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A NORMA JURÍDICA (GÊNESE, ESTRUTURA, CLASSIFICAÇÃO, VALIDADE ETC.)

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- A NORMA JURÍDICA –
Se o Direito disciplina a vida social através de normas, examinaremos a norma em si, na sua origem e estrutura.
GÊNESE (origem): as NORMAS JURÍDICAS não são concebidas por acaso, abstratamente. Elas são abstraídas da realidade social, da experiência humana, em função dos fatos que se pretende disciplinar e dos valores que se quer consagrar.
CONCEITO: a NORMA JURÍDICA é a expressão de um “dever ser” de organização ou de conduta; são padrões obrigatórios de conduta e organização social; fixam pautas do comportamento interindividual, e por elas também o Estado dispõe quanto à sua própria organização. Seu conteúdo são, pois, a conduta humana e os processos de organização social.
MIGUEL REALE define-a como sendo “A PROPOSIÇÃO ENUNCIATIVA DE UMA FORMA DE ORGANIZAÇÃO OU DE CONDUTA, QUE DEVE SER SEGUIDA DE MANEIRA OBJETIVA E OBRIGATÓRIA.”
Portanto, a NORMA JURÍDICA É:
UM COMANDO, UM IMPERATIVO DIRIGIDO ÀS AÇÕES DOS INDIVÍDUOS – E DAS PESSOAS JURÍDICAS E DEMAIS ENTES. 
É UMA REGRA DE CONDUTA SOCIAL, E TEM POR FINALIDADE REGULAR AS ATIVIDADES DOS SUJEITOS EM SUAS RELAÇÕES SOCIAIS. (A NORMA JURÍDICA IMPUTA CERTA AÇÃO OU COMPORTAMENTO A ALGUÉM, QUE É SEU DESTINATÁRIO.
Existem 3 modais de NORMAS JURÍDICAS : 
DE PROIBIÇÃO (Quando NÃO PERMITE);
DE OBRIGATORIEDADE (Quando FAZ DETERMINADA CONDUTA SER NECESSÁRIA);
DE PERMISSÃO (Ela FACULTA).
A NORMA JURÍDICA ao se dirigir ao destinatário, proíbe e obriga. 
Exemplos: 1) “É proibido fumar neste recinto.” (Proibição);
 2) “É obrigatório o uso de cinto de segurança.” (Obrigação)
Já o modal de PERMISSÃO não gera um comando que deve ser obedecido, como: É proibido! É obrigatório!. Ele dá uma prerrogativa (faculdade) ao destinatário, para que este dela se utilize quando quiser. 
Exemplo: 1) “É permitido usar bermuda neste restaurante.” (Não é obrigatório e nem proibido. Basta que o indivíduo queira.)
No amplo complexo de NORMAS JURÍDICAS que compõe o ordenamento, os modais (tipos) podem surgir misturados.
Exemplo: É permitido casar, mas é obrigatório que os nubentes sejam maiores de idade ou, que tenham autorização dos pais ou responsáveis, sendo proibido o casamento entre irmãos...
Observa-se que muitas permissões pressupõem cumprimento anterior ou simultâneo de obrigações. No exemplo acima: pode-se casar (faculdade), mas, deve-se cumprir uma série de formalidades (obrigações) legais. 
- A SANÇÃO, A COERÇÃO E A COAÇÃO - 
Todas as normas (regras) éticas – sejam as religiosas, morais, jurídicas ou de trato social (etiqueta) – existem, são feitas para serem cumpridas, para serem obedecidas e executadas. Portanto, se a obediência e o cumprimento são da essência da norma (regra), todas elas precisam ter uma garantia de que serão cumpridas, de uma forma ou de outra.
Assim, as SANÇÕES são formas de garantia daquilo que é determinado em uma norma (regra).
No caso de uma norma MORAL, que é cumprida por nós espontaneamente, se houver desobediência, ou seja, se as deixarmos de cumprir, sofreremos algumas consequências que são chamadas de SANÇÕES.
As SANÇÕES específicas da regra MORAL são: o remorso, o arrependimento, o exame de consciência – chamadas SANÇÕES de foro íntimo. Contudo, importante salientar que há aqueles que, de tão embrutecidos, não sentem o remorso, ou não dão importância à reação social, por se considerarem, às vezes, superiores ao meio em que vivem; ou então, porque na própria “psique” não haverá repulsa às condutas imorais, ao contrário do que ocorre com o homem “normal”, bem estruturado.
No caso das SANÇÕES religiosas, podemos citar também o remorso com uma força imediata e imperiosa, como consequência a alguma desobediência aos preceitos da religião.
Mas também existe uma SANÇÃO externa, que repercute na sociedade, em função dos atos praticados, chamada SANÇÃO SOCIAL, que tem muita força, porque nós não vivemos somente para nós mesmos, mas vivemos em função do nosso meio social. Assim, a SANÇÃO MORAL, por exemplo, atua tanto na consciência individual quanto na chamada consciência coletiva (sociedade), porque há uma reação social (por parte da sociedade) quando o homem age de modo contrário aos valores vigentes. 
Como SANÇÕES SOCIAIS temos as críticas, as condenações, a opinião pública que se forma reprovando a conduta, que acabam sendo um sistema de autodefesa da sociedade, que, aos poucos, acabam eliminando da convivência o indivíduo que não obedece aos preceitos, às normas de ordem moral. 
No caso das NORMAS JURÍDICAS que determinam uma ação ou comportamento a alguém, temos a SANÇÃO fazendo parte da sua estrutura, em forma de pena, punição àquele que descumpre o comando da norma. 
Ex: MATAR ALGUÉM é um ato que fere tanto um mandamento ético-religioso como um dispositivo (norma) penal. 
A diferença é que no PLANO JURÍDICO a sociedade se organiza contra o homicida (quem praticou a conduta ilícita), através do aparelhamento policial e do Poder Judiciário (ESTADO). E o infrator cumprirá uma pena, a SANÇÃO PENAL.
Tudo no Direito obedece a esse princípio da SANÇÃO organizada de forma predeterminada. Assim, um homem lesado (prejudicado) em seus direitos sabe de antemão que pode recorrer à Justiça, a fim de que as relações sejam objetivamente apreciadas e o equilíbrio restabelecido. Portanto, todas as leis têm uma SANÇÃO.
OBS.: Evoluimos da força bruta para a força jurídica. Nas sociedades primitivas, tudo se resolve em termos de vingança, prevalecendo a força – do indivíduo, da tribo a que ele pertence. Ofendido o indivíduo, a ofensa se estendia imediatamente ao grupo que reagia contra o outro grupo social, numa forma de responsabilidade coletiva (VINGANÇA SOCIAL).
Depois disso, surgiu a VINGANÇA PRIVADA (pessoal), que com o tempo passa a ser submetida a certas regras (formas delimitadoras), como no período dos duelos, por exemplo.
Quando o Estado proibiu o duelo, o Poder Público se colocou no lugar dos indivíduos, chamando a si a distribuição da justiça, o que assinalou um momento crucial na história da civilização.
Atualmente, existem técnicas mais aperfeiçoadas para se obter o cumprimento das NORMAS JURÍDICAS , não mais através de SANÇÕES intimidativas, mas de forma a obter adesão espontânea dos obrigados, proporcionando incentivos e vantagens – são as SANÇÕES PREMIAIS (Oferecem um benefício ao destinatário da norma). Ex: Desconto para o contribuinte que paga o tributo (IPTU) antes da data de vencimento.
Para tentar garantir que as proibições e obrigações sejam cumpridas, as NORMAS JURÍDICAS fixam SANÇÕES, que implicam nova ação ou comportamento, ou ainda, certo efeito jurídico em forma de punição, imposta aos que descumprirem suas determinações.
Exemplos: 
A NORMA JURÍDICA proíbe fumar em certo estabelecimento e fixa que aquele que violar a proibição – isto é, aquele que fumar – será multado em determinado montante.
A abstenção de fumar é uma prestação. Aquele que fumar, que violar tal prestação sofrerá uma SANÇÃO: a imposição de uma multa pecuniária (dinheiro).
Duas pessoas firmam contrato de locação de imóvel . Nele fica estipulado que o aluguel será pago pelo locatário (inquilino) todo dia 10 do mês.
O contrato é lícito, pois está feito de acordo com a lei do inquilinato e, portanto, o locatário tem a obrigação de pagar o aluguel até o dia 10.
Dispõe a lei das locações que o locatário que não pagar o aluguel no prazo estipulado poderá sofrer ação de despejo por falta de pagamento.
A prestação do locatário é, no exemplo, assim, a da obrigatoriedade de pagar aluguel na data aprazada. Caso não o faça, poderá sofrer uma SANÇÃO: o seu despejo do imóvel que está ocupando.
A doutrina costuma apresentar várias espécies de SANÇÕES, classificadas por vários critérios. 
São muitos os tipos de SANÇÃO, que estão de acordo com as várias espécies de NORMAS JURÍDICAS existentes no ordenamento jurídico. 
Por exemplo:
- No DIREITO CIVIL: SANÇÕES de NULIDADE, PERDAS DE DIREITOS etc.
- No DIREITO PENAL: SANÇÕES são as próprias penas – detenção, reclusão, multa etc.
- No DIREITOADMINISTRATIVO: são multas, penas disciplinares, como suspensão, perda de cargo etc.
- No DIREITO DO CONSUMIDOR: são nulidades, multas, apreensão de mercadorias, inutilização de produtos, interdição de estabelecimentos etc.
As SANÇÕES em sua múltipla variedade muitas vezes são aplicadas concomitantemente (ao mesmo tempo): multa mais indenização; apreensão de mercadorias mais interdição do estabelecimento e multa etc.; e estão presentes em todos os setores do Direito.
Para concluir, a nota distintiva da NORMA JURÍDICA em relação às outras normas é a SANÇÃO e a sua possibilidade de exigibilidade e execução forçada, quer pelo Estado através de seus órgãos, quer pelo particular interessado, que buscará sua satisfação através dos órgãos do Estado, em especial o Poder Judiciário.
A SANÇÃO É CONSEQUÊNCIA JURÍDICA - imputação de certa ação, comportamento ou efeito jurídico – QUE ATINGE O DESTINATÁRIO DA NORMA JURÍDICA , OU O ATO JURÍDICO PRATICADO, QUANDO ELE DESCUMPRE A PRESTAÇÃO PREVISTA.
Importante ressaltar que o destinatário da norma não precisa necessariamente ser forçado a cumprir a determinação da SANÇÃO. Pode, por exemplo, espontaneamente acatá-la, pagando multa, desocupando o imóvel etc.
A COERÇÃO e a COAÇÃO NÃO SE CONFUNDEM COM A SANÇÃO.
A coerção e a coação são dois termos que têm sido utilizados praticamente como sinônimos.
COERÇÃO – do latim coertione, tem estreita relação com a lei em si, com o poder legal da autoridade estatal de coagir, de reprimir.
COAÇÃO – do latim coactione, tem o sentido amplo da ação de compelir alguém a fazer ou não fazer alguma coisa. É o constrangimento direto ou indireto, mas eficiente, exercido sobre uma pessoa com o escopo de lhe impedir a livre manifestação de vontade. Pode, pois, ser física ou psíquica e moral.
Tanto a COERÇÃO quanto a COAÇÃO são assim, elementos intrínsecos da SANÇÃO e agem em momentos diferentes.
O Estado disciplina as formas e os processos de execução coercitiva do Direito. Por exemplo, a perda da liberdade para o infrator de uma lei penal. Nos países que têm pena de morte como pena, a SANÇÃO penal será a morte do infrator. Tudo no intuito de preservar a ordem jurídica. (O Estado detém o monopólio da coerção - alguns doutrinadores colocam a palavra “coação” – no que se refere à distribuição da justiça).
Há uma função preventiva, de agir sobre o destinatário como um aviso: se ele não cumprir a NORMA JURÍDICA , poderá sofrer os efeitos concretos da SANÇÃO (consequência).
Assim, por exemplo, o inquilino é despejado “de fato” por ordem do Poder Judiciário; o homicida é preso e vai cumprir pena na penitenciária etc.
Existe COERÇÃO fora do ESTADO? Sim. Existe Direito também em outros grupos, em outras instituições, como, p. ex., o Direito Canônico da Igreja Católica, que não se confunde com o Direito do Estado; o Direito Desportivo (organizações esportivas) com suas normas e sanções específicas, e até mesmo tribunais. Porém, somente o Estado caracteriza-se por ser a instituição cuja sanção possui caráter de universalidade, que possui uma força impositiva eficaz, porque nenhum de nós pode fugir à coerção do Estado. 
Até mesmo quando saímos do território nacional, continuamos sujeitos a uma série de regras que são do Direito brasileiro, do Estado brasileiro. Portanto, somente o Estado representa o ordenamento jurídico soberano, ao qual todos recorrem para dirimir os conflitos recíprocos.
- NORMAS JURÍDICAS SEM SANÇÃO –
Existirão NORMAS JURÍDICAS sem SANÇÃO?
A doutrina reconhece a existência de NORMAS JURÍDICAS sem SANÇÃO. São normas consideradas meramente formais, cuja finalidade é orientar certos atos, definir questões e fatos ainda não definidos, dar nomes aos conceitos jurídicos criados.
Exemplo: normas do CDC (Código de Defesa do Consumidor) com definições de consumidor e fornecedor (arts. 2º, caput, e 3º, caput). 
Como a NORMA JURÍDICA não existe isoladamente, ou seja, como ela convive de forma complexa, conectada com outras normas, no que a doutrina chama de “ordenamento jurídico” (conjunto de todas as NORMAS JURÍDICAS existentes, sob a proteção do Estado), somente nesse contexto se pode entender a existência de NORMAS JURÍDICAS sem SANÇÃO. 
Não é regra que a SANÇÃO acompanhe sempre a NORMA JURÍDICA; a SANÇÃO pode – como ocorre – estar em outra norma. Nos Códigos, por exemplo, às vezes existem capítulos próprios que tratam das SANÇÕES, ou artigos próprios, dentro dos capítulos, que delas se ocupam.
Nem todos os Códigos ou demais NORMAS JURÍDICAS são dispostos como o Código Penal (CP), em que a conduta proibida é descrita e logo a seguir aparece a SANÇÃO. Na maior parte das vezes, encontrar a SANÇÃO exige um trabalho de interpretação.
Exemplos: O art. 39, III, do CDC diz que é “vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: (...) enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço”.
Se o fornecedor enviar, qual é a SANÇÃO?
A resposta está no parágrafo único do mesmo artigo: o produto enviado ou o serviço feito equipara-se à amostra grátis, inexistindo obrigação de pagamento por parte do consumidor.
O mesmo ocorre com a proibição da publicidade enganosa ou abusiva pelo CDC. O art. 37 define o que seja publicidade enganosa ou abusiva e proíbe a sua prática. As SANÇÕES pelo descumprimento do art. 37 estão nos arts. 67, 68 etc.
- O SISTEMA JURÍDICO –
O ordenamento jurídico é estudado como um sistema. E sistema é uma construção científica composta por um conjunto de elementos, que se inter-relacionam mediante regras.
Então, quais os elementos do sistema jurídico? E quais as regras que regem o relacionamento desses elementos, ou seja, qual é a sua estrutura?
Os elementos são as NORMAS JURÍDICAS , e a estrutura do sistema jurídico é formada pela hierarquia, pela coesão e pela unidade, de tal modo que, por exemplo, a NORMA JURÍDICA fundamental – a Constituição Federal – determina a validade de todas as outras NORMAS JURÍDICAS de hierarquia inferior.
Observando o ordenamento jurídico como um sistema percebemos que ele, enquanto um todo sistemático, é sempre normativo; é invariavelmente um conjunto de normas que prescrevem regras de conduta.
Mas, o sistema jurídico tem como elementos NORMAS JURÍDICAS providas ou desprovidas de SANÇÃO.
- CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS – 
Quanto à hierarquia:
Normas constitucionais.
Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções, medidas provisórias.
Decretos regulamentares.
Outras normas de hierarquia inferior, tais como portarias, circulares etc.
Quanto à natureza de suas disposições (substantivas e adjetivas): 
NORMAS JURÍDICAS substantivas (ou materiais) que criam, declaram e definem os direitos, os deveres e as relações jurídicas. Ex.: as normas do Código Civil, Código Penal, Código de Defesa do Consumidor etc.
NORMAS JURÍDICAS adjetivas (ou processuais) que são as normas formais, ou seja, que definem a forma de acesso ao Poder Judiciário através do processo. Ex.: Código de Processo Civil, Código de Processo Penal etc.
Quanto à aplicabilidade (auto-aplicáveis, dependentes de complementação e dependentes de regulamentação):
NORMAS JURÍDICAS auto-aplicáveis – não necessitam de outra norma que as complemente, ou seja, podem ser imediatamente aplicadas.
NORMAS JURÍDICAS dependentes de complementação – que dependem de outra norma para regulá-las, e declaram isso expressamente em seu conteúdo. Ex.: Artigo 5º, inciso XXXII: “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
NORMAS JURÍDICAS dependentes de regulamentação – que designam que órgãos do Poder Executivo definirão e detalharão sua aplicação e executoriedade. Elas surgem em forma de decreto regulamentar. Ex.: Decreto n. 99.684, de 8-11-1990, que regulamentou a Lei n. 8.036, de 11-5-1990, explicitando, detalhando, tratando de infrações e da fiscalização etc. do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Quanto à sistematização:
Constitucionais – normas constitucionais, dispostas numúnico corpo legislado, postas por um poder constituinte para controlar e validar todas as outras normas do sistema (ordenamento jurídico).
 Codificadas – normas relativas a certo ramo do Direito e fixadas numa única Lei. Ex.: Código Civil (CC), o Código Penal (CP), o Código de Processo Civil (CPC) etc.
Esparsas ou extravagantes – são as editadas isoladamente para tratar temas específicos. Ex.: Lei do Inquilinato, a Lei que instituiu o Salário-Família etc.
Consolidadas – resultaram da reunião de uma série de leis esparsas que tratavam de determinado assunto, o qual era amplamente regulado por elas. Ex.: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Consolidação das Leis da Previdência Social ( CLPS).
Quanto à obrigatoriedade:
De ordem pública – também chamadas de imperativas (cogente) – não podem ser modificadas por convenção dos particulares. As normas imperativas dividem-se em “proibitivas” e “obrigatórias”.
De ordem privada – também chamadas de permissivas – permitem aos particulares estabelecer regras por ato de vontade.
OBS.: 1) Em rigor, toda NORMA JURÍDICA é de ordem pública, porque emana do Estado, com suporte no sistema jurídico constitucionalmente estabelecido. Por isso, que a doutrina costuma chamar as normas de ordem pública de COGENTE, para deixar patente sua necessária incidência em oposição às PERMISSIVAS, cuja prerrogativa de exercício repousa na pessoa que tem o direito SUBJETIVO (ordem privada).
2) Importante salientar que as normas de ordem pública possuem como característica se impor, mesmo contra a vontade de quem tem o direito e a garantia a seu favor. Ex.: A norma que garante o pagamento do salário do empregado. Mesmo que o empregado assine um documento abrindo mão do salário em um determinado mês, esse documento é nulo.
3) Atenção NÃO confundir normas de ordem pública e privada com os ramos do Direito – Público e Privado. 
Quanto à esfera do Poder Público que emanam:
Federais – instituídas pela União.
Estaduais – Instituídas pelos Estados-membros.
Municipais – Instituídas pelos municípios.
- A VALIDADE DA NORMA JURÍDICA –
Tal assunto é motivo de muitas controvérsias na doutrina.
A norma válida significa que foi aprovada e promulgada segundo os ditames do sistema jurídico, e vige no tempo e em certo território (no espaço).
- A VIGÊNCIA DAS NORMAS JURÍDICAS NO TEMPO
A vigência temporal é uma qualidade da norma, relativa ao tempo de sua atuação. Está ligada à validade, mas com ela não se confunde, porque uma norma válida pode ser promulgada, porém, não estar ainda em vigor, conforme se verá a seguir.
A vigência implica que a NORMA JURÍDICA seja obrigatória, e isso só se dá com a publicação oficial. A promulgação torna a lei existente, mas não ainda obrigatória.
Assim, o Presidente da República pode promulgar uma lei no dia 20 de novembro de certo ano, e com isso ela se torna aprovada e existente: apesar de existir, falta-lhe, ainda, a condição da publicidade, para que se torne obrigatória aos destinatários.
Com a publicação oficial, supre-se a condição da publicidade e conclui-se o ciclo para que a NORMA JURÍDICA entre em vigor.
Uma vez posta em vigor, a NORMA JURÍDICA passa a viger. Portanto, ela age do presente em direção ao futuro. Mas não se deve confundir a vigência com a eficácia, pois esta, como se verá no item próprio, atua tanto do presente em direção ao futuro como pode atingir o passado.
O início da vigência:
Quando, então, a NORMA JURÍDICA entra em vigor?
A NORMA JURÍDICA entra em vigor após a publicação oficial, que no plano federal se dá no DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO (DOU), e no estadual no DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO (DOE).
Pode entrar em vigor imediatamente após a publicação, isto é, no mesmo dia desta ou na data em que ela própria o determinar.
Por exemplo: O CDC (Código de Defesa do Consumidor), Lei nº 8.078, de 11-9-1990, publicada no DOU em 12-9-1990 só entrou em vigor no dia 11-3-1991 (180 dias após sua publicação).
A data em que a NORMA JURÍDICA deverá começar a viger – se na data da publicação ou em data posterior - é decidida pelo órgão que a elaborou. Como regra, o critério para essa determinação é o da necessidade e urgência para a entrada em vigor imediatamente após a publicação, ou o oposto, aguardando-se certo período de tempo, em especial quando a importância do tema e a extensão e a abrangência de seu conteúdo exijam amplo conhecimento prévio dos destinatários.
Por exemplo: O Código de Trânsito Brasileiro. Ele exigia um prévio conhecimento de suas novas regras e foi determinado que sua vigência se daria 120 dias após a data da publicação – que ocorreu em 24-9-1997. Nesse período, foi desenvolvida ampla campanha institucional, com o auxílio da imprensa, para informar e esclarecer pontos mais importantes, antes de sua entrada em vigor.
Então, se a própria NORMA JURÍDICA não designar a data de sua entrada em vigor, considerar-se-á vigente 45 dias após sua publicação oficial, por disposição do art. 1º, caput, da LINDB (“Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada”).
O período de tempo existente entre a publicação oficial da NORMA JURÍDICA e sua entrada em vigor é denominado vacatio legis (vacância da lei).
Se durante a vacatio legis ocorrer nova publicação oficial da NORMA JURÍDICA visando unicamente a corrigir erros materiais e falhas de ortografia, os prazos de 45 dias (art. 1º, caput) e de 3 meses (§ 1º do art. 1º) começam a contar-se novamente, por disposição do § 3º do art. 1º da LINDB: “Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação”.
Quando a publicação com a finalidade de correção é feita relativamente a NORMA JURÍDICA já em vigor, esta é considerada como norma nova (§ 4º do art. 1º da LINDB: “As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”), sujeita naturalmente, aos prazos por ela própria determinados ou aos do caput do art. 1º, bem como do seu §1º.
A contagem dos prazos para a entrada em vigor, quando a NORMA JURÍDICA não determinar vigência imediata, far-se-á incluindo-se o dia da publicação, iniciando-se a contagem por esse dia, e incluindo-se o último dia do prazo, sendo o dia seguinte a este o primeiro de vigência da NORMA JURÍDICA .
O fato de o dia seguinte à publicação, bem como o último dia da contagem do prazo, cair num domingo ou feriado é irrelevante para a contagem. Contam-se todos os dias, e a NORMA JURÍDICA entra em vigor mesmo em domingo ou feriado.
A LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro- apesar do nome, não é propriamente de introdução ao Código Civil (CC), mas sim uma lei geral de aplicação das NORMAS JURÍDICAS, contendo regras sobre a vigência das normas no tempo e no espaço, cuidando de questões, inclusive, de aplicação do Direito estrangeiro no País, apresentando critérios de hermenêutica jurídica etc.
O término da vigência: 
A NORMA JURÍDICA normalmente tem caráter permanente, só perdendo sua vigência quando é revogada.
Mas há NORMAS JURÍDICAS cujo fim é predeterminado, tendo, então, vigência temporária.
O término da NORMA JURÍDICA temporariamente vigente ocorre quando seu próprio texto dispõe a data de seu fim (por exemplo, as leis de incentivos fiscais que vigoram por certo período de anos, ou por um exercício etc.).
Ocorre também quando a lei é posta em vigor e sua vigência está subordinada a um fato ou situação jurídica, como ao estado de guerra, de sítio, de calamidade pública etc.
A vigência termina, ainda, no caso das medidas provisórias baixadas pelo Presidente da República (art. 62, caput, da CF). Na verdade, o que ocorre com a medida provisória é sui generis, pois ela não perde vigência. Por disposição constitucional (parágrafo único do art. 62, CF), ela perde eficácia, desde a data d publicação, se não for transformada em lei no prazo de 60 dias a partir de sua edição (publicação oficial).
A outra maneira de término de vigênciada NORMA JURÍDICA é a revogação, que veremos a seguir. 
A revogação das NORMAS JURÍDICAS :
A regra é de que as normas podem ser revogadas, isto é, podem deixar de ter vigência quando substituídas por outras. Mas, existem NORMAS JURÍDICAS que não podem ser revogadas.
REVOGAR significa tirar de vigor uma NORMA JURÍDICA , mediante a colocação em vigor de outra mais nova.
Temos, no Brasil, regulação específica sobre o assunto no art. 2º da LINDB: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue”.
A REVOGAÇÃO está dividida em:
“AB-ROGAÇÃO” – é a supressão total da NORMA JURÍDICA anterior;
“DERROGAÇÃO” – torna fora de vigência apenas parte da NORMA JURÍDICA anterior – um só capítulo, uma só seção, um só artigo, um único inciso, apenas um parágrafo, ou mesmo parte deles.
Apesar dessa distinção feita pela doutrina dividindo a revogação em “ab-rogação” e “derrogação”, a técnica legislativa utiliza-se do termo genérico “revogação”. 
 São utilizados dois critérios para a revogação:
O HIERÁRQUICO;
O CRONOLÓGICO.
O primeiro aspecto quanto à revogação é o do critério hierárquico: uma NORMA JURÍDICA somente pode revogar outra se pertencer ao mesmo plano hierárquico ou for de plano hierárquico superior à NORMA JURÍDICA a ser revogada.
O segundo aspecto é o cronológico: a NORMA JURÍDICA nova revoga a antiga.
Quando ocorre uma nova Constituição Federal, como a nossa de 5-10-1988, pode ocorrer uma série de revogações automáticas das demais normas de hierarquia inferior que já estavam em vigor (além da revogação integral da Constituição anterior, que no nosso caso era a Emenda Constitucional nº 1/69)
Nesse caso, diz-se que as normas então revogadas não foram recepcionadas pelo novo texto constitucional. 
A revogação pode ser EXPRESSA ou TÁCITA.
É revogação expressa quando a nova NORMA JURÍDICA , revogadora, declara qual ou quais NORMAS JURÍDICAS anteriores, ou, ainda, quais aspectos – capítulos, artigos etc. – de NORMAS JURÍDICAS anteriores estão sendo revogados.
Essa é a melhor técnica legislativa, pois não deixa qualquer margem à dúvida sobre a vigência ou revogação de norma anterior.
Bom exemplo dessa técnica está no Decreto nº 99.684/90, que consolida as normas relativas ao FGTS: ele expressamente declara revogados nada menos do que vinte outros decretos anteriores.
A revogação será tácita ou indireta quando não declarar quais as específicas NORMAS JURÍDICAS revogadas, tornando todas aquelas – ou parte delas – que forem incompatíveis com a nova NORMA JURÍDICA , revogadas, ou quando a nova norma regular inteiramente a matéria de que tratava a norma anterior.
Via de regra, o último artigo das NORMAS JURÍDICAS traz a expressão: “revogam-se as disposições em contrário”. Porém, havendo essa expressão ou não, o fato é que a revogação se dará pela incompatibilidade ou regulação total da matéria. Em rigor, tal expressão fica apenas como reforço, em virtude da lógica revogação das NORMAS JURÍDICAS anteriores incompatíveis.
Uma norma é geral quando aborda todo um ramo específico do Direito, como, por exemplo, o Código Civil (CC). É norma especial quando se atém a setor especializado, dentro de certo ramo, como a Lei do inquilinato.
Assim, deve ficar claro que a norma geral revoga norma geral e a norma especial revoga a especial.
REPRISTINAÇÃO:
Significa restituir-se ou retornar ao valor ou estado primitivo.
Repristinação da NORMA JURÍDICA seria fazer retornar à vida uma norma já revogada, pelo fato de a norma revogadora ter perdido a sua vigência.
Exemplo:
A lei A está em vigor. Surge a lei B que expressamente a revoga. Logo, a lei A deixa de existir e viger por ter sido revogada.
Daí surge a lei C, que revoga a lei B e não coloca nada em seu lugar. Com isso, a lei B também perde a vigência.
A lei A, que havia sido revogada pela lei B (que acabou também por ser revogada), não volta a viger. 
Esse instituto não é aceito em nosso sistema de forma automática, conforme § 3º do art. 2º da LINDB: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”.
Como a repristinação põe em risco a segurança jurídica, ela está vedada. Quando uma NORMA JURÍDICA – ou parte dela – é revogada, ela não voltará a viger, ainda que a norma revogadora perca, por qualquer motivo, sua própria vigência. Contudo, não há proibição que venha a ocorrer a restauração da lei revogada caso expressamente determinada na lei nova, desde que se preserve o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (art. 5º, XXXVI/CF).
NORMAS JURÍDICAS que NÃO podem ser revogadas:
São as inseridas na Constituição Federal como CLÁUSULAS PÉTREAS; isto é, que são definitivas, não podendo ser alteradas – ou seja, revogadas – de forma alguma. 
Para revogá-las, a única alternativa é elaborar por inteiro nova Constituição Federal, consoante § 4º do art. 60 da CF: 
“Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...)
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais”.
A Vigência das NORMAS JURÍDICAS no ESPAÇO:
As normas têm seu campo de abrangência limitado por espaços territoriais, em nível nacional, pelas fronteiras do Estado, o que inclui sua extensão de águas territoriais e as ilhas aí localizadas, os aviões, os navios e as embarcações nacionais, as áreas de embaixadas e consulados etc., bem como o subsolo e a atmosfera.
Essa delimitação é conhecida como “princípio da territorialidade” das NORMAS JURÍDICAS..
A aplicação de leis estrangeiras nos territórios, em determinadas circunstâncias, como, por exemplo, com relação aos fluxos migratórios entre Estados (países), é de competência do Direito Internacional Privado que a designa “princípio da extraterritorialidade”.
O Brasil adota o “princípio da territorialidade moderada” (ver art. 8º da LINDB).
Quanto às obrigações, valem as NORMAS JURÍDICAS do país em que elas forem constituídas (art. 9º da LINDB).
Em relação ao começo e ao fim da personalidade, ao nome e à capacidade das pessoas, aos direitos de família e de sucessão (direitos hereditários), aplicam-se as NORMAS JURÍDICAS do país em que a pessoa envolvida for domiciliada. No caso da sucessão hereditária, vale o domicílio do falecido ou do desaparecido. Quanto a este último, a regra aplica-se no caso de sucessão por ausência (arts. 7º e 10 da LINDB).
Essa regra do domicílio vale também para fixar a autoridade brasileira como competente para julgar questões, quando o réu tiver domicílio no Brasil ou quando aqui tiver de ser cumprida a obrigação (art. 12 da LINDB).
De qualquer forma, ainda que se aceite, em parte, a incidência de NORMAS JURÍDICAS estrangeiras (por exemplo, se alguém domiciliado no exterior morre, tendo bens e herdeiros no Brasil, a sucessão se fará pela lei alienígena), nenhuma NORMA JURÍDICA estrangeira nem atos jurídicos ou sentenças de outro país terão eficácia no Brasil se ofenderem a soberania nacional, a ordem pública interna e os bons costumes nacionais (art. 17 da LINDB), além, é claro, de qualquer norma estabelecida no texto constitucional.
A eficácia, a retroatividade e os problemas das normas inválidas:
A eficácia tem relação com a vigência, mas com ela não se confunde. 
A eficácia é a relação entre a ocorrência concreta, real, fatual no mundo do ser e o que está prescrito pela NORMA JURÍDICA (e que está no mundo do “dever-ser”). “Ocorrência concreta” implica tanto o cumprimento da prestação como o seu descumprimento e consequente SANÇÃO.
Então, podemos definir “eficácia” como a possibilidade de produção de efeitos concretos. 
A norma válida é aquela que é aprovada e promulgada, e que, após publicada oficialmente, passa a ter vigência. 
A NORMA JURÍDICA inválida (norma em desacordo com o sistema jurídico, norma inconstitucional, como, p.ex., as do Plano Collor – planoeconômico) pode ser eficaz até que o Poder Judiciário impeça a sua eficácia ou até que o Poder Legislativo a revogue. 
No Brasil, já foram aprovadas e postas em vigor várias NORMAS JURÍDICAS ilegais e inconstitucionais tanto pelo Poder Legislativo quanto pelo Poder Executivo (decreto regulamentar ilegal).
O plano econômico implantado do ex-Presidente Collor começou como Medida Provisória (ato do Poder Executivo), transformou-se em Lei Ordinária aprovada pelo Legislativo, percorreu o âmbito dos Decretos Regulamentares e das demais normas de hierarquia inferior (circulares, portarias etc.). Tudo inconstitucional e ilegal, pois a Constituição foi violada em vários artigos. Porém, posteriormente, o Poder Judiciário federal declarou inconstitucionais as NORMAS JURÍDICAS do Plano Collor.
Importante salientar que, apesar de inválidas, essas NORMAS JURÍDICAS foram eficazes (plenamente), tiveram incidência (também plena) sobre a realidade, produziram efeitos jurídicos por determinado período de tempo (meses) até que o Poder Judiciário impedisse ou eliminasse seus efeitos. Portanto, apesar de inválida, a NORMA JURÍDICA pode ser eficaz e incidir concretamente, até que o Poder Judiciário impeça sua eficácia ou até que o Poder Legislativo a revogue.
Podemos dizer que a NORMA JURÍDICA vige do presente para o futuro. Porém, quando há a possibilidade de a norma atingir situação pretérita (passada), de ter efeitos sobre o passado, temos a retroatividade.
Observem que, se as NORMAS JURÍDICAS tivessem eficácia ilimitada sobre o passado, a segurança jurídica estaria ameaçada. Por isso, tanto a doutrina quanto a legislação não admitem que as NORMAS JURÍDICAS retroajam ilimitadamente.
As normas não podem retroagir atingindo o DIREITO ADQUIRIDO (o que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e/ou à personalidade do sujeito de direito), o ATO JURÍDICO PERFEITO (é o ato já consumado, de acordo com as normas vigentes na ocasião) e A COISA JULGADA (ou caso julgado é a qualidade atribuída aos efeitos da decisão judicial definitiva, considerada esta a decisão de que já não cabe recurso. Não caber mais recursos significa que já percorremos todas as instâncias recursais possíveis dos tribunais superiores ou que já não pode ser apresentado recurso, porque o prazo para seu ingresso transcorreu sem que houvesse sido interposto). No Brasil, tal garantia é constitucional (inc. XXXVI do art. 5º da CF). Ver também art. 6º e seus parágrafos da LINDB.
Obs.: Em alguns casos do Direito Penal e do Direito Tributário a NORMA JURÍDICA retroage sempre (para beneficiar). 
Ver inciso XL do art. 5º da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu” e previsão do Código Penal (art. 2º e seu parágrafo único: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único. 
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”)
Significa que, se alguém for processado ou condenado por crime, mas posteriormente nova lei destipificar o fato que era considerado crime, o réu ou condenado usufruirão o benefício imediatamente.

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