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Podologia em Bovinos Conceitos Basilares

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PODOLOGIA EM BOVINOS 
CONCEITOS BASILARES 
 
 
 
Relatório Final de Estágio 
Licenciatura em Medicina Veterinária 
 
 
 
MÁRIO ALCIDES FERREIRA DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO 
DOURO 
VILA REAL, 2009
 
 
 
Júri de Apreciação 
 
 Presidente: ______________________________________ 
 1.º Vogal: _______________________________________ 
 2.º Vogal: _______________________________________ 
 
 Classificação: _____ 
 Data: ___/___/_____ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Coordenador, 
________________________________ 
Prof. Dr. João Carlos Caetano Simões 
 
O Orientador, 
________________________________ 
Dr. José Manuel Alegre Chaves 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
i 
 
PREFÁCIO 
 
Temos tido o gosto, para além do dever, de acompanhar os nossos alunos 
durante a sua licenciatura, e alguns deles durante o seu estágio final de curso e 
invariavelmente nas suas dúvidas pós-licenciatura quando se dedicam à clínica das 
espécies pecuárias em causa. E cada aluno é um mundo especial. 
Ao Mário Alcides, coube efectuar o seu estágio em ano de transição de 
licenciatura para Mestrado Integrado em Medicina Veterinária. Homem adulto, pai de 
2 filhos, despertava-me curiosidade durante as saídas de campo, efectuadas nas aulas, a 
sua capacidade de observação aliada a uma visão filosófica da vida que talvez somente a 
idade permita. Aliás, que pode ser em parte constatada na sua escrita. 
Inicialmente, aquando da programação do plano de estágio, pretendia o Mário 
estagiar na sua Terra Natal (região da Tocha - Cantanhede), junto aos filhos. Acabou 
por realizá-lo na Terra que lhe concede a licenciatura, com vista a regressar o mais 
brevemente à sua família. 
Também, desde o início me admirou o seu gosto pelo tema das claudicações em 
bovinos, 3ª causa de perdas económicas nas explorações, mas sempre relegada para 2º 
plano. A tal ponto, que foram outros técnicos, entre outros …, a assumir a maioria das 
vezes tal trabalho sob o manto da correcção funcional dos cascos. E a região de onde é 
natural bem conhece esta realidade. 
Pretendendo o Mário debruçar-se sobre aspectos fundamentais e 
eminentemente práticos, permitimos responsavelmente que este relatório fosse o 
espelho do seu ser, até por julgarmos conhecer, em profundidade, as realidades das 
diversas regiões e das pessoas. Mas sabe o Mário que a sua educação em tecnologias de 
informação e a formação pós-licenciatura são premissas da actualidade, a par da 
experiência a adquirir como Médico Veterinário já com cédula profissional. 
E a inovação, para além da experiência, necessita de uma procura e esmiuçar 
das explicações científicas das ocorrências e necessidades, como se pode constatar em 
algumas das referências apresentadas pelo Mário. 
Resta-me desejar ao Mário que, perante a sua faceta filosófica, continue a 
acreditar que não se deva desejar aos outros aquilo que não queremos para nós. Este é 
um dos legados mais importantes para a formação de carácter dos seus próprios filhos. 
Porque o exemplo arrasta! 
 
João Simões 
 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
ii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“As doutrinas apresentadas 
neste trabalho são da exclusiva 
responsabilidade do autor.” 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
iii 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 Se há honras que merecem destaque, as que vou sequencialmente citar merecem-
me naturalmente honraria. A todas as entidades humanas que vou fazer referência 
curvo-me perante elas e, caso o use, tiro-lhes o meu chapéu. Será muito difícil por 
palavras escritas, a que vulgarmente chamamos frases, expressarmos o nosso 
reconhecimento e todo o nosso fascínio por aqueles que nos ajudam, pois isso só é 
permitido aos sentimentos e esses não se vêem, só se sentem, daí o seu nome. 
 Por esta razão, vou tentar mostrar a nobre fidelidade do que sinto e do que 
penso. 
 Passo a agradecer ao Professor Doutor João Simões por ter aceite ser o meu 
coordenador de estágio, pelos seus ensinamentos e pela sua crescente e invariável boa 
disposição. 
 Agradeço ao Dr. Alegre Chaves por ter aceite ser o meu orientador de estágio, 
pelo seu convívio, pelos seus conhecimentos e pelas fotografias gentilmente cedidas e 
que deram corpo a este relatório. 
Agradeço aos meus pais que, na fase derradeira das suas vidas, foram buscar 
forças sobre-humanas para me ajudarem nos mais variados quadrantes que a vida 
conhece. 
Agradeço à minha esposa e filhos por terem sabido lidar com a minha ausência e 
com a minha distância, pois quase deixei de ser pai para ser estudante. 
Agradeço ao Carlos Albuquerque e ao João Requicha pelos seus ensinamentos, 
pelo seu apoio e pelas incansáveis e intermináveis horas que comigo perderam. Apesar 
de terem uma faixa etária muito distante da minha, souberam sempre erguer-me quando 
eu quase caía, souberam sempre movimentar-me quando eu parava. Agradeço aos seus 
pais a sua existência. Tudo o que possa dizer deles jamais alguém poderia sentir. São os 
meus heróis. 
Agradeço ao João Dias por todos os últimos quatro anos em que me 
acompanhou, pelas noitadas de estudo, pelo seu empenho e preocupação pela minha 
vida académica e pelo meu bem-estar pessoal. Mais ainda lhe agradeço o facto de ser 
meu amigo e o grande contributo que deu à minha vida. Por tudo isto honra-me tê-lo 
conhecido. 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
iv 
 
Agradeço ao Rui, o açoriano como lhe chamávamos, pela sua pureza, pela sua 
grandeza e pela sua nobreza enquanto amigo. O companheiro e ser humano que 
qualquer um gosta de ter e de conhecer. 
Agradeço ao André, ao Tiago e ao Joel pelos seus conselhos, pela sua amizade e 
por frequentemente se lembrarem de mim. São seres humanos inexcedíveis. 
Agradeço ao Ricardo Lages pela bondade humana e pela sua nobreza como 
amigo. Muitas das brincadeiras que aqui tiveram-no a ele, invariavelmente, como 
interlocutor. Diz-se que um ser humano é bom quando tem um bom coração; então 
atrevo-me a dizer que todo o seu corpo é apenas coração. 
Agradeço ainda a muitos outros colegas de curso que por aqui conheci e que 
fizeram o favor de serem meus amigos. 
Agradeço ao Jorge pela amizade e por todos os momentos de conversação. Um 
bom amigo. 
Agradeço ao Tozé da papelaria pelo seu contributo durante a minha estadia em 
Vila Real. 
Agradeço a alguns professores que conheci durante o curso e que, pelo facto de 
serem muitos não os cito aqui, mas de igual forma estão em igual cotação no respeito e 
admiração que por eles nutro 
Agradeço ainda a tantos outros amigos a quem, por este meio, presto a minha 
homenagem. A todos eles e sem distinção, o meu, 
Muitíssimo Obrigado. 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
v 
 
 
ÍNDICE 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1 
1 – HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS MEMBROS 
DOS BOVINOS ................................................................................................................................. 2 
1.1 – HISTOLOGIA DO CASCO ......................................................................................... 2 
1.1.1 – Epiderme .......................................................................................................2 
1.1.2 – Derme ............................................................................................................ 4 
1.1.3 – Tecido subcutâneo ......................................................................................... 4 
1.2 – ASPECTOS ANATÓMICOS ........................................................................................ 4 
1.2.1 – Ossos ............................................................................................................. 5 
1.2.2 – Articulações ................................................................................................... 5 
1.2.3 – Ligamentos .................................................................................................... 6 
1.2.4 – Tendões.......................................................................................................... 6 
1.3 – IRRIGAÇÃO E ENERVAÇÃO DO PÉ ........................................................................... 6 
2 – ETIOLOGIA DOS PROBLEMAS PODAIS ................................................................... 8 
2.1 – FACTORES BIOMECÂNICOS QUE CONTRIBUEM PARA CLAUDICAÇÕES ..................... 9 
2.1.1 – Extremidades posteriores .............................................................................. 9 
2.1.2 – Extremidades anteriores ............................................................................... 9 
2.2 – OUTRAS CAUSAS DE CLAUDICAÇÃO..................................................................... 10 
2.2.1 – Alimentação ................................................................................................. 10 
2.2.2 – Factores genéticos....................................................................................... 11 
2.2.3 – Instalações ................................................................................................... 12 
2.2.4 – Pastoreio ..................................................................................................... 13 
2.2.5 – Produção ..................................................................................................... 13 
2.2.6 – Correcção funcional dos cascos ................................................................. 14 
2.2.7 – Concentração de gado ................................................................................ 14 
2.2.8 – Higiene ........................................................................................................ 14 
2.2.9 – Factor humano ............................................................................................ 16 
2.2.10 – Climatologia .............................................................................................. 16 
2.2.11 – Época do ano ............................................................................................. 16 
2.2.12 – Humidade .................................................................................................. 17 
2.2.13 – Idade .......................................................................................................... 17 
3 – EQUIPAMENTO E INSTRUMENTAL USADO EM PODOLOGIA .................. 17 
3.1 – TRONCOS DE CONTENÇÃO ................................................................................... 17 
3.1.1 – Troncos de contenção Wopa® ..................................................................... 18 
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vi 
 
3.1.2 – Troncos de contenção de origem uruguaia ................................................. 18 
3.1.3 – Troncos de contenção tombadores-hidráulicos .......................................... 19 
3.2 – INSTRUMENTOS USADOS EM PODOLOGIA ............................................................. 20 
4 – CORRECÇÃO FUNCIONAL DOS CASCOS EM BOVINOS ............................... 22 
4.1 – CORRECÇÃO DAS UNHAS DOS MEMBROS POSTERIORES ........................................ 23 
4.1.1 – Unha interna ............................................................................................... 24 
4.1.2 – Unha externa ............................................................................................... 24 
4.2 – MOLDAR AS CONCAVIDADES AXIAIS ................................................................... 24 
4.3 – LIMPEZA DOS TALÕES .......................................................................................... 25 
5 – CORRECÇÃO DOS CASCOS EM CASOS DE AFECÇÕES PODAIS 
(MÉTODOS TERAPÊUTICOS OU CURATIVOS) .......................................................... 25 
5.1 – TERAPIA COM RECURSO A TACOS ORTOPÉDICOS .................................................. 25 
5.2 – OUTROS MÉTODOS DE TERAPIA PODAL ................................................................ 26 
6 – CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS PODAIS ..................................................... 27 
6.1 – DERMATITE INTERDIGITAL .................................................................................. 27 
6.2 – DERMATITE DIGITAL ........................................................................................... 28 
6.3 – EROSÃO DOS TALÕES ........................................................................................... 29 
6.4 – HIPERPLASIA INTERDIGITAL (TILOMA) ................................................................ 29 
6.5 – FLEIMÃO INTERDIGITAL (NECROBACILOSE INTERDIGITAL) ................................. 29 
6.6 – PODODERMATITE CIRCUNSCRITA (ÚLCERA DA SOLA) ......................................... 30 
6.7 – LAMINITE (PODODERMATITE ASSÉPTICA DIFUSA) ............................................... 31 
6.8 – AFECÇÕES DA LINHA BRANCA ............................................................................. 33 
6.9 – FISSURAS OU RACHADURAS DO CASCO ................................................................ 33 
7 – AMPUTAÇÃO DE DEDO EM BOVINO ....................................................................... 34 
7.1 – ANESTESIA E CONDUCTA PRÉ-OPERATÓRIA ......................................................... 34 
7.2 – TÉCNICA CIRÚRGIA .............................................................................................. 35 
7.3 – CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS ............................................................................. 35 
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 37 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................ 38 
ANEXOS .............................................................................................................................................. I 
I. CASOS CLÍNICOS ................................................................................................... II 
CASO CLÍNICO N.º1 ................................................................................................ II 
CASO CLÍNICO N.º2 ............................................................................................... IV 
CASO CLÍNICO N.º3 ............................................................................................... VI 
II. CASUÍSTICA......................................................................................................... IX 
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vii 
 
ÍNDICE DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Representação esquemática da anatomia docasco, vista palmar ................... 3 
Figura 2 – Esquema representativo da anatomia e histologia do dedo............................ 8 
Figura 3 – Situação de sobre-população em regime de exploração bovina intensiva ... 15 
Figura 4 – Deficiente higiene dos pisos ........................................................................ 15 
Figura 5 – Troncos de contenção Wopa® móveis .......................................................... 18 
Figura 6 – Troncos de contenção uruguaios. Vista lateral e frontal .............................. 19 
Figura 7 – Tronco de contenção tombador-hidráulico. Modelo Fregonezzi ................. 19 
Figura 8 – Facas de casco direitas e esquerda ............................................................... 20 
Figura 9 – Disco de trapo para polir após o afiar da faca .............................................. 20 
Figura 10 – Discos de corte para esmerilador. .............................................................. 21 
Figura 11 – Rebaixador de cascos. ................................................................................ 21 
Figura 13 – Tenaz de corte de unhas e grosa para cascos ............................................. 21 
Figura 12 – Pinça de detecção de dor. ........................................................................... 21 
Figura 14 – Tacos ortopédicos e cola para cascos. ........................................................ 22 
Figura 15 – Bota de irrigação. ....................................................................................... 22 
Figura 16 – Bovino em posição de camping back. ........................................................ 23 
Figura 17 – Medidas recomendadas para o recorte funcional dos cascos ..................... 24 
Figura 18 – Locais mais frequentes de dermatite digital ............................................... 28 
Figura 19 – Aspecto macroscópico de dermatite digital em bovino ............................. 28 
Figura 20 – Torniquete para aplicação de anestesia regional intravenosa. ................... 34 
Figura 21 – Técnica cirúrgica de amputação de dedo em bovino ................................ 36 
Figura 22 – Dermatite digital no membro posterior direito de em bovino. ................... III 
Figura 23 – Bandagem com oxitetraciclina para tratamento da dermatite digital ......... IV 
Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
 
viii 
 
Figura 24 – Úlcera da sola em bovino. ............................................................................V 
Figura 25 – Taco ortopédico para tratamento da úlcera da sola .................................... VI 
Figura 26 – Vaca gestante com hidropisia. Vista anterior e posterior. ......................... VII 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
1 
 
INTRODUÇÃO 
 
Todos nós no nosso imaginário traçamos orientações, gostos e concretizações. 
Quando as duas premissas iniciais conhecem empenho, a terceira também 
invariavelmente acontece. Seria de esperar e é de esperar que qualquer indivíduo se 
oriente e norteie pelas suas paixões. Uma das minhas é a Podologia. O principal motivo 
pelo qual abordei este tema foi necessariamente, além do gosto, o crescente interesse 
que esta ciência começa obrigatoriamente a merecer, a importância que o tratamento 
dos cascos tem nas modernas explorações leiteiras e o facto de que o veterinário 
podólogo ainda é uma raridade no nosso país. Pretendo assim, com esta monografia, 
descrever os conceitos basilares da Podologia e contribuir num sentido eminentemente 
prático para a promoção desta ciência no seio da nossa comunidade veterinária. 
Para meu regozijo, verifico também que algumas personalidades a nível mundial 
começam a dar especial projecção a esta ciência, tendo algumas delas feito como opção 
profissional dedicar-se à Podologia como especialidade. Refiro-me, naturalmente a 
Toussain Raivan, Adrian González, e Roberto Acuña. Estou convicto que, o contributo 
destas três eminências à Podologia mundial, permitiu que as explorações leiteiras 
tenham hoje menos problemas de origem podal e, consequentemente, um melhor bem -
estar animal e um maior índice produtivo. Por mim, folgo muito em saber isto. 
No decorrer do estágio curricular, com uma duração prática de cerca de 4 meses, 
foi-me possível contactar e aplicar o vasto conhecimento teórico, adquirido durante a 
licenciatura, na abordagem diagnóstica e terapêutica de variadas patologias, não só de 
carácter podal, mas também de outros sistemas orgânicos, como está patente no capítulo 
de casos clínicos e casuística, em anexo, pese embora as dificuldades inerentes à clínica 
de espécies pecuárias e à região, onde (ainda) predominam as explorações familiares. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
2 
 
1 – HISTOLOGIA E ANATOMIA DAS PARTES DISTAIS DOS 
MEMBROS DOS BOVINOS 
Os bovinos são classificados como mamíferos quadrúpedes ungulados, isto é, 
apoiam-se e movimentam-se sobre quatro membros, estando a parte distal dos mesmos 
revestida por casco. 
A parte distal do membro anterior de um bovino é conhecida por mão e os seus 
dois dígitos são também designados por dedos, o dedo lateral e o dedo medial 
(didactilia). No membro posterior, a sua parte distal designa-se de pé, tendo estes 
também dois dedos, sendo lateral de maiores dimensões. 
Cada membro apresenta, além dos dois dedos principais, dois dedos 
suplementares ou rudimentares, encontrando-se estes últimos projectados atrás do 
boleto e geralmente não estão em contacto com o solo. 
 
1.1 – Histologia do casco 
Cada dígito de um bovino e composto por três tipos de tecido: a epiderme, a 
derme e o tecido subcutâneo. A epiderme é queratinizada e a derme, também chamada 
de córion, é uma estrutura altamente vascularizada que tem como função a nutrição do 
casco. Por último, o tecido subcutâneo que forma a almofada digital. Além dos três 
tecidos referenciados, cada dígito compõem-se ainda de três falanges e três sesamóides, 
tendões e ligamentos
8
. 
O termo casco compreende a cápsula ou estrato córneo da epiderme e os outros 
componentes. 
 
1.1.1 – Epiderme 
A epiderme divide-se em: estrato basal, estrato germinativo e estrato córneo, este 
último ainda se subdivide em: em estrato externo, estrato médio e estrato interno ou 
lamelar. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
3 
 
A epiderme é avascular, pelo que os queratinócitos da camada germinativa 
dependem do suprimento sanguíneo da derme (córion) para obtenção de oxigénio e 
nutrientes. Esta difusão sanguínea pode ser quebrada o que conduz à produção de um 
mau tecido córneo. 
A camada germinativa da epiderme e o córion têm uma íntima relação, por 
consequência, qualquer lesão numa destas estruturas conduz a prejuízos na outra. 
A estabilidade estrutural do tecido córneo é resultante dos complexos formados 
entre a queratina e os aminoácidos metionina, histidina, lisina e arginina, bem como 
água, macro e micro-elementos (cálcio, fósforo, cobre, zinco, enxofre cobalto, 
molibdénio) e uma pequena quantidade de gordura. 
Externamente, verificam-se na epiderme ou tecido córneo, estruturas que 
adquirem um nome próprio
1
 (figura 1 e 2): 
- Bordo coronário ou coroa; 
- Parede ou muralha; 
- Palma ou sola; 
- Talão; 
- Linha branca. 
 
Figura 1 – Representação esquemática da anatomia do casco, vista palmar (Adaptado 
de 3). 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
4 
 
1.1.2 – Derme 
A derme ou córion divide-se em três partes: 
- A parte coronariana ou perioplo. Esta ocupa um espaço restrito, sendo formada 
por papilas vascularizadas que se orientam em direcção à superfície do chão. O tecido 
córneo mole dabanda coronária é produzido por células germinativas; 
- A parte parietal ou tubular localiza-se imediatamente abaixo da derme 
coronariana; 
- A derme lamelar é predominantemente vascular e tem muitas fibras reticulares 
densas que ligam a parede dos vasos à falange distal; 
 
1.1.3 – Tecido subcutâneo 
O tecido subcutâneo ou sub-cutis é abundante no bulbo ou talão, apresentando-
se como uma densa camada de tecido fibroelástico, 
O bulbo tem uma importante função de amortização dos impactos e, quando é 
pressionado durante a distribuição de peso, expande-se axial e abaxialmente, 
transferindo as forças para a parede do casco. Quando ocorrem alterações na estrutura 
do talão ou quando há reduzidas forças de tensão, por exemplo, na laminite crónica, a 
absorção do impacto pelo bulbo fica claramente comprometida. 
O tecido subcutâneo está ausente na maioria do córion
4,5
. 
 
1.2 – Aspectos anatómicos 
Sob o ponto de vista anatómico, além das estruturas histológicas atrás referidas, 
é essencial abordar as estruturas ósseas, as articulações, os ligamentos e os tendões, pois 
elas estão encarregadas de suportar, distribuir e amortecer o peso do animal no solo 
(figura 2)
3,4,8
. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
5 
 
1.2.1 – Ossos 
Quanto à constituição óssea, as extremidades distais dos membros compreendem 
diversos ossos, entre o carpo (mão) ou o tarso (pé) e as falanges distais
3
. 
Os ossos suportam primariamente as estruturas do pé. Cada dedo é constituído 
por três ossos principais
1
 (figura 2): 
- Falange proximal ou primeira falange; 
- Falange média ou segunda falange; 
- Falange distal ou terceira falange. 
Existem ainda outros ossos mais pequenos, os ossos sesamóides, essenciais para 
actuar como guia dos tendões. 
O osso mais susceptível de ser lesado é a terceira falange, pois está mais exposta 
a traumatismos ou a agentes infecciosos que podem chegar até ela após a ocorrência de 
lesões e deformações na protecção córnea ou epiderme
4
. 
 
1.2.2 – Articulações 
As articulações são a união entre os ossos, que estão recobertos por cartilagem 
na sua parte final (figura 2). Estas estruturas estão encarregadas de proteger a fricção 
entre os ossos aquando o movimento destes. A articulação está rodeada por uma cápsula 
articular onde está um líquido gelatinoso, chamado líquido sinovial, e tem como função 
a lubrificação contínua, reduzindo ainda mais o atrito
7
. 
A articulação interfalangiana distal, está totalmente encerrada na cápsula córnea 
e une a segunda e a terceira falange. A unha ou dedo compreende a terceira falange, a 
parte distal da segunda falange, o osso sesamóide distal ou osso navicular, os 
ligamentos articulares e a parte terminal dos tendões flexores e extensores, o córion e o 
tecido subcutâneo, estando todas estas estruturas envoltas pela cápsula córnea
7-9
. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
6 
 
1.2.3 – Ligamentos 
Os ligamentos unem e suportam os ossos entre si. Existem vários ligamentos que 
estão encarregados de prevenir que os dedos se afastem lateralmente. Dentro destes, os 
mais importantes são os ligamentos cruzados
5
. 
Sempre que um animal comece a ter alterações no caminhar estes ligamentos 
sofrem estiramento e provocam inflamação com as consequentes claudicações
2,3
. 
 
1.2.4 – Tendões 
Os tendões unem os músculos aos ossos, ao contrário dos ligamentos que 
contactam osso entre si. Nos membros há dois tipos de tendões (figura 2): 
- Os tendões flexores ou posteriores, que têm como função elevar o pé e a perna; 
- Os tendões extensores ou anteriores, que permitem a descida gradual do pé. 
Os tendões, tal como os ligamentos, são de natureza fibroelástica. Estes estão 
recobertos por uma bainha fibrosa que, quando lesionada, leva a inflamações e, quando 
colonizadas por bactérias conduz a um processo de tendinite
7
. 
 
1.3 – Irrigação e enervação do pé 
Devido à complexidade da enervação e irrigação do pé, é de grande relevância 
que aqui seja mencionada, pois o seu conhecimento é de vital importância para a 
conhecer a fisiopatogenia das lesões, proceder à correcta instauração de técnicas de 
anestesia e terapêutica
1
. 
Pelo facto de a maioria das lesões serem encontradas nos membros posteriores, 
descrevem-se aqui, ainda que de forma sucinta, os seus vasos mais importantes e com 
interesse em intervenções cirúrgicas ou dolorosas no pé, dando particular atenção aos 
vasos sanguíneos já que a anestesia regional intravenosa é a que mais utilizada
3
. 
Os principais vasos arteriais que irrigam o pé são: 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
7 
 
- As arteríolas plantar medial e plantar lateral, que são ramas da artéria safena; 
- A artéria metatársica dorsal, que se liga às artérias plantares; 
- A artéria digital comum plantar III, que é um ramo da artéria plantar medial 
que continua em direcção ao espaço interdigital onde se anastomosa com o tronco 
principal. É encontrada quando há amputação de um dedo. 
As veias estão divididas num sistema profundo havendo, contudo, alguns vasos 
importantes: 
- A veia safena lateral que emerge de duas tributárias; 
- A veia safena medial que é formada por duas ramos, o ramo cranial e o ramo 
caudal. 
As veias superficiais, abaixo do jarrete, podem salientar-se pela aplicação de um 
torniquete para administração de anestésico local com o objectivo de dessensibilizar os 
dedos. 
Quanto à enervação do pé, está a cargo dos ramos superficiais e profundo do 
nervo peronial e dos nervos plantares medial e lateral. O bloqueio destes nervos é 
importante caso se opte por uma técnica anestésica que não a intravenosa regional. 
Entre essas técnicas de anestesia destacam-se duas: infiltração peri-neural dos nervos 
digitais plantares e bloqueio circular. Quanto à anestesia por bloqueio nervoso, o 
método consiste no bloquear dos troncos nervosos responsáveis pela enervação das 
extremidades distais. Procede-se à tranquilização do paciente e à limpeza e desinfecção 
da zona abaixo do boleto. O primeiro ponto de inoculação é na face anterior do boleto e 
o segundo ponto é posterior e entre os dois dedos acessórios. O terceiro e o quarto 
pontos de inoculação são laterais, interno e externo, cerca de dois centímetros acima dos 
dedos acessórios
4,7,8
. 
 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
8 
 
 
Figura 2 – Esquema representativo da anatomia e histologia do dedo (Adaptado de 3). 
 
2 – ETIOLOGIA DOS PROBLEMAS PODAIS 
A intensificação das técnicas produtivas com a especialização de vacas por raças 
e o moderno maneio na produção leiteira trouxeram um aumento do número de 
claudicações, já que os bovinos experimentaram alimentações ricas em factores 
predisponentes para que estas ocorram. Algumas repercussões nas claudicações dos 
bovinos situam-se na produção, condição corporal, fertilidade, mamites, longevidade, 
sacrifícios dos animais (abate), melhoria genética e mão-de-obra. Assim, importa 
conhecer e identificar os factores contributivos para a ocorrência de tais lesões
5
. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
9 
 
2.1 – Factores biomecânicos que contribuem para claudicações 
Existe uma interacção entre o solo que os bovinos pisam e os seus próprios 
membros, o que requer conhecimentos da mecânica de apoio, bem como conhecimentos 
do próprio chão que o animal pisa durante toda a sua vida. Muitos outros factores 
interferem directamente na biomecânica podal e as próprias patologias nestes locais que 
à frente serão abordadas. 
 
2.1.1 – Extremidades posteriores 
Os membros posteriores,durante o período que a vaca está parada, apresentam 
movimentos de balanço nas ancas de 2,5cm para cada lado. Isto conduz a um aumento 
de peso nos talões externos, enquanto que os internos ficam inalterados
4
. 
O talão posterior externo e a respectiva unha são maiores que o interno, assim ao 
apoiar em terreno duro recebe mais pressão o que conduz a uma maior irrigação 
sanguínea e consequentemente a um sobre-crescimento dessa mesma unha
2
 (figura 33). 
Outra característica da unha posterior externa é o facto de apresentar menor 
concavidade na superfície palmar em relação à unha posterior interna. A unha interna ou 
medial tem um apoio mais instável em terrenos duros, assim transmite mais peso à unha 
lateral. Também nos movimentos de rotação as unhas laterais ficam mais expostas a 
pressões sobre as mesmas. Todos estes factores anátomo-mecânicos contribuem para 
que as patas posteriores sejam mais acometidas por lesões em relação às anteriores, e 
são as unhas laterais ou externas as mais afectadas
7
. 
 
2.1.2 – Extremidades anteriores 
Os problemas podais nas extremidades anteriores são menos frequentes do que 
nas posteriores, no entanto, quando ocorrem alterações ou patologias podais nestes 
membros, são muito mais incómodas para os bovinos contribuindo para isso o balanceio 
do pescoço e o aumento de peso do pescoço e da cabeça. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
10 
 
Quando a claudicação é unilateral, o bovino procura voltar o pescoço para o lado 
são a fim de aliviar algum peso. Nas extremidades anteriores, as unhas que 
frequentemente sofrem mais lesões são as internas ou mediais e em tais situações, é 
comum os bovinos cruzarem os membros para aliviar a dor. Pensa-se que o facto da 
unha medial ser mais afectada se deve ao sobre-peso oblíquo exercido nesta unha 
quando o bovino estende o pescoço através das estruturas metálicas colocadas nas 
manjedouras para conseguirem alcançar o alimento
8
. 
 
2.2 – Outras causas de claudicação 
Além dos factores atrás abordados outros existem e que são na actualidade 
considerados factores de risco. Genericamente, podemos dividir as claudicações pela 
sua etiologia em três tipos: metabólicas, mecânicas e infecciosas (figura 34). 
Alguns factores de risco para a claudicação estão relacionados com a 
alimentação, a hereditariedade, as instalações, o pastoreio, a produção, a correcção de 
cascos, a concentração de gado, o Homem, a fase da lactação, o clima, a humidade, a 
idade, os traumatismos, e a época do ano. É de grande importância conhecer estes 
factores de risco, já que podem influenciar a estrutura e a função do casco e assim 
conduzir a medidas que se possam implementar para colocar em prática métodos 
profilácticos para uma melhoria da sanidade dos bovinos. 
Sobre alguns destes factores atrás mencionados se irá em seguida fazer uma 
breve abordagem, tal como a algumas patologias que deles possam derivar. 
 
2.2.1 – Alimentação 
Existe grande consenso de que a alimentação é um factor fundamental no 
desenvolvimento dos problemas podais. Manifestações de úlceras palmares e abcessos 
da linha branca são ambos consequências da incapacidade do córion para produzir uma 
unha saudável, e a alimentação é de grande responsabilidade nesta ocorrência. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
11 
 
A laminite está associada a toxémia por ingestão de excesso de hidratos de 
carbono, a acidose ruminal e, em alguns trabalhos (segundo Roberto Acuña) também 
comprovaram que um excesso de proteínas em mais de 15% aumenta essa 
predisposição
4
. Pastagens e forragens que contenham altos conteúdos de nitratos podem 
de igual forma causar laminites
4
. 
Por outro lado, as lesões traumáticas por penetração de corpos estranhos devem-
se quase sempre a um casco de má qualidade, que pode ser originado por uma 
inadequada administração de nutrientes que intervêm no processo de queratinização. A 
ingestão de grandes quantidades de concentrado e baixo consumo de forragem é um 
factor de problemas podais. Os amidos e outros açúcares associam-se a problemas 
podais, bem como a proteína de alta degradabilidade. Alimentações ricas em proteínas e 
baixas em fibras conduzem a fezes abundantes e líquidas que vão conspurcar os pisos 
onde os animais se movimentam, isto predispõe ao crescimento de microrganismos e 
amolecimento dos cascos, sendo assim mais facilmente atacados por esses agentes 
patogénicos
7
. 
Carência de micro-elemetos, como o cobre (Cu) e o zinco (Zn), e de vitamina E 
e selénio (Se) são na actualidade considerados factores de risco para as doenças podais
7
. 
 
2.2.2 – Factores genéticos 
A conformação das unhas é uma característica herdada, as quais demonstra ter 
alguma correlação com as claudicações. 
As unhas devem ser iguais, devendo ser descartadas do efectivo todas as vacas 
com diferenças acentuadas de tamanho entre elas
4
. A selecção genética, para aumentar a 
produção leiteira, não tem sido acompanhada com a selecção para a qualidade dos 
cascos e dos membros, a fim de que os animais suportem melhor o maior peso que o 
melhoramento genético permitiu
2
. Isto porque a heritabilidade da conformação podal é 
bastante inferior à heritabilidade de outras características morfológicas e até 
reprodutivas
4
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
12 
 
A pigmentação do casco é uma questão racial e mesmo não sendo 
cientificamente comprovado tem aceitação geral que os claros ou não pigmentados têm 
menor resistência que os escuros, sendo assim mais susceptíveis a lesões
2
. 
 
2.2.3 – Instalações 
Os tipos de estábulo são um factor ambiental de capital importância no conforto 
dos animais pois condiciona o seu comportamento, a locomoção e as relações sociais. 
 
2.2.3.1 – Estabulação fixa 
Em explorações bovinas de característica tradicional, as quais ainda assentam 
em sistemas de estabulação fixa, as vacas amarradas permanentemente acedem 
facilmente ao alimento e por conseguinte têm locomoção nula o que lhe permite um 
sobre-crescimento do casco devido à falta de desgaste. Nesta estabulação, as 
claudicações podais são mais frequentes nas patas anteriores, pois as anteriores apoiam 
sobre um solo mais seco. Pelo contrário, as patas posteriores estão em ambiente 
conspurcado devido às dejecções e urinas, sendo assim a carga bacteriana sobre estas 
unhas é bastante elevada e a resistência do casco diminuída pelo contínuo 
humedecimento e ataque de agentes corrosivos
7
. 
 
2.2.3.2 – Estabulação livre 
Este é o tipo de estabulação que mais interessa, já que a grande parte das 
vacarias têm vindo a evoluir para este sistema, verificando-se, com o passar dos anos, o 
quase desaparecimento da estabulação fixa
5
. 
É importante que a drenagem dos pátios e passeios, onde os animais se 
deslocam, seja feita correctamente de forma a evitar zonas de acumulação de dejectos. 
Uma boa qualidade da cama dos animais nos cubículos faz com que estes 
permaneçam deitados durante um maior número de horas do que quando as camas 
apresentam uma altura baixa, provocando desconforto. Isto obriga as vacas a estarem 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
13 
 
mais tempo de pé, assim exercem mais tempo pressão sobre as patas. Com um maior 
número de horas de descanso as claudicações nas vacas acabam por diminuir 
drasticamente
7
. 
Os cubículos mal desenhados e curtos fazem com que as vacas tenham os 
membro posteriores no limite da estrutura, apoiando-se, por vezes, nas pinças causando 
grande desequilíbrio e desconforto aos animais
2
. 
As vacas leiteiras precisam de estar deitadas entre 12 a 14 horas por dia. Paraisso o tamanho dos cubículos e a qualidade da cama são dois factores para que isso 
ocorra. 
 
2.2.4 – Pastoreio 
As vacas em condição de pastoreio têm os cascos mais secos que as vacas 
confinadas. Existe uma relação entre o conteúdo de água do casco e a sua dureza. Um 
aumento de água do casco leva a uma menor resistência e consequentemente a um 
maior desgaste. Quando os cascos estão expostos a uma maior humidade dos currais, 
ficam amolecidos permitindo que penetrem nestes corpos estranho como pedras ou 
objectos pontiagudos. Por esta razão as vacas em pastoreio têm menor exposição a 
dejectos e humidade o que contribui para a ocorrência de um menor número de 
patologias podais
2,5
. 
O exercício durante o pastoreio favorece a actividade do retorno venoso, 
aumenta a produção de casco e previne a invasão bacteriana
7
. 
 
2.2.5 – Produção 
Numa exploração, as vacas com maiores índices de produção leiteira têm maior 
risco de sofrer claudicações, sendo esse risco acrescido na fase de maior produção que 
ocorre por volta dos 70 dias pós-parto
7
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
14 
 
Também no peri-parto, produzem-se uma grande quantidade de alterações 
hormonais, alimentares e de maneio que geram uma situação de stress. Se estes 
processos não forem controlados podem contribuir para problemas podais
5
. 
 
2.2.6 – Correcção funcional dos cascos 
A correcção funcional dos cascos deve ser feita de forma rotineira, tentando 
restabelecer as proporções normais dos mesmos, restaurar a posição dos membros e 
favorecer uma distribuição equilibrada do peso. Esta correcção deve fazer parte de um 
programa de medicina preventiva nos efectivos bovinos
2
. 
Dada a importância deste assunto, será assim apresentado um capítulo dedicado 
a este tema. 
 
2.2.7 – Concentração de gado 
A falta de superfície de cama em estabulações livres e o número de cubículos 
sensivelmente inferior ao número de animais (figura 3) tem como consequência um 
tempo menor de permanência dos animais deitados. Isto reflecte-se numa má qualidade 
das camas e correlaciona-se com um maior número de claudicações, sendo mais 
frequentes em animais que estão um menor número de horas deitados
7
. 
Em estábulos com pouco espaço, a contaminação das camas por fezes e urinas 
faz-se rapidamente, assim como a carga bacteriana, o que incrementa a incidência de 
doenças de doenças infecto-contagiosas, bem como a sua velocidade de difusão
7
. 
 
2.2.8 – Higiene 
A sujidade combinada com humidade tem uma elevada relação com o 
aparecimento de claudicações em bovinos (figura 4). A dermatite digital e interdigital, 
erosão dos talões e pododermatites com complicações sépticas
5,8
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
15 
 
Pátios com dejectos e camas envoltas em humidade maceram a queratina do 
casco e o próprio epitélio, facilitando a penetração de agentes infecciosos
7,15
. 
 
 
Figura 3 – Situação de sobre-população em regime de exploração bovina intensiva. 
 
 
 
Figura 4 – Deficiente higiene dos pisos. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
16 
 
2.2.9 – Factor humano 
A indiscutivelmente aceite que a intervenção humana numa exploração de 
bovinos, principalmente de leite, tem um papel preponderante na diminuição de vacas 
claudicantes e patologias à claudicação associadas
7
. 
Se os criadores de bovinos tiverem conhecimentos básicos de podologia terão 
obrigatoriamente menos vacas com problemas podais, não só pelo facto de terem 
sensibilidade para o problema, mas também porque têm percepção do real interesse que 
se deve dar a tais doeças
2,5,7
. Este conhecimento adquirido alerta os criadores para 
encomendar os serviços técnicos de um podólogo o que permitirá impedir que algumas 
patologias podais se tornem crónicas ou incurável
2,7,8
. 
Um veterinário com conhecimento de podologia e consciente da sua importância 
pode ter uma directa influência para convencer o criador de bovinos da real necessidade 
de encontrar esforços para prevenir e resolver os problemas das unhas
7
. 
 
2.2.10 – Climatologia 
É uma evidência que o calor constitui uma fonte de stress para as vacas leiteiras 
de alta produção. As consequências metabólicas do stress pelo calor conduzem ao 
aparecimento de problemas nas patas dos bovinos
5
. 
Por outro lado, um clima seco é favorável para a saúde podal, visto que solos 
menos húmidos estão menos predispostos a levarem as patas dos bovinos à incidência 
de claudicações
7
. 
 
2.2.11 – Época do ano 
Em regiões onde o pastoreio predomina, a observação de patologias podais tem 
menor incidência no Verão, sendo o Inverno e a Primavera as épocas do ano com maior 
prevalência, destacando-se as dermatites digitais e interdigitais
7
. 
Em estabulação livre, as diferenças estacionais são menos notadas, contribuindo 
para isso o maior stress existente
7
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
17 
 
2.2.12 – Humidade 
A cápsula córnea é uma estrutura higroscópica e a humidade impregna-se na 
queratina do casco amolecendo-o. Como consequência, diminui a resistência mecânica e 
aumenta a possibilidade de ataques químicos e bacterianos
7
. 
Pelo contrário, uma grande perda de humidade do tecido córneo torna-o duro e 
quebradiço, predispondo ao aparecimento de pequenas rachas denominadas por fissuras. 
A quantidade normal de água no casco deve ser de 14 a 20% e na palma de 15 a 30%
7
. 
 
2.2.13 – Idade 
Quanto mais idade tiver um bovino, maior será a probabilidade de padecer de 
problemas nas patas. As vacas velhas tendem a sofrer de problemas crónicos nas patas 
com frequentes recidivas
2,7
. 
 
3 – EQUIPAMENTO E INSTRUMENTAL USADO EM PODOLOGIA 
Para o exame e recorte das unhas em bovinos, devem ser usados métodos de 
contenção e instrumentos adequados à prática da podologia. A segurança do animal e a 
segurança do operador devem estar presentes, já que actos irreflectidos podem conduzir 
a graves consequências físicas tanto para o animal em observação, como para o 
podólogo. 
Neste capítulo, serão abordados todos os meios tecnológicos disponíveis no 
mercado ou, pelo menos, a sua maioria, para a prática da podologia bovina
2,4
. 
 
3.1 – Troncos de contenção 
Na prática clínica podem-se usar as salas de ordenha ou recorrer-se ao 
posicionamento do animal em decúbito lateral a fim de conter o animal. Todavia, estes 
métodos mais tradicionais e em desuso oferecem pouca segurança ao técnico que 
executa o trabalho e causam-lhe desconforto devido a ângulos incorrectos de visão
7,8
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
18 
 
Hoje, usam-se troncos de contenção dos mais variados modelos e de diversos 
fabricantes. O uso de troncos de contenção transportáveis é o método mais seguro e 
cómodo
5
. 
 
3.1.1 – Troncos de contenção Wopa
®
 
 Estes troncos são de fabrico holandês, de grande qualidade e com uma grande 
variedade de modelos. Podem ter um funcionamento manual ou ter um funcionamento 
hidráulico, sendo estes últimos mais cómodos e rentáveis, porém mais honorosos na sua 
aquisição
2,4,11
. 
 Os troncos Wopa
®
 (figura 5) são verticais e permitem um ângulo de visão mais 
correcto para o exercício da correcção dos casco, estando o animal em estação
11
. 
 
Figura 5 – Troncos de contenção Wopa® móveis (Adaptado de 11). 
 
3.1.2 – Troncos de contenção de origem uruguaia 
 Neste caso, os troncos são também verticais, embora menos usados na Europa
2,4
 
(figura 6). 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
19 
 
 
Figura 6 –Troncos de contenção uruguaios. Vista lateral e frontal (Adaptado de 4). 
 
3.1.3 – Troncos de contenção tombadores-hidráulicos 
 Estes modelos exigem menos esforço físico por parte do técnico, porém o ângulo 
de visão para a correcção dos cascos é menos perfeita, acrescendo ainda o facto de 
causar mais stress ao animal (figura 7). A grande vantagem é proporcionar ao técnico o 
acesso a todos os dígitos ao mesmo tempo
2,4
. 
 
Figura 7 – Tronco de contenção tombador-hidráulico. Modelo Fregonezzi (Adaptado 
de 2). 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
20 
 
3.2 – Instrumentos usados em podologia 
 Os instrumentos usados em podologia são geralmente muito simples, sendo aqui 
também possível encontrar diversos fabricantes e modelos
5,7
. 
 Nestes instrumentos de corte incluem-se as tenazes de corte articuladas (figura 
13), as facas de cascos (para a mão direita e para a mão esquerda) (figura 8) e a 
rebarbadora com discos especiais de corte que facilitam o trabalho e o tornam menos 
laborioso
2,5
. 
Também neste conjunto de ferramentas se incluem o equipamento para afiar as 
facas de cascos (esmerilador e pedras de afiar) (figuras 9 e 10), grosas para acabamento 
do recorte podal (figura 13), tacos ortopédicos de vários modelos (figura 14) e botas de 
irrigação (figura 15). 
Outras ferramentas podem ser adquiridas, embora estes sejam os mais usuais e 
de maior necessidade
7,8
. 
 
 
Figura 8 – Facas de casco direitas e 
esquerda. 
Figura 9 – Disco de trapo para polir após o 
afiar da faca. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
21 
 
 
 
Figura 10 – Discos de corte para 
esmerilador. 
Figura 11 – Rebaixador de cascos. 
 
 
 
Figura 13 – Tenaz de corte de unhas (em 
cima) e grosa para cascos (em baixo). 
Figura 12 – Pinça de detecção de dor. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
22 
 
 
 
Figura 14 – Tacos ortopédicos e cola para cascos. Figura 15 – Bota de irrigação. 
 
 
4 – CORRECÇÃO FUNCIONAL DOS CASCOS EM BOVINOS 
 
 Para uma perfeita correcção de cascos em bovinos exige-se que o técnico que 
opera em podologia tenha um conhecimento correcto da anatomia dos membros. Sobre 
estas regiões anatómicas já foram anteriormente dispensadas algumas páginas. Outros 
aspectos de grande importância são a observação da postura corporal do animal (figura 
28), a posição dos curvilhões que estão paralelos, num animal são, abertos, quando há 
sobrecarga das unhas posteriores externas e assimétricos em relação à verticalidade do 
úbere
2,5,8
: 
- adiantados quando o sofrimento é na ponta da unha (pinça), denominado neste 
caso de camping under (figura 27); 
- quando o apoio é por detrás do úbere, posição de camping back, indica que há 
lesões no talão e o animal adopta o apoio mais sobre as pinças
7
 (figura 16). 
 Por último devem ser observados epitélios adjacentes às unhas e naturalmente as 
próprias unhas. A observação atenta das unhas, quanto à sua morfologia e aspecto 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
23 
 
patológico, dará indicação do tipo de correcção mais adequado e poderá obrigar a fazer 
algumas alterações ao padrão típico do aparo funcional periódico dos cascos de animais 
que não claudicam. Esse aparo profilático deve ser feito de seis em seis meses. É sobre 
este último aspecto que vamos centrar e orientar a nossa descrição, alicerçando o 
procedimento em suportes técnico-científicos e que, pela sua natureza, obedece a várias 
etapas
2,5,7,8
. 
 
Figura 16 – Bovino em posição de camping back. 
 
4.1 – Correcção das unhas dos membros posteriores 
 Nos membros posteriores, começamos por corrigir a unha interna ou medial por 
ser esta a mais pequena e normal, enquanto nas unhas dos membros anteriores começa-
se a correcção pela unha externa ou lateral sendo o procedimento igual em ambas. 
Deve inicia-se a correcção após limpeza geral do casco com jactos de água ou 
com a faca de cascos para que se possam remover todos os resíduos de material 
inorgânico podendo-se assim explorar melhor toda a região da parede axial, da sola, do 
talão e da linha branca
2,5,7
. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
24 
 
4.1.1 – Unha interna 
 Inicialmente, medem-se 7,5cm de comprimento desde o começo da parede dura 
do casco até à pinça, ou seja, desde a parede dorsobaxial do dígito ou banda coronária 
até à sua extremidade distal. De seguida, corta-se o excesso com uma tenaz em forma 
perpendicular à sola, devendo a espessura da sola ficar entre 0,5 a 0,7cm de altura 
(figura 30) após fazer o rebaixamento da sola com uma faca de cascos (figura 17). A 
sola não deve ficar mais baixa que a medida atrás referenciada e deve respeitar-se a 
altura dos talões. No entanto, encontram-se unhas internas com o comprimento correcto, 
não devendo, por isso, ser cortadas, apenas deve-se proporcionar uma certa 
estabilidade
2,4
. 
 
 
Figura 17 – Medidas recomendadas 
para o recorte funcional dos cascos 
(Adaptado de 6). 
 
 
4.1.2 – Unha externa 
 Compara-se o comprimento das duas unhas acercando-se ou aproximando-as e 
toma-se como referência o comprimento da unha interna, cortando-se de seguida a unha 
externa (figura 29). Posteriormente, com o uso da faca de cascos, faz-se o abaixamento 
da unha desde o talão até à pinça aproximando o mais possível esta da unha interna em 
relação à altura da sola, isto permite uma correcta distribuição do peso. Cada unha ficará 
a suportar 50% do peso, ou o mais próximo possível dessa proporção
2,4,5
. 
 
4.2 – Moldar as concavidades axiais 
 Estas concavidades devem ser moldadas nos dois terços posteriores da unha, 
respeitando o terço anterior que é de grande interesse para um apoio estável da unha, 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
25 
 
deixando assim uma zona onde a pressão por suporte do peso deve ser exercida (figura 
31)
2,7
. 
 
4.3 – Limpeza dos talões 
 Toda a região dos talões deve ser limpa de erosões e tecido necrótico. É tão 
frequente encontrar talões erosionados que inclui-se a sua limpeza como parte do 
recorte ou correcção dos cascos. Para a correcção funcional básica bastam estes passos 
com os respectivos procedimentos
4,5
. 
 
5 – CORRECÇÃO DOS CASCOS EM CASOS DE AFECÇÕES PODAIS 
(MÉTODOS TERAPÊUTICOS OU CURATIVOS) 
5.1 – Terapia com recurso a tacos ortopédicos 
Se, após concretizados os procedimentos atrás citados, for detectada a presença 
de algum grau de afecção podal, procede-se então a uma correcção que possa contribuir 
para o alívio de peso sobre a unha afectada. Para isso, pode ser necessário rebaixar, 
quanto possível, a zona afectada, direccionando assim o peso para a unha sã. No 
entanto, deve respeitar-se sempre a espessura da sola no seu terço anterior, já que 
quando demasiado fina pode causar claudicações iatrogénicas com algumas 
consequências negativas. Quando as lesões não podem ser resolvidas por este 
mecanismo de distribuição de peso e consequente alívio de peso na unha afectada, deve 
colocar-se na unha sã (no membro posterior deve ser a unha medial) uma prótese 
(colada ou segura por cravos usados nas ferraduras), denominada por taco ortopédico. A 
função do taco ortopédico é fazer com que a pressão/peso seja exercido sobre a unha sã, 
aliviando assim o peso sobre a unha lesada, até que esta recupere a sua funcionalidade, 
devendo o referido taco ser removido ao fim de um mês após a sua colocação. Este 
procedimento usa-se frequentemente quando estão presentes úlceras da sola bem como 
abcessos da parede
2,4,7
. 
 Podologia emBovinos: Conceitos Basilares 
 
26 
 
A aplicação do taco ortopédico é uma técnica simples embora devam ser usados 
procedimentos para evitar fracassos. Para a colocação de tacos de madeira, o 
procedimento correcto é: 
 Limpar e aprumar a sola onde se colocará o taco, podendo fazer-se ligeiros 
sulcos para melhor aderência da cola usada para aderir o respectivo taco; 
 Misturar a cola líquida com o pó que vem separado, até obter uma pasta 
homogénea colocando-a na superfície do taco e na sola; 
 Pressionar com firmeza o taco contra a sola e moldar a cola sobrante à parede 
da unha, permitindo assim uma maior aderência; 
 Quando a pasta está completamente dura o processo está finalizado, podendo, 
no inverno, para acelerar o processo de secagem usar uma fonte de calor 
como por exemplo um secador de cabelo. 
 
5.2 – Outros métodos de terapia podal 
Quando alguns tipos de lesões estão presentes, e que para o seu processo de cura 
a unha não deva estar exposta a ambientes conspurcados, como os dejectos dos animais, 
usam-se botas de irrigação. Este mecanismo permite colocar produtos químicos, como 
fármacos diluídos dentro da bota, e que possam ser diariamente removidos e outros 
novamente colocados sem que para isso seja necessário retirar a bota do membro 
afectado. É frequentemente usada esta bota de irrigação quando há lesões que obrigam a 
uma grande exposição do córion. 
As bandagens com antibiótico em pó (oxitetraciclina e lincomicina) são outra 
terapia usada nos tratamentos podais, essencialmente nos casos de dermatites digitais e 
interdigitais, respectivamente
2,7
. 
O uso de uma ferradura também é um processo de valor considerável no 
tratamento podal quando as duas unhas estão lesadas e não pode ser colocado o taco 
ortopédico, como é o caso específico de úlceras em ambas as unhas (lateral e medial). A 
colocação da ferradura, além de promover imobilidade, permite que o peso seja 
suportado pela interface parede/linha branca, onde os cravos são aderidos
4,5,8
. 
Além destes métodos de terapia podal, outros podem ser utilizados, como a 
artrodese e a amputação de unha, além de como seria de esperar, o tratamento por 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
27 
 
fármacos de aplicação sistémica, essencialmente antibioterapia (macrólidos, sulfamidas, 
lincomicina e cefalosporinas). Mais à frente serão abordadas algumas doenças podais 
que encontrei durante o período em que efectuei o estágio, e nestas serão abordados os 
respectivos tratamentos de uma forma mais exaustiva e detalhada, sendo que se ache 
desnecessário aqui mencionar os tratamentos até à exaustão do seu pormenor. Assim 
sendo, qualquer outra técnica terapêutica aqui não abordada poderá, caso necessário, ter 
o devido tratamento descritivo aquando da menção da doença em causa
2,4,7
. 
 
6 – CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS PODAIS 
Desde há muito tempo que se vem discutindo as afecções podais dos bovinos em 
relação à classificação das doenças que atingem os ruminantes nas extremidades dos 
seus membros. Reuniões de especialistas em doenças podais ocorreram em Utrech 
(1976), Skara (1978), Viena (1982) e Alfort (1984) com vista a encontrar uma 
terminologia adequada para classificar de uma forma universal as doenças podais que se 
encontram nos membros dos bovinos, mais propriamente nas extremidades dos 
membros
1
: 
Vamos considerar, para efeitos deste relatório, 9 entidades nosológicas nos pés 
dos bovinos que serão abordadas de forma sucinta excepto aquelas que com maior 
predominância foram encontradas na área de trabalho de campo em que eu estive 
presente na qualidade de estagiário. 
 
6.1 – Dermatite interdigital 
É uma inflamação superficial da epiderme interdigital provocada por uma 
infecção bacteriana, sendo o Fusobacterium necrophorum e Bacteroides nodosus os 
agentes mais comummente isolados. Esta infecção na fase aguda quase não produz 
sintomas clínicos, mas quando na fase crónica provoca erosões dos talões, o que leva a 
claudicações mais graves
4,7,12,15
. 
 
1 dermatite interdigital; dermatite digital; dermatite verrucosa; hiperplasia interdigital (tiloma, limax); fleimão 
interdigital (panarício), erosão da úngula; pododermatite asséptica difusa (laminite); pododermatite circunscrita 
(úlcera da sola); pododermatite séptica; fissura longitudinal ou transversal do casco. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
28 
 
6.2 – Dermatite digital 
A dermatite digital, também chamada doença de Mortellaro, é uma inflamação 
contagiosa da epiderme, proximal ao espaço interdigital ou à banda coronária (figura 
18). Embora em menor extensão, a derme pode ser afectada. As lesões típicas na sua 
forma erosiva, ulcerativa e proliferativa (verrucosa) apresentam-se, geralmente, 
circulares com 1 a 4 centímetros de diâmetro (figuras 19 e 35). Tem-se encontrado 
bacilos não invasivos na superfície das lesões com Bacteroides nodosus, Bacteroides 
fragilis e Bacteroides capillaris, no entanto, o seu papel ainda está em discussão
2,7,8,12,14
. 
 
 
Figura 18 – Representação esquemática dos locais mais frequentes de dermatite digital 
(Adaptado de 6). 
 
Figura 19 – Aspecto macroscópico de dermatite digital no membro posterior de um 
bovino. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
29 
 
6.3 – Erosão dos talões 
Trata-se de uma perda irregular de substância córnea no bulbo (talão) em forma 
de sulcos profundos e está relacionada com a dermatite interdigital. É bastante comum 
ocorrer em vacas leiteiras, especialmente nas mais idosas que são confinadas em débeis 
condições higiénicas. Em lesões extensas há destruição dos talões levando a um apoio 
defeituoso com consequente claudicação
7,15,17.
 
O agente bacteriano envolvido nesta patologia é o mesmo da dermatite 
interdigital, embora bactérias secundárias, como o Fusobacterium necrophorum, 
possam também ser isoladas. A erosão dos talões pode também estar associada a 
laminite subclínica. Os dígitos posteriores são os mais frequentemente afectados
15,19,20.
 
 
6.4 – Hiperplasia interdigital (Tiloma) 
É uma reacção proliferativa da pele interdigital em que ocorre uma massa dura. 
Pode ser uni ou bilateral e é mais comum e é mais comum no membro posterior que no 
interior. A causa mais frequente é a irritação provocada por inflamação da região 
interdigital ou um crescimento excessivo da parede axial do dedo, bem como um 
acumular excessivo de gordura subcutâneo no espaço interdigital. Nas extremidades 
afectadas observa-se claudicação ligeira a moderada
2,4,7
. 
 
6.5 – Fleimão interdigital (Necrobacilose interdigital) 
É uma infecção necrótica aguda ou sub-aguda que atinge o tecido conjuntivo 
subcutâneo da região interdigital e causa intensa claudicação. A doença é cosmopolita e 
pode ocorrer de forma endémica em rebanhos leiteiros e de corte
7,8,15
. 
A doença é causada por uma bactéria anaeróbica Gram negativa, o 
Fusobacterium necrophorum que é um habitante normal do rúmen e intestinos em 
bovinos e ovinos, e é oportunista dos cascos nestas duas espécies. É o agente mais 
isolado no fleimão interdigital. Pode existir sinergismo desta bactéria com o 
Bacteroides nodosus e o Bacteroides melaninogenicus, tal com Actinomyces pyogenes, 
Staphylococus spp. e Streptococus spp.
4,15
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
30 
 
Os factores de risco são as lesões traumáticas da pele tal como o seu 
amolecimento por fezes e urina associadas a más condições higiénicas ambientais. 
Outros factores de risco são ulcerações secundárias a infecções virais sistémicas comofebre aftosa e a doença das mucosas. Ambos os membros podem ser afectados, sendo 
mais frequente acometer os posteriores. O animal apresenta dor, eritema e intensa 
claudicação evitando apoiar o membro no chão. Podem aparecer alterações sistémicas 
com elevação da temperatura corporal e hiporéxia. Este quadro pode complicar-se 
quando a infecção atinja estruturas mais profundas do dedo como seja a articulação 
interfalangiana distal, conduzindo então a artrite supurativa e abcesso retro-
articular
2,4,19
. 
 
6.6 – Pododermatite circunscrita (Úlcera da sola) 
A pododermatite circunscrita também conhecida por úlcera da sola é uma lesão 
específica da sola muito frequente em vacas leiteiras bastante pesadas que estejam 
mantidas em piso húmido e cuja base da sua alimentação seja de alto nível de 
concentrado e proteína. Esta patologia podal desenvolve-se na região onde se une a sola 
com os talões, mais próximo da margem axial do que da abaxial, e regra geral afecta 
mais os membros posteriores. Aceita-se na actualidade que a laminite subclínica por 
determinar a formação de substância córnea de baixa qualidade predispõe ao 
aparecimento da úlcera da sola. No entanto, nem todos os casos estão associados à 
laminite mas também aos animais adultos suportarem mais peso nos dedos externos 
(laterais) no membro posterior conduzindo assim a grande pressão mecânica exercida 
no córion ficando mais comprimido entre a sola e o processo plantar da terceira falange, 
originando assim necrose isquémica. A erosão dos talões e a dermatite interdigital 
podem alterar o apoio e assim também complicar o processo de úlcera da sola
16,18
. 
O grau da claudicação depende da gravidade da lesão, que varia desde uma 
descoloração da área sensível à pressão até uma perfuração circunscrita. Em casos 
avançados de úlcera da sola, o tecido de granulação reparador no sítio da lesão faz 
protusão através do orifício produzido na sola, e a infecção existente no córion produz 
diversos graus de separação da sola
18,20
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
31 
 
Após colocar o animal num tronco de contenção, a lesão é visível na maioria dos 
casos, embora algumas vezes se encontre uma extensão de sola a recobrir a zona e logo 
se identifica a úlcera ao fazer o recorte dos cascos
7,18
. 
 
6.7 – Laminite (Pododermatite asséptica difusa) 
A laminite é uma inflamação difusa do córion e origina-se de distúrbios da micro-
circulação digital, resultando em isquémia. Estas alterações produzem inflamação e 
degeneração das lâminas dérmicas. Este processo tem como consequência a produção 
de substância córnea anormal com zonas amareladas, débeis e por vezes com 
hemorragias na sola e nos talões. Através do estudo de peças anatómicas provenientes 
do abate de animais com laminite, chegou-se à conclusão que esta patologia passa por 
três fases distintas: 
 Fase 1 – alterações na micro-circulação podal, vasodilatação e detenção do fluxo 
sanguíneo. Formam-se shunts arterio-venosos e a circulação sanguínea não 
chega aos tecidos o que resulta em hipóxia. Começa a transudação de líquido 
provocando edema, hemorragias, trombos e por fim necrose. Estes transtornos 
deterioram a união derme/epiderme; 
 Fase 2 – há retracção e afundamento da terceira falange que vai comprimir o 
córion na sola e nos talões. Isto conduz à evolução dos danos, originando mais 
hemorragia, isquémia, trombose e consequente necrose. Nesta fase, o clínico 
apenas consegue detectar dor e claudicação; 
 Fase 3 – pelas quatro a seis semanas após o início do processo, começam a 
aparecer lesões na cápsula córnea. As hemorragias na sola tornam-se visíveis 
através de manchas e quando estas são suficientemente grandes levam a que 
ocorra uma dupla sola. Ocorrem úlceras devido ao bloqueio da produção de 
substância córnea por necrose num determinado ponto. Com a decorrer das 
lesões aparecem sulcos na parede dorsal (anterior) do casco, devido à produção 
de casco de má qualidade
14-17
. 
As laminites podem ser clínicas ou subclínicas e dentro das clínicas temos as 
agudas e as crónicas. As mais comuns são as subclínicas, que podem afectar grande 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
32 
 
parte dos bovinos numa exploração leiteira, sendo mais frequentes em animais após o 
primeiro parto
15-17
. 
As formas agudas são esporádicas, no entanto, mais comuns em animais de 
engorda (feedlot) e no gado leiteiro a sua aparição é, regra geral, entre os 30 a 60 dias 
após o primeiro parto. Nesta fase há eritema, inflamação, sensibilidade e calor na banda 
coronária. Na forma crónica não há sintomas gerais e os que aparecem são na unha. As 
unhas deformam-se e aparecem ranhuras horizontais
2
. 
As laminites são conhecidas há mais de vinte anos e a sua origem ainda hoje é 
discutida. As evidências do seu aparecimento apontam para uma dieta rica em 
carbohidratos, e consequentemente, acidose láctica, o maneio, a genética e o meio 
ambiente, sendo assim uma doença multifactorial
4,7
. 
Devido à má qualidade do casco e à diminuição da dureza da queratina aparecem 
lesões secundárias significativas com invasão e infecção bacteriana. Também é aceite 
que doenças infecciosas como a mastite, a metrite, a pneumonia, a peritonite podem 
produzir uma grande quantidade de endotoxinas bacterianas que ao entrar em circulação 
sistémica causam alterações na micro-circulação podal e conduzem a laminites
17
. 
Várias outras patologias podais estão descritas como podendo estar associadas às 
laminites: 
 Hemorragia da sola 
 Úlcera da sola 
 Sola dupla 
 Erosão dos talões 
 Lesões na linha branca 
 Fissuras ou rachaduras2,5,17. 
 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
33 
 
6.8 – Afecções da linha branca 
A doença da linha branca está caracterizada pela desintegração da união entre a 
parede e a sola do casco e a sua penetração por corpos estranhos. O local mais comum 
da lesão é a parede abaxial na junção da sola com o talão, no entanto, as lesões mais 
graves são as que ocorrem na região apical da sola
2-5,13
. 
As causas desta patologia são várias, primeiro a degeneração fibrosa que existe 
entre a sola e a parede do casco permitindo assim a penetração de matéria orgânica e de 
corpos estranhos e depois, outros factores como a humidade dos estábulos e a 
deformação do casco resultante da laminite
14,16
. 
A linha branca ao ser separada é facilmente penetrada por corpos estranhos que 
podem originar fístulas com material purulento na banda coronária e na zona de união 
da sola com o talão e penetração na bolsa navicular com consequente infecção da 
articulação distal
7
. 
Geralmente são mais afectados os dígitos externos dos membros posteriores e os 
sinais clínicos só aparecem após se desenvolverem processos infecciosos. Dos sinais 
clínicos destacam-se: a saída de material purulento, dor, aumento da temperatura do 
casco e a separação da sola dos talões
7,20
. 
 
6.9 – Fissuras ou rachaduras do casco 
São fissuras do tecido córneo da unha que atingem a parede, paralelamente à sua 
parte dorsal ou paralelas à banda coronária, podendo assim ser fissuras verticais ou 
horizontais, respectivamente. Esta lesão é comum em reprodutores de carne com idade 
superior a três anos e são os membros anteriores os mais frequentemente atingidos. 
Estas fissuras podem conduzir a pododermatites sépticas. Embora as causas continuem 
a ser discutidas é aceite que os traumas, a desidratação, as laminites e a deficiência em 
alguns oligoelementos tenham importância no aparecimento da afecção. Alguns 
episódios de stress também são apontados como causa. Muitas destas fissurassão 
benignas e os animais não apresentam nenhuma claudicação, mas em certas situações as 
fissuras podem infectar-se
2,5,7
. 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
34 
 
7 – AMPUTAÇÃO DE DEDO EM BOVINO 
Esta técnica cirúrgica está recomendada em processos graves e irreversíveis nas 
zonas profundas da unha, entre as quais se podem citar as artrites da articulação 
interfalangiana distal, a necrose da almofada plantar, a osteíte e osteólise da terceira 
falange, entre outras
4,9,10
. 
Pelo facto de não ter ocorrido nenhuma cirurgia de amputação de dedo durante o 
período de estágio curricular, recorreu-se a patas provenientes de um matadouro de 
rezes para efectuar e demonstrar este processo cirúrgico. Existem dois processos de 
amputação, o inferior e o superior. Todavia, no presente texto apenas se descreveu a 
amputação superior
9,10
. 
 
7.1 – Anestesia e conducta pré-operatória 
 A operação pode sr feita com o animal em decúbito lateral após sedação com 
xilazina ou com o animal em estação após colocado num tronco de contenção. 
 Posteriormente, faz-se uma ligadura de Esmarch ou torniquete (figura 20) no 
metacarpo ou no metatarso e realiza-se uma anestesia regional intra-venosa (35mg de 
lidocaína a 2%) na veia metatarcarpiana dorsal ou na veia metatarsiana dorsal, 
dependendo do membro que está a ser intervecionado
2,5,9,10 
(figura 36). 
 
 
 
 
 
Figura 20 – Torniquete para aplicação 
de anestesia regional intravenosa 
(Adaptado de 9). 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
35 
 
7.2 – Técnica cirúrgia 
 Após ser feita a tricotomia e assépsia do campo cirúsrgico, procede-se à incisão 
da pele com um bisturi desde o espaço interdigital até circundar a segunda falange 
(figura 21). Após fazer o rebatimento da pele, corta-se com um fio-serra a partir do 
espaço inter-digital, começando na porção distal da primeira falange e seguido em 
posição oblíqua. O movimento do fio-serra não deve ser rápido, de modo a que não 
ocorra necrose dos tecidos adjacentes, osso inclusivé. 
 Após a extracção do dedo, deve remover-se o tecido necrótico. Se possivel, 
procede-se à eliminação da metade proximal da 2ª falange com auxílio de uma cureta. 
Em seguida, a pele deve ser suturada, se existir em extensão suficiente, podendo-se 
deixar um espaço para drenagem. No caso caso deste recobrimento ser impossível de 
executar, ter em atenção que não se deve remover o torniquete sem antes realizar uma 
bandagem compressiva. 
Em seguida, a pele pode ser suturada, deixando um espaço para drenagem, podendo até 
nem ser necessário recobrir toda a ferida cirúrgica com a pele sobrante
7,9,10 
 
 
7.3 – Cuidados pós-operatórios 
 No final da cirurgia, o torniquete deve ser retirado suave e lentamente para que a 
lidocaína não entre abruptamente na circulação sistémica 
Em toda a zona removida, deve ser colocado antibiótico e posteriormente uma 
bandagem para compressão (figura 39). As bandagens são removidas em cada 2 ou 3 
dia, mentendo-se o membro com as mesmas até que seja evidente a total cicatrização da 
ferida. 
 Uma correcta antibioterapia por via parenteral deve ser administrada durante 
alguns dias. O animal deve também permanecer num ambiente seco e limpo durante 
pelo menos duas semanas de forma a diminuir a carga bacteriana em redor da zona 
afectada
3,9,10
. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
36 
 
 
 
 
Figura 21 – Procedimentos sequenciais na técnica cirúrgica de amputação de dedo em 
bovino (Modificado de 10). 
A 
B 
C 
D 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
37 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Durante os quatro meses de estágio curricular, contactei toda a utilidade dos 
ensinamentos académicos que adquiri até ao final do curso, pois a maioria deles pude 
colocá-los em prática em todas as saídas de campo que efectuámos. Ao mesmo tempo, 
verifiquei que houve um enriquecimento científico que poderá permitir a minha 
evolução como clínico durante a minha vida. 
 Por fim, acho salutar e reconfortante que todos os objectivos traçados ao entrar 
no Ensino Universitário tenham sido objectivamente cumpridos no sentido da sua 
realização, mas também grandemente valorosos por sentir que valeu a pena e, enquanto 
nisso acreditar, vou cultivando essa crença. 
 
 Podologia em Bovinos: Conceitos Basilares 
 
38 
 
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