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Carlos Salomé - 950279 Frederico Guth - 950706 Renato Werneck - 951406 Física Experimental II 11 de outubro de 1995 Prof.: Munemasa Machida Preparação do Experimento 10 Tubo de Venturi 1 - Fenômeno Um tubo de secção A (região 1 - ver figura I), tem um estreitamento com secção a (região 2) e um manômetro entre as duas regiões do tubo. Quando há escoamento de um fluido pelo tubo a diferença de pressão medida pelo manômetro permite calcular a velocidade de escoamento do fluido. 2 - Objetivos O experimento realizado tem por objetivos: a. com base no modelo da equação de Bernoulli, obter uma relação entre a velocidade de escoamento do fluido e a diferença de pressão no manômetro; b. usando o tubo de Venturi, medir a vazão do fluido, obter a velocidade de escoamento e verificar o modelo de Bernoulli. 3 - Modelo teórico 3.1 - A equação de Bernoulli Seja um fluido ideal (não-viscoso e incompressível) como o esquematizado na figura ao lado, que se move de seu estado inicial (a) para o final (b), percorrendo uma distância horizontal L e movendo-se do nível y1 para y2 com uma vazão estacionária. Pelo teorema do trabalho-energia, o trabalho (W) da força resultante sobre o sistema é igual à variação de sua energia cinética K: W=K (I) O valor de K, em cada ponto, é dado por ½mv2. Logo, sendo v1 a velocidade do fluido marcado ao entrar no tubo, v2 sua velocidade ao sair, sua densidade e V seu volume, teremos: K = ½mv22 ½mv12 = ½V( v22 v12) (II) O valor de W é a soma do trabalho exercido pelo peso do fluido (Wg) com o trabalho que impulsiona o fluido (Wp), exercido na extremidade de entrada: W=Wg+Wp W=[mg(y2y1)] + [Fx] =[mg(y2y1)]+[p(Ax)] W=[Vg(y2y1)]+[(p1-p2)V] (III) F é a força exercida num elemento V do fluido, que o desloca x de sua posição, p1 é a pressão na entrada do tubo, p2 é a pressão na saída e p é a diferença de pressão (p1 p2). Reescrevendo a equação I usando as equações II e III, obtemos: ½V( v22 v12) =[Vg(y2y1)]+[(p1-p2)V] p1+½v12+gy1=p2+½v22+gy2 (equação de Bernoulli) A equação de Bernoulli, portanto, mostra que a soma p+½v2+gy é constante para um fluido ideal que escoa num tubo com vazão estacionária. 3.2 - Equação de continuidade A figura ao lado mostra um tubo de escoamento definido pelas linhas de corrente de um fluido ideal em escoamento estacionário. Num certo intervalo de tempo t, determinada quantidade do fluido passa com velocidade v1 pelo ponto P do tubo, onde sua secção tem área A1. O volume dessa quantidade de fluido é: V=v1tA1 Um fluido ideal é incompressível. Portanto, em um escoamento estacionário, se em um intervalo de tempo t passou por P um volume V, o mesmo volume deverá passar por Q no mesmo intervalo de tempo. Portanto, podemos escrever: V=v2tA2 Dessas duas equações, chegamos à seguinte conclusão: v1A1=v2A2 (Equação de Continuidade) Em palavras, a Equação de Continuidade informa que o produto vA, que é denominado vazão volumar (Z), mantém-se constante em um fluido ideal contido em um tubo de escoamento. Figura III 3.3 - Relação entre a velocidade do fluido e a diferença de pressão no tubo O tubo de Venturi, esquematizado na figura I, é usado, em conjunto com o manômetro esquematizado, para que se determine a velocidade de escoamento do líquido em um tubo (regiões 1 e 2). Pela equação de Bernoulli, temos: p1+½v12+gy1=p2+½v22+gy2 Como as regiões 1 e 2 têm a mesma ordenada (y1=y2), a equação se reduz a: p1+½v12 =p2+½v22 p =½(v22v12) (IV) Da equação de continuidade, sabemos que: Av1=av2 v v A a2 1 (V) (a é a área da secção transversal do tubo em 2 e A é a área correspondente em 1) Da equação anterior, observamos que, no tubo de Venturi, v2 > v1, o que implica, pela equação de Bernoulli aplicada a escoamentos horizontais, que p2 < p1. Reescrevendo a equação IV substituindo o valor de v2, obtemos: p v A a v v p A a v p a A a 1 2 2 1 2 1 2 1 2 1 2 2 2 1 2 2 2 (VI) Dessa relação surge diretamente a expressão que relaciona o valor da velocidade (v) do fluido num tubo horizontal (nas regiões onde não há estreitamento) com a diferença de pressão p obtida no manômetro: v a A a p 2 2 2 2 Observa-se, dessa equação, que a velocidade de escoamento no tubo é proporcional à raiz quadrada de p. 3.5 - O número de Reynolds As equações demonstradas nos itens 3.1 a 3.3 o foram para o caso de fluidos ideais. Sua aplicabilidade para fluidos reais é, portanto, limitada àquelas situações em que tais fluidos aproximam-se razoavelmente de fluidos ideais. Essa aproximação ocorre quando o escoamento é lamelar, ou seja, não- turbulento (nesse último caso, surgem no seio do fluido, ao acaso, correntes circulares locais que invalidam o modelo teórico apresentado). A experiência mostra que a distinção entre um escoamento lamelar ou turbulento pode ser feita pelo número de Reynolds (NR), definido a seguir para um fluido que escoa num tubo: N v DR Nessa equação, é o coeficiente de viscosidade do fluido, sua densidade, v sua velocidade e D é o diâmetro do tubo. Para NR>3000, o escoamento é turbulento; se for menor que 2000, o escoamento é lamelar; a faixa de 2000 a 3000 é uma faixa de transição em que o escoamento é instável, podendo mudar de um tipo para outro. 4 - Procedimentos experimentais 4.1 - Material utilizado um tubo de vidro (tubo de Venturi) ao qual se liga um manômetro de mercúrio; um tubo maleável; papel milimetrado; béqueres de capacidades variáveis; um balde; instrumentos de medida: termômetro, paquímetro e cronômetro. 4.2 - Montagem e procedimentos O tubo maleável deve ter uma de suas extremidades ligada a uma torneira e a outra ao tubo de vidro. Deve-se cuidar para que não haja vazamento em nenhuma das ligações. Sob a outra extremidade do tubo deve ser colocado um balde de volume razoavelmente grande para recolher a água que sai. Devem-se medir, inicialmente, os raios internos do tubo nas regiões 1 (R) e 2 (r), conforme esquematizadas na figura I. Isso deve ser feito medindo-se o diâmetro interno do tubo com um paquímetro e dividindo-se seu valor por 2. Se em alguma das regiões não for possível medir diretamente o raio interno, mede-se o diâmetro externo (D), subtrai-se dele o dobro da espessura (e) do vidro e divide-se o resultado por 2, pois raio=(diâmetro2espessura)/2. Deve-se medir também o desnível (d) existente entre as duas extremidades superiores do tubo em U que funciona como manômetro. Devem ser medidas, também, as massas dos béqueres disponíveis por meio do uso de uma balança de precisão. Deve-se atentar para o fato de que eles devem estar limpos e secos, a fim de que a medida obtida seja a mais exata possível. Feitas estas medidas iniciais, passa-se às medidas de grandezas dinâmicas, ou seja, que permitem que se determine a vazão volumar do fluido. Para isso, abre-se a torneira para que se forme um fluxo contínuo de água no tubo. Mede-se o desnível (h) existente entre os níveis de mercúrio no tubo em U. Isso pode ser feito usando um papel milimetrado colocado atrás do referido tubo. É importante notar que se deve evitar uma vazão muito grande, pois isso poderia provocar uma excessiva diferença de pressão no manômetro, o que causaria derramamento de mercúrio. Deve-se, ainda, fazer outra medição. Quando o fluxo de água já for contínuo no tubo, ou seja,quando já houver escoamento estacionário, começa-se a recolher a água num béquer (aciona-se o cronômetro neste momento). Aguardam-se alguns segundos até que, simultaneamente, pára-se o cronômetro e retira-se o béquer do fluxo da água. Anota-se o intervalo de tempo t decorrido e mede-se a massa do conjunto formado pelo béquer e pela água que ele contém. Subtraindo-se desse valor a massa do béquer, obtemos m, que é a massa da água. Para que haja uma análise estatística mais completa do fenômeno, as medições acima devem ser feitas mais de uma vez para uma mesma vazão (2 ou 3, pelo menos) e devem ser feitas para vazões diferentes (no mínimo, 4 ou 5). 5 - Tratamento Deve-se verificar experimentalmente a validade da equação de Bernoulli. Para isso, a vazão volumar do fluido em cada configuração será determinada de duas diferentes formas, uma que depende da equação de Bernoulli (Z1) e outra que deriva diretamente da definição de vazão volumar (Z2). Evidentemente, se o modelo teórico estiver correto, devemos ter Z1=Z2 para cada configuração estudada. Logo, fazendo um gráfico de Z1 x Z2, esperamos obter uma reta que passa pela origem e tem coeficiente angular igual a 1. Nos itens que se seguem, mostra-se como obter os valores de Z1 e Z2 a partir dos dados experimentais e, em seguida, detalham-se os procedimentos de elaboração do gráfico. 5.1 - Determinação da vazão volumar (Z1) a partir da equação de Bernoulli A partir da equação VI, podemos obter o valor da vazão volumar do líquido: v a p A a v A A a p A a Z a A p A a 2 2 22 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 (VII) A diferença de pressão entre as regiões 1 e 2 pode ser expressa em termos dos valores experimentalmente obtidos. De acordo com a figura I, observamos que: p1+gL1=p2+gL2+Hggh p=g[(L2-L1)+ Hgh] Da figura I, vemos que h+L2d=L1, o que implica que L2 L1=dh. Portanto, p=g[(dh)+ Hgh]=g[h(Hg)+d] (IX) A partir daí, podemos obter uma expressão que fornece o valor da vazão volumar do líquido em função das grandezas medidas experimentalmente: Z a A g h d A a a A g h d A a Hg Hg 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 ( ) (X) 5.2 - Determinação da vazão volumar (Z2) pela definição Para cada medição feita, sabe-se qual a massa (m) de água que sai do tubo em certo intervalo de tempo (t). Da definição de vazão volumar, temos que, para uma vazão constante: Z V t m t2 (XI) 5.3 - Determinação das grandezas envolvidas nas equações de Z1 e Z2 Os valores de Z1 e Z2 dependem de valores que variam de acordo com a configuração e de valores que permanecem constantes durante todo o experimento. Os que variam de acordo com a configuração são m, t e h, medidos conforme mostrado no item 4.2. As constantes da experiência são as seguintes: a. (densidade da água): tem seu valor tabelado; basta apenas que se saiba qual a temperatura da água, que pode ser medida diretamente com um termômetro imerso na água; b. a (área da secção transversal do estreitamento do tubo): determinada a partir do valor de r (obtido conforme mostrado no item 4.2): a=r2. c. A (área da secção transversal das demais partes do tubo): determinado a partir do valor de R (obtido conforme mostrado no item 4.2): A=R2. d. Hg (densidade do mercúrio): tem seu valor tabelado; basta que se saiba o valor de sua temperatura (o mesmo do item a); e. g (aceleração da gravidade local): tem seu valor previamente determinado em experiências específicas com esse fim. f. d (desnível entre as extremidades do tubo em U): medido diretamente, conforme exposto em 4.2; g. (coeficiente de viscosidade da água): tem seu valor tabelado, dependendo apenas da temperatura. 5.4 - Gráfico Para cada configuração analisada, ou seja, para cada vazão estudada, obtêm-se experimentalmente os valores de m (massa de água recolhida no béquer), t (tempo necessário para recolher m) e h (desnível entre as extremidades da coluna de mercúrio no manômetro). Esses valores devem ser organizados na forma de um tabela, que mostre, para cada configuração, o valor de h e todos os pares (t, m) analisados (2 ou 3, pelo menos, por configuração). Além disso, para cada trinca (h, t, m), devemos associar um valor para Z1 e Z2, além de um valor para a velocidade v=Z1 /A e o número de Reynolds associado. Feita a tabela, basta que se faça o gráfico que mostra y=Z2 no eixo das ordenadas e x=Z1 no das abscissas. Espera-se que os pontos experimentais determinem uma reta, cujos coeficientes angular () e linear () podem ser determinados pelo método dos mínimos quadrados: N x y x y N x x i i i i i i 2 2 , sendo N y x N x x i i i i ( )2 2 2 y x x x y N x x i i i i i i i 2 2 2 , sendo x y x N x x i i i i i 2 2 2 2 ( ) . Obs.: devem ser desconsideradas, no calculo dos mínimos quadrados, as configurações estudadas que tenham número de Reynolds maior que 2000, já que foi visto que o modelo teórico não se aplica a tais configurações. 6 - Previsão Espera-se uma temperatura de cerca de 25oC no momento de experiência, o que implica os seguintes valores: = 9,97102 kg/m3; Hg=1,35104 kg/m3; =8,910-4 kgm-1s-1; Sejam as seguintes as constantes do experimento: g = 9,79 ms-2; R = 5,010-3 m; r = 3,010-3 m; d = 2,010-3 m; Supondo que se tenham obtido, para uma dada configuração, os seguintes valores: m=0,24 kg; t=7,0 s; h=5,010-3 m; Tais valores gerariam a seguinte linha da tabela proposta: Medida t (s) m (kg) h (mm) Z1 (m3/s) Z2 (m3/s) v (m/s) NR 1 7,0 0,24 5,0 3,3910-5 3,4310-5 0,43 481,69
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