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Curso de LIBRAS online Aula 5 Português de surdo e portu- guês de ouvinte. Qual a diferença? Curso de LIBRAS online Aula 05 42 Nesta aula vamos debater um pouco a respeito do que seja o “Português de surdo e Português de ouvinte”. Por que boa parte dos surdos fazem um uso difer- enciado da Língua Portuguesa? Como se dá esse processo? Preparados? Então, vamos lá! O ouvinte possui quatro maneiras de trabalhar a língua oral, no nosso caso a Portuguesa. São elas: a. pelo ouvir; b. pelo falar; c. pelo ler, d. pelo escrever. O ouvir e ler se constituem canais de aquisição linguística, ou seja, meio pelo qual o sujeito inicia o processo de aprendizagem da língua oral. Já o falar e o escrever config- uram-se os meios de reprodução dessa língua. Nesses quatro casos, o ouvinte usa os sentidos: 1. a visão, para ler; 2. a audição, para ouvir; 3. o palato, para falar; 4. o tato, para escrever. No entanto esse processo não ocorre da mesma forma com o surdo, uma vez que ele não conta com a audição como canal de aquisição linguística, assim como quando falam reproduzem o que o não podem ouvir. Por esse motivo ficam em desvantagem em relação aos ouvintes, contando apenas com dois sentidos: a visão e o tato. Essa diferença pode parecer simples, porém no processo de aquisição de uma língua ela se transforma no principal obstáculo a ser enfrentado. Principalmente quando as línguas pertencem a modalidades diferentes. Quando um surdo começa seu processo de aprendizagem na língua de sinais, ele começa a ganhar conhecimento de mundo pelo canal que lhe é adequado: visual. Sua forma de reprodução da língua adquirida é a sinalização, usando assim as mãos. Quando esse mesmo sujeito se depara com uma língua oral, como por exemplo a língua portuguesa, começam as dificuldades. HG Realce HG Realce HG Realce HG Realce HG Realce Curso de LIBRAS online Aula 05 43 A primeira delas é que a Língua Portuguesa, assim como a maioria das línguas orais, possuem a característica redundante de marcação de tempo, número e pessoa. Como é isso? Vamos ver um exemplo: “Eu sempre como peixe” Nessa oração temos a marcação de pessoa em duas formas: pronominal e verbal [Eu e como – 1ª pessoa do singular] Temos também duas marcações de tempo: verbal e adverbial [ como – presente do indicativo – e sempre] Esse é um exemplo simples de como se constrói o discurso numa língua oral-auditiva como a Língua Portuguesa. Já numa língua viso-espacial, as sentenças são mais resumidas, não havendo essa dupla marcação. Portanto, quando o surdo se depara com a Língua Portuguesa repleta de flexões verbais somadas aos artigos, preposições e conjunções acontece um primeiro conflito linguístico. O segundo problema ocorre com os famoso conectivos da língua oral. E especialmente na língua portuguesa encontramos uma quantidade consid- erável deles. Vamos começar com um conectivo muito usado pelos falantes: a preposição. Esse conectivo é de grande importância na construção de um diálogo. Se resolvermos tirar todas as preposições dessa nossa aula, é bem capaz de não conseguirmos entender quase nada do que foi escrito. Isso acon- tece porque, para a modalidade da língua portuguesa, as preposições possuem valor semântico. Conectores que estabelecem sentido nas orações. Já na língua de sinais, esse sentido atribuído à preposição, quando aparece, encontra-se dentro do próprio sinal. Isso acontece justamente porque a língua de sinais possibilita a visualização do discurso, não sendo necessário o uso dos muitos conectivos encontrados nas línguas orais. HG Realce HG Realce HG Realce Curso de LIBRAS online Aula 05 44 Complicado? Então vamos novamente aos exemplos. A mesma oração usada anteriormente para descrever o processo linguístico do Português pelo seu falante materno, usaremos agora na visão do sujeito surdo, enquanto segunda língua. “Eu sempre comer peixe” Como podemos observar, a Língua Portuguesa na versão do surdo representa, na maioria dos casos, a forma exata da sinalização. Temos o sujeito da oração, representado pelo pronome do caso reto “eu”, temos o tempo em que a ação ocorre através do advérbio de tempo “sempre”, temos o verbo da oração “comer”, que mesmo no infinitivo não perde o sentido por estar acompanhado dos demais complementos. Portanto, não encontrar flexão verbal, artigos, preposições e demais conectores comuns às línguas orais é comum no processo de aquisição e reprodução da língua oral-auditiva pelo indivíduo surdo. Sendo assim, é necessário que haja uma avaliação diferencial nas escolas e faculdades quanto a proficiência do surdo na Língua Portuguesa. É muito importante levar em conta que a diferença da modalidade das duas línguas se torna um obstáculo no aprendizado, necessitando de estratégias próprias para esse tipo de avaliação, como também do respeito à língua do outro. “Quando eu aceito a língua da pessoa, eu aceito a pessoa... Quando eu rejeito a língua da pessoa, eu rejeito a pessoa, porque a língua é parte de nós mesmos... Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser surdo. Nós não devemos ensiná-los, mas devemos permitir-lhes ser surdo”. Terje Basilier HG Realce HG Realce Curso de LIBRAS online Aula 05 45 Aula Prática 5 Agora que já aprendemos um pouco mais sobre as diferenças no processo de aquisição de uma língua, que tal alongarmos um pouquinhos as mãos para praticarmos a Libras? Então, mãos à obra! Família a. Mãe Curso de LIBRAS online Aula 05 46 b. Pai c. Ti@ Curso de LIBRAS online Aula 05 47 d. Filh@ e. Prim@ Curso de LIBRAS online Aula 05 48 f. Sobrinh@ Substantivos 1. Homem Curso de LIBRAS online Aula 05 49 2. Mulher 3. Namorad@ 4. Casa Curso de LIBRAS online Aula 05 50 7. Cozinha 5. Apartamento 6. Banheiro
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