Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 1 www.medresumos.com.br IMUNIDADE INATA Como já sabemos, a resposta imune é divida em resposta imune inata e resposta imune adquirida que, embora ambas aconteçam simultaneamente, cada uma apresenta células específicas para cada tipo de resposta. O sistema imune inato é a forma de imunidade que nasce com a pessoa, sem precisar de substâncias ou estruturas exteriores, ou seja, é a primeira resposta de defesa do organismo. É a imunidade fornecida pelos macrófagos (células fagocitárias); pela pele, que é uma barreira de proteção contra micro-organismos invasores; por substâncias químicas presentes no corpo (na pele principalmente); pelo sistema complemento (um complexo de proteínas que atuam na imunidade). Portanto, é uma imunidade nativa, natural e inespecífica, ou seja, não tem preferencia de qual micro-organismo invasor esse tipo de sistema atua. Ele apenas defende o organismo de forma rápida, inespecífica e aguda. Apesar de ser inespecífica e rápida (respostas agudas), a resposta imune inata ativa a imunidade adaptativa. Podemos indentificar, portanto, algumas diferenças entre esses dois tipos de resposta imune: Especificidade: Os micro-organismos apresentam estruturas comuns entre eles denominadas de padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), de modo que é por meio desses padrões que as células da resposta imune inata os reconhece. É por isso que não há diferença de especificidade pelo sistema imune inato, uma vez que os PAMPs são estruturas em comum a todos os micro-organismos. Diferentemente da imunidade adaptativa, que reconhece peptídios específicos dos micro-organismos, que serão degradados e apresentados, para serem reconhecidos especificamente por receptores dos linfócitos (TCR e BCR). Receptores: os receptores das células dos dois tipos de respostas são codificados de maneira diferente. Os receptores da imunidade inata são representados por receptores da linhagem germinativa (lipopolissacarídeos, resíduos de N-formil metionina, receptores de manose e de scavenger), com uma diversidade limitada. Já a produção dos receptores da resposta imune adaptativa acontece por recombinação somática de genes para que haja uma alta especificidade de receptores. Distribuição dos receptores: células do sistema imune inato apresentam receptores não-clonais (receptores idênticos em todas as células de uma mesma linhagem). Já as células do sistema imune adaptativo são da série clonal (clones de linfócitos com especificidades distintas expressam receptores diferentes). Discriminação entre peptídeos próprios e não-próprios: a imunidade inata é capaz de diferenciar as células do hospedeiro das do agente invasor, de modo que as células do primeiro não são reconhecidas. Bem como ocorre no sistema imune adaptativo, sendo que nesta, a diferenciação é baseada na seleção contra-linfócitos auto-reativos (que quando falha, dá origem a autoimunidade). Arlindo Ugulino Netto. IMUNOLOGIA 2016 Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 2 www.medresumos.com.br COMPONENTES DA IMUNIDADE INATA BARREIRAS Camadas epiteliais: impedem a entrada de microrganismos, atuando como barreira para entrada de componentes estranhos para o organismo. Defensinas: enzimas com função microbicida (morte microbiana). Linfócitos intra-epiteliais: linfócitos presentes no epitélio (que não têm características de resposta adquirida) que causam a morte microbiana. CÉLULAS EFETORAS CIRCULANTES Neutrófilos: fagocitose inicial e morte de microrganismos. Macrófagos: fagocitose eficiente de microrganismos, secreção de citocinas que estimulam a inflamação. Caso seja necessário, ele serve como um apresentador de antígeno, solicitando um outro tipo de resposta imune. Células NK: responsável pela lise de células infectadas e ativação de macrófagos. É um tipo de linfócito que, como exceção, não participa da reposta imune adquirida por não possuir TCR ou BCR (receptores de alta especificidade). PROTEÍNAS EFETORAS CIRCULANTES Complemento: causam a morte de microrganismos, opsonização (facilitação da fagocitose) e ativação de leucócitos. Quando as células do complemento são ativadas, geram uma cascata de ativações que terminam na formação de um complexo de ataque à membrana, que se liga ao microrganismo, na tentativa de causar lise no mesmo. Lectina de ligação à manose (colectina): opsonização de microrganismos, ativação do complemento (via da lectina). Proteína C-reativa (pentraxina): opsonização de microrganismos e ativação do complemento. A presença da bactéria ativa a PCR, servindo como um fator facilitador da fagocitose, se ligando a bactéria e eliminando cargas que repelem a bactéria e o macrófago. A PCR é mensurada em processos de inflamação aguda. Fatores da coagulação: bloqueio dos tecidos infectados. CITOCINAS TNF, IL-1, quimiocinas: inflamação; IFN-α, IFN-β: resistência à infecção viral; IFN-γ: ativação de macrófagos; IL-12: produção de IFN-γ pelas células NK e pelas células T; IL-15: proliferação de células NK; IL-10, TGF-β: controle da inflamação. RESISTÊNCIA NATURAL EXTERNA PELE A pele é a principal barreira externa do sistema imune inato. A sua superfície lipofílica é constituída de células mortas ricas em queratina, uma proteína fibrilar, que impede a entrada de micro-organismos. As secreções ligeiramente ácidas e lípidicas das glândulas sebácea e sudorípara criam um microambiente cutâneo hostil ao crescimento excessivo de bactérias. Podemos destacar alguns componentes da mesma, como: Queratinócitos: células que formam uma placa protetora impedindo a entrada de agentes estranhos no organismo por meio da pele. Pelo: função de controlar e limitar a entrada e contato de microrganismos com a superfície epitelial. Glandulas sebácias e sebo Enzimas como defensinas, catalecidinas e lisosimas. Microbiota da pele Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 3 www.medresumos.com.br EPITÉLIO RESPIRATÓRIO Está em contato com o meio externo por meio da boca e nariz. Tem como mecanismos de resistencias naurais: Microbiota Cílios Muco Enzimas (amilase, lisozima) EPITÉLIO GASTRO-INTESTINAL Microbiota Peristaltismo Ác. Clorídrico Saliva/ Enzimas (amilase, lisozima) SISTEMA UROGENITAL Microbiota Urina (pH e fluidez) Muco (canal endocervical) Enzimas (esperminas e espermidinas) RESISTÊNCIA NATURAL INTERNA – CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE INATO A resistência natural interna do sistema imune inato reúne aquelas células que, sem uma avidez específica por antígenos, têm capacidade de fagocitá-los, produzir citocinas (e outros mediadores), além de apresentar esses antígenos, ativando o sistema imune adaptativo. MACRÓFAGOS (MØ) São células de grandes dimensões do tecido conjuntivo, ricos em lisossomos, que fagocitam elementos estranhos ao corpo. Os macrófagos derivam dos monócitos do sangue (que se direcionam aos tecidos e se denominam como macrófagos) e de células conjuntivas ou endoteliais. Intervêm na defesa do organismo contra infecções. Possuem duas grandes funções na resposta imunitária: fagocitose e destruição do microrganismo; e apresentação de antigénios a linfócitos T. Suas funções mais relevantes são: Fagocitose APC (apresentação de antígenos para os linfócitos) Secreção de citocinas e mediadores NEUTRÓFILOS Os neutrófilos são uma classe de células sanguíneas leucocitárias, que fazem parte do sistema imunitário do corpo humano. São leucócitos polimorfonucleados, têm um tempo de vida médio de 6h no sangue e 1-2 dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e fungos. Os neutrófilos possuem receptores na sua superfície como os receptores de proteínas do complemento,receptores do fragmento Fc das imunoglobulinas e moléculas de adesão. Tem como funções: Fagocitose: Ao fagocitar forma-se o fagossomo onde os microrganismos serão mortos pela liberação de enzimas hidrolíticas e de espécie reativa de oxigénio. O consumo de oxigênio durante a reação de espécies de oxigênio é chamado de queima respiratória que nada tem a ver com respiração celular ou produção de energia; Secreção de Citocinas e Mediadores; Degranulação: liberam grânulos específicos ou "secundários" (Lactoferrina e Catelicidina); Grânulos azurófilos ou "primários" (Mieloperoxidase, Proteína de aumento da permeabilidade /bactericida (BPI), Defensina e Serino protease neutrófilo elastase e Catepsina G); Grânulos terciários (Catepsina, Gelatinase). CÉLULAS NK As células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um tipo de linfócito (glóbulos brancos do sangue) e naturais do sistema imunológico de defesa. Elas são activadas em resposta a vários diferentes estímulos, nomeadamente por citocina produzidos por outros elementos do sistema imunitário, por estimulação dos receptores FcR, presentes na sua membrana celular, que reconhecem a porção Fc das imunoglobulinas e pelos receptores de ativação ou inibição, específicos das células NK. As células NK são citotóxicas (tóxicas para a célula) e identificam as células que estão com vírus (consequentemente comprometidas) e as destroem. As células NK são componentes importantes na defesa imunitária não especifica. Partilham um progenitor comum com os linfócitos T. São originárias da medula óssea e são descritos como grandes e granulares. Estas células Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 4 www.medresumos.com.br não destroem os micro-organismos patogênicos diretamente, tendo uma função mais relacionada com a destruição de células infectadas ou que possam ser cancerígenas. Não são células fagocíticas. Destroem as outras células através do enfraquecimento da membrana plasmática, causando difusão de água e íons para o interior da célula e aumentando o seu volume interno até um ponto de ruptura no qual ocorre a lise. São quimicamente caracterizadas pela presença de CD56 e ausência de CD3. Podemos destacar as seguintes funções: Vigilância Apoptose OBS 1 : PAMPs e PRRs. Os patógenos possuem moléculas altamente conservadas presentes em suas células. Essas moléculas são chamadas de PAMPs (padrões moleculares associados aos patógenos). O S.I. Inato reconhece esses PAMPs por meio dos PRRs (receptores de reconhecimento de padrões; Ex: receptores Toll-like ou TLRs). Receptor Toll-like LPS, RAS, bactérias GRAM negativas; Receptor Manose manose presente nos microrganismos. Receptor Transmembrana 7 α-hélice peptídeos N-formil metionil. OBS²: Função microbicida dos fagócitos - Fagocitose 1. Reconhecimento: reconhecimento dos padrões (PAMPs) pelos PRRs. 2. Emissão dos pseudópodes para que ocorra o envolvimento dos microrganismos 3. Formação da vesícula endocítica (fagossoma) ou engolfamento. 4. Fusão do lisossomo com o fagossoma, formando o fagolisossomo, no qual ocorre a liberação de enzimas lisossômicas. 5. Morte dos micro-organismos: os mecanismos de morte interacelular, induzidos nos neutrofilos e nos macrófagos, podem ser de dois tipos: Mecanismo de morte intracelular independente de oxigênio: o microrganismo morre devido ao acúmulo de ácido láctico produzido pela própria célula hospedeira, proveniente do metabolismo anaeróbio da glicose. O acumulo desse acido causa diminuição do pH intracelular, criando um abiente bactericida ou bacteriostático, dependendo da bactéria em questão. Mecanismos de morte intracelular dependente de oxigênio: a endocitose de microrganismos aumenta o consumo de oxigenio nas células fagocíticas, o que desencadeia o chamado desvio da hexose monofosfato (“explosão respiratória”) e a formação de intermediários reativos de oxigênio (ROI, reactive oxygen intermediates). A ativação desses mecanismos envolve a participação de duas enzimas principais: o A NADPH oxidase (fagócito oxidase), que remove um hidrogenio do NADPH para formar NADP+, convertendo simultaneamente o O2 e, radical superóxido. O radical superóxido, pela presença de um elétron não partilhado, torna-se extremamente reativo e é toxico para várias espécies bacterianas. o A superóxido dismutase (SOD), que catalisa a reação na qual radicais de superóxidos são convertidos em peróxido de hidrogênio (H2O2) e O2. O H2O2, produzido pela ação superóxido dismutase, é degradado pela mieloperoxidase, na presença de íons cloro e iodo para produzir hipoclorito ou hipoiodeto, também tóxicos para espécies bacterianas. Esses produtos gerados pela ação da mieloperoxidase são tóxicos para uma série de microrganismos incluindo bactérias, vírus, fungos, Mycoplasma, Chlamydia, Leishmania donovani e Schistossoma mansoni. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 5 www.medresumos.com.br Mecanismo de morte intracelular dependente de nitrogênio (RNI): uma via de morte intracelular dependente de oxigenio leva a produção de intermediários reativos de nitrogênio. A principal molécula produzida por esta via é o oxido nítrico (NO), uma molécula diatomica sintetizada e a partir do aminoácido L- arginina, tóxica para bactérias, protozoários e células tumorais. A produção de NO por macrófagos depende da expressão da enzima iNOS (sintase induzida de óxido nítrico), cuja a produção é estimulada por moléculas como o LPS (em bactérias gram-negativas). O iNOS catalisa a reação que remove de forma oxidativa o átomo de nitrogenio guanidino terminal da L-arginina para formar o NO e L- citrulina. O NO, em meio líquido, é altamente reativo e instável. Essa alta instabilidade faz essas moléculas reagirem entre si, com água e oxigenio, gerando outro radial, o dióxido de nitrogenio (NO2), nitrito e nitrato. OBS³: Função das células NK. As NK cells são responsáveis por eliminar células infectadas com vírus e células tumorais. O macrófago infectado produz citocinas (como a IL-12) que servem como mediadores para as células NK (que possuem receptores para a IL-12), que, quando estimuladas por esta interleucina, passam a produzir o IFN-γ, que tem a função de estimular a lise do macrófago. De forma mais detalhada, há duas formas de as células NK reconhecerem macrófagos infectados e macrófagos normais: Os macrófagos normais expressam um MHC de receptor de células próprias. A célula NK apresenta dois receptores: um receptor que ativa e outro que inativa a sua ação. Quando ocorre a ligação NK-macrófago, o receptor ativante se liga com o MHC específico do macrófago e o receptor inativante se liga com o MHC da classe I próprio (presente em organelas próprias do organismo). Agindo simultaneamente, o receptor inibitório predomina, realizando a remoção de fosfatos da NK, induzindo a sua inibição. Macrófagos infectados apresentam o seu MHC da classe I inativado, o que impede o reconhecimento inibitório pela NK, ativando a ação citotóxica da NK. PROTEÍNAS PROTEÍNAS DO SISTEMA COMPLEMENTO São proteases que se tornam ativas na presença do micro-organismo, e passam a atuar em cascata e culminam com a lise do mesmo, formando uma estrutura proteica chamada de MAC (complexo de ataque á membrana). Em síntese, o sistema complemento é formado por um conjunto de proteínas ativadas em cascata, sendo suas funções: lise celular, a opsonização, o desenvolvimento do processo inflamatório e a retirada de complexos imunes (complexos antígeno-anticorpo) da circulação. As moléculas desse sistema, produzidas na sua grande maioria no fígado, estão presentes no plasma sanguíneo na forma ativa ou em baixo nível de ativação espontânea. A ativação das moléculas do sistema complemento pode ocorrer pela via clássica (ativada pela associação de antígenos a molécula de IgG ou IgM), via alternativa(ativada diretamente por alguns tipos de antígenos sem a participação de moléculas de imunoglobulinas) e via da lectina. Com a presença do anticorpo, a via clássica, de maneira específica, é ativada (portanto, faz parte do sistema imune adaptativo). Já a via alternativa se inicia sem ser necessária a presença do anticorpo (inespecífica). O modo de como se inicia a ativação de cada via é a única diferença entre elas. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 6 www.medresumos.com.br Cabe a nós iniciarmos a cascata de ativações do sistema complemento a partir da via alternativa, que está enquadrada no sistema imune inato, que é mais antiga, em termos evolucionários, que a via clássica. Na ativação do complemento pela via alternativa, há algumas moléculas comuns à via clássica, como C3, C4, C5, C6, C7, C8 e C9. A ativação da via alternativa ocorre porque, no sangue, há sempre uma concentração de C3, protease que na forma íntegra, fica inativa, sendo classificada como uma pró-enzima. Ao dar-se início na via alternativa, ocorre hidrólise da C3, quebrando-a em duas proteases: C3b e C3a. A primeira é responsável por se depositar na membrana da bactéria, com função de opsonização e fagocitose. A segunda está envolvida no processo de inflamação. Quando a C3b se dissocia da membrana do micro-organismo, esta se liga e ativa a enzima C5 convertase, que cliva outra protease C5 em C5a (também relacionada com o processo inflamatório) e C5b (associa-se às moléculas C6, C7, C8 e C9, formando um poro na membrana celular chamado de MAC, levando-a à lise, de forma similar ao que ocorre na ativação pela via clássica). PROTEÍNAS DE FASE AGUDA São proteínas que se ativam na presença de microrganismo (principalmente de bactérias, que possuem em sua parede estruturas que ativam as mesmas), aumentando a sua concentração na corrente sanguínea. São sintetizadas normalmente pelo fígado, determinando uma concentração basal no sangue. Mas na presença do microrganismo, o fígado intensifica a produção das mesmas. Todas elas servem como opsoninas que facilitam a fagocitose. Proteína C Reativa: se liga, principalmente, à fosforilcolina presente na membrana das bactérias, facilitando a fagocitose das mesmas. Lectina (proteínas que se ligam a manose): realizam a mesma função da PCR, mas se ligam a manose da membrana bacteriana. Fibrinogênio Proteína amiloide do soro OBS 4 : As estruturas com as quais as proteínas de fase aguda se ligam são classificadas como PAMPs, uma vez que são estruturas comuns nas bactérias patogênicas. CITOCINAS IFN- α: infecção viral. IFN- β: infecção viral. TNF- α: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre. IL-1: inflamação; atua no hipotálamo para desencadear a febre. IL-6: estimula o fígado a produzir mais citocinas. IL-12: + NK. IFN- γ: + macrófagos; estimula o fígado a produzir mais citocinas; induz o macrófago à lise; estimula a medula óssea para produzir mais células. IL-6: + Proteínas C Reativa, PMN. IL-10: controle. OBS 5 : Corticoides inibem a secreção de algumas citocinas, diminuindo a sintomatologia do processo inflamatório. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 7 www.medresumos.com.br INFLAMAÇÃO É um mecanismo de defesa da imunidade inata, em que há o recrutamento de células e síntese de mediadores sempre no intuito de proteger o organismo contra a invasão. Frente a uma agressão ao organismo, esta pode ser do tipo infecciosa (causada por elementos biológicos) e não-infecciosa, que danificam o tecido íntegro. É esse dano que desencadeia um processo inflamatório como resposta de defesa do organismo, em que as células do sistema imune participam ativamente para reparar o tecido danificado (cicatrização). A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades da lesão. Como sabemos, a inflamação pode também ser considerada como parte do sistema imunitário, o chamado sistema imune inato, assim denominado por sua capacidade para deflagar uma resposta inespecífica contra padrões de agressão previamente e geneticamente definidos pelo organismo agredido. Esta definição se contrapõe à da imunidade adquirida, ou aquela onde o sistema imune identifica agentes agressores específicos segundo seu potencial antigênico. Neste último caso o organismo precisa entrar em contato com o agressor, identificá-lo como estranho e potencialmente nocivo e só então produzir uma resposta. FISIOPATOLOGIA (MECANISMO DE INSTALAÇÃO) À agressão tecidual se seguem imediatamente fenômenos vasculares mediados principalmente pela histamina. O resultado é um aumento localizado e imediato da irrigação sanguínea, que se traduz em um halo avermelhado em torno da lesão (hiperemia ou rubor). Em seguida tem início a produção local de mediadores inflamatórios que promovem um aumento da permeabilidade capilar e também quimiotaxia, processo químico pelo qual células polimorfonucleares, neutrófilos e macrófagos são atraídos para o foco da lesão. Estas células, por sua vez, realizam a fagocitose dos elementos que estão na origem da inflamação e produzem mais mediadores químicos, dentre os quais estão as citocinas (como, por exemplo, o fator de necrose tumoral e as interleucinas), quimiocinas, bradicinina, prostaglandinas e leucotrienos. Também as plaquetas e o sistema de coagulação do sangue são ativados visando conter possíveis sangramentos. Fatores de adesão são expressos na superfície das células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos internamente. Estes fatores irão mediar a adesão e a diapedese de monócitos circulantes e outras células inflamatórias para o local da lesão. Em resumo, todos estes fatores atuam em conjunto, levando aos eventos celulares e vasculares da inflamação. Resulta em um aumento do calibre de capilares responsáveis pela irrigação sanguínea local, produzindo mais hiperemia e aumento da temperatura local (calor). O edema ou inchaço ocorre a partir do aumento da permeabilidade vascular aos componentes do sangue, o que leva ao extravassamento do líquido intravascular para o espaço intersticial extra-celular. A dor, outro sintoma característico da inflamação, é causada primariamente pela estimulação das terminações nervosas por algumas destas substâncias liberadas durante o processo inflamatório, por hiperalgesia (aumento da sensibilidade dolorosa) promovida pelas prostaglandinas, mas também em parte por compressão relacionada ao edema. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Classicamente, a inflamação é constituída pelos seguintes sinais e sintomas: 1. Calor: aumento da temperatura no local devido a atuação de citocinas no hipotálamo 2. Rubor (hiperemia): causado por uma alteração vascular local, aumentando o fluxo sanguíneo na região para atender a demanda de células. 3. Edema (inchaço): desencadeado pelo aumento do espaçamento entre as células endoteliais dos vasos, causando o extravasamento de células e líquido para o espaço intesticial, aumentando o volume extracelular no local. 4. Dor: compressão de nervos pelo edema e pela liberação de alguns mediadores responsáveis pela sensação de dor (como a bradicinina) 5. Perda da função http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/NeutrophilerAktion.png Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 8 www.medresumos.com.br OBS 6 : No processo inflamatório, é secretado o Fator XII (de Hangeman), que estimula vários sistemas e cascatas relacionados com o processo inflamatório: cascata da coagulação, sistema fibrinolíticoe sistema das cininas. Cascata da coagulação: é ativado no intuito de formar um coágulo no objetivo de estancar o sangue e evitar uma consequente perda de sangue no local. Há também a liberação de mediadores como peptídeios quimiotáticos, que atraem, quimicamente, polimorfonucleares. Sistema fibrinolítico: degrada o coágulo para que o sangue flua normalmente e para que haja reparo tecidual, ativando, simultaneamente, o sistema complemento. Sistema das cininas: dá origem as bradicininas, que autam estimulando a sensação de dor. ETAPAS DA MIGRAÇÂO CELULAR Fase de rolamento: primeiramente, o macrófago, dentro dos tecidos, fagocita o agente invasor e inicia a secreção de mediadores (como o TNF-α e IL-1) que, além de aumentar a viscosidade do sangue no local fazendo com que as celulas fluam mais lentamente, estimulam células epiteliais e células do sistema imune a expressar moléculas de adesão. Até a célula do sistema imune encontrar o local próprio de adesão e penetração no tecido, ela realiza um rolamento sobre o endotelio. No endotélio, sob o efeito do TNF-α, é induzida a expressão de E-selectina (E=endotélio) e L-selectina (L=leucócito), permitindo que estas células passem pelo rolamento sobre o endotélio. Esse tipo de associação, de fraca afinidade, propicia um tipo de adesão temporária entre o endotélio e a célula, fazendo-a rolar sobre o mesmo. Fase de adesão celular: moléculas que propiciam forte adesão, como as integrinas, entre o endotélio e as células sanguineas são expressas. Além dessas moléculas, citocinas quimiotáticas (quimiocinas) são produzidas por macrófagos ativados e outras células e se associam ao endotélio vascular. Fase de diapedese (transmigração): as células aderidas ao endotélio por meio dessas interações fazem a diapedese ou a transmigração para o tecido por interação homóloga entre as moléculas CD31 (expressas pelo neutrofilo) e a célula endotelial. Durante esse processo, há a secreção intensa de quimiocinas, fazendo com que haja uma mudança na conformação do citoesqueleto do leucócito e este penetre em direção aos tecidos, por meio das fenestrações dos vasos. OBS 7 : Inicialmente, em uma resposta inflamatória, os neutrófilos são os primeiros a aumentar em concetração no local, aumentando o pico em 6h após o início da inflamação. Por isso que em uma inflamação crônica, não há presença de neutrófilo (como na asma), pois os neutrófilos são células que respondem apenas no início. Após algumas horas, porém, cai a concentração de neutrófilos para aumentar de concentração outras células como eosinófilos e monócitos. Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 9 www.medresumos.com.br OBS 8 : Proteínas relacionadas no processo de migração celular: Selectina: carboidratos que se ligam entre si, presente tanto nos leucócitos quando no endotélio. Porém, essa ligação se dá de maneira fraca, o que permite que o leucócito circule ao longo da parede endotelial à procura de interações mais firmes. Integrinas: confere a adesão da segunda fase da migração. Está presente nos monócitos, macrófagos, células dendríticas e neutrófios, ligando-as ao epitélio, que apresenta ICAMs (molécula de adesão intercelular). Imunoglobulinas: apresentam-se lateralemnte nas células do SI e no endotélio. COLABORAÇÃO – IMUNIDADE INATA X IMUNIDADE ADQUIRIDA A resposta imune inata se comunica com a resposta adquirida, de forma que um componente de uma resposta auxilia os componentes da outra. O macrófago, por exemplo, quando não consegue por si só destruir agentes invasores, ele libera citocinas e coestimuladores que solicitam o auxílio de células da resposta imune adquirida. A própria ativação do sistema complemento, quando há a presença de microrganismo, há a ativação simultânea de linfócitos B, que apresentam receptores que reconhecem proteínas do sistema complemento, estabelecendo uma integração das duas respostas.
Compartilhar