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Curso de
LIBRAS
online
Aula 5 
Português de surdo e portu-
guês de ouvinte. 
Qual a diferença?
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Nesta aula vamos debater um pouco a respeito do que seja o “Português de 
surdo e Português de ouvinte”. Por que boa parte dos surdos fazem um uso difer-
enciado da Língua Portuguesa? Como se dá esse processo?
Preparados? Então, vamos lá! 
O ouvinte possui quatro maneiras de 
trabalhar a língua oral, no nosso caso a 
Portuguesa. São elas: a. pelo ouvir; b. pelo 
falar; c. pelo ler, d. pelo escrever.
O ouvir e ler se constituem canais de 
aquisição linguística, ou seja, meio pelo qual 
o sujeito inicia o processo de aprendizagem 
da língua oral. Já o falar e o escrever config-
uram-se os meios de reprodução dessa 
língua. Nesses quatro casos, o ouvinte usa 
os sentidos: 1. a visão, para ler; 2. a audição, 
para ouvir; 3. o palato, para falar; 4. o tato, 
para escrever.
No entanto esse processo não ocorre da mesma forma com o surdo, uma 
vez que ele não conta com a audição como canal de aquisição linguística, assim 
como quando falam reproduzem o que o não podem ouvir. Por esse motivo ficam 
em desvantagem em relação aos ouvintes, contando apenas com dois sentidos: 
a visão e o tato.
Essa diferença pode parecer simples, porém no processo de aquisição de uma 
língua ela se transforma no principal obstáculo a ser enfrentado. Principalmente 
quando as línguas pertencem a modalidades diferentes.
Quando um surdo começa seu processo de aprendizagem na língua de 
sinais, ele começa a ganhar conhecimento de mundo pelo canal que lhe é 
adequado: visual. Sua forma de reprodução da língua adquirida é a sinalização, 
usando assim as mãos. Quando esse mesmo sujeito se depara com uma língua 
oral, como por exemplo a língua portuguesa, começam as dificuldades.
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A primeira delas é que a Língua Portuguesa, assim como a maioria das 
línguas orais, possuem a característica redundante de marcação de tempo, 
número e pessoa. Como é isso? Vamos ver um exemplo:
“Eu sempre como peixe”
Nessa oração temos a marcação de pessoa em duas formas: pronominal e 
verbal [Eu e como – 1ª pessoa do singular]
Temos também duas marcações de tempo: verbal e adverbial [ como – 
presente do indicativo – e sempre]
Esse é um exemplo simples de como se constrói o discurso numa língua 
oral-auditiva como a Língua Portuguesa. Já numa língua viso-espacial, as 
sentenças são mais resumidas, não havendo essa dupla marcação.
Portanto, quando o surdo se depara com a Língua Portuguesa repleta de 
flexões verbais somadas aos artigos, preposições e conjunções acontece um 
primeiro conflito linguístico.
O segundo problema ocorre com os famoso conectivos da língua oral. E 
especialmente na língua portuguesa encontramos uma quantidade consid-
erável deles. Vamos começar com um conectivo muito usado pelos falantes: 
a preposição. Esse conectivo é de grande importância na construção de um 
diálogo. Se resolvermos tirar todas as preposições dessa nossa aula, é bem 
capaz de não conseguirmos entender quase nada do que foi escrito. Isso acon-
tece porque, para a modalidade da língua portuguesa, as preposições possuem 
valor semântico. Conectores que estabelecem sentido nas orações.
Já na língua de sinais, esse sentido atribuído à 
preposição, quando aparece, encontra-se dentro 
do próprio sinal. Isso acontece justamente porque 
a língua de sinais possibilita a visualização do 
discurso, não sendo necessário o uso dos muitos 
conectivos encontrados nas línguas orais.
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Complicado? Então vamos novamente aos 
exemplos.
A mesma oração usada anteriormente para 
descrever o processo linguístico do Português pelo 
seu falante materno, usaremos agora na visão do 
sujeito surdo, enquanto segunda língua.
“Eu sempre comer peixe”
Como podemos observar, a Língua Portuguesa na versão do surdo 
representa, na maioria dos casos, a forma exata da sinalização. Temos o sujeito 
da oração, representado pelo pronome do caso reto “eu”, temos o tempo em 
que a ação ocorre através do advérbio de tempo “sempre”, temos o verbo 
da oração “comer”, que mesmo no infinitivo não perde o sentido por estar 
acompanhado dos demais complementos.
Portanto, não encontrar flexão verbal, artigos, preposições e demais 
conectores comuns às línguas orais é comum no processo de aquisição e 
reprodução da língua oral-auditiva pelo indivíduo surdo. Sendo assim, é 
necessário que haja uma avaliação diferencial nas escolas e faculdades quanto 
a proficiência do surdo na Língua Portuguesa. É muito importante levar em 
conta que a diferença da modalidade das duas línguas se torna um obstáculo no 
aprendizado, necessitando de estratégias próprias para esse tipo de avaliação, 
como também do respeito à língua do outro.
“Quando eu aceito a língua da pessoa, eu aceito a pessoa... Quando eu 
rejeito a língua da pessoa, eu rejeito a pessoa, porque a língua é parte de 
nós mesmos... Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é 
importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo. 
Nós não devemos ensiná-los, mas devemos permitir-lhes ser surdo”.
Terje Basilier
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Aula Prática 5
Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as diferenças no processo 
de aquisição de uma língua, que tal alongarmos um pouquinhos as mãos para 
praticarmos a Libras?
Então, mãos à obra!
Família
a. Mãe
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b. Pai
c. Ti@
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d. Filh@
e. Prim@
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f. Sobrinh@
Substantivos
1. Homem
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2. Mulher
3. Namorad@
4. Casa
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7. Cozinha 
5. Apartamento
6. Banheiro

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