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MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES PATOS-PB 2012

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CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL 
CAMPUS DE PATOS – PB 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PATOS-PB 
2012 
 
 
JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES 
 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Medicina Veterinária da Universidade Federal 
de Campina Grande como requisito parcial para a 
obtenção do título de Doutor em Medicina 
Veterinária. 
 
Orientador: Prof. Dr. Franklin Riet-Correa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PATOS-PB 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTECA SETORIAL DO 
CSTR / UFCG - CAMPUS DE PATOS – PB de acordo com a AACR2 
 
S237c Santos, José Rômulo Soares dos 
2012 
 Malformações em pequenos ruminantes /José Rômulo Soares dos 
Santos – Patos - PB: CSTR, UPGMV, 2012. 
 54f. 
 Inclui bibliografia 
 
 Orientador: Franklin Riet-Correa 
 Tese (Doutorado em Medicina Veterinária – Centro de Saúde e 
Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande). 
 
 1 – Malformações. 2 – Mutação genética. 3 - Plantas tóxicas. 4 – 
Pequenos ruminantes. I - Título 
 
 CDU: 615.9:619 
 
 
 
 
JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS 
 
MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Medicina Veterinária da Universidade Federal 
de Campina Grande como requisito parcial para a 
obtenção do título de Doutor em Medicina 
Veterinária. 
 
Aprovada em 20/12/2012 
BANCA EXAMINADORA 
 
Prof. Dr. Franklin Riet-Correa - Orientador 
Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB 
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária 
 
Prof. Dr. Suedney de Lima Silva 
Universidade Federal da Paraíba – Faculdade de Veterinária – Areia-PB 
 
Prof. Dr. Fabio de Souza Mendonça 
Universidade Federal Rural de Pernambuco 
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal 
 
Prof. Dr. Gildenor Xavier Medeiros 
Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB 
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária 
 
Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto 
Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB 
Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	
	
“Dedico	este	trabalho	ao	professor	Franklin	Riet	Correa	Amaral	por	
semear	no	semiárido	sertanejo	paraibano	a	semente	da	busca	pelo	
conhecimento,	e	que	ela	brote	e	floresça	entre	as	cactáceas	para	o	bem	maior	
que	é	a	saúde	animal	e	a	consolidação	da	Medicina	Veterinária.”	
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos animais fonte de estudo e figuras que devem ser zeladas pelos seres humanos, 
principalmente pelos médicos veterinários. 
A Lucas e Rafaela, anjos amados eternos na minha vida, o meu pedido de perdão por 
todos esses 8 anos em pós graduação e de tempo que deixei de me dedicar melhor a vocês. 
A minha querida Ariana, um anjo que me fez enxergar coisas simples e importantes 
que poucos dão importância. 
Minha eterna gratidão e desculpas pelos transtornos ao grande amigo Flávio, que foi 
essencial na execução deste trabalho. 
Aos Guerreiros Flávio, Sara, Almir e Eldinê, por não medirem esforços na dedicação 
com o cotidiano do Hospital Veterinário. Gostaria que houvesse mais pessoas tão 
comprometidas quanto vocês. A Sara, especialmente, pela forma única e idônea de pensar na 
saúde dos Ruminantes. 
Ao professor Gil, exemplo de educador, que me fez enxergar que a educação está além 
de transmitir conhecimento e elaborar e corrigir provas. 
Ao professor Danilo, em nome do qual agradeço a UAMV e o Governo Federal, pela 
liberação e pelo estimulo na realização desse sonho. 
Aos amigos inesquecíveis que fiz no doutorado Fabrício, Luciano, Diego, Allan, 
Glauco, Eduardo, Lisanka, Talita e Luiza, meu respeito e minha consideração. 
A Nevinha e Dal, grandes amigos, em nome dos quais agradeço a todos os 
funcionários. 
A Marta, Bela e Jade, graduandas da Medicina Veterinária, e grandes amigas. 
Enfim, a todos MUITO OBRIGADO! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta tese inclui uma revisão de literatura e dois artigos. O primeiro capítulo é uma revisão que 
abrange princípios gerais da teratologia, a epidemiologia, o diagnóstico, a clínica e a patologia 
das malformações em pequenos ruminantes. No artigo que corresponde ao segundo capítulo, 
foi estudado a teratogenicidade de Mimosa tenuiflora. Quinze ovelhas, distribuídas em dois 
grupos foram introduzidas em área invadida pela planta. O Grupo 1, com seis ovelhas 
prenhes, foi introduzido na área experimental 20 dias após o acasalamento. O Grupo 2, 
formado por nove ovelhas não prenhes e um carneiro, foi introduzido na área experimental no 
início do experimento. A cada 15 dias eram realizados exames ultrassonográficos para 
acompanhamento da gestação. No Grupo 1, três ovelhas abortaram, cada uma um feto sem 
malformações. Outra ovelha pariu dois cordeiros, um com hiperflexão na articulação inter-
falangeana proximal no membro torácico direito e outro sem malformações. Outra ovelha 
pariu um cordeiro com hiperflexão dos dois membros pélvicos na região da articulação tarso-
metatársica. No grupo 2, uma ovelha abortou um feto sem malformações e cinco pariram 
cordeiros normais. Três das ovelhas desse grupo não emprenharam durante todo o período 
experimental, mostrando retornos repetidos ao cio, sugerindo perda embrionária. Concluiu-se 
que M. tenuiflora, além de causar malformações causa, também, mortalidade embrionária e 
abortos em ovelhas. No terceiro capitulo, o artigo relata os achados clínicos e patológicos de 
um caprino com lisencefalia e hipoplasia cerebelar. No exame físico, esse caprino de 30 dias, 
apresentava incoordenação e incapacidade de ficar em pé, decúbito esternal permanente, 
ataxia, ausência do reflexo de ameaça, tremores de intenção e nistagmo. Após 11 dias de 
internamento o caprino foi eutanasiado e necropsiado. Na necropsia, o cérebro não 
apresentava giros e sulcos e o cerebelo estava reduzido de tamanho. Histologicamente, em 
todo o córtex cerebral, a substância cinzenta estava mais espessa e a substância branca mais 
fina que o normal. Os neurônios estavam distribuídos de forma aleatória na substância 
cinzenta. No cerebelo, as camadas estavam desorganizadas, com localização heterotópica das 
células. Os achados macroscópicos e histológicos são característicos de lisencefalia e 
hipoplasia cerebelar. Lisencefalia é uma doença rara na medicina veterinária e não tinha sido 
descrita em caprinos. 
 
Palavras-chave: aborto, malformações congênitas, mortalidade embrionária, mutações 
gênicas, plantas tóxicas, teratógenos. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This thesis includes a review and two papers. The first chapter is a review about general 
principles of teratology and epidemiology, diagnosis, clinical signs and pathology of 
malformations in small ruminants. The second chapter is a paper that studied the 
teratogenicity of Mimosa tenuiflora. Fifteen sheep, divided into two groups, were introduced 
into an area invaded by the plant. Group 1 consisted of six pregnant ewes that were introduced 
into the experimental area 20 days after mating. Group 2 consistedof nine non pregnant sheep 
and a ram introduced into the area at the start of the experiment. Every 15 days each sheep 
was examined by ultrasound to control pregnancy. In Group 1, three sheep aborted single 
fetuses without malformations. One sheep delivered two lambs, one with hyperflexion of the 
proximal inter-phalangeal joint of the right forelimb and another without malformations. 
Another sheep delivered a lamb with a hyperflexion of both hindlimbs in the region of the 
tarsal-metatarsal joint. Only one sheep delivered a normal lamb. In Group 2, one sheep 
aborted a fetus without malformations and five delivered normal lambs. Three sheep of this 
group returned to estrus repeatedly and did not get pregnant during the mating period, 
suggesting embryonic loss. It is concluded that M. tenuiflora cause malformations, embryonic 
mortality and abortion in sheep. In the third chapter, the paper relates a case of lissencephaly 
and cerebellar hypoplasia in a goat. The goat presented sternal recumbence, absent menace 
response, intention tremors, ataxia, and nystagmus. It was euthanized and necropsied after 
been hospitalized during eleven days. At necropsy, the surface of the brain was smooth, 
cerebral sulci and gyri were absent, and the cerebellum was reduced in size. Histologically, in 
all cerebral cortex, the grey matter was thicker and the white matter was thinner than normal. 
The neurons were arranged randomly in the grey matter. In the cerebellum, the layers were 
disorganized and there was heterotopy of the cells. The histologic and gross lesions are 
characteristic of lissencephaly associated with cerebellar hypoplasia. Lissencephaly is a rare 
disease in veterinary medicine and had not been reported previously in goats. 
 
Keywords: Abortions, congenital malformations, embryonic mortality, genic mutations, 
poisonous plants, teratogens. 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
CAPÍTULO II 
 
Figura 1. Cordeiro mostrando hiperflexão na articulação inter-falangeana proximal 
no membro torácico direito, na intoxicação por Mimosa tenuiflora........................... 
 
 
41
Figura 2. Cordeiro mostrando hiperflexão dos membros pélvicos na região da 
articulação tarso-metatársica, na intoxicação por Mimosa tenuiflora......................... 
 
42
 
CAPÍTULO III 
 
 
Figura 1. Caprino com lisencefalia e hipoplasia cerebelar. (A) Vista dorsal 
mostrando ausência de giros e sulcos na superfície telencefálica e hipoplasia 
cerebelar. (B) Corte transversal. A substância cinzenta está mais espessa que o 
normal (paquigiria) e a substância branca mais fina. A substância branca não se 
invagina na substância cinzenta. (C) Cerebelo mostrando disgênese cortical 
caracterizada por ninhos de neurônios granulares com raras células de Purkinje na 
periferia da substância branca (H-E, 10x). (D) Córtex frontal. Uma desorganização 
dos neurônios corticais é observada na substância cinzenta. Os neurônios estão 
distribuídos aleatoriamente da camada molecular superficial até a camada cortical 
mais profunda, sem padrão de organização laminar (H-E, 10x)................................. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 09
Referências............................................................................................................. 10
CAPÍTULO I – Malformações em pequenos ruminantes – Revisão de Literatura 11
Abstract.................................................................................................................... 12
Resumo..................................................................................................................... 13
1.Introdução.................................................................................................................. 13
2.Princípios da teratogenicidade e patogênese geral................................................ 14
3.Etiologia das malformações................................................................................ 17
 3.1 fatores intrínsecos............................................................................................. 17
 3.2 fatores extrínsecos............................................................................................. 18
4.Epidemiologia............................................................................................................ 25
5.Achados clínicos e patológicos ............................................................................... 26
6.Diagnóstico................................................................................................................ 27
7.Controle e profilaxia.................................................................................................. 28
8.Considerações finais.................................................................................................. 29
9.Referências................................................................................................................ 29
CAPÍTULO II – Malformações, abortos e mortalidade embrionária em ovinos 
causada pela ingestão de Mimosa tenuiflora (Leguminosae)...................................... 
 
35
Abstract............................................................................................................... 36
Resumo................................................................................................................. 37
Introdução............................................................................................................. 38
Material e Métodos............................................................................................... 38
Resultados............................................................................................................. 40
Discussão.............................................................................................................. 41
Referências............................................................................................................ 42
CAPÍTULO III – Lisencefalia e hipoplasia cerebelar em caprino............................ 45
Abstract................................................................................................................. 46
Resumo................................................................................................................. 46
Referências............................................................................................................ 51
CONCLUSÕES............................................................................................................ 54
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
A exploração de caprinos e ovinos é a principal atividade pecuária no semiárido 
brasileiro e tem importância cultural e socioeconômica histórica no desenvolvimento da 
região Nordeste. Os rebanhos caprino e ovino na região nordeste são expressivos, 
constituindo uma população de 10.160.737 de caprinos e de 6.717.980 ovinos. Muitos 
entraves existem na pecuária Nordestina: o período de estiagem; a disponibilidade de 
alimentos e as doenças. Entre os problemas patológicos de pequenos ruminantes, as 
malformações representam 23% das causas de mortes neonatais em cordeiros (Nóbrega Junior 
et al. 2005), e 7,62% em cabritos (Medeiros et al. 2005). No Nordeste brasileiro estimam-se 
perdas anuais de 273.120 cabritos e 259.582 cordeiros por malformações. Esses dados foram 
estimados considerando 56% de fêmeas em idade de reprodução, uma taxa de natalidade de 
1,6 para caprinos e 1,0 para ovinos e 30% de mortalidadeperinatal (Riet-Correa et al. 2007). 
Além da mortalidade perinatal, as anomalias congênitas estão relacionadas à perdas 
embrionárias e abortos levando a dimuição da eficiência reprodutiva dos rebanhos caprino e 
ovino e causando perdas econômicas importantes (Dantas et al. 2012). 
Individualmente, a maioria das malformações ocorre raramente. Quando aparecem 
repetidamente em um dado rebanho ou área geográfica tornam-se alvo de investigação. No 
entanto, boa parte dos defeitos não é relatada e poucos são os registros de sua ocorrência. O 
estudo das malformações não é simples, principalmente no que se refere ao estudo genético. 
A falta de informação adequada, a inadequada descrição anátomo-patológica das 
malformações, a inadequada análise genética e a falha na interpretação dos achados que 
contribuem para o entendimento e associação entre os processos embriológicos, patológicos e 
de natureza genética constituem deficiências com relação ao estudo dos defeitos congênitos 
nos animais domésticos (Leipold et al. 1983). 
 Devido a essa falta de informação há dificuldade no estudo das anomalias e 
determinação das possíveis causas, de forma que o diagnóstico é um desafio na prática 
veterinária. São poucos os dados sobre a ocorrência de defeitos congênitos em pequenos 
ruminantes no Brasil, a não ser por estudos com Mimosa tenuiflora (Pimentel et al. 2007, 
Dantas et al. 2012, Santos et al. 2012) e poucos relatos de casos individuais como 
perossomus elumbis em ovinos (Castro et al. 2008) e epidermólise bolhosa em caprinos 
(Medeiros 2012). Para diminuir as perdas reprodutivas dos rebanhos caprino e ovino é 
importante o estudo das malformações. 
10 
 
Esta tese inclui três capítulos: o primeiro é uma revisão de literatura sobre 
malformações em pequenos ruminantes; o segundo é um artigo, que se intitula 
“malformações, abortos e mortalidade embrionária em ovinos causada pela ingestão de 
Mimosa tenuiflora (Leguminosae)”; e o terceiro é um artigo intitulado “lisencefalia e 
hipoplasia cerebelar em caprino”. 
 
REFERÊNCIAS 
Castro M.B., Szabó M.P.J., Moscardini A.R.C. & Borges J.R.J. 2008. Perosomus elumbis em 
um cordeiro no Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, 38(1):262-265 
Dantas A.F.M., Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Lopes J.R., Gardner D.R., Panter K. & 
Mota R.A. 2012. Embryonic death in goats caused by the ingestion of Mimosa tenuiflora. 
Toxicon 59 (5) 555-557. 
Leipold, H.W.; Huston, K.; Dennis, S.M. Bovine congenital defects. Advances in Veterinary 
Science and Comparative Medicine, v. 27, p. 197-271, 1983. 
Medeiros J.M., Tabosa I.M., Simões S.V.D., Nóbrega Júnior J.E., Vasconcelos J.S. & Riet-
Correa F. 2005. Mortalidade perinatal em caprinos no semi-árido da Paraíba. Pesquisa 
Veterinária Brasileira. 25(4): 201-206. 
Medeiros G.X. Riet-Correa F., Barros S.S., Soares M.P., Dantas A.F.M., Galiza G.J.N., 
Simões S.V.D., Borges A.S. 2012. Dystrophic epidermolysis bullosa in goats. Journal of 
Comparative Pathology, In Press, Corrected Proof, Available online 1 November 2012. 
http://dx.doi.org/10.1016/j.jcpa.2012.09.002. 
Nóbrega Júnior J.E., Riet-Correa F., Nóbrega R.S., Medeiros J.M., Vasconcelos J.S., Simões 
S.V.D. & Tabosa I.M. 2005. Mortalidade perinatal de cordeiros no semi-árido da Paraíba. 
Pesq. Vet. Bras.. 25(3): 171-178. 
Pimentel L.A., Riet Correa F., Gardner D., Panter K.E., Dantas A.F.M., Medeiros R.M.T., 
Mota R. A. & Araújo J.A.S. 2007. Mimosa tenuiflora as a cause of malformations in 
ruminants in the Northeastern Brazilian semiarid rangelands. Vet. Pathol. 44(6):928-931. 
Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Tokarnia C.H. & Döbereiner J. 2007. Toxic plants for 
livestock in Brazil: economic impact, toxic species, control measures and public health 
implications, p.2-14. In: Panter K.E., Wierenga T.L. & Pfister J.A. (ed.). Poisonous plants: 
global research and solutions. CAB International, Cambridge. EUA. 
Santos J.R., Dantas A.F.M. & Riet-Correa F. 2012. Malformações, abortos e mortalidade 
embrionária em ovinos causada pela ingestão de Mimosa tenuiflora (Leguminosae). Pesq. 
Vet. Bras. 32(11):1103-1106. 
11 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 
Malformações em pequenos ruminantes - Revisão de Literatura 
 
O presente trabalho foi formatado, segundo as normas da revista Pesquisa Veterinária 
Brasileira (Anexo 2). 
12 
 
Malformações em pequenos ruminantes. Revisão de literatura1 
 
José Rômulo Soares dos Santos2 e Franklin Riet-Correa2 
 
ABSTRACT. Santos J.R.S., & Riet-Correa F. 2012. [Malformations in small ruminants. 
Review.] Malformações em pequenos ruminantes. Revisão de literatura. Pesquisa Veterinária 
Brasileira 00(0):00-00. Hospital Veterinário, CSTR, Universidade Federal de Campina 
Grande, Campus de Patos, 58708-110 Patos, PB, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br 
In this paper the general pathogenesis, etiology, epidemiology, clinical signs, 
pathology, diagnosis and control of malformations in sheep and goats are reviewed. 
Congenital malformations can be defined as any morphologic or functional defect of an organ 
or system at birth. These malformations can occur during the development of the embryo or 
the fetus. Their origin can be intrinsic (chromosomic or genic alterations) or extrinsic 
(infectious, physical or chemical agents). The frequency of congenital malformations in sheep 
and goats is variable depending on the causal agents involved (hereditary or environmental), 
breeds, geographical areas, and season of occurrence. When malformations occur as 
outbreaks, it is possible that the cause is non-hereditary and when it occurs sporadically, can 
be inherited. Besides the epidemiology, the clinical signs and the pathology aid in the 
diagnosis. All organs and systems are susceptible to malformations, but the musculoskeletal 
system, nervous system and urogenital system are more frequently involved. The lack of 
information is the main obstacle in diagnosis of the causes of congenital malformations, 
especially sporadic malformations, which in most cases are not reported. In Brazil, there are 
few data on the occurrence of congenital defects in small ruminants, especially goats, except 
for studies with Mimosa tenuiflora and few individual case reports as perossomus elumbis in 
sheep and epidermolysis bullosa in goats. To report the malformations associated with a 
detailed epidemiological investigation is important for the identification of the causes and to 
allow their control. 
 
INDEX TERMS: Congenital malformations, genic mutation, poisoning plants, teratology. 
 
                                                            
1 Enviado para publicação em….. 
Aceito em ...... 
2 Hospital Veterinário, Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR), Universidade Federal de Campina Grande 
(UFCG), Campus de Patos, 58708-110 Patos, PB, Brasil. *Autor para correspondência: franklin.riet@pq.cnpq.br 
13 
 
RESUMO. Neste trabalho é realizada uma revisão da etiologia, epidemiologia, patogenia, 
sinais clínicos, patologia, diagnóstico e controle das malformações em caprinos e ovinos. 
Malformações congênitas podem ser definidas como todo defeito morfológico ou funcional 
em um órgão ou sistema presente ao nascimento. Esses defeitos podem ocorrer nas fases de 
desenvolvimento embrionário ou fetal podendo ser de origem intrínseca (alterações 
cromossômicas ou genicas) ou extrínseca (agentes infecciosos, físicos e químicos). A 
frequência das malformações congênitas em caprinos e ovinos é variável, dependendo dos 
agentes causais envolvidos (hereditária ou ambiental), das raças, áreas geográficas e estação 
do ano. Quando malformações ocorrem em forma de surtos, suspeita-se que a origem é não-
hereditária e quando ocorre de formaesporádica, pode ser de origem hereditária. Além da 
epidemiologia, os achados clínicos patológicos dão suporte para o diagnóstico. Qualquer 
sistema ou órgão é susceptível à ocorrência de malformações, mas os sistemas músculo-
esquelético, sistema nervoso e o sistema urogenital são mais frequentemente envolvidos. A 
falta de informação é o principal entrave no rastreamento das possíveis causas das 
malformações congênitas, principalmente as malformações esporádicas, que na maioria das 
vezes não são relatadas. No Brasil, há poucos dados sobre a ocorrência de defeitos congênitos 
em pequenos ruminantes, principalmente caprinos, a não ser por estudos com Mimosa 
tenuiflora e poucos relatos de casos individuais como perossomus elumbis em ovinos e 
epidermólise bolhosa em caprinos. O relato do aparecimento de malformações associada a 
uma detalhada investigação epidemiológica é fundamental para a identificação das causas das 
malformações e permite a tomada de medidas eficientes para o seu controle. 
 
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Malformações congênitas, teratologia, mutação gênica, plantas 
tóxicas. 
 
1. INTRODUÇÃO 
Na antiguidade, acreditava-se que influências extrínsecas como “maus espíritos” ou dietas 
podiam influenciar sobre desenvolvimento embriológico dos seres humanos e animais. No 
século XIX, Etienne Geoffroy de Saint Hilaire estudou anomalias e criou o termo teratologia. 
Na Europa, entre os anos 1950 e 1960, a teratologia ganhou atenção da comunidade científica 
mundial devido aos efeitos deletérios da hipovitaminose A em embriões de ratos e porcos e 
aos efeitos da talidomida, um sedativo utilizado durante a gravidez em seres humanos, que 
resultou em malformações de membros em recém-nascidos. Até então, os defeitos congênitos 
eram, na sua grande maioria, atribuídos a herança genética e a partir daí, a teratologia se 
14 
 
estabeleceu como ciência ligada à embriologia (Leipold et al. 1983, Sinowartz 2010). Hoje, 
malformações congênitas são definidas como todo defeito morfológico estrutural ou funcional 
na constituição de algum órgão ou sistema presente ao nascimento. Esses defeitos podem 
ocorrer nas fases de desenvolvimento embrionário ou fetal e podem ser de origem intrinseca 
(alterações cromossômicas ou genéticas) ou extrínseca (agentes infecciosos, físicos e 
químicos) (Sinowarts 2010). Podem ser letais, semiletais ou compatíveis com a vida (Leipold 
et al. 1983). 
 
2. PRINCÍPIOS DA TERATOGENICIDADE E PATOGÊNESE GERAL 
A patogênese dos defeitos congênitos é pouco entendida, mas é evidente que cada doença 
ocasionada por um agente teratogênico específico ou gene tem sua própria patogênese. Seis 
princípios regem a teratologia: 
 
2.1. O GENÓTIPO DETERMINA A SUSCEPTIBILIDADE 
A herança genética não é responsável por induzir uma malformação causada por um 
teratógeno, mas existe uma considerável variação na suscetibilidade a teratógenos entre 
genótipos. Em animais domésticos, o tipo e a incidência das malformações variam entre 
espécies e entre raças. Por exemplo, ovelhas prenhes são mais resistentes aos efeitos 
teratogênicos da Conium maculatum do que vacas (Keeler 1984). 
 
2.2. O TERATÓGENO DEVE CHEGAR AO CONCEPTO 
Todos os produtos químicos livres no plasma materno tem acesso ao concepto através 
da placenta (Keeler 1984, McEvoy et al. 2001). 
 
2.3. AS MALFORMAÇÕES INDUZIDAS PELOS TERATÓGENOS SÃO 
DOSE-DEPENDENTE 
 O efeito teratogênico é dose-dependente e a incidência, o tipo e a severidade da 
malformação dependem da composição do principio ativo, do estágio da gestação em que 
ocorre a ingestão e da quantidade do teratógeno ingerido (Panter et al. 1998, McEvoy et al. 
2001, Welch et al. 2011). Fatores que determinam a dose de teratógenos que chegam ao 
concepto incluem: a quantidade do princípio ingerido; a quantidade resultante da degradação 
no rúmen e intestino; a quantidade absorvida na circulação materna; a quantidade resultante 
do metabolismo; a quantidade que passa a placenta e atinge a circulação do concepto; a 
quantidade que atinge o local do insulto; e o período gestacional. 
15 
 
 
2.4. UM TERATÓGENO PODE PRODUZIR MORTE AO INVÉS DE 
MALFORMAÇÕES 
A alta incidência de abortos e reabsorção embrionária podem sinalizar problemas com 
princípios teratogênicos. Princípios ativos teratogênicos ingeridos em altas doses durante a 
gestação podem resultar em embrioletalidade ou mortalidade fetal (Keeler 1984, Panter et al. 
1994, Bernardi 2002, Welch et al. 2011). Quando a embrioletalidade ocorre até a fase de 
implantação, em torno do 16º dia, é dita mortalidade embrionária precoce, aqui o ciclo estral 
não é afetado, podendo o animal ter cios repetidos e não emprenhar. Quando a 
embrioletalidade ocorre entre a fase de implantação e o 34º dia em ovinos e 35º dia em 
caprinos, período em que termina a organogênese, é dita mortalidade embrionária tardia e há 
alteração no ciclo estral. Quando há mortalidade fetal, segue-se o aborto. Algumas plantas 
como Astragallus spp. e Oxytropis spp., além de causar deformações podem causar, também, 
morte fetal e aborto em caprinos e ovinos (Panter et al. 1994). 
 
2.5. O CONCEPTO DEVE SER EXPOSTO NO PERÍODO DE 
DESENVOLVIMENTO EM QUE É SUSCEPTÍVEL 
 O embrião em desenvolvimento consiste em grupos de células que estão em 
crescimento e se diferenciam em diferentes taxas ao longo de períodos de tempo diferentes, 
mas de uma forma estritamente controlada e sequencial. Portanto, um dos princípios mais 
importantes da teratologia é que a susceptibilidade a um teratógeno varia de acordo com o 
estágio de desenvolvimento do embrião ou feto, no momento da exposição (Keeler 1984, 
McEvoy et al. 2001). Para um teratógeno produzir uma malformação especifica, ele deve 
exercer sua influência em determinado momento da gestação. A susceptibilidade aos agentes 
ambientais ou genéticos diminui com o avanço da idade do feto (Sinowartz 2010). Nem todos 
os teratógenos atuam na mesma fase de desenvolvimento. Alguns são prejudiciais, apenas, em 
um estágio inicial de desenvolvimento. A Veratrum californicum é um exemplo bem 
conhecido; quando ingerida durante uma janela embriológica (no 14° dia de gestação) causa 
ciclopia em cordeiros (Welch et al. 2011). Outros teratógenos afetam estádios de 
desenvolvimento tardios como a tetraciclina, por exemplo, que causa manchas nos dentes e 
outras estruturas ósseas após esses tecidos rígidos terem se formado (Sinowartz 2010). 
Nas primeiras semanas até a implantação do embrião, em torno do 16º dia de gestação, 
insultos normalmente não resultam em defeito no desenvolvimento. As malformações aqui 
são de origem intrínseca (mutação genica ou cromossômica) e vem desde a fase de zigoto. 
16 
 
Nesse período o embrião é mais resistente a agentes teratogênicos. Agentes que perturbam a 
fase de clivagem podem comprometer os estágios de mórula ou de blastocisto, ou interferirem 
com a aposição normal do concepto à mucosa uterina, afetando a implantação do embrião na 
mesma e podendo induzir embrioletalidade e perda embrionária precoce (Sinowatz 2010, 
McEvoy et al. 2001). 
Em ovinos, o período de suscetibilidade máxima às malformações começa quando a 
organogênese é iniciada, entre o 16º e o 34° dias dia de gestação (Robinson 1951) e entre o 
16º e 35º dia em caprinos, quando começa a fase fetal (Panter et al. 1990, Sinowatz 2010). 
 Os sistemas nervoso, esquelético e urogenital e os órgãos dos sentidos apresentam um 
período de susceptibilidade maior, estendendo-se da organogênese à fase fetal (Bernardi 2002, 
Schild 2007, Sinowarts 2010). Na fase fetal, algumas estruturas que sofreram diferenciação 
normal sofrem deformações (Bernardi 2002). A artrogripose e a fendapalatina são tipos de 
deformações que resultam da intoxicação por certos alcaloides, que produzem redução nos 
movimentos fetais. Normalmente, os movimentos fetais são de flexão e extensão da cabeça, 
do pescoço e dos membros. O movimento fetal restrito dos membros resulta na fixação 
artrogripótica e a pressão da língua no palato duro, quando o pescoço fica em uma posição 
constantemente fletida, inibe o fechamento do palato (Panter et al. 1987, Panter et al. 1990). 
Os primeiros movimentos fetais ocorrem normalmente a partir do 34º e 35º dia de gestação 
em ovinos e caprinos, respectivamente, o que coincide com o final do período embrionário e 
início do período fetal. Entre os 38 e 40 dias de gestação em caprinos deveria ocorrer a fusão 
do palato (Panter et al. 1990). Além do período de exposição, deve-se levar em consideração 
o grau de lesão produzido pelo agente teratogênico. Um determinado teratógeno pode levar a 
diferentes graus de anormalidades, dependendo do período de organogênese em que o animal 
for exposto e da lesão produzida (Panter et al. 1998, Welch et al. 2011). 
 
2.6. TERATÓGENOS EXERCEM SEUS EFEITOS POR MECANISMOS 
ESPECÍFICOS 
Teratógenos diferentes podem induzir o mesmo defeito metabólico provocando assim 
deformidades similares. Por exemplo, o alcalóide quinolizidínico anagirina, em Lupinus spp., 
e o alcalóide piperidínico coniina, em Conium maculatum, provocam malformações ósseas 
semelhantes, como artrogripose e fenda palatina, em fetos caprinos e ovinos (Keeler 1984). 
 
 
 
17 
 
3. ETIOLOGIA DAS MALFORMAÇÕES 
As malformações congênitas ocorrem em consequência de fatores intrínsecos (genéticos) ou 
extrínsecos (infecciosos, tóxicos e mecânicos) ou pela interação de ambos, agindo em um ou 
mais estágios do desenvolvimento fetal. Além disso, muitas malformações ocorrem de forma 
esporádica sem causa conhecida (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Sinowartz 2010). Os 
agentes que conhecidamente causam defeitos congênitos são apresentadas a seguir: 
 
3.1 FATORES INTRÍNSECOS 
As malformações genéticas podem resultar em amplo espectro de distúrbios que pode 
variar de malformações graves até a presença de distúrbios metabólicos em animais que 
podem ter nascido aparentemente normais, mas que desenvolvem mais tarde o defeito, como 
doenças do armazenamento (Radostitis et al. 2007, Smith & Sherman 2009). 
O desenvolvimento normal é controlado por uma interação entre o genoma de um 
embrião e seu ambiente. A susceptibilidade a um teratógeno depende do genótipo do embrião 
e do modo como interage com fatores ambientais adversos. Isso é melhor explicado pela 
diferença na susceptibilidade entre genótipos. Um exemplo, já mencionado, é a diferença na 
susceptibilidade a Conium maculatum entre ovinos e bovinos (Keeler 1984). Além disso, 
diferenças na susceptibilidade a teratógenos têm sido encontrados em diferentes linhagens de 
determinadas espécies (Sinowarts 2010). 
Malformações de origem genética são decorrentes de mutações, ou seja, modificações 
do DNA. Modificações que alteram os cromossomos são denominadas mutações 
cromossômicas. Antes da fase de implantação, o embrião é resistente à agentes teratogênicos, 
mas susceptível a aberrações cromossômicas e mutações genicas. Se as modificações ocorrem 
num loco gênico específico, alterando uma ou mais bases do gene, elas são denominadas 
mutações gênicas. As mutações podem ocorrer em qualquer célula, tanto em células da 
linhagem germinativa como em células somáticas. No entanto, apenas as mutações nas células 
germinativas podem passar de uma geração à seguinte, sendo, portanto, as responsáveis pelas 
doenças hereditárias (Thompson et al. 1993, Thompson et al. 2008). 
 
3.1.1. MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS 
As mutações cromossômicas são geralmente associadas com malformações múltiplas. 
Alterações cromossômicas podem decorrer de mudanças quantitativas no número de 
cromossomos (poliploidia ou aneuploidia), decorrentes de falha durante a mitose e/ou meiose. 
Radiações e teratógenos químicos podem causar quebras e deleções na estrutura dos 
18 
 
cromossomos. A importância da anormalidade cromossômica nos defeitos congênitos em 
animais pecuários não tem sido estudada extensamente (Mine 2000, Otto 2006, Radostitis et 
al. 2007, Schild 2007). 
 
3.1.2. MUTAÇÃO GÊNICA 
 A maioria dos defeitos congênitos hereditários conhecidos é transmitida por genes 
recessivos autossômicos, que resultam no nascimento de animais malformados, cujos 
progenitores são normais. Os genes recessivos são a mais importante forma de transmissão 
hereditária de enfermidades. Estes genes são transmitidos de geração em geração pelos 
indivíduos heterozigotos e, deste modo, perpetuam-se nas raças das diferentes espécies 
animais (Radostitis et al. 2007, Schild 2007). 
Os genes dominantes manifestam-se na primeira geração, em cruzamentos de animais 
portadores heterozigotos com indivíduos homozigotos normais, sendo que as enfermidades 
transmitidas desta forma são mais facilmente controladas. Genes dominantes ou recessivos 
podem apresentar penetrância e/ou expressividade variável. No caso de penetrância 
incompleta o número de animais com a malformação é menor do que o número esperado de 
animais afetados, portanto, há animais que têm o gene dominante ou são homozigotos para 
genes recessivos e não evidenciam a malformação. Na expressividade variada o fenótipo dos 
indivíduos apresenta graus diferentes da malformação, podendo haver, inclusive, casos 
subclínicos. Outras formas de transmissão hereditária estão representadas pela 
sobredominância e pela herança poligênica. A herança por sobredominância resulta em: 
indivíduos normais, com malformação e portadores que não apresentam o defeito e têm 
fenótipo superior para características produtivas (neste caso há risco de que sejam utilizados 
como reprodutores). A herança poligênica caracteriza-se por defeitos transmitidos por vários 
pares de genes (Mine 2000, Otto 2006, Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Banerjee 2010). 
 
3.2 FATORES EXTRÍNSECOS 
Dentre os fatores ambientais que podem causar defeitos congênitos destacam-se 
fatores físico-mecânicos, deficiência nutricional, infecções virais e intoxicações por fármacos 
e plantas. O feto é um indicador biológico sensível da presença de algumas influências 
nocivas no meio ambiente. Defeitos de origem genética ocorrem de forma esporádica e 
defeitos congênitos não hereditários que ocorrem como surtos, levam a suspeitar de uma 
possível origem infecciosa ou tóxica (Delatour 1983, Keeler 1984). Quando os defeitos 
ocorrem em forma de surtos, repetidamente, há um considerável interesse devido às perdas 
19 
 
econômicas que estão envolvidas com esse problema. A susceptibilidade a teratógenos é 
maior no período de organogênese e diminui com a idade fetal e o tipo de lesão vai depender 
da natureza e gravidade (tamanho da dose e duração da aplicação) do estímulo nocivo (Keeler 
1984, Panter et al. 1990). 
 
3.2.1. FATORES FÍSICO-MECÂNICOS 
Anomalias comuns como luxações de quadril e deformações do crânio têm sido 
atribuídas a fatores mecânicos que impõem uma pressão intra-uterina anormal sobre o feto. 
Este fenômeno é muitas vezes relacionado à uma quantidade reduzida de fluido na cavidade 
amniótica ou à malformações uterinas na mãe (Radostitis et al. 2007). 
A radiação ionizante é um potente teratógeno em todas as espécies. A resposta 
depende da dose e fase de desenvolvimento em que o embrião é exposto à radiação. Embora 
a dose de radiação ionizante, em um exame de raios-X de diagnóstico, seja mínima, deve-se 
evitar em fêmeas grávidas por causar quebras das cadeias de ADN e mutações. A radiação 
ionizante tem sido associadaa uma variedade de defeitos congênitos, incluindo microcefalia, 
fenda palatina, malformações esqueléticas e anomalias do sistema nervoso (Sinowarts 2010). 
A hipertermia também é capaz de induzir defeitos congênitos nas diversas espécies 
animais. A indução experimental de hipertermia em gestantes acarreta deformidades 
congênitas, o que não parece ter equivalente de ocorrência natural. As anormalidades mais 
graves ocorrem após a exposição no inicio da gestação (18-25 dias em ovelhas). As 
malformações vistas são artrogripose e atrofia dos membros de cordeiros. A hipertermia em 
ovelhas, entre o 30° e o 80° dia de gestação, causa retardo no crescimento fetal (Radostitis et 
al. 2007). 
 
3.2.2. FATORES NUTRICIONAIS 
Há muitos defeitos congênitos em animais que, reconhecidamente, são causados por 
deficiências de nutrientes específicos na alimentação da mãe. Na deficiência de iodo, o bócio 
e o aumento na mortalidade neonatal ocorrem em todas as espécies. A deficiência pode ser 
também devido à deficiência primária ou induzida por nitrato ou pela ingestão de Brassica 
spp. A ataxia enzoótica dos cordeiros ocorre tanto por uma deficiência primária de cobre 
quanto por uma deficiência secundária, em que a disponibilidade de cobre é comprometida 
por outros minerais como molibdênio, enxofre e ferro. Na hipovitaminose D, ocorre 
raquitismo neonatal (Radostitis et al. 2007). 
20 
 
A deficiência congênita de cobalto é referida como redutora do vigor em cordeiros ao 
nascimento e como causa de aumento da mortalidade perinatal devido a um defeito na função 
imunológica. A má nutrição materna pode resultar em aumento da mortalidade neonatal e 
deve ser suspeitada como gênese de deformidades (Radostitis et al. 2007). 
 
3.2.3. AGENTES INFECCIOSOS 
Vários vírus causam malformações em caprinos e ovinos. A teratogênese viral 
depende da penetração e replicação do vírus, da fase de gestação em que a infecção ocorre, da 
patogenicidade do vírus (por exemplo: cepas do vírus da diarreia viral bovina citopatogênicas 
versus não-citopatogênicas) e do estado imunológico do feto no momento da infecção. As 
infecções virais podem causar morte pré-natal, nascimento de neonatos inviáveis portadores 
de malformações ou nascimento de neonatos viáveis, mas com crescimento retardado ou 
função anormal (cegueira). A idade gestacional no momento da infecção é a principal 
influência. Durante o início de desenvolvimento, a zona pelúcida funciona como uma barreira 
contra infecções virais, mas quando ela se rompe no blastocisto, os embriões tornam-se 
vulneráveis à infecção viral. A barreira placentária previne infecções virais em algum grau, 
mas muitos vírus podem atravessá-la. Portanto, infecções virais maternas em estágios críticos 
do desenvolvimento podem ser uma causa grave de malformações (Sinowarts 2010). 
O Virus Akabane ao infectar ovelhas e cabras prenhes pode causar malformações nos 
conceptos, podendo causar artrogripose, microencefalia e hidrocefalia. Em ovelhas, a 
susceptibilidade para os defeitos congênitos é maior entre 30 e 50 dias de gestação (Kurogi et 
al. 1977, Pugh 2002, Smith & Sherman 2009). O vírus do Vale Cachê é conhecido por causar 
malformações similares às provocadas pelo vírus Akabane em cordeiros. O período de 
susceptibilidade para os defeitos congênitos situa-se entre 36 e 45 dias de gestação 
(Radostitis et al. 2007). Infecções com o vírus Wesselsbron e o vírus da Febre do Vale Rift 
são relatadas como causadoras de anomalias do sistema nervoso central em ovinos (Pugh 
2002, Radostitis et al. 2007, Smith & Sherman 2009). 
Na infecção natural em ovelhas pelo vírus da língua azul (entre o 50° e o 80° dia de 
gestação) pode ocorrer morte e reabsorção fetais, ou nascimento de animais mortos ou 
enfraquecidos, e, ainda, hidrocefalia ou hidranencefalia, bem como, artrogripose. Vacinação 
em ovelhas com vírus atenuado entre o 35º e o 45º dia de gestação provoca elevada 
prevalência de porencefalia nos cordeiros. Defeitos similares podem ser produzidos pelo 
vírus Chuzan e Aino (Osburn 1972, Pugh 2002, Tsuda et al. 2004, Smith & Sherman 2009) 
21 
 
A infecção pelo vírus da enfermidade da fronteira entre o 16 e o 90º dia de gestação 
das ovelhas, pode resultar em morte embrionária precoce, aborto, natimortos e nascimento de 
cordeiros defeituosos ou pequenos e fracos, com crescimento retardado e nascimento de 
cordeiros persistentemente infectados ou cordeiros com hipomielinogênese, hidranencefalia e 
displasia cerebelar (Sawyer et al. 1991, Pugh 2002, Smith & Sherman 2009) 
 
3.2.4. FATORES QUÍMICOS 
Dentre os fatores ambientais que podem causar defeitos congênitos destacam-se as 
intoxicações por plantas e por fármacos (Delatour 1983). Qualquer substância química que 
tem o potencial de alterar a função celular, ou que é citotóxica tem potencial teratogênico. Os 
mecanismos que levam à teratogênese podem variar desde a inibição de sistemas de enzimas 
específicas (por exemplo anidrase carbônica) à interferência com o metabolismo do ADN 
(Sinowartz 2010). Por exemplo, os alcalóides esteroidais presentes na V. californicum (Keeler 
1978, Panter et al. 1994) interferem no desenvolvimento do tubo neural, afetando as células 
do neuroepitélio embrionário que secretam catecolaminas. A inibição da liberação de 
catecolaminas interrompe a migração normal e o desenvolvimento das células embrionárias, 
causando ciclopia (Sim et al. 1985). Contudo o mecanismo de muitos teratógenos é 
desconhecido (Sinowartz 2010). 
Várias drogas terapêuticas, em níveis de exposição definidas e em estágios críticos de 
desenvolvimento, podem também ser potencialmente teratogênicas. Alguns benzimidazóis 
(parabendazol, cambendazol, oxfendazol, netobimina) são teratogênicos importantes para 
ovinos, causando anormalidade esquelética, renal e vascular, quando administrados entre o 
14° e o 24° dia de gestação (Pugh 2002, Radostitis et al. 2007). Outras drogas como cortisona, 
estradiol, bismuto, selênio e sulfonamidas podem, também, induzir o aparecimento de 
malformações congênitas (Delatour 1983). 
A concentração de determinadas drogas e seu potencial teratogênico para 
determinadas espécies, ainda não está claro. Por exemplo, a talidomida é altamente 
teratogênica em humanos, coelhos, e primatas, mas não em roedores de laboratório. A 
utilização de alguns antibióticos durante a gravidez tem sido associada com defeitos 
congênitos, a estreptomicina em dose alta pode resultar em surdez do ouvido interno; a 
tetraciclina pode atravessar a barreira placentária e causar amarelamento dos dentes e, em 
doses elevadas, interferir com a formação de esmalte, quando administrada no final gestação 
(Sinowartz 2010). 
22 
 
Os defeitos congênitos podem ser causados, também, pela ingestão, durante a 
gestação, de plantas tóxicas como: Veratrum californicum, Lupinus spp., Conium maculatum, 
Nicotiana spp., Astragalus spp., Oxytropis spp., Trachymene spp., e Mimosa tenuiflora 
(Keeler 1984, Panter et al. 2000, 1994, Cheeke, 1998, Gardner et al. 1998, James et al. 2004, 
Pimentel et al. 2007). Algumas dessas plantas contêm como princípio tóxico alcalóides 
esteroidais, quinolizidínicos ou piperidínicos, que tem efeito teratógeno (Keeler 1984, Panter 
et al. 1994, Gardner et al. 1998). 
A Veratrum californicum está relacionada ao aparecimento de ciclopia congênita e 
deformidade do crânio de cordeiros quando ingerida no 14º dia de gestação por ovelhas, com 
anormalidades de membros se ingerida entre o 27º e o 32° dia de gestação e com estenose 
traqueal se ingerida entre o 31° e o 33° dia de gestação (Panter et al. 1994). Também é descita 
como tóxica em caprinos, bovinos (Gardner et al. 1998), coelhos, hamsters, ratos ecamundongos (Keeler 1984). Essa planta contém alcalóides esteroidais: ciclopamina, 
cicloposina e jervina. Desses três, ciclopamina é o que apresenta maior concentração na planta 
(Keeler 1978, Panter et al. 1994). Esses compostos além de serem responsáveis por 
malformações congênitas também causam perdas embrionárias em ovelhas. Quando V. 
californicum é ingerido por ovelhas prenhes entre 14º e 21º dias de gestação, poderá ocorrer 
alta incidência de morte embrionária e reabsorção (Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998). 
Em ovelhas prenhes que se alimentam da planta entre 27 e 41 dias de gestação, a frequência 
de mortalidade embrionária diminui, mas pode ocorrer alta incidência de perdas neonatais, 
especificamente entre os dias 27 e 33 de prenhez (Keeler et al. 1985). Além de interferir nas 
células do neuroepitélio embrionário que secretam catecolaminas e inibir a migração normal e 
o desenvolvimento das células embrionárias, a jervina de V. californicum interfere no 
metabolismo das cartilagens, responsável pela estenose traqueal e encurtamento dos ossos 
metacarpo, metatarso e tíbia, comprometendo o desenvolvimento dos precursores 
condrogênicos no desenvolvimento dos condrócitos (Campbell et al. 1987). 
No gênero Lupinus, alguns alcalóides como os quinolizidínicos (anagirina) e 
piperidínicos (amodendrina) são responsáveis pela ação teratogênica em bovinos (Keeler 
1984). L. formosus contém alta concentração de amodendrina e é responsável por causar 
malformações esqueléticas acentuadas e fenda palatina em bovinos, caprinos e possivelmente 
em ovinos (Panter et al. 1990). Essa substância tem potencial teratogênico maior que a 
anagirina, que causa malformações ósseas (doença do bezerro torto) (Keeler 1976). Esses 
alcalóides produzem redução nos movimentos fetais, desencadeando malformações ósseas 
nos animais susceptíveis, como foi comprovado em cabras prenhes (Panter et al. 1990). Os 
23 
 
animais podem apresentar flexão ou hiperextensão dos membros e coluna vertebral e 
anormalidades secundárias das costelas. A intoxicação em ovelhas ou cabras quando ingerem 
Lupinus spp., entre 30 a 60 dias de gestação, pode resultar em múltiplas contraturas 
congênitas (artrogripose, escoliose, xifose, lordose e fenda palatina). O aparecimento de fenda 
palatina foi descrito em caprinos e ovinos que ingeriram Lupinus spp entre 35 e 41 dias de 
gestação (Panter & Keeler 1992). 
A Conium maculatum contém alcaloides piperidínicos (Keeler 1984), dos quais, 
coniina, y-coniceína e n-metilconiína são conhecidos por serem teratogênicos para suínos, 
bovinos, ovinos e caprinos (Keeler et al. 1980, Panter et al. 1990). Ovelhas prenhes são mais 
resistentes aos efeitos teratogênicos da C. maculatum do que bovinos (Keeler 1984). A 
administração de C. maculatum fresco, contendo y-coniceína, para ovelhas ou cabras prenhes 
resulta em efeitos tóxicos e teratogênicos (Keeler et al. 1980). Quando ingerido por ovelhas 
no período de 30 a 60 dias de gestação causa artrogripose, escoliose, torcicolo e fenda 
palatina. A infusão dos alcaloides puros, y-coniceína e n-metilconiína, dentro da vesícula 
amniótica de cabras causa intoxicação e morte fetal em alguns casos. Quando a infusão ocorre 
entre 35 e 41 dias de gestação verificam-se severos defeitos esqueléticos e fenda palatina em 
caprinos. Os níveis tóxicos de y-coniceína e n-metilconiína aparentemente podem perdurar de 
forma crescente na circulação fetal até o 50º dia de gestação, cerca de 10 dias após o final da 
administração. Isso sugere que a ingestão de C. maculatum em um único dia ou por alguns 
dias pode expor o feto a dosagens suficientes para a intoxicação, mesmo que já tenha passado 
o período de maior susceptibilidade, desencadeando malformações (Panter & Keeler 1992). 
A nicotina encontrada em Nicotiana spp. foi discutida como possível teratógeno, 
entretanto, Keeler et al. (1984) demonstraram que as malformações esqueléticas eram devidas 
ao alcalóide piperidínico, anabasina, extraído em concentrações elevadas de N. glauca e nos 
talos da N. tabacum. A ingestão de N. glauca por ovelhas e cabras prenhes causa fenda 
palatina e malformações esqueléticas. Quando é ingerida durante o período de 37 a 39 dias em 
ovelhas e 34 a 41 dias de gestação em cabras, pode resultar em morte e reabsorção 
embrionárias (Panter et al. 2000). A fenda palatina ocorre entre 35 e 41 dias de gestação em 
cabras prenhes e possivelmente as malformações esqueléticas ocorram entre os dias 40 e 60 
de gestação (Panter e Keeler 1992). 
Astragalus spp. e Oxytropis spp. (locoweeds) são plantas conhecidas por serem 
teratogênicas, mas seu principio tóxico ainda permanece desconhecido. O alcaloide 
indolizidínico swainsonina presente nesses gêneros é responsável por uma doença do 
armazenamento de oligossacarídeos conhecida por locoism em ovinos, bovinos e equinos, 
24 
 
mas não tem sido demonstrado que esse alcaloide apresenta efeitos teratogênicos, responsável 
pelo aborto e malformações (Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998, Cook et al. 2009). As 
principais malformações observadas em ovinos que ingerem algumas espécies de Astragalus e 
Oxytropis são rotação lateral dos membros torácicos, contração de tendões, flexura e 
hipermobilidade de cartilagens e flexão do carpo. Muitos cordeiros recuperam-se dessas 
alterações parcialmente (James et al. 1967). Algumas espécies além de causar deformidades 
podem causar embrioletalidade e abortos (Keeler 1984, Panter et al. 1994). 
Trachymene spp. causam uma condição em ovinos denominada de “cordeiros das 
pernas curvadas”. Trachymene cyanantha e Trachymene ochracea, nativas da Austrália, 
apresentam ação teratogênica para ovinos, causando um crescimento desigual das placas 
epifisárias durante a fase fetal. Mas pode ocorrer também intoxicação de neonatos que 
ingeriram leite de ovelhas. Quando ovelhas ingerem a planta após o 35º dia de gestação 
ocorre malformações dos membros dos cordeiros. Os animais apresentam principalmente 
malformações dos membros torácicos tais como desvio, deformações e desgaste irregular dos 
cascos dos membros afetados (Dowling & Mckenzie 1993). O princípio tóxico responsável 
pelas malformações é desconhecido (Keeler 1984). 
No Nordeste brasileiro, a jurema preta (Mimosa tenuiflora) causa malformações em 
caprinos (Pimentel et al. 2007) e ovinos (Santos et al. 2012). Pimentel et al (2007) testaram os 
efeitos do consumo de M. tenuiflora durante todo o período gestacional em cabras e 
verificaram malformações em 75% das crias, encontrando queilosquise, opacidade de córnea, 
dermóide ocular, estenose segmentar do cólon e escoliose. Medeiros et al (2008) 
demonstraram o efeito teratogênico da M. tenuiflora ao reproduzir malformações em 84% 
dos filhotes de ratas que receberam ração contendo 10% de sementes, entre 6o e o 21o dia de 
gestação. Os autores encontraram defeitos como fenda palatina, escoliose, esterno bífido, 
aplasia de esternebras, hipoplasia do osso nasal, etc. Além de malformações, M. tenuiflora é 
descrita como causa de mortalidade embrionária em caprinos (Dantas et al. 2012) e ovinos 
(Santos et al. 2012). O princípio ativo de M. tenuiflora é, ainda, desconhecido, mas alcaloides 
derivados da triptamina foram isolados em folhas e sementes (Gardner et al. 2011). O período 
de gestação, no qual ocorre a ação da planta e as malformações não é conhecido, mas 
acredita-se que a época de maior susceptibilidade seja durante os primeiros 60 dias de 
gestação (Riet-Correa et al. 2009). 
 
 
 
25 
 
4. EPIDEMIOLOGIA 
A frequência das malformações congênitas não tem uma proporção fixa uma vez que podem 
ser causadas por diferentes agentes (hereditários ou ambientais) e pode variar entre as raças, 
áreasgeográficas e estações do ano. Malformações hereditárias ocorrem de forma esporádica 
(Dennis & Leipold 1972); enquanto que as malformações não hereditárias podem ocorrer 
como surtos, devendo ser levado em consideração uma possível origem infecciosa ou tóxica 
(Delatour 1983, Keeler 1984). Quando as malformações ocorrem em formas de surto, 
repetidamente, em um dado rebanho ou área geográfica, há um considerável interesse em se 
investigar a causa, devido às perdas econômicas que estão envolvidas. Pelo contrário, boa 
parte das malformações que ocorrem, individualmente, de forma esporádica, acabam não 
sendo estudadas (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Sinowartz 2010). Além disso, muitos 
defeitos são identificados apenas durante a necropsia, que nem sempre é realizada em animais 
a campo, tornando ainda mais complicado o estudo da frequência das malformações 
(Marcolongo-Pereira et al. 2010). 
A falta de informações adequadas, a inadequada descrição anátomo-patológica, a 
inadequada análise genética e a falha na interpretação dos achados que contribuem para o 
entendimento e associação entre os processos embriológicos, patológicos e hereditários 
constituem deficiências com relação ao estudo dos defeitos congênitos nos animais 
domésticos (Leipold et al. 1983). Devido a essa falta de informação há dificuldade no estudo 
dessas anomalias e da determinação das possíveis causas, de forma que o diagnóstico é um 
desafio na prática veterinária. No Brasil, são poucos os dados sobre a ocorrência de defeitos 
congênitos em pequenos ruminantes, principalmente caprinos, a não ser por estudos com 
Mimosa tenuiflora (Pimentel et al. 2007, Dantas et al. 2012, Santos et al 2012) e poucos 
relatos de casos individuais, como perossomus elumbis em ovinos (Castro et al. 2008), ou 
coletivos, como epidermólise bolhosa em caprinos (Medeiros et al. 2012). 
A frequência de malformações congênitas é estimada entre 0,2% e 2% dos ovinos 
nascidos (Schild 2007). Em levantamento realizado em ovinos nos Estados Unidos de um 
total de 21.031 cordeiros da raça Rambouillet nascidos, foram observados 26 animais 
defeituosos em um período de 15 anos. Neste trabalho os autores concluíram que a ocorrência 
de 4,2% de natimortos e 3% de aborto foram as causas de perdas econômicas mais 
importantes (Saperstein et al. 1975). Em outro estudo, de 4.408 nascimentos de cordeiros, 
1,6% apresentavam defeitos congênitos graves (Hughes et al. 1972). 
No Rio Grande do Sul é observada uma taxa de prevalência de 0,5% de malformações 
congênitas em ovinos, incluindo as malformações esporádicas, as enfermidades hereditárias e 
26 
 
os defeitos congênitos produzidos por causas ambientais (Schild 2007). Marcolongo–Pereira 
et al. (2010) encontraram uma frequência de 0,36% de malformações em ovinos na região sul 
do Rio Grande do Sul. No Laboratório Regional de Diagnóstico, em Pelotas, Rio Grande do 
Sul, de um total de 821 ovinos examinados entre 1978 e 2008, as malformações congênitas 
representaram 0,24% (Schild et al. 2009). No Rio Grande do Sul, as malformações 
representaram entre 0,5% e 0,8% das causas de mortalidade perinatal em cordeiros (Mendez 
et al. 1982, Oliveira e Barros 1982), o que representa entre 0,1% e 0,3% dos cordeiros 
nascidos. Na região nordeste, as malformações representam 23% das causas de mortes 
neonatais em cordeiros (Nóbrega Junior et al. 2005), e perfazem 7,62% em cabritos 
(Medeiros et al., 2005). Assis (2011) encontrou uma frequência de 4,99% caprinos e 1,87% 
ovinos com anomalias congênitas. Dantas et al (2010) estudando malformações em 
ruminantes no semiárido brasileiro, no período de 2000 a 2008, encontraram em 418 ovinos, 
5,01% de malformações, sendo 4,3% associadas à intoxicação por M. tenuiflora e 0,71% 
malformações esporádicas. Em 495 caprinos a frequência de malformações foi de 2,41%, 
sendo 1,81% causadas por intoxicação por M. tenuiflora e 0,6% de malformações 
esporádicas. 
 Uma expressão da prevalência de defeitos congênitos é de pouquíssimo valor, a 
menos que esteja relacionada ao tamanho da população sob-risco, mas os registros não 
costumam incluir esses dados fundamentais. Além disso, a maioria dos registros disponíveis é 
retrospectiva e se baseia no número de casos encaminhados em um laboratório ou hospital. 
 
5. ACHADOS CLÍNICOS E PATOLÓGICOS 
A maioria das malformações congênitas é facilmente reconhecida ao nascimento. Em alguns 
casos os defeitos são reconhecidos somente após um cuidadoso exame clínico-patológico 
(Saperstein et al. 1975). As lesões podem ser identificadas macroscópica ou histologicamente 
ou por ambas as formas (Leipold et al. 1983). Qualquer sistema ou órgão é susceptível à 
defeitos congênitos, mas alguns são mais frequentemente afetados do que outros. O sistema 
músculo-esquelético, o sistema nervoso e o sistema urogenital são frequentemente envolvidos 
em malformações congênitas (Leipold et al. 1983), talvez devido ao seu prolongado período 
de desenvolvimento embrionário. 
No Brasil, em caprinos e ovinos, diversas malformações esporádicas ou causadas por 
diversos agentes incluem acefalia, dicefalia, artrogripose, microftalmia, dermóide ocular, 
fenda palatina, atresia anal, hipomielinogênese devido à carência de cobre em ovinos, 
epidermolise bolhosa e condrodisplasia (Schmidt & Oliveira 2004, Medeiros et al. 2005, 
27 
 
Nóbrega Júnior et al. 2005, Dantas 2010). Anomalias da mandíbula (agnatia, braquignatia e 
prognatia) são descritos em caprinos e ovinos em municípios da Bahia (Magalhães et al. 
2008). Algumas malformações em caprinos e ovinos aparecem combinadas, como o caso da 
fenda palatina e artrogripose em casos de intoxicação por M. tenuiflora. A artrogripose pode 
afetar somente os membros anteriores ou os membros posteriores (bimélica), como também 
pode afetar os quatro membros (tetramélica) (Medeiros et al. 2005, Nobrega Junior et al. 
2005, Pimentel et al. 2007, Dantas et al. 2010). Os animais afetados, geralmente, nascem em 
partos distócicos, frequentemente mortos. Quando nascem vivos tem dificuldade de se manter 
em pé ou alimentar-se e podem morrer. Outras alterações esqueléticas são malformações de 
coluna vertebral como cifose, escoliose e torcicolo. Perosomus elumbis ou agenesia do 
segmento caudal da coluna vertebral associada à artrogripose e atrofia muscular dos membros 
pélvicos foi descrita em ovino neonato no estado de São Paulo (Castro et al. 2008). 
 
6. DIAGNÓSTICO 
 O diagnóstico dos defeitos congênitos é complexo e o desafio depois de identificar a 
anormalidade é determinar sua causa. As considerações epidemiológicas oferecem melhores 
indícios na hora de se diagnosticar a causa, se a malformação é de origem hereditária ou 
ambiental. A frequência com que uma determinada malformação ocorre em um rebanho pode 
ser um indicativo importante para a determinação de sua origem. Quando malformações 
ocorrem em forma de surtos, de modo geral, existe um agente causal ambiental (vírus, 
plantas, medicamentos, agentes físicos, etc.). A epidemiologia dessas malformações, 
combinada com achados clínicos patológicos, bem como o histórico da existência e exposição 
aos teratógenos, dá suporte para o diagnóstico. Para o diagnóstico de defeitos congênitos que 
ocorrem em consequência de agentes ambientais é necessário conhecer-se o estado nutricional 
das fêmeas prenhes e a ocorrência de infecções virais no rebanho. O conhecimento do manejo 
utilizado no rebanho, da aplicação de medicamentos em determinados períodos da gestação e 
o reconhecimento das áreas onde os animais permanecem durante a gestação são dados 
fundamentais para a determinação da etiologia destas enfermidades (Marcolongo-Pereira et al. 
2010). 
Os defeitos congênitos que ocorremesporadicamente em um único animal constituem 
o maior problema. Há, usualmente, pouca dificuldade em definir a condição clinicamente, 
mas pode ser impossível determinar a causa. Quando anormalidades individuais ocorrem 
espontaneamente, a determinação da sua causa é, muitas vezes, um desafio, mesmo quando 
se empregam todos os métodos de exame. Defeitos congênitos hereditários transmitidos por 
28 
 
genes recessivos apresentam-se em baixa frequência nos rebanhos e, geralmente, expressam-
se em gerações alternadas. Nesse caso, o conhecimento da genealogia do rebanho é de 
utilidade para a determinação da etiologia. Se houvesse registros adequados sobre a 
reprodução, seria razoavelmente fácil verificar a possível participação da hereditariedade. A 
determinação atualizada dos agentes reconhecidos como teratógenos surgiu principalmente 
de estudos epidemiológicos sequenciais, o mesmo acompanhamento deveria ser aplicado no 
aparecimento de casos individuais, que não são na maioria das vezes relatados. A introdução 
de um determinado reprodutor ou sêmen em um rebanho, anterior ao aparecimento da 
malformação, é um indicativo de transmissão hereditária, quando as demais causas podem ser 
descartadas, e pode permitir a identificação de animais descendentes portadores. Em geral é 
impossível determinar a etiologia de casos esporádicos de defeitos congênitos, porém, 
quando o número de animais acometidos aumenta, passa a ser indispensável uma tentativa de 
se estabelecer a causa. A não notificação desses casos esporádicos, aliada ao não estudo 
dessas malformações permite que esses portadores continuem transmitindo esses possíveis 
genes (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Marcolongo-Pereira et al. 2010) . 
 
7. CONTROLE E PROFILAXIA 
Uma das formas de se evitar malformações congênitas hereditárias transmitidas por genes 
recessivos é não fazer uso de consanguinidade nos rebanhos, entretanto, os genes 
indesejáveis permanecem nos animais portadores e perpetuam-se nas diferentes raças 
animais. Ao aparecer casos esporádicos de malformações, estes devem ser notificados para 
instituições de pesquisa e então tentar fazer o estudo genético (Schild 2007). Testes de 
progênie são indicados, como forma de controle, para reprodutores, fundamentalmente para 
aqueles utilizados em centrais de inseminação artificial, cujo sêmen é distribuído em larga 
escala. O cruzamento de um touro com 40 filhas permite a comprovação, com 99% de 
segurança, de que o mesmo não é portador de genes recessivos indesejáveis se todos os 
descendentes deste cruzamento forem normais (Radostitis et al. 2007). 
Defeitos congênitos devidos à agentes teratogênicos podem ser controlados a partir do 
conhecimento dos fatores que levam a ocorrência desses defeitos, evitando uso de 
medicamentos durante a gestação, controlando infecções virais e mantendo um bom estado 
nutricional para os animais em gestação. Por exemplo, sugere-se como medidas de controle e 
prevenção evitar que cabras e ovelhas prenhes sejam colocadas para pastejar em áreas com M. 
tenuiflora na fase de organogênese ou de desenvolvimento embrionário, principalmente 
durante os primeiros 60 dias de gestação (Riet-Correa et al. 2009). 
29 
 
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No estudo das malformações o principal entrave é a falta de informação. O relato do 
aparecimento de malformações associada a uma detalhada investigação epidemiológica é 
fundamental para a identificação das causas das malformações e permite a tomada de medidas 
eficientes para o seu controle. Algumas informações são essenciais na investigação 
epidemiológica como: frequência com que os defeitos ocorrem; condição nutricional das mães 
e dos neonatos acometidos e alterações nas fontes comuns do alimento; histórico sobre 
enfermidades das mães dos neonatos acometidos; histórico do uso de fármacos nas fêmeas 
durante a gestação; área geográfica onde as fêmeas se encontram; presença de plantas tóxicas; 
estação do ano em que ocorreram as agressões; e se houve introdução de animais no rebanho. 
Essas informações podem auxiliar para determinar se a etiologia é hereditária ou não e 
direcionar a busca da origem do problema. 
 
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