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FACNORTE – Faculdade do Norte do Paraná MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA E GESTÃO HOSPITALAR ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE ÓBITO MATERNO NA CIDADE DE MANAUS E O ENFRENTAMENTO DA GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEMSA-MN MANAUS 2016 ALEXSANDRO SAMPAIO DE OLIVEIRA ANÁLISE DAS PRINCIPAIS CAUSAS DE ÓBITO MATERNO NA CIDADE DE MANAUS E O ENFRENTAMENTO DA GESTÃO ESTRATÉGICA DA SEMSA-MN MANAUS 2016 Projeto de Pesquisa apresentado a FACNORTE – Faculdade do Norte do Paraná, como um dos Pré-requisitos, de avaliação do Curso de Pós-Graduação Stricto sensu em Saúde Coletiva e Gestão Hospitalar, em nível de mestrado. Orientador Drº Profº Dayson José Jardim Lima. Co-Orientadora de Mscª Nadionara Costa Menezes. LISTA DE SIGLAS OU ABREVIATURAS CMPOMIF - Comitê Municipal de Óbito Materno e Infantil DOM - Diário Oficial do Município GM - Gabinete do Ministro MIF - Mulheres em Idade Fértil MM - Morte Materna MMNE - Morte Materna Não Especificadas MMOD - Morte Materna Obstétrica Direta MMID - Morte Materna Obstétrica Indireta MS - Ministério da Saúde NOB - Norma Operacional Básica NV - Nascidos Vivos ODM - Objetivo de Desenvolvimento do Milênio ONU - Organização das Nações Unidas OMS - Organização Mundial de Saúde OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde RMM - Razão de Morte Materna SEMSA - Secretaria Municipal de Saúde SIM - Sistema de Informação de Mortalidade SUS - Sistema Único de Saúde UTI - Unidade de Tratamento Intensiva LISTA DE FIGURAS Figura 1 - ODM relativos à saúde materna e infantil................................................................15 Figura 2 - Taxa de MM a cada 100 mil nascidos vivos – 1996 – 2014....................................16 Figura 3 - RMM por 100 mil NV, estimativa do Ministério da Saúde. Brasil, 1990 a 2010....21 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Distribuição dos óbitos maternos por Estado Civil ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/200........................................................................... 18 Tabela 2 - Distribuição dos óbitos maternos ocorridos em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 segundo profissão........................................................................................ 19 Tabela 3 - Frequência e percentual (%) de morte materna MM de causa direta MMOD, indireta MMOI e não especificada MMNE a cada100 mil NV e a RMM em Manaus/AM no período de 2001 a 2010............................................................................................................................... 21 Tabela 4 - Distribuição dos casos de morte materna: por faixa etária, escolaridade, situação conjugal e raça, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010....................................22 Tabela 5 - Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010................................................................................... 25 Tabela 6 - Distribuição das causas de MM, categorizadas em MMOD, MMOI e MMNE, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010...................................................................27 Tabela 7 - Composição do CMPOMIF.....................................................................................31 Tabela 8 – Cronograma de execução de atividades..................................................................36 Tabela 9 – Fontes orçamentárias...............................................................................................37 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição de óbito materno por estado cível ocorridos por infecção em Manaus no período de janeiro/1998 a dezembro/2002................................................................ .......... 19 Gráfico 2 - Distribuição dos óbitos maternos segundo Profissão das pacientes, ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002....................................... 19 Gráfico 3 - Frequência e percentual (%) de morte materna MM de causa direta MMOD, indireta MMOI e não especificada MMNE e de nascidos vivos NV e razão de MM RMM em Manaus/AM no período de 2001 a 2010.................................. ................................................ 23 Gráfico 4 - Distribuição dos casos de morte materna: por escolaridade na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010.................................................................................... ................... 23 Gráfico 5 - Distribuição dos casos de morte materna: por situação conjugal na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010................................................................... ............... 24 Gráfico 6 - Distribuição dos casos de morte materna: por raça na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010.......................................................................... .................................. 24 Gráfico 7 - Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010................................................................................... 26 Gráfico 8 - Distribuição das causas de MM por MMOD na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010.................................................................................................................... ...... 27 Gráfico 9 - Distribuição das causas de MM por MMID na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010.............................................................................................................. ................ 28 Gráfico 10 - Distribuição geográfica dos casos de morte materna - percentuais (%) diferenciados nas zonas da cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010..............................................28 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 07 1 TEMA ................................................................................................................................... 08 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................... 09 2 PROBLEMÁTICA .............................................................................................................. 09 3 HIPÓTESE ........................................................................................................................... 09 4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 10 5 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 105.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 10 5.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ....................................................................................... 10 6 META ................................................................................................................................... 11 7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 11 7.1 Generalidade da maternidade e da mortalidade materna. .................................... 11 7.1.1 Definição e Classificação de morte materna. .................................................... 12 7.2 Surgimento do controle da Mortalidade Materna.. ............................................... 14 7.2.1 O Objetivo do Milênio. ........................................................................................ 15 7.2.2 Valores pregressos e metas estabelecidas. ......................................................... 16 7.2.3 Formação do Comitê de Manaus. ...................................................................... 17 7.2.4 Perfil geopolítico e causal da população mais atingida com a mortalidade materna. ............................................................................................................................ 17 7.3 Informações de valores percentuais alcançados no Brasil............................ ......... 20 7.3.1 Informações de valores percentuais alcançados em Manaus. ......................... 21 7.3.2 Fatores predominantes na mortalidade materna. ............................................ 29 7.3.3 Da Legalização, funcionalidade, estruturação, composição e competência....29 8 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................... 34 8.1 Métodos utilizados. .................................................................................................... 34 8.2 Tipos de pesquisa.. ..................................................................................................... 35 8.3 Procedimentos adotados ........................................................................................... 35 9 CASUÍSTICA ..................................................................................................................... 35 10 PARTICIPANTES ............................................................................................................ 35 11 RISCOS E BENEFÍCIOS ................................................................................................. 36 12 LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA ................................................................ 36 13 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES ................................................ 36 14 FONTES ORÇAMENTÁRIAS ........................................................................................ 37 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................38 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39 INTRODUÇÃO A mortalidade materna é um indicador negativo para a Saúde Pública e triste fato a família que sofre a perda desta ente querida. Esse agravo refleti o intrigante problema social que se traduz na ocorrência da morte da mulher em idade fértil após o parto. O MS (Ministério da Saúde) determina que os centros de saúde devem realizar as notificações de morte materna através das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, e os dados de saúde relacionados ao binômio mãe e filho enviado ao CMPOMIF (Comitê Municipal de Óbito Materno e Infantil). Brasil (2012), destaca através da SEMSA-MN que a intensificação das ações de prevenção ao óbito materno em 2012, foi realizada usando para esse fim o, fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde da Mulher; qualificação da assistência nos serviços de saúde, e investimento no planejamento reprodutivo. A Secretaria de Saúde visa reduzir o índice de mortalidade materna no município de Manaus de forma gradativamente. No ano de 2012, registrou uma razão de 53,6 óbitos por 100 mil nascidos vivos, em 2009, esse número chegou a 98,6/100.000 nascidos vivos. Nessa época a principal causa de morte materna na cidade de Manaus foi a infecção puerperal, seguido de hipertensão arterial e hemorragias intra e pós operatória. O interesse sobre a pesquisa surge da observação das notificações do agravo de morte materna na cidade de Manaus, baseando-se na estratégia de estratificar e quantificar as causas da morte materna potencialmente evitáveis na cidade de Manaus, com o intuito de traçar os perfis das mortes maternas e as causas de seus condicionantes, para esse fim serão identificados, relacionados e avaliado graficamente as causas e as mediadas utilizadas pela SEMSA, para reduzir o indicador de MM. A pesquisa visa avaliar através de uma série histórica compreendida nos últimos 10 anos em tabelas e gráficos estatísticos, as principais causas do óbito materno em Manaus, as medidas adotadas pelo CMPOMIF e o impacto real que essas medidas tiveram na redução desse indicador ao longo desse período de tempo. A pesquisa visa comparar as metas estabelecidas no início do projeto até o período do plano plurianual de 2012 a 2015, com as metas alcançadas até o mês de dezembro de 2015. Lembrando que atingir as metas estabelecidas, não é o único objetivo da SEMSA, mas sim reduzir o número de casos que podem gerar esse indicador. É essencial conscientizar a sociedade de que o combate à mortalidade materna depende de um conjunto de ações, que irão envolver não somente a mulher e os profissionais de saúde, mas também a família e a sociedade como um todo. 9 1 TEMA Óbito Materno 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA Óbito materno na cidade de Manaus e o enfrentamento da gestão estratégica da SEMSA- MN 2 PROBLEMÁTICA Embora haja um grande desprendimento e esforços por parte do MS e dos profissionais da saúde engajados na expectativa da redução do óbito materno, o Brasil ainda enfrenta o desafio de alcançar o índice estimado pelo ODM de 35 óbitos maternos a cada 100 mil nascidos vivos em países em desenvolvimento, compromisso esse adotado pelo município de Manaus, que visou reduzir esse indicador a um número igual ou inferior ao estimado até o ano de 2015. Número esse acordado entre o Brasil e ODM. Ainda é longa a jornada, e árduo o trabalho rumo ao índice de um país desenvolvido. Esse indicador de óbito materno é bastante relacionado com a falta ou com a pouca informação a respeitos da gestação e parto. No entanto o grande trabalho vem com enfoque na estratégia e na saúde básica, onde as complicações devem ser evitadas, tratadas ou previstas com intervenções bem planejada. Com base no ensejo, indaga-se. Quais as principais medidas estratégicas iniciais adotadas pelo CMPOMIF e como ele pretende manter a redução desse indicador seguindo os preceitos do ODM e OMS? 3 HIPÓTESE A divisão de atribuições, bem como o loteamento da área de abrangência da cidade no tocante da assessoria educativa científica e do acompanhamento da execução de políticas públicas voltada a redução do óbito materno, vem sendo muito bem aplicadas pelo CMPOMIF O que possibilitou evitar a repetição dos condicionantes que alteram negativamente esse indicador. A criação do comitê permitiu identificar rapidamente os fatores risco, possibilitando a intervenção prévia com melhoria na assistência à saúde reduzindo o indicador municipalde óbito materno. 10 4 JUSTIFICATIVA Segundo Viana (2004), a morte estar ligada à vida, embora vistas como fenômenos diferentes, com significado e perspectiva de início ou de terminalidade. Características temporárias e espaciais podem favorecer a compreensão como parte da vida. No entanto, ao se trata de óbito materna, onde o parto deveria ser sentido como processo natural, que a maioria das mulheres passam sem esperar por complicações. É preciso priorizar a assistência gravídico- puerperal. Assim, o esperado é que os serviços de saúde favoreçam a prevenção do óbito materno e sejam organizados para evitar a ocorrência de agravos ou morte para o binômio mãe e filho. A formação do CMPOMIF (Comitê Municipal de Óbito Materno e Infantil) com o apoio de muitas organizações governamentais e não governamentais travam unidas a batalha contra morte materna e afirmam que a maioria dos casos de óbitos maternos são possivelmente evitáveis. Há grande esforço do comitê na prevenção desse agravo, por meio de ações efetivas nos serviços de saúde que estejam acessíveis em uma determinada localidade. Assim, quando há ocorrência de óbito materno o comitê analisa a oportunidade de acesso aos serviços de saúde, a tecnologia, a infraestrutura local e outras possíveis causas do agravo na região, para avaliar a evitabilidade da ocorrência e providenciar a redução do indicador de óbito materno. Nesse processo o comitê tem possibilidade ainda de investigação, avaliação gráfica e demográfica de agravos e dos valores dos indicadores alcançados por região e grupos atingidos pelo indicador de mortalidade materna que a SEMSA-MN através da CMPOMIF elabora mês a mês para traçar medidas estratégicas com intuito de reduzir o agravo e não só do indicador. 5 OBJETIVOS 5.1 Objetivo Geral Estratificar e quantificar os casos de mortalidade materna potencialmente evitável na Cidade de Manaus. 5.2 Objetivos Específicos - Analisar as principais causas de morte materna e o perfil populacional mais atingido com esse indicador na Cidade de Manaus. 11 - Identificar possíveis desigualdades geopolítica, através do estabelecimento da série histórica sobre esse indicador. - Relacionar a produção das ações e medidas tomadas pelo comitê descrevendo graficamente o resultado alcançado no período de 10 anos sobre o indicador de mortalidade materna. 6 META Compreender graficamente a evolução do indicador de mortalidade materna ao longo de uma década na Cidade de Manaus, bem como entender as medidas estratégicas tomada pelo CMPOMIF na Cidade de Manaus que visa unicamente a redução do agravo e dos índices desse indicador. 7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 7.1 Generalidade da maternidade e da mortalidade materna Teoricamente a grávida deveria experimentar somente os reflexos impostos ao funcionamento dos órgãos na gestação, na verdade, a gravidez imprime a alguns deles marcas indeléveis de sua passagem, e outras modificações apenas transitórias que findam-se na involução puerperal. Soares et al (2008), ressaltam que a gravidez traz uma série de modificações fisiológicas, o que não produz um estado patológico, mais sim, condicionam a mulher a um desvio de tal ordem, o que não pode ser comparado ao estado não-gravídico. Também nos alertam Leite et al (2011), que o estado gravídico-puerperal não deve ser visto apenas como uma questão fisiológica, assim como a própria morte, haja vista que o processo sócio-histórico da mulher e da população constituem-se em componente de grande importância na determinação da vida e morte das mulheres. É impossível determinar antecipadamente quais gestações irão se complicar. Apesar de todas as tentativas de se trabalhar com o conceito de risco gravídico, nem sempre se consegue detectar precocemente uma anormalidade durante a gestação. Muitas vezes, essas anormalidades são súbitas e abruptas, causando danos à saúde da mulher, do concepto ou de ambos, sendo algumas irreversíveis. Viana (2004), destaca que apesar da morte estar ligada à vida, embora vistas como fenômenos opostos. Características temporárias ou causais favorecem a compreensão dessa 12 partida, da morte como parte da vida. Entretanto, quando se trata de morte materna, em que o parto é algo que deveria ser vivenciado como processo natural, pelo qual passa a maioria das mulheres, é preciso primar pela assistência no ciclo gravídico-puerperal. A magnitude do fenômeno morte materna deveria gerar um alerta nos planos humano, científico, legal e moral ao considerarmos que a grande maioria deste fenômeno é evitável e socialmente determinado, uma vez que, ao trazer uma nova vida ao mundo, a mulher não precisa acaba perdendo sua própria vida. Segundo Souza (2011), afirma que, o que torna mais trágico esse quadro de morte materna é que a maioria dos óbitos maternos podem ser evitados, se os recursos, conhecimentos e tecnologias disponíveis fossem bem aplicadas. Infelizmente, as mulheres com maior risco de morte são as que possuem menos acesso à educação e a saúde básica. Isso é reforçado por Wingerter (2012), quando afirma que não é conhecida a evolução dos mecanismos fisiológicos da gestação, parto e puerpério. Mesmo com todo o avanço tecnológico, fato este que levanta uma bruma de incertezas quanto à evolução do processo gestacional unipessoal. Vale ressaltar que o MS (2009), enfatiza um alerta para o fato da mulher correr tantos riscos durante a gravidez, parto e puerpério, é que muitas vezes somente a vigilância obstétrica pode subtraí-la da morte e das sequelas irreversíveis. Viana (2004), ressalta que atualmente essa vigilância deixou de ser domínio apenas do médico obstetra, hoje essa vigilância é feita e realizada por uma equipe multidisciplinar de saúde, o que proporciona uma nova abordagem sobre a vivência da mulher neste ciclo e, consequentemente, sobre suas necessidades. Com esta perspectiva a mulher deixa de ser apenas receptora da atenção à sua saúde, passando a ser coparticipante no processo gravidez puerpério. Brasil (2007), relata que hoje no Brasil o serviço público de saúde favorece a prevenção da morte materna e se fazem organizados para evitar a ocorrência de complicações para o binômio mãe-filho, no atual senário muitos serviços de saúde contribuem ou determinam na prevenção do agravo. Quando a instituição de saúde não oferece condições de segurança para o binômio mãe-filho coloca em risco suas vidas, malogrando a concretude do nascimento, tornando-se uma adversária da vida e facilitando a morte. 7.1.1 Definição e Classificação de morte materna Segundo Viana (2004), a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), em 1967 aprovou o conceito de morte materna não obstétrica: a morte resultante de causas 13 acidentais ou incidentais não relacionadas com a gravidez e seu manuseio. Conforme Leite et al (2011), coloca como exemplo de morte materna não obstétrica, cita-se a morte de uma gestante consequente a atropelamento ou após cirurgia de um tumor cerebral. Contudo, estas mortes maternas não obstétricas, para a OMS, são desconsideradas para efeito de cálculo da mortalidade materna e, por conseguinte, para os serviços oficiais. Kleyde et al (2008), relatam que a gestação deve ser considerada processo possuidor de uma evolução sócio-histórica peculiar, em que as exclusões das mortes não obstétricas nos cálculos de mortalidade maternas vêm demonstrar uma percepção conceitual. Salienta-se a existência de estudos descrevendo o padrão comportamental da mulher, diferente durante o períodogravídico-puerperal. Mesmo compreendendo a gestação como algo fisiológico, é possível entender que uma mulher grávida possua um caminhar, um equilíbrio corporal diferente, o qual pode contribuir para a ocorrência de acidentes, destacando-se os atropelamentos ou acidentes em geral. Conforme Viana et al (2011), em consonância com Brasil (2007), afirmam que a frequência da mortalidade materna destaca-se pela importância fundamental de sua conceituação, pois vários enfoques, relativos à abrangência do evento, por inclusão ou não do aborto, período de tempo pós-parto e tipo de causas para considerá-lo como óbito materno. Estas considerações geram uma polêmica conceitual, porquanto algumas mortes de mulheres no ciclo gravídico-puerperal são consideradas para efeitos de cálculo da mortalidade materna, e outras são desconsideradas. A padronização do conceito de morte materna contribui com a fidedignidade das estatísticas sobre este agravo, ao mesmo tempo em que facilitaria o preenchimento do atestado de óbito de mulheres grávidas e puérperas, possibilitando estudos comparativos entre diferentes realidades no mundo Para Viana (2004), o que foi considerado de maior importância conceitual. Foram os estudos para a 10ª Revisão de Classificação Internacional de Doenças o (CID 10), porque havia uma tendência a incluir na definição de Morte Materna todas as mortes ocorridas durante a gravidez, parto e puerpério, independentemente da causa e num período de até um ano após a gestação. No entanto, propôs a inclusão da definição de morte materna tardia: a morte de uma mulher por causas obstétricas diretas e indiretas ocorridas após 42 dias, porém menos de um ano (365 dias) após o final da gestação. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Castro; Ramos (2016), relatam que há controvérsia entre os conceitos, o que também revela concepções de causas e riscos distintos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS, o enfoque de risco é reconhecido como uma ferramenta metodológica, que pode 14 ser utilizada tanto na investigação quanto na prestação de serviços de saúde. O óbito de mulheres relacionado com a geração da vida é denominado Morte Materna e segundo o Código Internacional de Doenças - CID (10ª revisão), é definida e classificada como: - Morte materna: é a morte de uma mulher durante a gestação ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independentemente de duração ou localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a ela, porém não devidas a causas acidentais ou incidentais (VIANA, 2004); - Morte materna obstétrica: resultante de eventos ou complicações da gravidez, parto ou puerpério, e divide-se em. (VIANA, 2004): Morte materna obstétrica direta (MMOD): é aquela resultante de complicações obstétricas, durante o estado gestacional, parto ou puerpério devidas às intervenções, omissões, tratamentos incorretos ou de uma sequência de eventos resultantes de qualquer uma dessas situações (OMS, 1980). Morte materna obstétrica indireta (MMOI): é aquela que resulta de doença preexistente ou que se desenvolve durante a gravidez, não devida a causas diretas, mas agravada pelos efeitos fisiológicos da gravidez (OMS, 1980). 7.2 Surgimento do controle da Mortalidade Materna O Jornal D24AM (2013), destacou que o “Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher e Redução da Mortalidade Materna”, conta da data de 28 de maio de 1984, onde foi instituída como Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher, em seu IV Encontro Internacional “Mulher e Saúde” realizado na Holanda, no ano de 1988, foi iniciada, na mesma data, a Campanha de Prevenção da Mortalidade Materna, coordenada pela Rede Mundial de Mulheres pelos Direitos Reprodutivos e pela Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e Caribenhas, com expressivo envolvimento da Rede Feminista de Saúde, do Brasil. ONUBR (2016), informa que muitas das transformações econômicas e sociais que têm ocorrido no mundo desde 1945 é influenciada pelo trabalho das Nações Unidas, que desempenhou um papel essencial na construção de consensos internacionais para ações de desenvolvimento. Foi na Cúpula do Milênio, em setembro de 2000, que os dirigentes mundiais aprovaram um conjunto de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que visam erradicar a pobreza extrema e outros problemas fonte da mazela humana, através de um conjunto de metas mensuráveis a serem alcançadas até o ano de 2015. Uma delas é a mortalidade materna. 15 7.2.1 O Objetivo do Milênio Conforme a ONUBR (2016), os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio remetem à fundação da própria Organização das Nações Unidas, que presa os valores fundamentais de liberdade, igualdade, solidariedade, tolerância, respeito pela natureza e responsabilidade compartilhada, o que foi afirmado na Carta das Nações. Tal objetivo são garantidos e atualizados nas reuniões do ODM, que de certa forma apresenta fundamentalmente as Nações Unidas como responsável pelo desenvolvimento e bem-estar dos povos no século XXI. Em setembro de 2000, a Assembleia do Milênio reafirmou na sede da ONU em Nova York (EUA) as metas de qualidade de vida das Nações Unidas para o novo milênio e seu compromisso com a humanidade na promoção de um mundo mais pacífico, próspero e justo. Foram reafirmados a partir daí, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Para esse trabalho o foco será a 5ª das 8 propostas, que fala em melhorar a saúde materna. Conforme Figura 1 abaixo. Para Carneiro (2015), a mortalidade materna está atingindo menos as mães no Brasil a cada ano, mas o ritmo de queda atual não foi suficiente para o país alcançar no ano de 2015 o (ODM). Embora muito significativa, a redução desse indicador ainda é lenta em relação ao desejável. A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país. Em 2013, 1.567 mil mulheres morreram no Brasil por complicações ao dar à luz, durante ou após a gestação ou por sua interrupção. No Brasil 65 mil mulheres morreram em 2013, número referente ao total de mortes de mulheres em idade fértil, casos estes que costumam ser investigados para evitar a subnotificação de mortes maternas. Figura 1: ODM relativos à saúde materna e infantil Fonte: UNICEF, 2009. 16 7.2.2 Valores pregressos e metas estabelecidas Viana (2014), relata que a morte materna é uma epidemia silenciosa, definida pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS). Passou a ser ultimamente o assunto mais discutido, porém até pouco tempo, o número de mulheres que morriam passava desapercebido. Hoje, a mortalidade materna é colocada como problema de saúde pública pela comunidade cientifica, mas ainda são necessários esforços no sentido de sensibilizar os responsáveis pela saúde das populações, em cada país, para que essa questão seja tratada prioritariamente. Segunda a ONUBR (2016), a ONU definiu prioridades e metas de esforços no desenvolvimento mais justo. Em 1986, a OMS estimava que ao menos 500.000 mulheres morriam anualmente por causas ligadas a gravidez e puerpério, o equivalente a uma morte materna por minuto, das quais aproximadamente 6.000 cerca de 1% ocorrem nos países industrializados. O agravo não é apenas um dado numérico, pois essas mortes possuem consequências sociais e políticas relevantes, por sua vez, resultavam em situações sociais que refletiam um desinteresse político em enfrenta-las. O D24AM (2013), afirma atravésdo Ministério da Saúde que no Brasil a taxa de mortalidade materna registrou queda de 52% entre 1990 e 2010, saindo de 141 para 68 óbitos por 100 mil nascidos vivos. No Amazonas também houve queda conforme registros do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). É importante enfatizar a melhoria do monitoramento dos dados feita pela Vigilância do Óbito Materno-Infantil e Fetal, com a implantação de núcleos de vigilância nos municípios. Os dados qualificados são fundamentais para gerir estratégias de melhoria das ações voltadas ao pré-natal, parto e nascimento. Podemos notar a evolução do sistema de notificação na figura 2 abaixo. Figura 2: Taxa de mortalidade materna a cada 100 mil nascidos vivos – 1996 - 2014 Fonte: BRASIL, 2015. 17 7.2.3 Formação do Comitê de Manaus Segundo Brasil (2007), a parceria do município com o estado na formação do comitê contou com a participação de profissionais de saúde, responsáveis técnicos do programa Saúde da Mulher e das maternidades e representantes de instituições de ensino com o mesmo propósito de trocar informações atualizadas sobre a temática entre as entidades que visão contribuir para a redução da mortalidade materna e na melhoria da qualidade da assistência de saúde à mulher. De acordo com a CMPOMIF, pelo menos 90% dos casos de óbitos maternos registrados em todo o Brasil podem ser evitados, mas para isso é necessário investir na qualificação da assistência à grávida, tanto em relação aos profissionais de saúde quanto às redes de atendimento, desde o pré-natal até o caso de gravidez de alto risco. Segundo o CMPOMIF as informações sobre morte materna que alimenta o banco de dados dos serviços eram feitas pelos serviços sobre o comando do Estado. Segundo o DOM 3583 de 2 de fevereiro de 2015 o CMPOMIF foi criado e através da Portaria nº 081/2007- GABIN/SEMSA, de 09 de fevereiro de 2007 e Reestruturada em 21 de janeiro de 2015, baseado no Pacto Nacional pela redução da Mortalidade Materna e infantil; na ONU em dois dos 8 ODM; na Portaria nº 1.119, de 5 de julho de 2008, que regulamenta a vigilância do óbito materno; na Portaria nº 72/GM/MS, de 11 de janeiro de 2010, a qual estabelece a vigilância do óbito infantil e fetal é obrigatória nos serviços de saúde públicos e privados; na Portaria 1.459, de 24 de julho de 2011, que institui, no âmbito do SUS, a rede cegonha. 7.2.4 Perfil geopolítico e causal da população mais atingida com a mortalidade materna Brasil (2009), relata que após análise por grupos de causas, comprova que a hipertensão, a hemorragia, as infecções puerperais, as doenças do aparelho circulatório agravadas na gravidez, parto, puerpério e o aborto respectivamente são as cinco causas principais da MM no país. A proporção de óbitos maternos em negras e pardas responde por pouco mais da metade dos óbitos maternos. A região sul apresenta maior concentração de óbitos em mulheres brancas, as regiões norte e nordeste em mulheres pardas, enquanto a região sudeste se destaca com a maior proporção em mulheres negras. No período de 2002 a 2006 as MMOD foram mais elevadas entre as mulheres pardas variando entre 72,8 e 76,1%. Exceto nos anos 2002 e 2004. Castro; Ramos (2016), Brasil (2009) em consonância com Souza et al (2008) evidenciam queda da RMM no Brasil, mas mantém-se ainda em níveis elevados, com diferença 18 entre as regiões. Os dados indicam desigualdades sociais, especialmente relacionadas à cor da pele e escolaridade. A mau preenchimento das declarações de óbito e as subnotificações ainda persistem, assim como a maior prevalência de MM de causa direta, com predomínio das doenças hipertensivas. A evitabilidade desses óbitos é uma constante, relacionada à má qualidade da assistência pré-natal e ao parto. Os autores concluíram que a MM no Brasil está diretamente relacionada às condições de vida da população, com diferenciação importante entre as diversas regiões socioeconômicas. Foi observado também dificuldade na identificação dos casos nos registros de óbito e concluíram que medidas de prevenção associadas a diagnóstico e tratamento precoces e adequados são fatores primordiais para redução dos MM, os mesmos consideraram que a identificação e classificação dos casos de “near miss” (situações de quase morte) e morbidade materna grave pode ser importante para a abordagem atual do problema. Para Ramos (2013), um resultado marcante no período de 2001 a 2010 foi a proporção de 14,5% de mortes maternas entre adolescentes. Nessa faixa etária, diferentes fatores contribuem para a MM, os quais podemos considerar, as modificações físicas que a gravidez proporciona no organismo ainda em desenvolvimento, os problemas socioculturais que atrasam o ou dificultam a início do pré-natal, as complicações relativas à primeira gestação, sobretudo pré-eclampsia e eclampsia, e inexistência de planejamento familiar. No Brasil, a gravidez na adolescência atinge cifras de 25%, mais comum em regiões de menor desenvolvimento. Embora a situação conjugal não tenha um indicador específica dentro da MM, muitos autores associam o fato de não ter situação conjugal estável como fatores de risco para a MM. O risco de morrer em decorrência da gestação é explicado pelas desvantagens socioculturais e econômicas e pelo tardio acesso aos serviços de saúde. Essa é a realidade dos países em desenvolvimento, e claro que isso é constado em nosso país. A distribuição da MM por infecção puerperal em Manaus destacada por Viana (2004) em 1998 a 2002, é observado na tabela 1 e gráfico 1 após compilação de dados de Viana (2004). Tabela 1: Distribuição dos óbitos maternos por Estado Civil ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 Distribuição dos óbitos maternos por Estado Civil ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 Estado Civil Frequência Percentual Solteira 15 57,7% Casada 9 34,6% Divorciada 1 3,9% Amasiada 1 3,9% Total 26 100% 19 Gráfico 1: Distribuição de óbito materno por estado cível ocorridos por infecção em Manaus no período de janeiro/1998 a dezembro/2002 Fonte: VIANA, 2004. Na tabela 2 no gráfico 2 compilados de Viana (2004), iremos observar a distribuição de MM por infecção puerperal em Manaus estratificada pelo tipo de ocupação descrita da seguinte forma: Profissional Técnico, Estudante e Profissional do Lar. Lembrando que quando a mulher não informa uma ocupação profissional os médicos ou demais profissionais responsáveis pelo preenchimento das DNV’s (Declaração de Nascido Vivo), as declaram como: Do Lar. Tabela 2: Distribuição dos óbitos maternos ocorridos em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 segundo profissão Distribuição dos óbitos maternos ocorridos em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 segundo profissão Profissão Frequência Percentual Profissionais Do Lar 20 76,92% Profissional Técnica 2 7,69% Estudantes 4 15,38% Total 26 100,00% Gráfico 2: Distribuição dos óbitos maternos segundo Profissão das pacientes, ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 Fonte: VIANA, 2004. 57,7% 34,6% 3,9% 3,9% Distribuição dos óbitos maternos por Estado Civil ocorridos por infecção em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 Solteira Casada Divorciada Amasiada 20 2 4 26 Distribuição dos óbitos maternos ocorridos em Manaus no período de Janeiro/1998 a Dezembro/2002 segundo profissão Profissionais Do Lar Profissional Técnica Estudantes Total 20 7.3 Informações de valores percentuais alcançados no BrasilConforme Brasil (2009), os índices de mortalidade materna nos países em desenvolvimento são alarmantes. Estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde UNICEF, UNPFA e o Banco Mundial, estimou que, em 2005 cerca de 536.000 mulheres em todo o mundo vieram a óbito vítimas de complicações ligadas ao ciclo gravídico-puerperal. Somente 1,5% dessas mulheres viviam em países desenvolvidos. Nas Américas, essa disparidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento fica mais evidente quando comparados a Canadá e Estados Unidos que apresentam valores inferiores a 11 óbitos maternos para 100.000 nascidos vivos, países como Bolívia e, Peru chegam a mais de 200 óbitos e Haiti possui uma razão de mortalidade materna de 670 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Em toda a América Latina, cerca de 15 mil mulheres morrem por ano devido a complicações na gravidez, no parto ou no puerpério. Segundo Souza (2011), a grande parte desses óbitos poderia ser evitados se as condições de saúde locais fossem parecidas às dos países desenvolvidos. Alguns países com situação econômica desfavorável, como Cuba e Costa Rica, mantém as razões de mortalidade materna substancialmente inferiores, o que demonstra que a morte materna pode ser um indicador de falta de vontade política de garantir a saúde. No Brasil, dois fatores geram dificuldade real no monitoramento do nível e da tendência da mortalidade materna: a subinformação das causas dos óbitos e o subiregistro das declarações de óbito, o que frequente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No Brasil no ano de 2006 a razão de mortalidade materna obtida a partir de óbitos declarados foi de 55 óbitos maternos por 100.000 nascidos vivos e a razão de mortalidade materna corrigida, aplicando-se fator de correção resultante de estudo promovido pelo Ministério da Saúde foi de 77 por 100.000 nascidos vivos, correspondendo a 1.623 óbitos maternos. De acordo Brasil (2012), em 2011 houve cerca de 68 casos de óbito materno para cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida até o ano de 2015 pelo ODM da ONU, cujo objetivo era alcançar a taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos. De 1990 até 2011, a taxa caiu para perto da metade, conforme figura 3, mas a redução não foi suficiente para que se conseguisse cumprir a meta. O importante é a tendência que estamos seguindo. O Brasil vem reduzindo a mortalidade materna e isso indica uma melhoria do sistema, qualidade da informação, equipes fortalecidas dentro do hospital e um pré-natal melhor conforme o Ministério da Saúde, sobretudo dentro da Rede Cegonha, criada em 2011. 21 Figura 3: RMM por 100 mil NV, estimativa do Ministério da Saúde. Brasil, 1990 a 2010 Fonte: BRASIL, 2015 7.3.1 Informações de valores percentuais alcançados em Manaus Conforme Ramos (2013), no período de 2001 a 2010, ocorreram 6392 óbitos de mulheres em idade fértil (MIF) em Manaus e, desses, 241 foram classificados como MM obstétrica, resultando em RMM (Razão da Morte Materna) de 63,2/100 000 NV. As MM obstétricas diretas (MMOD) representaram 162 casos (67,2%), enquanto que as MM obstétricas indiretas (MMOI) caracterizaram 62 casos (25,7%). As MM obstétricas não especificadas (MMNE) constituíram 17 casos (7,1%). Essas mortes maternas dos últimos 10 anos tiveram seus dados compilados e reproduzidos na tabela 3 e gráfico 3 abaixo observados. A menor RMM foi observada no ano de 2001 (42,4/100 000 NV) e o índice mais elevado ocorreu no ano de 2009 (91,0/100 000 NV). Tabela 3: Frequência e percentual (%) de morte materna MM de causa direta MMOD, indireta MMOI e não especificada MMNE a cada100 mil NV e a RMM em Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Frequência e percentual (%) de morte materna MM de causa direta MMOD, indireta MMOI e não especificada MMNE a cada100 mil NV e a RMM em Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Ano MM MMOD MMOD% MMOI MMOI% MMNE MMNE% NV RMM/ 100.000NV N N % N % N % N 2001 16 13 81,3% 1 6,3% 2 12,5% 37.767 42,4 2002 22 11 50,0% 8 36,4% 3 13,6% 38.161 57,7 2003 31 20 64,5% 10 32,3% 1 3,2% 37.463 82,7 2004 24 11 45,8% 12 50,0% 1 4,2% 36.967 64,9 2005 20 15 75,0% 3 15,0% 2 10,0% 38.022 52,6 2006 18 18 100,0% 0 0,0% 0 0,0% 38.697 46,5 2007 28 19 67,9% 5 17,9% 4 14,3% 37.453 74,8 2008 17 11 64,7% 5 29,4% 1 5,9% 38.322 44,4 2009 36 26 72,2% 9 25,0% 1 2,8% 39.572 91,0 2010 29 18 62,1% 9 31,0% 2 6,9% 39.352 73,7 Total 241 162 67,2% 62 25,7% 17 7,1% 381.776 63,1 22 Na tabela 4 cujos os dados foram compilados de (RAMOS 2013), iremos observar a característica da população de mulheres, vítimas da mortalidade materna, entre 2001 a 2010. Avaliando o percentual dessas MM, podemos observar que a maior parte das vítimas encontra- se na faixa etária de 20 a 29 anos (46%; RMM = 51,8/100 000 NV), com 4 a 7 anos de escolaridade (34,8%; RMM = 61,2/100 000 NV), sem companheiro (52,3%; RMM = 67,2/100 000 NV) e de raça não branca (69,7%; RMM = 56,3/100 mil NV). Esses dados podem ser observados de forma isolada na sequência de gráficos 3, 4, 5 e 6, cujos os dados foram estratificados da tabela 4. É importante também observar que na Tabela 4, que cerca de 14,5% das MM são adolescentes. Desses registros, 7,9% foram dados ignorados ou não informados. Tabela 4: Distribuição dos casos de morte materna: por faixa etária, escolaridade, situação conjugal e raça, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Distribuição dos casos de morte materna: por faixa etária, escolaridade, situação conjugal e raça, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Características N % RMM específica /100000NV Faixa etária anos completos N % RMM específica /100000NV 10 a 14 3 1,2% 67,0 15 a 19 32 13,3% 36,3 20 a 29 111 46,1% 51,8 30 a 34 40 16,6% 73,9 35 a 39 43 17,8% 213,4 40 a 49 12 5,0% 272,6 Escolaridade (anos) N % RMM específica /100000NV Zero 5 2,1% 172 1 a 3 20 8,3% 80,3 4 a 7 84 34,9% 61,2 8 a 11 61 25,3% 51,7 12 ou mais 21 8,7% 48,9 Ignorado 19 7,9% 327,6 Não Informado 31 12,9% -- Situação conjugal N % RMM específica /100000NV Com companheiro 75 31,1% 82,6 Sem companheiro 126 52,3% 67,2 Ignorado 21 8,7% 550,7 Não informou 19 7,9% -- Raça N % RMM específica /100000NV Branco 54 22,4% 68,9 Não branco 168 69,7% 56,3 Não informado 19 7,9% -- Total 241 100,0% -- 23 Gráfico 3: Distribuição dos casos de morte materna: por faixa etária na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. No gráfico 3 acima observamos os casos de óbito materna na cidade de Manaus estratificado por faixa etária, onde o grupo mais atingido é o grupo com idade compreendido entre 20 a 29 anos. Mas devemos levar em consideração que esse é o grupo que mais possui mulheres no estado de gravidez segundo Brasil (2009). A linha de tendência tende a permanecer estável para os demais grupos etários. Já no gráfico 4 o nível de escolaridade que mais sofre os efeitos do óbito materno é o compreendido entre 4 e 7 anos de estudos. Gráfico 4: Distribuição dos casos de morte materna: por escolaridade na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. 3 32 111 40 43 12 1,2% 13,3% 46,1% 16,6% 17,8% 5,0% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 50,0% 0 20 40 60 80 100 120 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 49 P E R C C E T U A L P O R F A IX A E T Á R IA T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição dos casosde morte materna: por faixa etária na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 N % Linear (%) 5 20 84 61 21 19 31 2,1% 8,3% 34,9% 25,3% 8,7% 7,9% 12,… 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 P E R C E N T U A L P O R N ÍV E L D E E S C O L A R ID A D E T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição dos casos de morte materna: por escolaridade na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 N % Linear (%) 24 Gráfico 5: Distribuição dos casos de morte materna: por situação conjugal na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. No gráfico 5 acima podemos observar que o caso de óbito materno é mais comum em mulheres sem companheiros ou mães solteiras, com 52,3% dos casos. Porém o percentual que atingem as mulheres com companheiros (casadas, amigadas ou união estável), chega a 31,1% dos casos registrados. Gráfico 6: Distribuição dos casos de morte materna: por raça na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. No gráfico 6 é possível observar uma elevada taxa de óbito materno para o grupo não branco, ou seja, demais grupos raciais como: indígenas, afro descendente, orientais e mestiços. 75 126 21 19 31,1% 52,3% 8,7% 7,9% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 0 20 40 60 80 100 120 140 Com companheiro Sem companheiro Ignorado Não informou P E R C E N T U A L P O R S IT U A Ç Ã O C O N JU G A L T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição dos casos de morte materna: por situação conjugal na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 N % Linear (%) 54 168 19 22,4% 69,7% 7,9% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 0 50 100 150 200 Branco Não branco Não informado P E R C E N T U A L P O R R A Ç A T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição dos casos de morte materna: por raça na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 N % Linear (%) 25 De uma perspectiva geral mostrada nos gráficos 3, 4, 5 e 6, acima podemos observar que os grupos de: não brancas, sem companheiro, com pouca escolaridade e entre 20 e 29 anos. Se juntadas as características sociais, mas raça e faixa etária, podemos pressupor que as mulheres com todas essas características formam um grupo de risco maior. Na tabela 5 com dados compilados de Ramos (2013), iremos observar os dados agrupados por ano no período de 2001 a 2010, com o número absoluto anual estratificado por local de ocorrência do agravo de Morte Materna MM, no caso em; Rede Pública, Rede Privado, Domicílio, Via Pública e Não Informado. A maior proporção das MM aconteceu em hospitais da rede pública 72,2%, com 20,4% de ocorrência na rede privada. Menos de 5,0% das MM foram no domicílio ou na via pública, os não informados ainda possui valor próximo de 3% Tabela 5: Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010. Ano MM Rede Pública Rede Priva Domicílio Via Pública Não Informado N % N % N % N % N % 2001 16 10 62,5% 3 18,8% 0 0 0 0 3 18,8 2002 22 18 81,8% 4 18,2% 0 0 0 0 0 0 2003 31 23 74,2% 8 25,8% 0 0 0 0 0 0 2004 24 19 79,2% 5 20,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2005 20 16 80,0% 4 20,0% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2006 18 13 72,2% 5 27,8% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2007 28 19 67,9% 4 14,3% 3 10,7% 1 3,6% 1 3,6% 2008 17 9 52,9% 4 23,5% 2 11,8% 1 5,9% 1 5,9% 2009 36 30 83,3% 6 16,7% 0 0,0% 0 0,0% 0 0,0% 2010 29 17 58,6% 6 20,7% 4 13,8% 0 0,0% 2 6,9% Total 241 174 72,2% 49 20,3% 9 3,7% 2 0,8% 7 2,9% No conjunto de tabelas e gráficos acima, podemos entender por meio da observação direta, as informações relacionadas a Morte Materna (MM) na Cidade de Manaus-AM e as principais causas desse agravo, que elavam o valor esse indicador na cidade. Quando os dados do Indicador de Morte materna são estratificados, podemos entender melhor os mecanismos de causa e efeito deste. Na tabela 3 fica clara a separando numericamente das principais causas da Morte Materna na Cidade de Manaus. Obtivemos o valor de 162, o que corresponde a (67,2%) 26 Morte Materna caracterizadas como MMOD relacionadas principalmente a infecção puerperal foram (23,7%), por hipertensão arterial tivemos o valor de (12,4%) e hemorragias (11,2%). Entre os 62 (25,7%) dos casos de MMOI, as principais causas foram identificadas como doenças do aparelho respiratório (21 casos; 8,7%) e do aparelho circulatório (20 casos; 8,3%). O percentual de MMOD foi 3,7 vezes maior que a MMOI e, em 7,1% dos casos, as causas não foram especificadas conforme informação na tabela 3. No gráfico 7 abaixo que faz referência a tabela 5, podemos identificar os valores globais de casos de morte materna conforme seu local de ocorrência. É possível observa que mesmo com todo o enfrentamento e políticas públicas que os gestores implantam, o local onde mais ocorre MM ainda é na rede pública de saúde, com um total de quase três vezes e maia das MM ocorridas na rede privada. Gráfico 7: Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. A evolução da RMM apresentou comportamento diferenciado, e estatisticamente significativo, ao longo do período compreendido entre anos de 2001 a 2010. Os menores índices foram observados nos anos de 2001, 2005, 2006 e 2008. A MMOD predominou em todo o período, com maior pico nos anos de 2001 e 2006 e menor ocorrência em 2004 e 2009. Em relação ao percentual de MMOI, observa-se maior pico em 2004, com valores intermediários nos anos de 2005 e 2007. Em 2001 e 2006 foram registrados os menores percentuais de Morte -50 0 50 100 150 200 Rede Pública Rede Priva Domicílio Via Pública Não Informado T o ta l d e ó b it o s Locais de ocorrênciado óbito Frequência dos casos de MM, relativas ao local de ocorrência do óbito na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Total Linear (Total) 27 Materna por causa indireta. Esses dados foram compilados de Ramos (2013), categorizando e quantificando as principais causas de MM em MMOD, MMOI e MMNE. Em seguida esses dados formam convertido na tabela 6 e gráficos 8 e 9 abaixo descritos. Tabela 6: Distribuição das causas de MM, categorizadas em MMOD, MMOI e MMNE, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Distribuição das causas de MM, categorizadas em MMOD, MMOI e MMNE, na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Causas MM MMOD N % subtotal % Total Infecção Puerperal 57 35,2% 23,7% Hipertenção Arterial 30 18,5% 12,4% Hemorragias 27 16,7% 11,2% Abortamentos 20 12,3% 8,3% Outras Infecções 7 4,3% 2,9% Choque 7 4,3% 2,9% Outras 14 8,6% 5,8% Subtotal 162 67,2% MMOI N % subtotal % Total Doenças do ap. respiratório 21 33,9% 8,7% Doenças do ap. circulatório 20 32,3% 8,3% Outras doenças não específicas 5 8,1% 2,1% Outras 16 25,8% 6,6% Subtotal 62 25,7% MMNE N % subtotal % Total Não especificada 17 7,1% Total Geral 241 100%No gráfico 8 observamos as principais complicações compreendidas dentro da MMOD, dentre elas os destaques são a Infecção puerperal com 23,7% e Hipertensão arterial com 12,4%, as duas compreendendo 36,1 do total de 67,2% das MMOD. Gráfico 8: Distribuição das causas de MM por MMOD na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. 57 30 27 20 7 7 14 23,7% 12,4% 11,2% 8,3% 2,9% 2,9% 5,8% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 0 10 20 30 40 50 60 P E R C E N T U A L D E Ó B IT O S P O M M O D T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição das causas de MM por MMOD na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010. N % Total Linear (% Total) 28 No gráfico 9 observamos as principais complicações compreendidas dentro da MMID, dentre elas os destaques são as Doenças do aparelho respiratório com 8,7% e Doenças do aparelho circulatório com 8,3%, as duas compreendendo 17% do total de 25,7% das MMID. Gráfico 9: Distribuição das causas de MM por MMID na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. Na distribuição da MM após zoneamento realizado pela SEMSA-MN, no município, conforme o gráfico 10. Observou-se a maior proporção dos óbitos na Zona Leste com 32,0%, com menores proporções nas zonas Centro-Oeste 7,0% e Centro-Sul 6,0%. Estando as zonas Sul, Oeste e Norte com valore parcialmente equiparados respectivamente em 20%, 13% e 19%. Um pequeno percentual de 2,0% desses óbitos, a região geográfica que não foi identificada. Figura 11: Distribuição geográfica dos casos de morte materna - percentuais (%) diferenciados nas zonas da cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010 Fonte: RAMOS, 2013. 21 20 5 16 8,7% 8,3% 2,1% 6,6% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 0 5 10 15 20 25 Doenças do ap. respiratório Doenças do ap. circulatório Outras doenças não específicas Outras T O T A L D E Ó B IT O S P O R M M O I T O T A L D E Ó B IT O S Distribuição das causas de MM por MMOI na cidade de Manaus/AM no período de 2001 a 2010. N % subtotal % Total Linear (N) Ignorada; 2% Centro Sul; 6% Centro Oeste; 7% Sul; 20% Rural; 1% Oeste; 13% Norte; 19%; Leste; 32% DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS CASOS DE MORTE MATERNA - PERCENTUAIS (%) DIFERENCIADOS NAS ZONAS DA CIDADE DE MANAUS/AM NO PERÍODO DE 2001 A 2010 Ignorada Centro Sul Centro Oeste Sul Rural Oeste Norte Leste 29 7.3.2 Fatores predominantes na mortalidade materna Castro; Ramos (2016) e Brasil (2009), destaca que predomínio das causas de MM direta, no Brasil e no município de Manaus/AM é a hipertensão arterial, hemorragia e infecção, o que ainda reflete características de país em desenvolvimento e aponta a necessidade de ações mais efetivas para a sua redução da MM, como as ações definidas na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da mulher, no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e vigilância dos óbitos maternos devem influenciar positivamente esse indicador. Nessa pesquisa pode-se observar que todos os autores concordam que os fatores predominantes na MM foram infecção puerperal, hipertensão arterial, hemorragia e abortamento, não na mesma ordem de importância, para as causas diretas e potencialmente evitáveis. Entre as causas indiretas, apontaram a maioria para doenças cardíacas e respiratórias. O que, confirma o panorama do Brasil e de outros países em desenvolvimento, onde hipertensão arterial, hemorragia e infecção lideram as causas de MM diretas e as doenças do aparelho circulatório representam as de causa indireta. De acordo com alguns autores, esses óbitos maternos evitáveis refletem as precárias condições econômicas, culturais e tecnológicas de um país. Kleyde et al (2008), destaca que o controle e prevenção das gestações em adolescentes, e de fatores específicos que favorecem a MM, devem ser estratégias consideradas para a redução desses índices em nosso país. A baixa escolaridade esteve associada a 45,1% das MM no período, repetindo resultados já relatados em outras grandes capitais. A escolaridade está fortemente associada a complicações obstétricas, relacionadas ao tipo de parto, número de consultas no pré-natal, número de filhos e outros, que contribuem para a maior ocorrência de MM em mulheres de menor nível de escolaridade. 7.3.3 Da Legalização, funcionalidade, estruturação, composição e competência 7.3.3.1 Da legalização e funcionalidade A legalização da formação e funcionamento dos comitês e controle do óbito materno se fundamentam através da PORTARIA Nº 1172/GM Em 15 de junho de 2004 Regulamenta a NOB (Norma Operacional Básica) SUS 01/96, no que se refere às competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, na área de Vigilância em Saúde, define a sistemática de 30 financiamento e dá outras providências. Soares et al (2010) relata que o Governo treinou e treina gestores municipais para reduzir mortalidade materna através de cursos como, capacitação e sensibilização dos profissionais de saúde e gestores dos 21 municípios que assinaram o Pacto pela Redução da Mortalidade materna e Infantil. Os cursos, fazem parte das ações da SES para reduzir a mortalidade materna e neonatal nos Estados. Soares et al (2010), informa que nos últimos dez anos, a taxa de mortalidade materna vem oscilando, sabemos que esses dados são subnotificados porque a maioria das mortes não é investigada e tudo isso prejudica as informações. Nos cursos fornecidos pelo governo, os participantes aprendem a preencher as fichas de investigação de óbitos materno, infantil, fetal e por causa mal definida. Todos os dados informados nas fichas são repassados para o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O Governo fornece também curso de Sensibilização da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, cujo objetivo é despertar a atenção dos gestores sobre a importância de ter, em seus municípios, hospitais amigos da criança. Participam desses eventos, prefeitos, secretários de Saúde, médicos das UTIs neonatal e materna, diretores de hospitais, profissionais afins, além de coordenadores da Atenção Básica e da Vigilância em Saúde. 7.3.3.2 Da estruturação e composição legal do CMPOMIF A estruturação dos comitês também é legalizada e fundamentada pela PORTARIA Nº 1172/GM Em 15 de junho de 2004 que através do seu Artigo 7º que dá condições ao município de assumir a gestão das ações de Vigilância em Saúde. Bem como completada pelos seus demais artigos que lhe concedem estrutura física, funcional e profissional capacitada. O aparato dessa portaria permitiu a Resolução Nº 017, de 15 de abril de 2016, possibilitando a indicação de conselheiros para o Comitê Municipal de Prevenção de Óbito Materno, Infantil e Fetal- CMPOMIF. Com base nos dispositivos legais abaixo: 1. o disposto na Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990; 2. o disposto na Lei Federal nº 8.142 de 28.12.90 que legitima a participação da comunidade na Gestão do Sistema Único de Saúde; 3. o disposto na Lei Municipal nº. 066 de 11 de Junho de 1991, alterada pela Lei nº. 1.094 de 09 de janeiro de 2007; 4. o disposto o disposto no Regimento Interno do Conselho Municipal de Saúde, aprovado pelo Decreto de nº 3.305 de 12 de abril de 2016; 5. o disposto na Resolução nº. 466, de 12.12.2012 do Conselho Nacional de Saúde, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendoseres humanos; 31 Segundo a PMM (Prefeitura Municipal de Manaus), foi o DOM 3583 de 2 de fevereiro de 2015, que reestruturou em 21 de janeiro de 2015 o CMPOMIF, baseado no Pacto Nacional pela redução da Mortalidade Materna e infantil; na ONU em dois dos 8 ODM; na Portaria nº 1.119, de 5 de julho de 2008. A CMPOMIF foi criada anteriormente através da Portaria nº 081/2007-GABIN/SEMSA, de 09 de fevereiro de 2007, que regulamentou a vigilância do óbito materno. Essas leis se completam hoje pela; Portaria nº 72/GM/MS, de 11 de janeiro de 2010, a qual estabelece a vigilância do óbito infantil e fetal é obrigatória nos serviços de saúde públicos e privados; na Portaria 1.459, de 24 de julho de 2011, que institui, no âmbito do SUS, a rede cegonha. Segundo o DOM 3583 de 03 de fevereiro de 2015, a composição do CMPOMIF se apresenta da seguinte forma apresentada na Tabela 7. Tabela 7: Composição do CMPOMIF SERVIDORES Função Francisca Sonja Ale Girão Farias Presidente Ivone Maria Caetano Cândido Vice-presidente Neide Maria de Almeida Negreiros 1ª secretária Mara Nogueira Varela 2ª secretária Fonte: DOM 3582 de 3 de fevereiro de 2015 Sua caracterização é definida pelos artigos 1º e 2º abaixo descritos: Art. 1º O Comitê é interinstitucional e multiprofissional, tem caráter técnico-consultivo, sigiloso, não-coercitivo ou punitivo, ético, científico, educativo, de assessoria e de acompanhamento da execução de políticas públicas, visando à prevenção dos condicionantes do obituário materno, infantil e fetal, identificando os fatores de risco e propondo medidas de melhoria da qualidade da assistência à saúde para a redução da mortalidade; Art. 2º O Comitê Municipal de Prevenção do óbito Materno, Infantil e Fetal está ligado diretamente ao Secretário Municipal de Saúde. Os objetivos e finalidades do CMPOMIF são descritos pelo artigo 3º e parágrafos abaixo descritos: Art. 3º São objetivos do Comitê Municipal de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal: I - Desenvolver as atividades em parceria com a rede municipal de vigilância dos óbitos de mulheres em idade fértil – MIF, Maternos, Infantis e Fetais, incentivando a identificação e o conhecimento de suas causas assim como seus fatores determinantes; 32 II - Sensibilizar os gestores, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários sobre a situação da mortalidade materna, infantil e fetal, visando à melhoria da qualidade da assistência à saúde da mulher e da criança; III - Recomendar aos gestores ações de intervenção para melhoria da qualidade da assistência à saúde materno e infantil e outras ações de prevenção, estimulando parcerias entre as diversas instituições e organizações envolvidas, governamentais ou não. A sua estrutura e composição são definidas pelo Art. 4º que define a estrutura e o Art. 5º que define os membros natos. Abaixo descritos: Art. 4º O CMPOMIF terá a seguinte estrutura: - 1 (um) Presidente; - 1 (um) Vice-Presidente; - 1 (um) 1º Secretário; - 1 (um) 2º Secretário; Art. 5º Serão membros natos: I - 12 (doze) servidores desta Secretaria (SEMSA), sendo um representante de cada área técnica a seguir relacionada: - Núcleo de Saúde da Criança e Adolescente; - Núcleo de Saúde da Mulher; - Gerência de Vigilância Epidemiológica; - Divisão de Gestão da Informação e Análise de Situação de Saúde; - Gerência da Rede Cegonha; - Maternidade Dr. Moura Tapajoz; - Núcleo de Vigilância 7.3.3.3 Da competência do CMPOMIF Freitas et al (2015), Brasil (2014), UNICEF (2009) e Brasil (2009), estão em comum acordo quando tratam a respeito da missão, objetivos, atribuições, responsabilidades, desafios e contribuição dos Comitês. Missão e objetivos - Conhecer o perfil e o número de óbitos, seus determinantes e de evitabilidade - Melhora da informação - Tornar o problema visível - Subsidiar, coordenar e implantação medidas que promovam a redução da mortalidade - Monitorar a qualidade e quantitativo da assistência de saúde - Manter-se em caráter educativo, propositivo, sigilosos e éticos 33 Atribuições dos comitês - Expansão das atribuições do comitê a nível hospitalar - Discussão de políticas de atenção à saúde sexual e reprodutiva - Discussão, Avaliação e elaboração da atenção obstétrica e neonatal - Fóruns e debates sobre a atenção à saúde da mulher e da criança na área de atuação Participação e contribuição dos comitês - Sensibilizar a sociedade civil organizada - Proporcionar a capacitações de profissionais para qualificar a atenção a saúde - Capacitação permanente de membros dos comitês e demais órgãos associados - Investigação de óbitos maternos, infantis e fetais em parceria VS e SEMSA - Proceder análises dos óbitos, considerando: aspectos da prevenção e natureza do óbito, - Avaliar a assistência à mulher e à criança, características da estrutura social e comunidade - Elaboração e divulgação de relatórios sobre a situação da mortalidade materna, fetal e infantil - Usar dados de relatórios como instrumento para a educação permanente e tomada de decisão - Informar retroalimentação aos gestores e às equipes de saúde: por meio de publicações Análise da evitabilidade e retorno com recomendações aos serviços e gestores - Centros de Saúde, ESF, ambulatórios, hospitais - Divulgação para a sociedade - Fóruns Perinatais - Monitoramento da implementação das ações Desafios - vigilância do óbito - Brevidade na investigação e intervenção, objetivando alimentar sistemas e organizar dados provendo mudanças - Análise da situação e mobilização por mudança necessária para garantia de direitos - Análise crítica sob o modelo adequado de atenção - Vigilância da mortalidade materna, fetal e infantil de 1 a 5 anos com (near miss) Desafios - atenção de saúde - Garantia de direitos de cidadania - Intersetorialidade dos serviços, condições de vida, inclusão e equidade - Reduzir a desigualdade na MI indígena -Orientação em Saúde sexual e reprodutiva para adolescente, gravidez indesejada - Qualificar o pré-natal - Qualificar a atenção ao parto e nascimento: - Paradoxo perinatal: excesso intervenções X boas práticas - Reduzir as cesarianas desnecessárias - 54,0% em 2011 prematuridade e asfixia intraparto - Abranger a Saúde Suplementar Desafios Futuros - Reduzir a causa básica e causa raiz dos óbitos materno, fetal e infantil - Integração da Vigilância na Atenção à Saúde 34 - Organização da Rede Integral de Atenção - Mudança do Modelo de Atenção 8 METODOLOGIA DA PESQUISA A metodologia aplicada a este projeto baseia-se na avaliação qualitativa e quantitativa por utilizar impressos e publicações em português compreendidas entre o ano de 2004 até os dias atuais, das quais se arrolem os preceitos da análise das principais causas de óbito materno na cidade de Manaus e o enfrentamento da gestão estratégica da Secretária de Saúde, além da apresentação de resultados estatísticos que se referem ao mesmo. Para busca eletrônica foram utilizadas palavras chaves como: Morte Materna, Comitê de controle do óbito Materno e Vigilância Epidemiológica do óbito materno. Dentro das plataformas de pesquisas. 8.1 Métodos utilizados Os métodos utilizados nesse projeto são os Métodos de Pesquisa de Campo (banco de dados de informações humanas ou grupo da Secretária Municipal - SEMSA), Descritivo e o Dedutivo. O método da observação segundo Prestes (2008), basear-se na observação, onde sãoaplicados atentamente os sentidos a um objetivo, a fim de que se possa a parti dele, adquirir um conhecimento claro e preciso. A observação deve ser exata, completa, imparcial, sucessiva e metódica, pois se constitui em um procedimento investigativo de extrema importância na ciência. E ainda para Preste (2008), o método dedutivo é a racionalização de ideias em sentido interpretativo têm mais valor que a experimentação caso a caso, ou seja, utiliza-se do raciocínio que caminha do geral para o específico. Já o método descritivo que possibilita o desenvolvimento em nível de análise permitindo identificar as diferentes formas do fenômeno. Com abordagem quantiqualitativa do tipo exploratória que para Preste (2008) constitui uma abordagem qualitativa, um modo de dizer que faz referência mais a seus fundamentos epistemológicos e do que propriamente a especificidade metodológica. E a qualitativa por considerar a contribuição para a ampliação do conhecimento sobre (área escolhida), considerado como uma opção importante a ser adotada, constituindo-se numa base confiável para outros pesquisadores. É exploratório, porque se configura em fase preliminar, antes do planejamento formal do trabalho e, tem como objetivos proporcionar maiores informações sobre o assunto escolhido, nesse caso: Análise das principais causas de óbito materno na cidade de Manaus e o enfrentamento da gestão estratégica da SEMSA-MN. 35 8.2 Tipo de pesquisa O presente estudo trata-se de uma pesquisa campo que conforme Preste (2008), é aquela que o pesquisador, através de questionários, entrevistas, protocolos verbais, observações e etc., coleta seus dados, investigando os pesquisados em seu meio. 8.3 Procedimentos adotados Os procedimentos adotados no desenvolvimento dessa pesquisa é a coleta de dados referente a Mortalidade Materna no período compreendido entre 2006 a 2015, a ser fornecida pela SEMSA-MM após este projeto ser apreciada e autorizado pelo CEP (COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA) da SEMSA, por parte dos profissionais avaliadores no que refere à Análise das principais causas de óbito materno na cidade de Manaus e o enfrentamento da gestão estratégica da SEMSA-MN. Os dados a serem coletados serão estratificados e interpretados de acordo com os preceitos legais das leis vigente no Brasil e de associações internacionais, bem como as avaliações que a comunidade científica vem descrevendo e compreendendo do fenômeno estatístico da Mortalidade Materna, que vem sendo abordada nos países em desenvolvimento nos últimos 20 anos. Esse pesquisador utilizará de dados secundários de informações humanas a ser fornecido pela SEMSA, para a confecção de tabelas e gráficos para análise e avaliação dos resultados por ações tomadas pelos CMPOMIF, a análise das amostras, a estratificação dos dados sistemática serão desenvolvidas de forma imparcial. 9 CASUÍSTICA Critérios de Inclusão: Para a avaliação dos dados sobre Morte Materna e confecção de tabelas e gráficos serão analisados os dados e processos organizacionais e planos de ações aplicados pelo CMPOMIF no período de 2006 a 2015. Critérios de exclusão: Todos os que não se enquadram no item acima. 10 PARTICIPANTES Pesquisador: Alexsandro Sampaio de Oliveira Orientador: Drº Profº Dayson José Jardim Lima Co-Orientadora: Mscª Nadionara Costa Menezes 36 11 RISCOS E BENEFÍCIOS 11.1 Benefícios A análise das principais causas de óbito materno na cidade de Manaus e o enfrentamento da gestão estratégica da SEMSA-MN visa enaltecer o trabalho desempenhado pelo CMPOMIF através de uma série histórica e criar pontos de análise e indicadores de sensibilidade a fim de criar subsídios e meios para comprovar os resultados positivos. 11.2 Riscos Essa pesquisa oferece pequeno grau de risco no que se refere a compilação de dados, elaboração de tabelas ou erros matemáticos na confecção de gráficos. 12 LOCAL DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa será alimentada por dados do CMPOMIF localizada na unidade da SEMSA- MM, situada no Endereço: Avenida Mário Ypiranga Monteiro nº 1695 – Adrianópolis. Cep: 69057-001. A confecção de tabelas, gráficos e sua análise ocorrerão no endereço residencial do pesquisador situado na: rua Uruguai nº16 conjunto Beija-Flor, Bairro de Flores, e no IQC. 13 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DE ATIVIDADES Tabela 8: Cronograma de execução de atividades Atividades/Período Set 2016 Out 2016 Nov 2016 Dez 2016 Jan 2017 Fev 2018 Mar 2019 Escolha e delimitação do Tema X Levantamento e análise de Literaturas X X X Submissão ao CEP da SEMSA X Elaboração do Projeto X X Revisão do projeto X X Orientações X X Correções do Projeto escrito X Elaboração da Monografia X X Revisão Ortográfica da Monografia X X X Entrega da Monografia X 37 14 FONTE ORÇAMENTÁRIA O projeto não dispõe de financiamento institucional. O projeto será de financiado próprio. Tabela 9: Fontes orçamentárias Previsão Orçamentária Descrição do material Quantidade Valor Unitário Valor Resma de papel A4 4 15,00 R$ 60,00 R$ Enciclopédia de Enfermagem 1 500,00 R$ 500,00 R$ Empréstimo de livros 10 15,00 R$ 150,00 R$ Combustível 30 l 3,80 R$ 214,00 R$ Cartucho para impressora 4 50,00R$ 200,00R$ Alimentação 70 6,00 R$ 420,00 R$ Revisão Ortográfica 2 40,00 R$ 80,00 R$ Impressão 2 60,00 R$ 120,00 R$ Encadernação 1 60,00 R$ 60,00 R$ Total 1804,00R$ 38 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo Brasil (2007), os Comitês de Prevenção do Óbito Materno, Infantil e Fetal são organismos de natureza interinstitucional, multiprofissional, confidencial, não coercitivos e não punitivos, com caráter informativo e educativo que têm a função de analisar todos os óbitos maternos, infantis e fetais e apontar medidas de intervenção para a redução destes óbitos na sua região de abrangência. São portanto, instâncias que se vestem do conceito técnico, ético e político de controle social e apoio a gestão, que contribuem para avaliar a qualidade da assistência à saúde da mulher e da criança para subsidiar as políticas públicas e ações de intervenção para melhoria da vigilância ao óbito e, consequentemente, da qualidade da informação e melhorar a qualidade da atenção à saúde. A necessidade de registrar o número e a causa das mortes são essenciais na identificação de problemas no sistema de saúde. A Revisão das mortes Materna e Perinatal permite a monitorização de seus resultados e, a evidência de série de dados sugere claramente mais benefícios do que danos. O feedback é essencial em qualquer sistema de auditoria. Os mecanismos mais eficazes para isso são desconhecidos, mas ele deve ser dirigido para pessoas relevantes. 39 15 REFERÊNCIAS BRASIL; Ministério da Saúde. Manual dos Comitês de Mortalidade Materna. Secretária de Política de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher. 3ª ed. – Brasília, 2007. BRASIL; Ministério da Saúde; Conselho Federal de Medicina; Centro Brasileiro de Classificação de doenças. A declaração de óbito: documento necessário e importante. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL; Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância
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