressão opção sexual é atualmente questionada por reforçar os preconceitos. Ao 
reforçar a idéia de escolha, essa expressão responsabiliza o sujeito por sua orientação sexual. Nesse sentido, 
divulgou-se o uso dos termos orientação ou identidade sexual como forma de demarcar que se trata da 
manifestação da construção social da identidade do sujeito e não de uma escolha aleatória. 
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CONQUISTANDO A CIDADANIA 
 
Embora as práticas homossexuais tenham existido

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