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Karen Araújo, 2017.2 DIREITO AMBIENTAL – Diogo Guanabara Karen Araújo 2017.2 Obs: Critério de aproximação: 5,7 (visitas aos fortes da barra) o Bibliografia: - Curso de Direito Ambiental brasileiro (prof. Celso Antônio, editora saraiva) - Direito Ambiental Constitucional (prof. José Afonso da Silva, editora malheiros) - Curso de Direito Ambiental (prof. Romeu Tomé, editora juspodivum) - Direito Ambiental brasileiro (prof. Paulo Afonso Lemem Machado, editora malheiros) - Direito Ambiental (Paulo de Bessa Antunes, editora atlas) - Direito Ambiental (Edis Milaré) o Conteúdo do semestre: - Proteção jurídica do meio ambiente - Princípios do direito ambiental - Constituição Federal e o meio ambiente - Lei da Política Nacional de meio ambiente – Lei 9638/81 - Licenciamento Ambiental (análise a priori) - Responsabilidade Ambiental (análise a posteriori): Cível: sanção de reparação Penal: sanção penal (pena, pagamento de multa penal) Administrativo: sanção administrativa (multa, embargo, apreensão de apetrecho, etc..) - Espaços ambientalmente protegidos Código Florestal: área de preservação permanente; área de reserva legal. Lei do sistema nacional de unidade de conservação (SNUC) - Política Nacional de Recursos Hídricos - Noções Gerais de Direito Urbanístico NECESSIDADE DE PROTEÇÃO DO AMBIENTE: 1.1 Questões ambientais na atualidade: “Buraco” na camada de ozônio: - 28, 3 milhões de Km - Aumento da incidência de raios UV - Substituição do CFC (“Protocolo de Montreal” - 1989). Os Estados se uniram para reduzir (fazendo políticas de proibição ou desestimulação do seu uso) o uso de CFC, fazendo a sua substituição. Surge aí, com essa substituição, a tecnologia “limpa”. Descontrole do aquecimento global: - “Gases de efeito estufa” (HFCs, PRCs, SF6, CO2, CH4, N2o) - Novos problemas: “Refugiados ambientais” pessoas que fazem uma emigração do seu território natural por conta de uma perda da qualidade ambiental Gestão dos Resíduos: - “Civilização do desperdício” - “O problema do resíduo radioativo” E-mail: diogoacg@gmail.com Provas: 1° 18/09 (valor: 10) 2° 20/11 (valor: 8,0 + 2,0 de participação em atividades) Karen Araújo, 2017.2 Gestão de água potável: - 97% da água na terra é imprópria ao uso humano. - Dos 3% próprios ao uso humano, 89% está congelado. - Contaminação dos corpos d´água (esgotos, pesticidas, efluentes industriais, etc). - Acesso a água e crescimento das cidades. 1.2 Direito Ambiental Internacional Tragédias ambientais + Novas descobertas científicas: A pressão para o desenvolvimento do Direito Ambiental, sobretudo no Estados, vem de um ambiente internacional, a princípio, e depois foi aprofundando no ambiental nacional. Ou seja, o Brasil despertou a necessidade de criação da proteção do meio ambiente pela via jurídica muito mais pela pressão internacional (não somente o Brasil, outros Estados também). As fontes de direito ambiental surgem de um processo de constrangimento internacional dos Estados. Por alguns motivos, como é que você tem a verificação de tragédias ambientais, alguns desafios muito complicados como o derramamento de petróleo, cujo impacto ambiental se estende a mais de um Estado. Algumas situações que envolveram indústrias que ficam em lugares limítrofes entre um Estado e o outro e cuja poluição causada por um Estado, mas, o impacto maior é sentido pelo outro Estado. E são nessas situações que há o constrangimento, levando o Estado a tutelar o meio ambiente na forma jurídica. Estopim para os Movimentos Sociais na década de 60, pressionando os Estados para que tomem providências: Somando-se tudo isso a situação de novas descobertas científicas do potencial lesivo de poluição causando alguns danos ambientais, que faz com que surja na década de 60 um movimento social que visa constranger no plano interno o Estado a tomar algumas decisões ambientalmente adequadas, aí surgem as ONGs nacionais e internacionais que têm como objetivo influenciar o Estado a tomar algum partido em relação ao meio ambiente, pressão social sobre o Governo dos Estados. Reuniões internacionais que vão gerar documentos específicos de proteção internacional ambiental: Conferência de Estocolmo, 1972; ECO 92 ou RIO 92; Johanesburgo 2002; RIO +20. Pressão social sobre Governo dos Estados: aqui no Brasil o Estado começa a se preocupar sobre tudo por uma orientação internacional que de alguma maneira guiou os Estados a se preocupar com algo que até então não era observado. Essa preocupação começou com uma série de conferências para discutir o meio ambiente. CONFERÊNCIAS: 1. Estocolmo, 1972 “Conferência de Estocolmo sobre o meio ambiente”. Foi a primeira patrocinada pela ONU, tendo como ideia principal, reunir uma grande quantidade de Estados pertencentes à ONU para discutir o ambiente, até então nunca tinha se discutido sobre o meio ambiente. Debate global sobre o meio ambiente, onde o estado não pode mais ser um simples observador da relação homem/sociedade + ambiente, agora ele tem um papel de orientação dessa relação. Essa orientação se dá através da criação de uma série de normas internacionais tratados) sobre o meio ambiente. “Declaração do Meio Ambiente”: os estados agora reconhecem que o direito à qualidade do meio ambiente é um direito humano, que deve ser conferido às pessoas como um direito básico inerente ao próprio ser humano (como o direito à vida, à educação, lazer...). Isso tem como consequência nas constituições do Estados, constituições nacionais. Pois, se no plano internacional se tem o direito à qualidade ambiental como direito humano, o direito nacional é influenciado, passando esse direito a vigorar também nas constituições nacionais. O ser humano é ao mesmo tempo artífice e resultado do ambiente, ou seja, o homem é ao mesmo tempo modificador e ao mesmo tempo acaba sendo modificado por esse ambiente (há uma simbiose). E isso faz com que, passe a existir toda uma preocupação jurídica dos Estados em relação ao meio ambiente. Defesa do Ambiente para a presente e futuras gerações, ou seja, o Estado passa a se preocupar para garantir que a Desenvolvimento socioeconômico em harmonia com preservação ambiental, até meados da década de 70 o modelo de desenvolvimento dos Estados era tendo mais riqueza e para isso pode-se usar muitos recursos ambientais, então quanto mais riqueza se quer mais recursos ambientais deve usar (gerando Karen Araújo, 2017.2 assim, menos qualidade ambiental). Após a conferência de Estocolmo, começou a se plantar a ideia de que talvez não fosse esse modelo o ideal, abrindo espaço para novos conceitos, como o de desenvolvimento sustentável (onde é importante que o desenvolvimento econômico esteja em harmonia com o meio ambiente). Criação de uma agência especializada na temática ambiental, a PNUMA, que é uma agência responsável a promover a conservação e uso eficiente dos recursos naturais. É com ela que conseguimos perceber que o antigo modelo de desenvolvimento não fazia bem, nem aos ricos nem aos pobres, que estava fadado ao fracasso. Aí vai começar as reflexões em vários setores do mundo todo, sobre normas formas de desenvolvimento estatal. Especialmente nos anos de 1979 e 1980, foram feitos muitos seminários sobre estilos alternativos de desenvolvimento. A comissão do meio ambiente, criou um grupo de trabalho chefiado pela sueca Gru Karlen Brundtland, consolidando os conhecimentosno famoso Relatório Brundtland (em 1987), também chamado de “Our comum future” (nosso futuro comum). Forma-se nesse relatório, o conceito de desenvolvimento sustentável, trazendo novas ideias e modos de desenvolvimento, visando a preservação ambiental. Esse conceito de desenvolvimento sustentável, é o conceito que a ONU prega como referência atualmente. O MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Traz novas premissas, onde a geração presente deve cuidar da geração futura. A geração do presente tem o direito de usar os recursos ambientais, mas, essa utilização dos recursos não pode impedir que a geração futura também faça uso dela. “Princípio da proteção intergeracional” As necessidades do presente não podem causar riscos para que as gerações futuras gozem desses mesmos benefícios. “(...) desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações vindouras satisfazer as suas próprias necessidades” É um desenvolvimento baseado no equilíbrio. Pilares/Dimensões da sustentabilidade (modelo proposto pela ONU): Gerar o desenvolvimento econômico, preservando o meio ambiente e distribuindo a riqueza gerada. (Social + econômico + ambiental = desenvolvimento sustentável) Karen Araújo, 2017.2 Documentos Amplos – não trazem nenhum tipo de responsabilização caso sejam descumpridos, não são vinculantes (obrigatórios) - Declaração do Rio: conjunto resumido das principais decisões políticas tomadas pelos Estados; Princípio da precaução; Princípio da responsabilidade comum, mas diferente; dentre outros princípios. - Agenda 21: cartilha de orientação para que os estados tomem comportamentos ambientalmente adequados, com vistas a implementar este desenvolvimento sustentável. Orienta comportamentos, é um referencial para os Estados. Documento simplesmente programático, estabelece apenas orientações e metas para os Estados, mas não oferece sanções para os que não cumprirem, então eles não serão responsabilizados (Soft Law). Documentos Específicos – documento jurídicos internacionais que se preocuparam em ser vinculantes (obrigatórios) ao Estados e que aquele Estado que não cumprir, será responsabilizado no plano internacional. - Convenção sobre a diversidade biológica (CDB): trata especificamente da necessidade da orientação do comportamento estatal, visando proteger o patrimônio ambiental, para que espécies de fauna e flora não desapareçam, não entrem em extinção. - Convenção sobre mudanças do clima (convenção quadro): documento geral que vai, no futuro, possibilitar a especificação das obrigações tratadas visando proteger o clima. (ex: obrigação ode redução do CO²). PROTOCOLO DE KYOTO, que foi fruto de uma conferência das partes signatárias dessa convenção, estabelecendo a meta da redução do CO², colocando em prática essa convenção. ACORDO DE PÁRIS, também é uma conferência para as partes signatárias dessa convenção, a respeito da redução de CO². Houveram outras conferências desta convenção, entrando novos países, para a redução do CO², criando também a obrigação da criação de um fundo ambiental. - Declaração de princípios sobre o uso das florestas: criação de normas jurídicas internacionais protetivas tanto para as florestas, quanto para as populações que nelas vivem. 2. Rio de Janeiro, 1992 (ECO 92) “Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento” “ECO 92” “Rio 92” “Estocolmo +20”. Discute-se se o modelo de desenvolvimento sustentável, proposto pela ONU, seria possível. Há a abertura da discussão para a sociedade, com a participação de setores da sociedade como: ONG’S, universidades, centros de pesquisa, entre outros. A participação da sociedade civil foi fundamental, pois se a sociedade não comprasse essa ideia, a ideia do desenvolvimento sustentável não iria para frente. A ONU então apresenta o conceito de desenvolvimento sustentável (desenvolvido em Estocolmo, na década de 70) para a sociedade, discutindo assim sobre novos modos de vida e desenvolvimento. O centro do debate desta conferência era incentivar o desenvolvimento econômico-social em harmonia com a preservação do meio ambiente. Reflete-se como pôr em prática o conceito de desenvolvimento sustentável, pensando numa lógica política equilibrada tanto para países que geraram riquezas, quanto para os que não geraram riquezas, ou seja, para as diferentes realidades do Estados. Surgindo assim o “Princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada” que tem como sua essência a isonomia, igualando os países nas medidas das suas desigualdades. Quem mais poluiu, recebe mais deveres jurídicos. Quem menos poluiu, recebe menos deveres jurídicos. Estados são responsáveis pela conservação, proteção e recuperação do ecossistema, na medida em que contribuíram, em graus variados, para a degradação. 3. Juanesburgo 2002 “Conferência Mundial de Desenvolvimento Sustentável” Em 2002, o problema central do mundo era associado ao terrorismo e não ao meio ambiente. O mundo estava em choque com o atentado às torres gêmeas (11 de setembro de 2001). E por isso, o tema sobre o meio ambiente acabou perdendo força. Não trouxe nada de novo, apenas reafirma as discussões de Estocolmo (1972) e do Rio de Janeiro (1992). Karen Araújo, 2017.2 Essa Conferência vem da necessidade de reavaliar os princípios da ECO 92 e investigar até que ponto esses princípios da Agenda 21 estão sendo implementados pelo Estado. Entendeu-se a necessidade de se criar uma agenda um pouco mais objetiva, racional nesse momento aqui para algumas questões pontuais, dentre as quais estão a identificação de algumas metas que vão ser combatidas de forma veemente pelo Estado, como por exemplo a erradicação da pobreza, quando verifica-se que a temática da pobreza está muito ligada a temática ambiental, é que coloca-se como meta a erradicação da pobreza não apenas como meta humana, mas como meta ambiental também. O consumo humano também é participe da degradação ambiental, e isso tem que ser diminuído/ponderado, o que se torna uma meta e por fim, colocou-se como meta a preservação de alguns recursos naturais específicos e ao seu tempo estabelecerão as reuniões específicas para tratar da fauna e flora. É interessante que nesse plano de implementação trouxe duas questões complexas que primeiro é o continente africano, ou seja, se eu concluo que a pobreza é um indício da degradação ambiental e a mesma faz aumentar a degradação ambiental, o continente africano sendo o continente mais pobre do Globo é um continente que está em risco constante de ter os seus recursos naturais cada vez mais degradados. E esse documento de Johanesburgo vai tratar justamente, dentre as outras pautas, da pobreza do continente africano. A outra situação que esse documento trouxe foi dos Estados Ilhas, como na Indonésia onde você tem que alguns Estados são ilhas, Ilhotas na verdade e então a situação que os envolve é complicada porque eles não têm muitos recursos naturais e isso tende que eles procurem fora do próprio território recursos para se desenvolver e isso causa uma dependência excessiva de recursos naturais externos, ou seja, digamos que um Estado Ilha não tenha água doce e necessite ir até outro Estado para consegui-la, essa dependência acaba se tornando excessiva, visto que a água é um recurso essencial à vida humana. Há também a reafirmação dos princípios das conferências anteriores. Documentos: a) Declaração de Johanesburgo b) Plano de Implementação (PI) – identificaçãode metas: (i) erradicação da pobreza; (ii) alterações no padrão de consumo e produção; (iii) proteção aos recursos naturais. O outro ponto é do tratamento específico ao Continente Africano e aos “Estados-Ilha” – os “Estados-Ilhas” são dependentes de recursos naturais. Os refugiados ambientais. 4. Rio de Janeiro 2012 (RIO +20) “Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento sustentável”, Rio de Janeiro, 20 a 22 de Julho de 2012. Muito do que se tem no Brasil hoje, a título de legislação constitucional e infraconstitucional sobre o meio ambiente, é fruto das convenções da ONU, é um reflexo das discussões internacionais. a) Reafirmação do “Princípio da Responsabilidade Comum, mas diferenciada” entre os Estados (Temos a ratificação do Princípio da Responsabilidade Comum, ratifica-se, portanto que os Estados que mais poluíram devem contribuir de forma mais decisiva a tutela do ambiente internacional e alguns pontos foram destacados, como descritos abaixo). b) Pontos destacados no Documento Final: energia; água; saneamento básico; segurança alimentar; oceanos e mares; redução de riscos de desastres naturais; mudanças climáticas; biodiversidade. (Quanto mais o desenvolvimento econômico exigir energia para que ocorra, maior será o risco que acontecerá, daí cada vez mais se torna necessário conseguirmos desenvolver economicamente os Estados pautados em energias limpas. O Brasil tem um potencial de desenvolver energias limpas). A Rio + 20 e a Conferência de Johanesburgo vão servir como fonte formal do direito ambiental internacional, e são documentos que não são tecnicamente reconhecidos ou conhecidos como Tratados Internacionais, porque tem resultados em soft law, não são Tradados no sentido puro da palavra, mas têm o poder de criação e gerência de políticas públicas dentro dos Estados. Não trabalham com a lógica se então, mas trabalham com a lógica de trazerem conteúdos programáticos a serem assimilados e complementados pelos Estados nas medidas de suas possibilidades econômicas. Essa seja talvez a flexibilidade necessária para a aceitação dos Estados para cumprir as metas estabelecidas. Karen Araújo, 2017.2 1.3 Visões do Direito Ambiental: Antropocentrismo x Ecocentrismo A quem serve o Dir. Ambiental? Ele serve para proteger o homem ou o Meio Ambiente puramente dito e depois proteger o homem indiretamente? OBS: Conferir o artigo do professor Edis Milaré e José de Avila Aguiar Coimbra. Modelos Axiológicos: Antropocentrismo Clássico: visão de mundo em que o homem é o centro do mundo. Homem como eixo principal de um sistema. Tudo gira em torno do homem. Consequentemente, é um modelo que entende a relação homem x natureza, como um conjunto binário, existindo uma distinção clara entre homem e meio ambiente. O ambiente serve ao homem, o homem usa o ambiente com ele quer. “ESPECISMO” (Richard D. Ryde, 1965) preconceito ou atitude tendenciosa de alguém a favor dos interesses de membros de sua própria espécie, contra os de outros. O especismo humano, se preocupa com a espécie humana, e liga o botão do foda-se para outras espécies. Ecocentrismo (= não antropocentrismo): Ambiente como centro, como eixo principal de um sistema. Enxerga uma relação única, onde o homem está dentro do ambiente, sendo uma das várias espécies que habitam o planeta. É uma categoria que reúne vários pensamentos ecocentricos. São todas as correntes que criticam o antropocentrismo. Inexistência de qualquer linha de separação rígida entre o humano e o não-humano. Tratamento dos animais não-humanos: o animalismo. Animais humanos / bem estarismo (Peter Singer) – “Libertação animal”. Corrente associada à uma tentativa de conferir bem-estar ao animal-não humano. Não existe fundamento moral para o especismo (que uma espécie é maior do que outra), não existe fundamento moral que o homem tenha se empoderado em se entender que é melhor que outras espécies. Princípio da igual consideração de interesse, defende que não se deve pautar a relação apenas o interesse do animal humano, deve-se levar em consideração também o interesse do animal não-humano (ex: “vc já perguntou pra seu cachorro se ele quer morar com vc?”). Não defende a conquista de direito pelos animais não-humanos, mas a obrigação humana de assegurar que os outros animais não sofram desnecessariamente. Não iguala os humanos aos não- humanos, mas, quer que se considere os interesses dos não-humanos (“não fazer com o outro aquilo que não queria que fizesse com si próprio”), garantindo assim um bem-estar ao animal não- humano (evitar maus tratos). Não defende uma extensão dos direitos dos humanos aos não- humanos. Animais não humanos / abolicionismo (Tom Regan) – “A case of animal rights” Posterior a Peter singer. Defende que os animais não-humanos, tenham direitos. Para essa corrente, deve-se conferir direitos aos animais, porém não a qualquer animal, somente aos animais não-humanos sujeitos de uma vida (ou seja, são autoconscientes, eles a tem compreensão que eles existem, que tem o mínimo de discernimento, não vivem apenas do extinto). Extensão de direitos fundamentais aos não-humanos como resultado do princípio da consciência. Proposta de mudança de paradigma na dogmática jurídica. Antropocentrismo Alargado: Seria um meio termo, chamado de tambmem de antropocentrismo mitigado. É uma proposta que considera ainda um direito ambiental à serviço do homem, havendo ainda uma situação de dominância por parte do homem, porém, essa dominância não pode desconsiderar a necessidade do homem garantir direitos e reconhecer que ele tem deveres de proteção quanto ao ambiente. Superação da limitação antropocêntrica para admitir a proteção da natureza pelo seu valor intrínseco. Não defende a concessão de direitos aos animais não-humanos, mas, propõe imposição de deveres aos humanos para a proteção dos animais não-humanos. Karen Araújo, 2017.2 PROPEDÊUTICAS SOBRE O DIREITO AMBIENTAL: O direito ambiental surge numa visão multidisciplinar, quem lida com o direito ambiental terá que lidar com outros conhecimentos. O objeto de estudo é o meio ambiente e ele é objeto de estudos de várias ciências. Nas esferas: administrativas – soluções preventivas; civil – reparar; penal – repressiva. O maior papel do direito ambiental está associado ao poder executivo, pois trabalha com a prevenção e instrumentos de proteção. O poder legislativo (cria leis) e o judiciário também lidam (na medida em que soluciona conflitos). OBS: Os processos coletivos “transindividual”, ou seja, as decisões irão atender a uma coletividade. PREVISÕES LEGAIS: Convenção Europeia para Conservação da Faunae Habitats Naturais (1979): obriga que os países europeus criem em seus respectivos territórios os “espaços naturae”, onde o homem não vai poder interferir. Carta Mundial da Natureza (1982): convenção internacional que entende a necessidade de que se criem dentro do Estado, proteções e deveres de proteção ao ambiente que devem ser respeitados pelo homem. Convenção da Biodiversidade (1992): mesma coisa do de cima, copiar. Constituição da Bolívia e do Equador: OUVIR ÁUDIO APARTIR DE 22 MIN. 1.4 Tutela jurídica dos animais não-humanos no Brasil CASOS PRÁTICOS: Como se dá no Brasil a tutela dos animais não-humanos, como eles são protegidos juridicamente no Brasil. Art. 225, parágrafo 1°, inciso VII, CF: proteção contra à prática de crueldade, sendo vedada aos homens à prática de crueldade, sobretudo,em relação aos animais não-humanos. Vedação à atos que pratiquem risco à função ecológica da fauna ou flora e atos que cause, risco de extinção de espécies. Emenda Constitucional n° 96: acrescentou um parágrafo 7° no art.225 da CF, que visa dar um tratamento diferente às chamadas crueldades aos animais. Não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais desde que sejam práticas culturais, devendo ser regulamentadas por lei específicas que assegurem o bem-estar dos animais envolvidos. Contra ataque do congresso nacional em relação à decisão que considerou a vaquejada uma prática cruel. Essa EC é constitucional? Existem direitos fundamentais aos animais? Pergunta que o STF não respondeu na ação da ADI de vaquejada. Se o STF entender que os animais têm direitos fundamentais, a EC é inconstitucional. Se for entendido que os animais não têm direitos fundamentais, a EC é constitucional. Lei 9605/ (Lei dos Crimes Ambientais): Art. 32°. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos. § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. obs: pesquisar a prática do finning (crueldade) 1.5 Classificação jurídico-constitucional do Meio Ambiente O que é o meio ambiente? É tudo aquilo que nos cerca. Classificação leva em conta aspectos que compõem o ambiente. Meio Ambiente Natural: (meio ambiente físico) quando se pensa em meio ambiente, é nessa perspectiva que se pauta, ambiente composto por vários recursos ambientais (água, ar, solo, subsolo, fauna, animais...concepção de natureza). Art. 225° CF/88. Fenômeno da homeostase, fenômeno que explica que todos os recursos ambientais estão em equilíbrio sempre que possível, ou seja, é o equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem. Meio Ambiente Artificial: (meio ambiente da cidade) Estudado pelo direito urbanístico. Está diretamente relacionado com o conceito de cidade (todos os espaços habitáveis). Karen Araújo, 2017.2 Compreendido pelo espaço urbano construído, consistente no conjunto de edificações (“espaço urbano fechado”) e pelos equipamentos públicos (”espaço urbano aberto”). Art. 5°, XXIII. Art. 21°, XX. Art° 182° (plano direto de desenvolvimento urbano – P.D.D.U, instrumento básico da política urbana no Brasil). Art. 125°. Cidade é diferente de zona urbana. Cidade = zona rural +zona urbana. Meio Ambiente Cultural: “Patrimônio cultural”. Integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico. Traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua cidadania. Um povo sem proteção à cultura, se torna um povo sem identidade. Art. 216° CF/88. Essa proteção pode se dar por bens materiais corpóreos ou incorpóreos (materiais ou imateriais). Obs: Polêmica do “tombamento” – (o tombamento é uma lei de 1951). Meio Ambiente do Trabalho: Ambiente onde as pessoas desenvolvem a sua atividade laboral, o ambiente tem que ser cuidado para dar qualidade ao trabalhador. Equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que comprometam a incolumidade fisico0psiquica dos trabalhadores. Art. 7°, XXIII e art. 200°, VIII CF/88. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL: 2.1 Desenvolvimento Sustentável: “É o princípio mais importante do direito ambiental”. Mas, alguns autores dizem que o desenvolvimento sustentável não é um princípio e sim a base fundamental do direito ambiental. Então, deve denomina-lo assim, de a base fundamental do direito ambiental, sem o qual não há direito ambiental e o direito ambiental irá pressupor o desenvolvimento sustentável. - Conferencia Mundial do Meio Ambiente (Estocolmo 92): Esta Conferência deu start para a construção do direito ambiental. Tecnicamente, foi a partir desta Conferência que começou a desenvolver o Estado de fato, só que com um olhar na preservação ambiental. Depois dessa Conferência, deu início no mundo todo a uma série de reuniões específicas em que a temática ambiental e econômica foi a pauta principal. Oportunidade das presentes e futuras gerações gozarem do ambiente sadio e equilibrado; Manutenção das bases vitais de produção e reprodução do homem e de suas atividades; - Relatório de Brundtland: “Os Estados devem tomar, em nível nacional, todas as medidas necessárias para a realização do direito ao desenvolvimento e deve assegurar, inter alia, igualdade de oportunidade para todos, no acesso aos recursos básicos, educação, serviços de saúde, alimentação, emprego e distribuição equitativa de renda”. Foi uma comissão que trabalhou especificamente o conceito do que é desenvolver-se economicamente sustentável. Do ponto de vista claro e de forma objetiva, dizer o que é o desenvolvimento sustentável. Pressupunha a necessidade de olhar para o presente e o futuro, na intenção de proteger o meio ambiente, ou seja, a ideia de que deve-se preservar os recursos ambientais para que as presentes e futuras gerações gozem de um meio ambiente sadio e equilibrado. - CF/88: Art. 225°, caput – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Então, só nesse finalzinho do caput trata do meio ambiente ligado a proteção necessária da presente cultura para a futura geração. E sobretudo, leva em conta, o ambiente equilibrado. Equilibrado também, no que se refere ao aspecto econômico. Art. 170° – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios... VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; Karen Araújo, 2017.2 Ou seja, para que a nossa economia seja válida constitucionalmente, precisa-se preservar o meio ambiente. 2.2 Princípio da Capacidade de Suporte (Princípio do Limite) - Art. 225, parágrafo 1°, V da CF/88. - Dever de a Administração Pública estabelecer padrões de qualidade ambiental. Orgão especializado para estabelecer esses padrões: CONAMA. - Padrões estabelecidos (Standards Ambientais) devem levar em conta o limite de matéria ou energia estranha que o ambiente pode suportar sem alterar suas características básicas e essenciais. 2.3 Princípio do Equilíbrio - Exame de custo/benefício em matéria ambiental - Necessidade de sopesar as consequências previsíveis atuação sobre o meio ambiente, de forma que essa atuação possa ser útil à comunidade e não importe em gravames excessivos aos ecossistemas e vida humana. Esse princípio é lógico. É o reflexo direto do desenvolvimento sustentável. Quando se fala do desenvolvimento sustentável, se fala da necessidade de limite inserido no contexto do meio ambiente, e também de desenvolver economicamente uma sociedade protegendo o meio ambiente. Dessa relação, surge uma ideia lógica de equilíbrio. O princípio do equilíbrio leva sempre em conta a necessidade de sopesar as consequênciaspassíveis de atuação sobre o meio ambiente. O desenvolvimento econômico deve levar em conta também a utilização dos recursos ambientais, não tem jeito. Você vai desenvolver uma sociedade e você tem que, necessariamente, levar em conta a possibilidade de extrair do meio ambiente matéria prima adequada para desenvolver, a exemplo do petróleo, látex e etc. Ocorre que essa intervenção no ambiente não pode ser de tal forma que prejudique a própria vida humana, precisa se ter sempre uma preocupação de que o desenvolvimento vai ser necessário, a extração de recursos naturais vai ser criteriosa, só que essa utilização consciente não pode ser esquecida. E nesse caso cabe a quem regulamentar isso? Ao Estado. Basicamente o Estado atua nesse momento aqui como um grande limitador da ação humana no desenvolvimento, levando em conta alguns instrumentos, como por exemplo o licenciamento ambiental, que vai autorizar ou não a extração dos recursos naturais daquele meio ambiente. Basicamente essa é a noção de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e a proteção ambiental. 2.4 Princípio do Poluidor Pagador (PPP) - “Poluir mediante pagamento”? Busca evitar a poluição ambiental, porém, caso a poluição venha ocorrer vai se responsabilizar o responsável deste. - Planos de Observação do PPP: PREVENTIVO: atuação do PPP visando evitar o dano ou a poluição ambiental. É um desestímulo a aquelas atividades ou setores econômicos potencialmente poluidores. REPRESSIVO: ocorrido esse dano ambiental, o PPP vai buscar responsabilizar aquele que provocou o dano. Fundamento para a aplicação de sanções nos casos de reparação aos danos ambientais. Responsabilização Civil Ambiental: • Responsabilidade Objetiva: aquela pessoa que poluir, poderá ser condenado a uma indenização ou reparação. Prioridade na Reparação específica. Solidariedade para suportar os danos ao ambiente 2.5 Princípio do Usuário - Pagador - Usuários de recursos naturais devem pagar por sua utilização. É uma compensação financeira à coletividade pela utilização de recursos naturais. Não se paga pelo eventual dano ambiental. - Art. 4°, VII (PNMA) - Não se paga pelo recurso (recurso mineral, água...). Paga pela exploração daquele recurso. (ex: não pagamos pela água que a embasa nos fornece, e sim pelo serviço de fornecimento da mesma) A empresa que lucra em cima daquela utilização ambiental, ela não devolve para a sociedade esse custo. Sendo que elas não pagam pela matéria prima extraída, mas lucram com a mesma. (ex: lava jato lucra com a água, pagando o mesmo que pagamos (pela utilização do serviço da embasa), sendo que nós não lucramos. Karen Araújo, 2017.2 2.6 Princípio da Precaução - Alemanha (1970) – Vorsorgeprinzip: Resposta a uma política poluidora atmosférica (preocupação com saúde pública, poluição do ar, destruição das florestas e chuvas ácidas). - Previsão Legal: Declaração Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (RIO/92) - Princípio 15 - “In dubio pro ambiente” = Na dúvida, proteja o ambiente. A regra geral do princípio da precaução, sempre vai se orientar na proteção do ao meio ambiente. - Pressupostos: Falta de evidência científica (incerteza) a respeito da existência do dano temido. (Ex: art. 1º, caput - Lei de Biossegurança - Lei nº11.105/05); Possibilidade de que condutas humanas causem danos coletivos vinculados a situações catastróficas que podem afetar o conjunto dos seres vivos. 2.7 Princípio da Prevenção - Diretriz para a restrição de uma atividade diante da evidência de perigo ou dano possível, quando houver um risco já diagnosticado. - Previsão Legal: Estocolmo/72 (Princípios 14, 15, 17 e 18) Rio/92 (Princípios 4, 8, 11, 14, 17, 18 e 19) - Há certeza da ocorrência do dano (risco in concreto) - Implementação pelo Poder Público: (1º) Mapeamento e inventário; (2º) Planejamento integrado; (3º) Ordenamento territorial; (4º) Licenciamento ambiental; (5º) Fiscalização e monitoramento; (6º) Auditoria periódica. - Precaução e Prevenção (Diferenças): Quanto aos Riscos Ambientais envolvidos: Quanto à Liberdade de atuação da Administração Pública: - Prevenção e relativização da legislação ambiental: Caso: Protetores de Nascentes Protetor-Recebedor - Aplicação da Precaução e Prevenção em litígios judiciais: STJ: AgRg na SLS 1429 GO 2011/0198719-4 – Caso: Saneamento Básico em Caldas Novas/GO • STJ: REsp Nº 1.285.463 - SP – Caso: Queima da Palha da Cana de Açúcar. Obs: Os princípios da precaução e prevenção buscam impedir a nossa utilização do ambiente, regulamentar. 2.8 Princípio da Participação (Princípio Democrático) - Dois sentidos: Direito de participar no processo de tomada de decisões políticas ambientais; Ex: Se o Estado da Bahia quiser implementar uma grande usina hidrelétrica, a população tem o direito de opinar sobre isso, de participar do processo decisório. Dever de atuação da coletividade na proteção e preservação do Meio Ambiente. Participação coletiva de proteção ao ambiente. - Medidas administrativas fundadas no Princ. da Participação: Direito de Informação (art. 5º, XXXIII da CF/88); Direito de Petição (art. 5º, XXIV,a da CF/88); - Medidas judiciais fundadas no Princípio da Participação: Ação Popular; Ação Civil Pública; ADIN, ADC, ADPF. - Medidas políticas fundadas no Princípio da Participação: Karen Araújo, 2017.2 Iniciativa Popular; Plebiscito e Referendo; - Fundamentos para a Participação: Informação ambiental. (Art. 225, §1, CF/88) Educação Ambiental. (Art. 225, §1, inc. VI, CF/88): Fomentar a Consciência ecológica do povo; Educar ambientalmente é: Reduzir custos ambientais na fiscalização do MA; Efetivar o princípio da prevenção; Fixar ideia de consciência ecológica que buscará a utilização de tecnologias limpas; Incentivar a realização do princípio da solidariedade (Meio Ambiente único, indivisível e de titulares indetermináveis) 2. 9 Princípio da Integração (Princípio da Ubiquidade) - Obrigatoriedade de integração das exigências ambientais na definição e aplicação das políticas públicas. Não há como se pensar em Meio Ambiente de modo restrito/compartimentalizado; “Poluição não encontra limites”. - Necessidades de “Políticas Públicas Transversais” A “Avaliação Ambiental Estratégica - AAE” como instrumento de integração; Ausência de previsão legal no Brasil. 2.10. Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental - As garantias de proteção ambiental, uma vez conquistadas, não podem retroagir. - Obsta medidas legislativas e executivas - Objetivo: Preservar o bloco normativo (constitucional e infraconstitucional) já consolidado no ordenamento jurídico, impedindo ou assegurando o controle de atos que venham provocar a sua supressão ou restrição dos níveis de efetividade vigentes dos direitos fundamentais; - Alteração de circunstâncias de fato? ORDEM CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 3.1 Tratamento nas Constituições anteriores - Não sistematização do direito constitucional ambiental; - Tratamento vinculado a autorização da União legislar sobre proteção à saúde, monumentos históricos, artísticos e naturais; - Enfoque da questão ambiental associada ao estabelecimento da infraestrutura voltada para econômica, para o crescimento econômico; - Regulamentação legislativa voltada à atividade produtiva, independente da conservação dos recursos naturais. - A CF/88 é bastante influenciada pela legislação internacional sobre meioambiente, como por exemplo, a Conferência de Estocolmo. 3.2 Tratamento na Constituição Federal de 1988 -Tratamento da matéria ambiental em diversos dispositivos; - Relação entre meio ambiente e economia, a CF/88 traz que o meio ambiente deve estar em conexão absoluta com o crescimento econômico, ou seja, o crescimento só pode ocorrer se estiver de acordo com o desenvolvimento sustentável; - Defesa do ambiente como princípio de ordem econômica (art. 170, inciso VI, CF) Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; - Utilização racional dos recursos naturais Karen Araújo, 2017.2 - Fruição de meio ambiente sadio e equilibrado como direito fundamental: o meio ambiente é um direito humano, um direito fundamental. - Art. 225 Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 3.3 O Artigo 225° da CF/88 Art. 225. CAPUT: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. - Centro do sistema constitucional ambiental - Proteção ambiental como interseção entre direitos fundamentais e ordem econômica. - Afirma que toda e qualquer pessoa humana tem direito (um direito fundamental) a um ambiente ecologicamente equilibrado. - “Todos têm direito” Destinatários: 1° Posição – brasileiros + estrangeiros resistentes no brasil; destinatários como integrante do “povo” do Estado brasileiro (Essa posição é restrita e bastante criticada, pois não leva em conta o caráter da dignidade da pessoa humana) 2° Posição – Toda e qualquer Pessoa Humana;Não exigência da condição de cidadania para usufruir desse direito fundamental. Proteção de todo e qualquer ser vivo? – Visão antropocêntrica do direito constitucional ambiental - O animal também têm direito fundamental? (polêmica) - O Brasil adere a conferencia de Estocolmo que assegura que o direito do ambiente é também um direito humano. Quando a CF positiva um direito humano ela o transforma em direitos fundamentais (embora não previsto no art. 5 – os direitos ambientais fazem parte). Karen Araújo, 2017.2 Direito ao ambiente – por vezes vamos ter a posição do Estado atuando para prover o meio ambiente ecologicamente equilibrado (2° dimensão) e uma posição associada a uma liberdade do indivíduo, em que o mesmo pode fazer uso de algum remédio constitucional para protegê-lo de maneira direta (3° dimensão). - “Bem de uso comum do povo” - Criação de um novo gênero de bem; - Bens de uso comum Público e bens de uso comum Privado – O bem de uso comum do povo não lida com um conceito de propriedade, e sim um conceito de GESTOR. E esse gestor pode ser o Estado ou pode ser o particular. - Posição do STF (?) OBS: questão das praias particulares – não existe praia particular, não é propriedade particular; ela pode ser gerida por um ente público ou privado; em alguns casos, a União autoriza que alguma pessoa (física ou jurídica, privada ou pública), gerencie/use alguma terra da praia. - “Essencial à qualidade de vida” - Direito ambiental como direito fundamental – Não previsão no art. 5° da CF; Critério material, nos termos do art.5°, inciso 2 da CF. - Mínimo existencial e direito ao ambiente sadio e equilibrado. - O direito à natureza é um direito transindividual; Esse direito transindividual é entendido na doutrina de duas maneiras: direito transindividual coletivo, que se refere a um grupo de pessoas ligadas a um fato comum; e direito transindividual difuso, que não há um fato em comum que ligue os indivíduos. Ideia de que o direito ambiental é um direito fundamental e está associado a ideia de dignidade humana. O aspecto social, econômico, privado, ambiental também seriam aspectos da dignidade humana. Ele só terá dignidade se ele viver em um ambiente que lhe propicie uma qualidade de vida. Não está previsto no art. 5°, a nossa CF não se esgota no artigo 5°, há direitos fundamentais espalhados. Temos no §2o, art. 5o dizendo que o catalogo de direitos fundamentais não exclui outros direitos que o Brasil seja signatário internacionalmente. Compreensãodo mínimo existencial e direito ambiental sadio e equilibrado: essa teoria estabelece um conjunto de pequenos direitos e que estabelece um núcleo essencial de direitos expostos ao homem para que ele tenha condições mínimas de sobreviver. O direito fundamental faz parte do mínimo existencial? Tem que se analisar se há retrocesso ambiental. Antigo código dizia de 50m seria o diâmetro mínimo, o novo código mudou para 10. Essa redução da margem de uma zona de APP representa a ofensa ao mínimo existencial? Diogo acha que não, houve uma flexibilização, se adaptando a uma realidade econômica consolidada e não representa um retrocesso. Muitos pensam que qualquer tipo de redução importa a ofensa ao mínimo existencial, logo uma ofensa aos direitos fundamentais, logo é inconstitucional. Diogo acha que o fato de reduzir a faixa protetiva não fere o núcleo, o que não se pode é acabar com a proteção a nascente, proteção total do bem, ai sim seria um grande retrocesso, mas reduzir o tamanho ou qualidade não ofende o mínimo existencial. A visão dele é diferente da tradicional acerca do novo código ambiental, ele compreende como mínimo a proteção dispensada a alguns recursos e não quantidade de proteção, pode-se reduzir a quantidade desde que não importe a supressão total da proteção. A CF lança uma tarefa tanto ao Estado como ao poder público. A tutela do ambiente não é exclusiva do poder público. É dado também do nosso texto a possibilidade de alguns instrumentos, remédios para que a sociedade tutele esses direitos. - “Impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” - Preocupação com o futuro - Proteção intergeracional Há um princípio da proteção intergeracional do meio ambiente que está no art. 125, leva-se a disposição do texto constitucional de que a tutela deve mirar o presente e o futuro. Em termos de Brasil, os fundos econômicos que recebem o royalties de petróleo só podem ser usados daqui há 50 anos isso é uma preservação, para que no futuro possa não se ter essa quantidade e poupar as gerações futuras dos impactos ambientais. Toda a tutela leva em conta o olhar do ambiente agora e no futuro também. A indisponibilidade de direitos no direito ambiental. Karen Araújo, 2017.2 Os direitos ambientais são direitos disponíveis? Direito disponível é aquele que se pode livremente negociar, alienar e que a autonomia da vontade é pressuposto da negociação desse direito. Direitos disponíveis – cessão de imagem e em contraposição há direitos indisponíveis, como o direito à vida, as propriedades públicas são direitos indisponíveis. O meio ambiente é disponível ou indisponível? A proteção do ambiente é disponível para o estado, ele pode escolher quando ele protege ou é um Renata Lorena Rebouças Página 20 de 33 direito indisponível, ele tem que proteger. Do ponto de vista constitucional e art. 225 temos que pensar que a indisponibilidade do ambiente é a exceção, a regra é que os bens são disponíveis. Art. 225 §1, inciso III (...) a supressão de vegetação de algum espaço do vai ser permitida por lei, vegetação nativa no espaço ambiental. No art. 225 §5o(...) são indisponíveis as terras devolutas arrecadadas pelo estado necessárias e indispensáveis a proteção ambiental (completar com a redação do código). Os bens ambientais são disponíveis? Como regra são, mas quando o texto quer tornar o bem ambiental indisponível, ele fala expressamente. Indisponíveis – escapa da capacidade do estado de alienar. No art. 225 §1, inciso III – muitas vezes o estado cria uma unidade de conservação e vai dizer nessa área quero proteger o ambiente e cria uma floresta nacional; a dúvida é: essa floresta é tão grande que ela impede que algumas pessoas construam casa. Essa unidade tem uma destinação certa, proteger o meio ambiente, se quiser suprimir vegetação tem que ter uma lei especifica. No ponto de vista prático, vamos observar algumas situações complexas, temos que aferir até que ponto pode se dispor daquele ambiente ou não. Para ajudar a doutrina começou a classificar o bem ambiental em duas espécies importantes: macro bem e micro bem. No que se refere ao bem ambiental, o macro bem ambiental é o indisponível e o disponível é o micro bem ambiental. Quando a lei ou CF quer transformar um micro bem em um macro bem tem que ser feito de forma expressa. MACRO BEM = INDISPONIVEL MICROBEM = DISPONÍVEL Conceito de meio ambiente (Ávila Coimbra): Em cima desse conceito vamos distinguir o que é macro bem e micro bem ambiental. “Meio ambiente é o conjunto de elementos bióticos e abióticos organizados em diferentes sistemas em que se vive o homem”. Macro bem ambiental – aquele conjunto de interações e elementos do conceito de ambiente. Seria aquela verificação do ecossistema trabalhando com todos os seus sistemas de forma configurada. Quando esses elementos, bióticos e abióticos se interagem e forma um ecossistema. Ex; danos ao macro bem, poluir ecossistema, poluir gravemente um mangue, gera uma influência em nossas vidas. O macro bem ambiental recebe uma ampla proteção ambiental e a sua indisponibilidade é justificada pois o macrobem é fundamental a nossa qualidade de vida. Contrapondo a essa ideia, há a ideia de microbem ambiental: essa ideia é a gente vislumbrar o ambiente, mas em seus elementos individualizados. Ex: há plantas, rios, lençóis freáticos, animais, o homem e quando isso esta harmônico, o macrobem também está. O micro bem é todo elemento integrante do sistema. Aqui temos a fauna, flora, recursos naturais, solo, subsolo, atmosfera, esse conjunto de elementos formam o macro bem e o micro bem são esses elementos individualizados. Esse micro bem individualizado, diferentemente do macro bem é um direito disponível, ou seja, eventualmente pode se dispor da menor ou maior proteção ambiental desse micro bem. A disponibilidade do microbem ambiental: Questões ambientais são essencialmente negociáveis Realização de arbitragem e transações ambientais Construção do shopping paralela, a área do shopping já estava danificada tinha algum tempo, não se sabe se o próprio dono ou outra pessoa. Aquela região deveria ser uma área de APP, nesse caso foi tolerado uma construção de um shopping, pois naquela área se entendia que estava um macrobem indisponível. Vila Alegro, a ideia era construir 4 torres e o foram 2, área de APP, a licença foi para 2 prédio e conseguiram remodelar para colocar duas torres que conseguisse não suprimir muitas árvores, o bem fosse protegido mas da mesma forma disposto naquela situação. Nenhum órgão público vão poder dispor sobre todo um ecossistema, mas podem dispor sobre elementos específicos e particulares Karen Araújo, 2017.2 em um sistema. Tem que saber qual impacto ambiental para realizar um TAC. Atos administrativos informais: não estão de forma expressa catalogados em uma lei, mas na pratica são muito utilizados por nos. Transação ambiental: A possibilidade do advogado árbitro fazer uma negociação entre o poder público e o empreendedor no que se refere ao microbem ambiental. Transação seriam os TACs, mediação. No TAC há uma ampla margem de negociação entre as partes, pode colocar ao empreendedor alguns deveres que a princípio caberia ao estado. Esse dever de fiscalização sai do estado e vai para o empreendedor. 3.4 Competências Constitucionais Ambientais - Toda a repartição de competências segue a lógica do princípio da predominância de interesse. União trabalha com interesse geral, estadosmembros com interesse regional, municipais com interesses locais e DF interesse local + regionais. 1ª classificação: - Legislativa: competência para legislar, a CF estabelece que cada ente tem a possibilidade de criar leis. - Material (Administrativas): estabelecer políticas públicas. São ligadas ao chamado poder de polícia ambiental, é exercido em duas atividades da administração pública a primeira diz respeito a fiscalização ambiental, a CF estabelece a quem cabe fiscalizar a tutela ambiental e trabalha também com o licenciamento ambiental. Ate 2010 nos vivíamos um completo caos no que se refere a essa matéria, pois não tínhamos nada além de diretrizes amplas de regulamentasse isso, em 2011 Brasil criou uma lei complementar 140 que regulamentou a competência administrativa dos entes federativos em matéria ambiental, estabeleceu critérios de repartição de atividade de políticas públicas em matéria especifica de tutela do ambiente. 2ª classificação: - Exclusivas: destinado a entes federativos e não admitem delegação - Privativas: grupo de competências que a CF atribui a um ente que admite delegação feita por uma lei complementar - Comum: natureza administrativa; atribuída a mais de um ente da federação. Agir junto para criar políticas públicas. Verificar que nesse caso os entes que a possuem podem realizar a tarefa de fiscalização e licenciamento de forma cumulativa. Art. 23 (União, estados, municípios, DF) - Concorrentes: natureza legislativa; agir juntos para criar lei. Os entes podem legislar em matéria ambiental de forma conjunta. Art. 24 (União, estados, DF) A CF permite que se classifique a competência de outra forma, levando em conta o critério da suplementaridade. A CF atribui a competência para criar de lei de forma concorrente mas distingue a atuação dos entes. Cabe a união criar normas gerais no âmbito da competência concorrente e cabe aos estados legislar de forma complementar ou supletiva. Os estados vão ter duas possibilidades de criar normas regionais: competência complementar: Os estados têm que complementar uma norma previamente estabelecida pela união e a competência suplementar, ocorre quando a união não fizer a norma geral, os estados membros podem a fazer de forma supletiva. Suplementar – exercida pelos estados membros e municípios para complementar ou suprir falta de normas gerais. Estes vão editar normas especiais. Enquanto não sobreviesse a norma geral da união, os estados membros podem legislar de forma supletiva. Se por ventura a superveniência de uma norma geral da união fez com que as normas criadas pelo estado ficassem suspensa. Art. 24 §4º. A norma geral da união ao surgir suspende a lei dos estados membros que de forma supletiva legislavam sobre normas gerais. Quando os estados membros utilizam das competências complementares. A união estabelece uma norma geral e os estados membros vão densificar essas normas gerais. Ex: política nacional do meio ambiente, depois dessa lei sobreveio a necessidade de os estados criarem normas regionais que trabalhassem com o meio ambiente, criando as políticas estaduais do meio ambiente. Cabe aos Estados fazerem uso da sua competência complementar só que as normas de competência complementar não podem entrar em confronto com as normas gerais estabelecidas pela união. Ex: a política nacional do mio ambiente estabeleceu como espécie de licenciamentos ambientais a licença previa, parcial, instalação, operação, ou seja, a Bahia criou uma nova espécie de licença. A Bahia extrapolou a sua competência? No que se refere a matéria ambiental é possível que leis estaduais criem novas licenças ambientais que a lei não criou. Há uma liberdade no que se refere a construção de novas possibilidades, pois o que importa é tutelar o ambiente, não importa como. Karen Araújo, 2017.2 3.4.1 Competência Estadual 3.4.2 Competência Municipal LICENCIAMENTO AMBIENTAL 4.0 POLÍTICA E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - Meio ambiente que leva em conta os recursos naturais, seria o meio ambiente natural. - ANTUNES, Paulo de Bessa. “Direito Ambiental” - FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. “Curso de Direito Ambiental Brasileiro” - MACHADO, Paulo Affonso Leme. “Direito Ambiental Brasileiro” 4.1 POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL “Política Ambiental” - Movimentos articulados do Poder Público: Tudo que for movimento articulado do poder público com vista a estabelecer os mecanismos capazes de promover a utilização de recursos ambientais de forma mais eficiente possível. Está usando do poder político e regulamentando nossa atividade e relação com o meio ambiente. É dividida em níveis, nosso enfoque será em nível federal. - Lei Federal nº 6938/81: Lei da política nacional do meio ambiente, estabelece a política nacional do meio ambiente de forma geral como as pessoas vão interagir com o meio ambiente. Em matéria de tutela do meio ambiente essa é a matéria mais importante. No ponto de vista especifico é possível ter normas gerais que regulamentem matérias que envolvam águas, há uma lei federal que trata de biodiversidade, contaminação de solos, a união vai estabelecer leis para microbem ambiental. É uma norma geral que compartilha mesmo nível de proteção de outras leis ambientais que tratam do meio ambiente. A união regula o macro e microbem. - Política Ambiental Estadual – Lei Estadual nº 10.431/06: Há na Bahia a nova lei de política estadual do meio ambiente, Lei feita pela Bahia no âmbito da sua competência suplementar, é uma norma específica de tutela o ambiente para a Bahia. Cada estado da federação há sua norma específica de tutela do ambiente. Essa lei regula o macro bem baiano. - Política Ambiental Municipal: Lei Mun. nº 8.915/15 4.1.1 PAPEL DE CADA UM DOS PODERES DA REPÚBLICA EXECUTIVO: Definição dos usos possíveis dos recursos ambientais: cabe a essa podem vislumbrar como esse recurso será utilizado por nos. Definição da forma pela qual os recursos ambientais são utilizados. Não adianta que ele autorize a utilização se não falar como será usado. Ex: usar a gruta para fins turísticos. Via determinação da licença ambiental, o poder executivo vai realizar o licenciamento ambiental que estabelece a forma com que esse recurso é utilizado Estabelecer políticas setoriais (energia, recursos hídricos, resíduos) é dado ao poder executivo de cuidar dos microbens, que são chamados de planos setoriais. É nesse momento que se terá um cuidado especial com ele, leva em conta as peculiaridades os elementos da natureza que estão sendo colocados. Em cada setor há um conjunto de regras muito diferentes umas das outras, por isso deve se ter esse olhar mais direcionado. Fazer cumprir e implementar as políticas ambientais (licenças, incentivos econômicos, aplicação de penalidades) – através das licenças, processo de fiscalização, tudo isso são formas de implementar essa política. Karen Araújo, 2017.2 LEGISLATIVO: Elaboração de leis – Muitas vezes estas não são criadas e criam situações de omissão constitucional, que devem ser supridas pelo executivo ou judiciário. Fixação de orçamentos das agencias ambientais Fazer controle das atividades desempenhadas pelo executivo – Cabe a esse poder fazer o controle de uma política do poder executivo, o congresso realiza um controle a posterior de uma polícia ambiental do poder executivo que esta contrário a lei. Como é feito esse controle do congresso sobre atos e atividade do poder executivo em matéria ambiental.Congresso nacional art. 49° – Atividades típicas feitas pelo congresso nacional: Aprovar iniciativas do poder executivo referentes a atividades nucleares – Cabe ao congresso aprovar as eventuais atividades do executivo que autorizam a utilização de atividades nucleares. Angra 1, 2, 3 – 1 e 2 já existem, e a usina angra 3 está em projeto. As duas primeiras foram construídas antes de 88. Angra 3 foi autorizada pelo governo federal via decreto a sua construção, se ler o artigo 49 essa autorização de construção não pode ser feita pelo decreto, ela só pode ser feita pela resolução do congresso nacional. Nesse casso essa questão foi levada ao TRF e este deu uma decisão bem complexa: de fato o art. 49° indica que cabe ao legislativo autorizar essa atividade, porem foi decretado pelo executivo, expedido antes da CF/88, ou seja, o decreto expedido na CF de 67 e a usina não foi construída nesse período, ela só será construída quando estará valendo a CF/88. Esse decreto ainda vale? O TRF determinou que a lei do tempo rege o ato, se nesse período vigorava uma CF que não havia uma norma restritiva, não teria problema, porém, a mesma não foi construída naquela época. O que se aplica? O TRF acredita que não se aplica o art. 29°, mas a decisão ainda está no STF. Autorizar, em terras indígenas, a exploração e ao aproveitamento de recursos hídricos e pesquisa em lavra de minerais – Envolve transposição do rio são Francisco, um dos trechos que vai ser transporte passa por terra indígena, no projeto, o canal iria alagar, durante o processo de licenciamento nada foi falado, não houve autorização do congresso nacional, caberia a ele sustar o andamento da obra de transposição, essa competência é do congresso, se o projeto passa por terra indígena e não conta com a autorização do congresso pode ser suspenso, mas não será pois tem um interesse político e não se respeitou de ponto formal a CF; Ex: possibilidade do congresso aprovar. Se for um controle a posterior, caberia a sustação do projeto. Aprovar previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares. JUDCIÁRIO: Revisão de atos administrativos que tenha repercussão sobre o meio ambiente. Cabe ao juiz uma participação inerte, apenas quando for provocado ele participar. A lógica dele é que a ele será dado o dever de revisar os atos administrativos que tenha repercussão sobre o meio ambiente. Ex: multa excessiva. O juiz ira julgar se isso é legal ou não Controle de constitucionalidade – Quando uma lei ambiental contrariar uma norma. Provocação pelo cidadão: Ação Popular (Lei 4.717/65), Ação Civil Pública (Lei 7347/85), Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8429/92). MINISTÉRIO PÚBLICO (MP): Embora não seja um dos poderes da república, tem uma função essencial à justiça. Cabe nos termos da CF: Integrar a fiscalização dos atos e procedimento – Fiscal da lei, o poder público não estando atuando de maneira correta, cabe ele atuar de maneira decisiva a partir de ações judiciais. PNMA – Responsabilização daquele que fossem causadores de danos ao meio ambiente – o MP vai entrar com as ações contra os poluidores, com a CF/88 esse papel foi abrangente, não só a simples responsabilização, mas a proteção de todo e qualquer interesse difuso como falava a lei da ação pública de 1985. Lei de ação civil pública (7347/85) – Proteção de todo e qualquer interesse difuso. Atuação do MP extrajudicial – O MP vai ter dois ramos de trabalho, o judicial e o extrajudicial. No extrajudicial, o MP trabalha com a lógica de ser o ambiente um bem disponível (microbem) e se restringe a isso, o MP não pode dispor do macrobem. Cabe ao MP celebrar (i) transações Karen Araújo, 2017.2 (acordos que obrigue o poluidor a fazer algumas atividades e desobriguem o MP a entrar com uma ação judicial) ou (ii) termos de ajustamento de conduta (TAC’S) (o MP, o empreendedor e o poder público discutem como vai ser protegido o meio ambiente de forma integral). Muitas vezes o MP assume a gestão do ambiente que deveria ser feita pelo poder público. TAC dá liberdade de atuação do MP no que se refere a proteção do microbem ambiental. Ativismo judicial na temática ambiental? Como o juiz arvorando-se na vontade do ímpeto de tutelar o meio ambiente extrapola o seu limite de competência. Há uma ilha no pará que é uma área de preservação ambiental, existe uma série de restrições contra o uso, entende-se que lá há um recurso ambiental importante de ser preservado. Nessa ilha, não havia política local de coletar os resíduos elaborados, as pessoas jogavam lixo na rua, mar e rios. O MP entrou com uma ação civil pública (ACP) contra o município pertencente requerendo que o mesmo fizesse essa gestão sanitária, o juiz disse que terá que ser feita essa gestão, inclusive a coleta seletiva na ilha. O município não gostou da decisão e recorreu ao TRF e confirmou a liminar do juiz com tal determinação. A gestão sanitária é imprescindível, porém, a implementação de uma coleta seletiva é algo mais complexo, pois tem que criar uma estrutura para gerir e para esta ser implementada teria que suprir uma área de área verde. Vale mais a pena deixar a gestão como está ou criar uma coleta seletiva que teria que mudar com o ambiente e estrutura de toda a ilha? Tem que ser pensado não pelo juiz e sim pelo executivo. Tem que ser pensar na logística e não apenas em instalar. O juiz extrapolou sua competência ao implementar uma política ambiental especifica. 4.2 POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA - Lei Federal nº 6.938/81: Lei veio da influência de Estocolmo, se preocupou de forma direta com a temática ambiental. - Objetivos (art. 2º): “A preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar ao País condições de desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” 4.2.1 CONCEITOS BÁSICOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA Art. 2º (PMNA): I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; (Princípio do intervenção obrigatória do Estado) II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; (Princípio do limite ou capacidade de suporte) III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; (Princípio do limite ou capacidade de suporte) IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; (Princípio do limite ou capacidade de suporte) VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; (Princípio da precaução e prevenção) VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; (Princípio da precaução e prevenção) VIII - recuperação de áreas degradadas; (Princípio do poluidor-pagador) IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; (Princípio do poluidor-pagador) X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. (Princípio da informação ou participação) 4.2.2 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – PNMA - Influência do art. 225, §1º da CF: ideia de criarmos uma unidade de conservação no Brasil. - Instrumentos (art. 9º, PNMA): a) Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental: (i) PROCONVE - Programa de controle de poluição do ar em veículos automotores (Res. 86/86), (ii) PRONAR - Programa de Qualidadedo Ar. (Res. 03/90), (iii) PROAGUA - Padrão de qualidade das águas. (Res. 357/2005). Karen Araújo, 2017.2 b) Zoneamento Ambiental: 1. Diretrizes específicas para as Unidades territoriais (“Zonas”); 2. Estabelecimento de locais ambientalmente adequados; 3. Dec. 4297/02: (i) Zonas de uso estritamente industrial (ii) Zonas de uso predominantemente industrial (iii) Zonas de uso diversificado (iv) Zona de reserva ambiental c) Avaliação de Impacto Ambiental: Procedimento dentro do qual ocorrerá o Licenciamento Ambiental d) Licenciamento e Revisão das Atividades Poluidoras: (i) Art. 10 da PNMA. (ii) Art. 17 a 32 do Decreto 99.274/90. (iii) Resolução CONAMA 237. (iv) Lei complementar 140/11. 4.3 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – SISNAMA - Lei 6938/81 (PNMA) - Influência do “Nacional Enviromental Policy Act” norte-americano. - Conunto de órgãos/instituições, vinculadas ao Poder executivo que são encarregados da proteção ao meio ambiente - Níveis Federal, Estadual e Municipal. 4.3.1 ÓRGÃOS DO SISNAMA SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) Órgão Superior Conselho de Governo Órgão central Ministério do Meio Ambiente - MNA Órgão consultivo e deliberativo CONAMA Órgão Executor IBAMA/ICMBIO Órgãos Setoriais Órgãos Federais Órgãos Seccionais Órgãos Estaduais Órgãos Locais Órgãos Municipais Na Bahia, o órgão estadual se chama INEMA. Em salvador, o órgão local chama-se SEDUR (antiga SUCOM). Cada Estado membro e município vai ter um órgão local que compõe o SISNAMA. Cada órgão tem seu modo de atuação e suas competências, mas, nada impede que eles se ajudem. Há a cooperação entre os órgãos. 4.3.2 COOPERAÇÃO ADMINISTRATIVA ENTRE ÓRGÃOS DO SISNAMA - Instrumentos de Cooperação (Art. 4º, a LC 140/11): (I) Consórcios Públicos; (II) Convênios, Acordos de cooperação técnica – podem ser firmados por prazo indeterminado. - Criação de: Comissão Tripartite Nacional; Comissão Tripartite Estadual; Comissão Bipartite do DF. Fundos Públicos e Privados. Delegação de Atribuições de um ente federativo para o outro. Delegação de Execução de Ações Administrativas de um ente para outro 4.3.3 DELEGABILIDADE DE ATRIBUIÇÕES - Art. 4º, V da LC 140/11 - Requisitos (art. 5º): (i) Órgão Ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas; “Órgão Capacitado”: Aquele que possui seus técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a serem delegadas. (ii) Conselho do Meio Ambiente. Karen Araújo, 2017.2 4.3.4 CONSELHO DE GOVERNO (Órgão Superior) - Presta assessoria ao Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o MA (art. 6°, I da PNMA) - É desconhecida a sua atuação em matéria ambiental - Membros = todos os ministros + órgãos da presidência + AGU. - Na prática, não funciona. 4.3.5 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Órgão Central) - Criado em 1992. - Lei 8490/92 - Planeja, coordena, supervisiona e controla a PNMA - É integrado por 7 conselhos: 1. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 2. Conselho Nacional da Amazônia legal (CONAMAZ) 3. Conselho Nacional de florestas - CONAFLOR 4. Conselho Nacional de Gestão do Patrimônio Genérico 5. Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH 6. Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente 7. Comissão de Gestão de Florestas Públicas 4.3.6. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA (órgão consultivo e deliberativo) OBJETIVOS: O CONAMA é fundamental, pois ele tem uma função específica no SISNAMA. Pois, o CONAMA, é ser um órgão deliberativo e consultivo do sistema. O CONAMA tem quase que uma vida autônoma em relação ao Ministério do Meio Ambiente. O Conama tem que respeitar o principio da legalidade, o que ele determina tem força normativa, mas não é lei. Assessorar – Estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes e políticas governamentais para o Meio Ambiente. Deliberar – dar opiniões, pareceres, que não são vinculantes, apenas assessoram alguém. PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS (art. 8° do CONAMA) (são 7 competências, o prof falou de 4) 1. Estabelece normas e critérios para o licenciamento 2. Determinar e apreciar o ELARIMA 3. Julgar recursos administrativos das multas do IBAMA 4. Editar normas (resoluções) e padrões de qualidade ambiental 4.3.6.1 Órgãos do CONAMA COMPOSIÇÃO (art. 4° Do Decreto n° 99.274/90 – decreto que regulamenta a lei 6938/92) Plenário: - Câmara especial recursal: (julga recursos contra atos do IBAMA); - Comitê de integração de políticas ambientais; - Câmaras técnicas; - Grupos de trabalho; e - Grupos assessores. COMPETÊNCIA RECURSAL DO CONAMA? - Revogação do inc. III do caput do art. 8° do PNMA, pela lei 11.941/09 4.3.7 IBAMA (Órgão Executor) – IBAMA - Autarquia Federal – Lei n° 7735/89 - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ATRIBUIÇÕES DO IBAMA (art. 2° da lei 7735/89): - Exercer o Poder de Polícia Ambiental: só o exerce no âmbito da sua competência federal (No âmbito dos estados e dos municípios, também vão existir órgãos que vão exercer o poder de polícia ambiental. Ex: na Karen Araújo, 2017.2 Bahia, o INEMA exerce o poder de policia ambiental; em salvador, a SEDUR (SUCOM), também exerce poder de polícia ambiental. - Executar Ações das PNMA, referentes às atribuições federais relativas à: 1. Licenciamento Ambiental; 2. Controle da Qualidade ambiental; 3. Autorização de uso dos recursos naturais; e 4. Fiscalização, monitoramento e controle ambiental a partir de diretrizes do MMA - Executar ações supletivas de competência da União. 4.3.8 INSTITUTO CHICO MENDES (Órgão Executor) - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes; - Autarquia Federal – Lei 11.516/07; - Atribuições Previstas no art. 1° da lei 11.516/07. - Exerce poder de polícia no âmbito das unidades conservação federal (APENAS FEDERAIS). 4.3.9 SISTEMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (Bahia) - Órgão Central: Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) - Órgão Deliberativo e Consultivo: (i) Conselho Estadual de Meio Ambiente (CEPRAM) – Lei Estadual nº 10.431/06, (ii) Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH (Recursos Hídricos) – Lei Estadual nº 11.612/09 - Órgão Executor: (i) Antigo CRA, (ii) Extinção do IMA (Meio Ambiente) e INGÁ (Gestão de Águas), (iii) Criação do INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos) – Lei Estadual nº 12.212/11 VER NO VADE MECUM SE TEM O ATO CONAMA 237 5.0 LICENCIAMENTO AMBIENTAL E ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - ANTUNES, Paulo de Bessa. “Direito Ambiental” - FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. “Curso de Direito Ambiental Brasileiro” - MACHADO, Paulo Affonso Leme. “Direito Ambiental Brasileiro” - THOMÉ, Romeu. “Manual de Direito Ambiental” 5.1 LICENCIAMENTO AMBIENTAL - Licença Ambiental X Licença Administrativa: No licenciamento ambiental o ato vai ser mais ou menos vinculado a depender do procedimento. Essa é a substancial diferença entre a licença ambiental e a licença administrativa. No licenciamento administrativo eu tenho uma situação de plena vinculação, enquanto que na ambiental não há. Porque a temática ambiental exige uma preservação
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