Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resposta imune inata Nas primeiras horas do período de contato com um patógeno ocorre a imunidade natural/inata/congênita em que barreiras internas e externas, como a ação de fagócitos e o próprio epitélio, impedem a entrada e o estabelecimento efetivo do microrganismo. Desse modo, nesse primeiro contato o corpo vai ter maneiras de defesa rápidas não específicas. Caso não ocorra o combate ao decorrer dos dias após o contato, uma imunidade adquirida e específica se iniciará. • Imunidade natural/ inata acontece nas primeiras horas de contato, a qual reconhece o patógeno e gera efeitos não específicos. Tenta interromper infecção antes do organismo sinalizar através de sintomas. • Imunidade inata – primeira linha de defesa • A resposta inflamatória faz parte da resposta imune inata e, por isso, não é uma resposta específica, mas ocorre de maneira padronizada independente do estímulo. • A resposta imune adaptativa começa após 96 horas cuja finalidade é reconhecer o microrganismo por meio da ativação de células efetoras específicas, o que pode ser acompanhado de inflamação. • As respostas imunes são reguladas por um sistema de alças de feedback positivo que amplificam a reação e por mecanismos de controle que previnem reações inapropriadas ou patológicas. • A imunidade inata elimina células danificadas e inicia o processo de reparo tecidual OBS: A maioria dos patógenos já é eliminada no primeiro contato. OBS: Os mecanismos de atuação inata têm como objetivo uma resposta inflamatória, gerando acúmulo de leucócitos, proteínas plasmáticas e fluidos sanguíneos no local de infecção ou lesão. Resposta imune inata x adaptativa Resposta imune inata • Reconhece os padrões dos microrganismos. • Há uma menor diversidade de agentes defensores. • Não tem memória. • Os componentes de barreira são: pele, epitélio mucoso, moléculas antimicrobianas, citocinas. • Proteínas sanguíneas: “complementos”. • Células: fagócitos, macrófagos, neutrófilos, células NK e células linfoides inatas e dendríticas. Resposta imune adaptativa • Especificidade da estrutura do agente infeccioso. • É possível criar células com grande diversidade de receptores devido à alta especificidade. • No primeiro contato já possui capacidade de combate especifica e, no segundo, as células já reconhecem e o ataque ocorre mais rápido. • Os componentes de barreira são: linfócitos e anticorpos secretados. • Proteínas sanguíneas: anticorpos. • Células: linfoides. OBS: Reação de ataque ao próprio organismo pode ocorrer em ambos os casos. Rotas de infecção por patógenos • Pelo ar (inalado ou esporos) - Patógenos como influenza, meningite, bacilo antraz. • Entrada gastrointestinal (alimentos ou água contaminada) - Patógenos como salmonela e rotavírus. • Entrada por trato reprodutivo (contato físico) - Patógenos como Treponema pallidum ou HIV. • Epitélios externos (contato físico) - Doença como o pé de atleta. • Lesões na pele - Doenças como o tétano e a tularemia. • Insetos que passam a pele - Patógenos como o flavivírus e o plasmodium. Mecanismos de defesa da RI inata As barreiras que medeiam o processo de infecção podem ser químicas, físicas, mecânicas, celulares, microbiotas e proteínas. Barreiras físicas e mecânicas • Pele e mucosas - Substâncias químicas antimicrobianas - Camada externa de queratina - Secreções fazem parte da primeira linha de defesa - Passagem pelo trato digestório - Presença de cílios no trato respiratório O muco pode diminuir o contato com o organismo e os cílios fazem movimentos que auxiliam a retirar esses patógenos. • Tosse e espirro • Vômito e febre • Peristaltismo e flora bacteriana normal Barreiras químicas O alimento passa pelo ácido estomacal que atuará na morte dos microrganismos (pH baixo); saliva (rica em oxigênio); urina (levemente ácido); lágrimas (lisozima - destrói o esqueleto glicosídico do peptidioglicano); pele (ácidos graxos - tóxicos); pH vaginal, etc. • Moléculas solúveis a. Antimicrobianos (próprio organismo) Nesse caso ocorre a morte dos microrganismos por antibióticos produzidos localmente (defensinas e catelicidinas - peptídeos). i. Defensinas: Há 2 tipos (alfa e beta defensinas), produzidas por células epiteliais das superfícies mucosas, cujos agentes defensores são os leucócitos (neutrófilos, células natural killer e linfócitos T citotóxicos). Podem ser produzidas espontaneamente ou em resposta a citocinas. Suas funções estão relacionadas com a toxicidade direcionada aos microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus em envelope, e a ativação de células envolvidas na resposta inflamatória aos microrganismos. ii. Catelicidinas: Produzidas pelos neutrófilos e pelas células de barreira epitelial da pele, trato gastrointestinal e trato respiratório. Podem ser estimuladas por citocinas inflamatórias e produtos microbianos. Protegem contra infecções por múltiplos mecanismos, incluindo toxicidade direta a uma grande variedade de microrganismos e ativação de várias respostas em leucócitos e outros tipos celulares que promovem a erradicação dos microrganismos. iii. Enzimas Microbiota A microbiota são os microrganismos que vivem de forma simbiótica com o organismo dos seres humanos. Atualmente, existem 25 filos microbianos e em torno de 5000 espécies. Ainda há aqueles que não foram descobertos, sendo que 20% do genoma ainda não são reconhecidos. Estipulasse que no corpo existem 2,8kg de microbiota que são adquiridas com o decorrer da vida e interferem na qualidade da saúde uma vez que produzem substâncias que interferem no equilíbrio do corpo. Sua relação simbiótica com os humanos foi relacionada com a modulação dos sentimentos devido a produção hormonal de dopamina, por exemplo. Além disso, um estudo recente mostrou que a microbiota intestinal pode predispor indivíduos saudáveis a doença pelo COVID-19. Proteínas solúveis • Citocinas As citocinas são substâncias químicas produzidas por diferentes células que causam efeitos em outras células, servindo como uma comunicação celular (similarmente ao mecanismo hormonal). Elas podem fazer a própria célula produtora de citocina ser autoestimulada para sua manutenção e sobrevida. Exemplo: macrófagos fagocitam bactéria e liberam citocinas que podem servir para ativar outras células, as quais migrarão para o local. i. Fator de necrose tumoral - TNF (linfócitos e célula T) - Ativação de neutrófilos e hipotálamo resultando em febre, apoptose, inflamação, coagulação. ii. Interleucina I (IL-1) (macrófagos, células endoteliais, células T, epiteliais) - Pode causar febre, inflamação e coagulação, realizar a síntese proteica e estar presente na fase aguda. iii. Interferon do tipo I (macrófagos, dendríticas, fibroblastos) - Fazem a ativação de células natural killer (NK), macrófagos, dendríticas; efeito autócrino, impedindo replicação na própria célula; efeito parácrino, parando ciclo vital na célula vizinha ou resistindo à invasão. OBS: Citocinas podem ter efeito local, sistêmicos ou patológicos (Exemplo: alto TNF causa baixo debito cardíaco). • Proteínas de fase aguda i. Proteínas de fase aguda positiva (aumentam inflamação): sistema complemento, haptoglobinas, fibrinogênio e antiproteases (as 3 últimas também fazem parte sistema complemento), proteína C reativa – PCR. ii. Proteínas de fase aguda negativa (diminui inflamação): albumina, prealbumina, transferina (diminui inflamação, pois já há produção de substâncias de mesma função, não necessitando de proteínas agudas do mesmo tipo em grande quantidade de atuação). Barreiras celulares Células de barreira são as granulocíticas, macrófagos, dendríticas, mastócitos, natural killer, linfócitos B e T. • Fagócitos Células que tem função não especializadas,principalmente macrófagos e neutrófilos. São a primeira linha de defesa contra microrganismos que rompem as barreiras epiteliais. Costumam produzir citocinas, o que aumenta função antimicrobiana. Além disso, estão envolvidos no reparo de tecidos danificados. Como detectam? Pelas superfícies padronizadas do microrganismo: PAMPs (padrões moleculares associados ao patógeno) e DAMPSs (padrões moleculares associados ao dano) são substâncias presentes nos microrganismos, essenciais para sua sobrevida, que podem ser detectados pelos receptores, as quais se encontram como padrões de reconhecimento inespecífico aos patógenos. Portanto, as células de defesa inata possuem receptores de reconhecimento padrão (PRR) de PAMPs e DAMPs. Receptores como o MBL detectam manoses ou fucoses no tecido bacteriano. Portanto, ao reconhecer, fixa bactéria, emite pseudópodes e a engloba, formando um fagossomo para fundir ao lisossomo e tornar-se um fagolisossomo onde ocorrerá a morte de microrganismos por meio de enzimas e substâncias reativas de oxigênio e nitrogênio que levam a uma instabilidade da parede bacteriana. • Mecanismos de destruição Acidificação, oxigênio oxidativo, nitrogênio toxico oxidativo, peptídeos antimicrobianos, enzimas e competição. • Produção de reativos de oxigênio NADPH captura oxigênio e o transforma em íons superóxidos. As enzimas superóxidos dismutase convertem o superóxido em peroxido de hidrogênio e as enzimas peroxidases e íons ferro o convertem em íons hipoclorito e outros radicais de hidroxilas que no vacúolo do lisossomo reagem contra as bactérias, levando a uma instabilidade da superfície desses microrganismos. • O reconhecimento também induz à produção de citocinas (TNF, IL-1, IL-12) que causarão inflamação e imunidade adaptativa aumentada. • A ativação de macrófagos pode ser do tipo M1 ou M2 (relacionados a remodelação de tecidos também) e dependem do tipo de resposta ativada (quantidade de substâncias citocinas e ROI produzidas). -M1: THL, resistência ao tumor, destruição tecidual. -M2: angiogênese, imunorregulação, remodelação de tecidos. OBS: Há um grupo grande de receptores que podem ser extracelulares, ficando na superfície (lectinas, por exemplo), citosólicos (NLR) ou endossomais no interior do endossomo da célula (TLR). • Receptores Toll (TRL) Membrana plasmática dendríticas, macrófagas, células B, células endoteliais ou endossomais. Há 9 tipos, aproximadamente, denominados TLR1 a TLR9. São expressos em muitos tipos celulares que reconhecem produtos de uma ampla gama de microrganismos, bem como moléculas expressas ou liberadas por células estressadas e em processo de morte. Podem se apresentar em dímeros extracelulares (proporciona uma maior variabilidade de tipos de resposta do TLR) e detectam substâncias bacterianas porque a sua grande maioria é extracelular ou são endolisossomais e detectam RNA. O reconhecimento de ligantes microbianos pelo TLR resulta na ativação de diversas vias fe sinalização e, por fim, de fatores de transcrição, induzindo a expressão de genes cujos produtos são importantes para as respostas inflamatórias e antiviral, ou seja, a ativação é em cascata. Os TRLs de mamíferos estão envolvidos nas respostas a uma ampla variedade de moléculas expressas por microrganismos e não pelas células de mamíferos sadias. Tmabém estão envolvidos nas respostas a moléculas cuja expressão ou localização indica dano celular. • Sinalização específica para vírus e outros microrganismos intracelulares A detecção ativa receptores endossomais ou citosólicos que começam uma cascata de ativação, levando a fatores de transcrição de interferon que vão ativar a expressão gênica no núcleo, produzindo interferon do tipo 1 (INF- alfa1 e INF- beta20) que levam a um estado antiviral, ou seja, uma célula próxima a célula que produziu INF irá induzir a expressão de enzimas que bloqueiam a replicação viral. A inativação de replicação pode ser pelo aumento de receptores de proteínas quinase que se ligam ao DNA de dupla fita, fosforilando os fatores de iniciação e inibindo a síntese de qualquer vírus que entre nessa célula. Outro sistema é a ativação da síntese de oligonucleotídeos que levam a ativação de RNA de dupla fita e a ativação de enzima RNAse – degradação do RNA viral. O ultimo meio é o aumento de GTPases que ativam multimerização e inibem enzimas necessárias para a formação da montagem viral. • Receptores NOO (NLRP) São do tipo citosólicos. Detectam a estrutura do patógeno que levam ao processo de inflamassoma (complexos multiproteicos que se formam no citosol em resposta aos PMPs e DAMPs citosólicos, cuja funçõ é gerar formas ativas das citocinas inflamatórias IL-1beta e IL-18) o qual ativa caspases e inferon tipo 1 beta, resultando em uma inflamação aguda. O inflamassomo que induz caspases leva a um tipo de apoptose que chama piroptose – célula inchada que perde integridade da membrana plasmática e resulta na lise celular e liberação de mediadores inflamatórios. A desregularização do inflamassomo causa um excesso de IL-1 e, consequentemente, febre e inflamação (articulação e intestino) relacionados a síndromes autoinflamatórias. Existe o interesse no inflamassomo, pois excessos de substâncias endógenas podem causar inflamassomo, como o colesterol que gera aterosclerose, os ácidos graxos e lipídeos que levam a obesidade e síndrome metabólica e placas beta amiloides em excesso que resultam no Alzheimer. • Receptores IGG, lectinas, N-formil-metil etc Citosólicos que detectam RNA ou DNA viral. Proteínas solúveis • Pentactinas Reconhecem estruturas microbianas e atuam na imunidade inata. Exemplo: pentraxinas pequenas, proteínas C-reativas (PC-R), amiloide P sérico (SAP) e a pentraxina longa PTX3. Concentrações plasmáticas de PC-R costumam ser muito baixas em indivíduos saudáveis, mas podem aumentar até 1000 vezes durante as infecções pela síntese aumentada no fígado, induzida pelas citocinas IL-6 e IL-1, que são produzidas pelos fagócitos como parte da resposta imune inata. São chamadas de reagentes de fase aguda. • Colectinas Receptor de reconhecimento de padrão que se liga a carboidratos com manose e frutose (MBL). A proteína surfactante A (SP-A) e a proteína surfactante D (SP-D) também são colectinas com propriedades lipofílicas compartilhadas por outros surfactantes. Elas são encontradas nos alvéolos pulmonares e suas principais funções são manter a habilidade dos pulmões em se expandir e como mediadores das respostas imunes inatas dos pulmões. • Ficolinas São proteínas plasmáticas estruturalmente similares às coletinhas. Elas possuem um domínio do tipo colágeno mas, em vez do domínio lectina do tipo C, elas têm um domínio de reconhecimento de carboidrato do tipo fibrinogênio. Os ligantes moleculares das ficolinas incluem a N-acetilglucosamina e o ácido lipoteitoico, componentes das paredes celulares de bactérias gram positivas. • Complemento Série de proteínas plasmáticas produzidas pelo fígado que vão estar relacionadas a ligação da superfície de bactérias, sua destruição e a formação de opsoninas (fixação na superfície bacteriana de opsoninas, ou seja, a ligação dos receptores dos microrganismos com as imunoglobulinas). A ativação do complemento é baseada numa cascata proteolítica. Portanto, são proteínas que trabalham em conjunto na opsonização dos microrganismos, mas também promovem recrutamento de fagócitos para o sítio de infecção e, em alguns casos, na destruição direta dos microrganismos. Diapedese Macrófago captura microrganismos, estimula citocinas e quimiocinas que difundem nos vasos sanguíneos e se ligam a células da parece do vaso com receptores para essas substâncias. Isso desencadeia uma vasodilatação e o fluxo de sangue diminui, osleucócitos com receptores para integrinas e selectinas começam a se depositam na parede do vaso onde ocorre ligação e desprendimento rápido (integrina pode ter baixa afinidade ou alta afinidade) com receptores da superfície do vaso (processo de rolamento). Isso ocorre até surgir uma adesão estável na parede do vaso e as quimiocinas aumentam o espaço intracelular entre as células da parede, fazendo com que neutrófilo se molde e passe para o tecido onde detecta a quimiocina e atua nas bactérias. Célula NK As células NK não possuem receptor de reconhecimento padrão, elas possuem seu próprio receptor de ativação e de inibição. Quando o de ativação é mais estimulado ocorre a ativação das células NK. Ao reconhecer ligantes de ativação e inativação ela permanece inalterada e não mata a célula saudável. Porém, quando perde um dos dois tipos de ligante a NK ativa e induz apoptose na célula infectada. A citotoxidade advém da degranulação na célula alvo em que contém perforinas, cuja função é aumentar a permeabilidade da membrana da célula alvo, e as granzimas que induzem a apoptose celular. As células NK estão bem relacionadas com os macrófagos visto que quando essas últimas fagocitam um patógeno, começam a secretar IL-12, uma citocina que ativa células NK, que a partir do estímulo passa a secretar IFN-gama, uma interleucina que ativa a atividade microbicida de macrófagos. Portanto, as funções das células NK são matar as células infectadas e produzir IFN-γ, que ativa macrófagos para destruírem microrganismos fagocitados. São importantes na imunidade antitumoral e a falta de MHC de classe 1 (são proteínas de superfície celular normalmente expressas em todas as células nucleadas sadias do corpo) indica infecção viral. Linfonodos Onde ocorre apresentação de antígenos e assim a imunidade inata passa a ser adquirida com diferenciação de células, A inata continua acontecendo enquanto ocorre a adquirida e as duas estimulam uma a outra. Mecanismos que limitam as respostas imunes inatas A magnitude e a duração das respostas imunes inatas são reguladas por uma variedade de mecanismo inibidores que limitam o dano potencial aos tecidos. A resposta inflamatória pode ser um bom sinal para a proteção contra microrganismos, porém, tem o potencial de causar lesão tecidual e doença. Vários mecanismos evoluíram para fornecer um freio na inflamação: 1. A IL-10 inibe a produção de IL-12 por células dendríticas ativadas e macrófagos. A IL-12 é um estimulo crítico para a diminuição de secreção de IFN-gama, que desempenha um papel importante nas reações imunológicas inatas microrganismos intracelulares 2. Os fagócitos mononucleares produzem um antagonista natural da IL-1 que é estruturalmente homóloga à citocina e se liga aos mesmos receptores, mas é biologicamente inativo; assim, ele funciona como um inibidor competitivo da IL- 1. Ele é, então, chamado de antagonista de receptor de IL-1 (IL-1RA). 3. Os supressores das proteínas de sinalização das citocinas (SOCS) são inibidores das vias de sinalização JAK-STAT ligadas aos receptores de citocinas. A sinalização do TLR em macrófagos e células dendríticas induz a expressão de proteínas SOCS que limita as respostas destas células as citocinas exógenas, tais como interferons tipo I.
Compartilhar