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H éctor Juan Fiorini , T EO R IA E T EC N IC A D E PSIC O TER A PIA S Edição am pliada Tradução M ARIA STELA GONÇALVES Revisão técnica CLAU D IA BERLINER M artins Fontes São Paulo 2004 Esta obra foi publicada o riginalm ente e m e spanhol c o m o título TEO RÍA Y TÉCNICA D E PSIC O TERAPIAS por Ediciones N ueva Visión. C opyright © 1977 por Ediciones N ueva Visión SAIC, Buenos Aires. C opyright © 2004, Livraria M artins Fontes Editora Ltda., São Paulo. para a presente edição. t• edição m aio de 2004 T radução M ARIA STELA G O NÇALVES R evisão técnica e da tradução Claudia Berliner A com panham ento editorial Luzia Aparecida dos Santos R evisões gráficas A na M aria de O . M . Barbosa Renato da Rocha Carlos D inarte Zorzanelli da Silva Produção gráfica G eraldo Alves Paginação M oacir K atsum i M atsusaki D ados Internaciouais de Catalogação n a Publicação (CIP) (Câmara B rasileira do Livro, SP, B rasil) Fiorini, H éctor Juan Teoria e técnica de psicoterapias I H éctor Juan Fiorini ; tradução M aria Stela G onçalves ; revisão técnica Claudia B erliner. - Ed. am pl. - São Paulo : M artins Fontes, 2004. - (Coleção psicologia e peda- gogia) Título o riginal: Teoría y técnica de psicoterapias. Bibliografia. ISB N 85-336-1987-1 1. Psicoterapia I. Título. IL Série. 04-2681 Índices para c atálogo sistem ático: CD D -150.195 L Psicoterapia : Teoria e técnicas : Sistem as psicanalíticos: Psicologia 150.195 Todos o s direitos desta edição para a língua portuguesa reservados à Livraria M artins Fontes Editora Ltda. Rua Conselheiro Ram alho. 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil Te/. (11) 3241.3677 Fax (11) 3105.6867 e -m ail: info@ martinsfontes.com.br http://www.m artinsfontes.com.br Dedico este livro a Letícia, D aniela e Veróníca, a m eu s país, a Susana e Am oldo Líberman, a Em ílio Rodrígué, que, de m uitas m a n eiras - vinculadas à inteligência e o a m o r - habitaram comigo estas páginas. Esta obra foi publicada o riginalm ente e m e spanhol c o m o título TEO RÍA Y TÉCNICA D E PSIC O TERAPIAS por Ediciones N ueva Visión. C opyright © 1977 por Ediciones N ueva Visión SAIC, Buenos Aires. C opyright © 2004, Livraria M artins Fontes Editora Ltda., São Paulo. para a presente edição. t• edição m aio de 2004 T radução M ARIA STELA G O NÇALVES R evisão técnica e da tradução Claudia Berliner A com panham ento editorial Luzia Aparecida dos Santos R evisões gráficas A na M aria de O . M . Barbosa Renato da Rocha Carlos D inarte Zorzanelli da Silva Produção gráfica G eraldo Alves Paginação M oacir K atsum i M atsusaki D ados Internaciouais de Catalogação n a Publicação (CIP) (Câmara B rasileira do Livro, SP, B rasil) Fiorini, H éctor Juan Teoria e técnica de psicoterapias I H éctor Juan Fiorini ; tradução M aria Stela G onçalves ; revisão técnica Claudia B erliner. - Ed. am pl. - São Paulo : M artins Fontes, 2004. - (Coleção psicologia e peda- gogia) Título o riginal: Teoría y técnica de psicoterapias. Bibliografia. ISB N 85-336-1987-1 1. Psicoterapia I. Título. IL Série. 04-2681 Índices para c atálogo sistem ático: CD D -150.195 L Psicoterapia : Teoria e técnicas : Sistem as psicanalíticos: Psicologia 150.195 Todos o s direitos desta edição para a língua portuguesa reservados à Livraria M artins Fontes Editora Ltda. Rua Conselheiro Ram alho. 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil Te/. (11) 3241.3677 Fax (11) 3105.6867 e -m ail: info@ martinsfontes.com.br http://www.m artinsfontes.com.br Dedico este livro a Letícia, D aniela e Veróníca, a m eu s país, a Susana e Am oldo Líberman, a Em ílio Rodrígué, que, de m uitas m a n eiras - vinculadas à inteligência e o a m o r - habitaram comigo estas páginas. Índice 1. Introdução: o campo das psicoterapias e algumas de suas direções de desenvolvimento 1 2. Psicoterapia dinâmica breve. Contribuições para um a teoria da técnica 17 3. D elimitação técnica das psicoterapias 47 4. A primeira entrevista 63 5. Os eixos do processo terapêutico 85 6. O conceito de foco 89 7. A relação de trabalho 109 8. As funções egóicas no processo terapêutico 125 9. D inam ism os e níveis da m udança em psicoterapias 147 10. Tipos de intervenção verbal do terapeuta 159 11. Considerações teóricas e técnicas sobre m aterial de sessões 187 12. O papel da ação nas psicoterapias 199 13. Estratégias e articulação de recursos terapêuticos 209 14. Psicoterapias e psicanálise 223 15. Linhas de trabalho e problemas abertos 237 A pêndice: Psicoterapias psicanalíticas: focalização em situações de crise 241 O foco na análise do caráter 246 Capítulo 1 Introdução: o ca m po das psicoterapias e algum as de su a s direções de desenvolvim ento O cam po das psicoterapias tem su scitado n o s últim os a n o s problem áticas de u m a co m plexidade crescente. Ele desafia n o s- so s esforços e m vários níveis: epistem ológico (incluindo as re- form ulações da crítica ideológica), teórico, técnico, docente, de pesquisa (com su as co m plexas exigências de o rdem m etodoló- gica). O av anço n o desenvolvim ento desses níveis, co m vistas a u m a elaboração científica do cam po, é lento, o que deve n eces- sa riam ente preocupar-nos: n a m ais sim ples das intervenções terapêuticas estão e m jogo vidas, projetos, ru m o s de indivíduos e grupos. Toda carência científica n esse c a m po co n stitui u m problem a de u rgência, de responsabilidade so cial hum ana. A s vias de abordagem para se u desenvolvim ento científi- co são m últiplas, o que não im pede o reco nhecim ento de prio- ridades. Três aspectos, a n o sso v er, exigem co m m aior u rgência u m trabalho elaborativo que visasse aprofundá-los: u m , a n e - cessidade de aprim orar a descrição e a explicação de su a s téc- nicas; o utro, o trabalho sobre certos pilares teóricos n o s quais possa se a sse ntar a prática técnica e que possam , tam bém , ser en riquecidos por ela; o terceiro, o questionam ento ideológico das teorias e das práticas, que possa relacioná-las co m deter- m inações do co ntexto so cial m ais am plo. O s capítulos deste livro refletirão, se m dúvida, c o m diferentes graus de acerto, essas prioridades. Tal e nfoque procura c o n stituir u m a teoria das técnicas de psicoterapia que inclua um a consideração crítica de 2 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias algumas de suas bases ideológicas. Isso equivale a dizer u m a teoria das técnicas que não aceita lim itar-se a dar c o nta de m an ejos co n cebidos co m fins de m era utilidade, que não visa obter "resultados" isolados de u m am plo quadro so cial, teóri- co e ideológico. Se as técnicas fossem co n cebidas co m o recei-tas sobre o que se deve fazer (acepção que parece prevalecer n a re c u sa de a utores lacanianos a falar das técnicas n e sse nível), todo interesse pelas técnicas obedeceria por certo a fins espúrios. Trata-se, a o co ntrário, de e studar as técnicas co m o cam po de u m a prática que, c uidadosam ente pesquisa- da, revisada, co n ceituada, re m ete inevitavelm ente a u m a teo- ria. N essa o rientação, opera-se u m salto teórico im portante n o nível das técnicas quando se passa, das co m u nicações ca- tegorizadas de aco rdo co m a teoria de cada escola, à tentativa de descrever as intervenções co n cretas do terapeuta por m eio de u m a linguagem não c o m prom etida c o m aquelas superes- truturas teóricas. Essa passagem leva a trabalhar n u m nível teórico m ais elevado. M uitos dos tem as abordados n e ste v olum e su rgiram do en sino do D r. M auricio G oldenberg e da prática clínica reali- z ada sob su a direção n o Serviço de Psicopatologia da Policlíni- ca G regorio A raoz A lfaro, de Lanus, Província de B uenos A ires. Esses tem as foram objeto de discussão e m grupos de m édicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes so ciais, psicope- dagogos e terapeutas o cupacionais, que co n stituíram grupos de trabalho, principalm ente hospitalar, centrados n a elabora- ção teórico-técnica do am plo cam po das psicoterapias. D e se u trabalho crítico advieram v aliosas co ntribuições; grande parte do que aqui desenvolvem os foi forjado à luz desse incessante diálogo grupal. Fundam os e m 1978 o C entro de Estudios e n Psicoterapias [Centro de Estudos n o C am po das Psicotera- pias], instituição de assistência e form ação e m nível de pós- graduação, e m cujas equipes de trabalho tam bém discutim os e aprofundam os as linhas de investigação traçadas para o cam po das psicoterapias psicanalíticas. Em 1986, fundam os a cátedra de "Clínica Psicológica e Psicoterapias" n a Faculdade de Psicologia da U niversidade de B uenos A ires, cátedra que até hoje dirigim os. Em su a s aulas, abordam os sistem atica- 3 Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ m e nte o s tem as centrais desse cam po de estudos, co m 50 do- centes 300 alunos form ados e 15.000 alunos do últim o a n o da carrei:a de Psicologia. N a instituição Ágora de M ontevidéu, n a Esip de Porto A legre e, e m especial, n a A ccipia de M adri, vim os desenvolvendo a n o s de trabalho clínico, sem inários e jornadas de elaboração teórica. A o en cerrar u m ciclo de trabalhos, o s m e m bros de u m desses grupos de discussão 1 av aliaram seu s resultados, tendo chegado a co n clusões que refletem , julgo, alguns alcances de n o sso enfoque teórico-técnico do cam po. Eis algum as dessas co n clusões: "C onsegui e ntender m elhor o paciente-pessoa co m o ser so cial, co m u m a interação dialética do interno e do externo, e essa co m preensão m e forneceu instrum entos para trabalhar co m ele de o utro m odo." "A briu-se para m im u m ca- m inho m ais am plo: relacionar-m e co m o paciente o u co m o grupo de form a global, vinculando seu s problem as a tod~s o s aspectos de seu m u ndo circundante, distinguir n ele fantasia de realidade e e studar essa relação." "D iante de u m ser hum ano co m plexo, vi que não há u m a única coisa a fazer, m as m uitas." "Com ecei a pensar m ais livrem ente, a partir de u m a perspecti- v a hum ana e a partir de m im ." "Senti-m e m ais livre co m o tera- peuta, vi que é útil perguntar, que não é proibido rir às v e :e s e que n e m sem pre é n ecessário interpretar." "A co m preensao de u m enfoque situacional m e esclareceu co m o a ideologia entra." "D esvencilhei-m e do fantasm a da distância terapêutica e perdi o m edo de errar a interpretação." "A proxim ei-m e de u m psico- diagnóstico que dê u m a visão m ais co n creta do paciente." "Vi que n e m tudo está co n cluído e que tam bém depende de m im o desenvolvim ento da psicoterapia n a A rgentina." Essas co n clusões podem ser u m estím ulo que n o s m otive a indagar quais o s alicerces de u m a o rientação teórico-técnica capazes de co n co rrer n a direção daqueles resultados. Que n o s c o nduza a caracterizar o s aspectos fundam entais de c o nteú- dos teóricos e ideológicos traçados pelas linhas diretrizes da- · · · · · · · · · · ·;:·G rupo de D iscussão sobre Psicoterapias (1972-73), Cisam (Centro Interdisciplinar para a Saúde M ental), B uenos A ires. 2 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias algumas de suas bases ideológicas. Isso equivale a dizer u m a teoria das técnicas que não aceita lim itar-se a dar c o nta de m an ejos co n cebidos co m fins de m era utilidade, que não visa obter "resultados" isolados de u m am plo quadro so cial, teóri- co e ideológico. Se as técnicas fossem co n cebidas co m o recei- tas sobre o que se deve fazer (acepção que parece prevalecer n a re c u sa de a utores lacanianos a falar das técnicas n e sse nível), todo interesse pelas técnicas obedeceria por certo a fins espúrios. Trata-se, a o co ntrário, de e studar as técnicas co m o cam po de u m a prática que, c uidadosam ente pesquisa- da, revisada, co n ceituada, re m ete inevitavelm ente a u m a teo- ria. N essa o rientação, opera-se u m salto teórico im portante n o nível das técnicas quando se passa, das co m u nicações ca- tegorizadas de aco rdo co m a teoria de cada escola, à tentativa de descrever as intervenções co n cretas do terapeuta por m eio de u m a linguagem não c o m prom etida c o m aquelas superes- truturas teóricas. Essa passagem leva a trabalhar n u m nível teórico m ais elevado. M uitos dos tem as abordados n e ste v olum e su rgiram do en sino do D r. M auricio G oldenberg e da prática clínica reali- z ada sob su a direção n o Serviço de Psicopatologia da Policlíni- ca G regorio A raoz A lfaro, de Lanus, Província de B uenos A ires. Esses tem as foram objeto de discussão e m grupos de m édicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes so ciais, psicope- dagogos e terapeutas o cupacionais, que co n stituíram grupos de trabalho, principalm ente hospitalar, centrados n a elabora- ção teórico-técnica do am plo cam po das psicoterapias. D e se u trabalho crítico advieram v aliosas co ntribuições; grande parte do que aqui desenvolvem os foi forjado à luz desse incessante diálogo grupal. Fundam os e m 1978 o C entro de Estudios e n Psicoterapias [Centro de Estudos n o C am po das Psicotera- pias], instituição de assistência e form ação e m nível de pós- graduação, e m cujas equipes de trabalho tam bémdiscutim os e aprofundam os as linhas de investigação traçadas para o cam po das psicoterapias psicanalíticas. Em 1986, fundam os a cátedra de "Clínica Psicológica e Psicoterapias" n a Faculdade de Psicologia da U niversidade de B uenos A ires, cátedra que até hoje dirigim os. Em su a s aulas, abordam os sistem atica- 3 Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ m e nte o s tem as centrais desse cam po de estudos, co m 50 do- centes 300 alunos form ados e 15.000 alunos do últim o a n o da carrei:a de Psicologia. N a instituição Ágora de M ontevidéu, n a Esip de Porto A legre e, e m especial, n a A ccipia de M adri, vim os desenvolvendo a n o s de trabalho clínico, sem inários e jornadas de elaboração teórica. A o en cerrar u m ciclo de trabalhos, o s m e m bros de u m desses grupos de discussão 1 av aliaram seu s resultados, tendo chegado a co n clusões que refletem , julgo, alguns alcances de n o sso enfoque teórico-técnico do cam po. Eis algum as dessas co n clusões: "C onsegui e ntender m elhor o paciente-pessoa co m o ser so cial, co m u m a interação dialética do interno e do externo, e essa co m preensão m e forneceu instrum entos para trabalhar co m ele de o utro m odo." "A briu-se para m im u m ca- m inho m ais am plo: relacionar-m e co m o paciente o u co m o grupo de form a global, vinculando seu s problem as a tod~s o s aspectos de seu m u ndo circundante, distinguir n ele fantasia de realidade e e studar essa relação." "D iante de u m ser hum ano co m plexo, vi que não há u m a única coisa a fazer, m as m uitas." "Com ecei a pensar m ais livrem ente, a partir de u m a perspecti- v a hum ana e a partir de m im ." "Senti-m e m ais livre co m o tera- peuta, vi que é útil perguntar, que não é proibido rir às v e :e s e que n e m sem pre é n ecessário interpretar." "A co m preensao de u m enfoque situacional m e esclareceu co m o a ideologia entra." "D esvencilhei-m e do fantasm a da distância terapêutica e perdi o m edo de errar a interpretação." "A proxim ei-m e de u m psico- diagnóstico que dê u m a visão m ais co n creta do paciente." "Vi que n e m tudo está co n cluído e que tam bém depende de m im o desenvolvim ento da psicoterapia n a A rgentina." Essas co n clusões podem ser u m estím ulo que n o s m otive a indagar quais o s alicerces de u m a o rientação teórico-técnica capazes de co n co rrer n a direção daqueles resultados. Que n o s c o nduza a caracterizar o s aspectos fundam entais de c o nteú- dos teóricos e ideológicos traçados pelas linhas diretrizes da- · · · · · · · · · · ·;:·G rupo de D iscussão sobre Psicoterapias (1972-73), Cisam (Centro Interdisciplinar para a Saúde M ental), B uenos A ires. 4 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias quela o rientação de trabalho. A o m e n o s, foi e ssa a tarefa a que m e induziram . M encionarei e ntão a s que pude re c o nhecer c o m o direções-chave de u m a atitude científico-técnica c o m - prom etida c o m o desenvolvim ento desse cam po. 1. Entendê-lo c o m o u m c a m po e m pleno e stado experi- m ental, o casião de u m a diversidade de aberturas, a ntes abrigo de u m a dispersão criadora do que lugar de an co ragem de siste- m a s acabados. Isso quer dizer terreno fértil para inovações e in- tuições, abordáveis progressivam ente c o m o rigor de u m a ex - ploração científica. Sob e sse a specto, o c a m po se e n riquece c o n stantem ente c o m o su rgim ento de n o v o s enfoques técnicos. Para alguns, isso leva a e n saiar u m a espécie de atitude liberal disposta a adm itir se m preconceitos de escola, e nquanto co nti- n u a m adotando se u m étodo próprio, que o utros reivindiquem tam bém u m lugar. M as, n a realidade, dessa m a n eira n egligen- cia -se u m problem a m ais básico: o im pacto n ecessariam ente te- co nfigurador do cam po que as n o v as técnicas podem chegar a produzir ao dar m o stras de n o v a eficácia: obrigar a reform ular as indicações específicas de cada u m a das técnicas e, m ais pro- fundam ente, o s suportes teóricos de cada enfoque. Se n o v o s re- cu rso s produzem efeitos o riginais (como o co rre c o m certos e n - foques grupais, de casal, co m u nitários, intervenções breves, te- rapias pela m úsica e pelo m o vim ento), eles levam a rev er a s lim itações dos anteriores e a co n struir u m a teoria que explique essas lim itações e aqueles efeitos. É assim que a em ergência de u m a extensa exploração em pírica cria co ndições para u m v asto m o vim ento de transform ações teóricas. D evem os a ssu m ir que a criatividade potencial do c a m po supera, até o m o m e nto, as ela- borações capazes de efetuar se u resgate co n ceitual. 2. Identificar, e ntão, c o m o u m dos pontos de u rgência, a n e c e ssidade de c o n struir teoria, de n o s arriscarm os a inventar c o n c eitos e m odelos de processos: a v e nturar hipóteses que possam os m odificar ao prim eiro passo dado sob su a luz provi- só ria. Se re c o nhecerm os que se m teoria não há prática cientí- fica, poderem os e ntender por que, proporcionalm ente à e n o r- m e m a ssa de publicações que circulam n o s EU A sobre psico- Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5 terapias, é tão escasso o m aterial resgatável, aquele que perm i- ta questionar a fundo o s m étodos e abrir n o v as trilhas co n cei- tuais. Passei e m revista boa parte das investigações sobre psi- c oterapias realizadas n o s últim os 20 an o s. Seus re sultados são pobres, ficam longe da riqueza da experiência clínica. N ão que c a reçam de projetos rigorosos; e m princípio, o déficit não é m etodológico. A s lim itações e stão n a s categorias que opera- cionalizam , n o restrito edifício teórico de que foram extraídas. Por ex em plo, as investigações sobre processo e m psicoterapias são ra ra s e fragm entárias. A lgum as c a e m n o atom ism o m i- cro scópico (computando "quantidade de palavras por u nidade de tem po" o u "quocientes de silêncio"). O utras investigações, destinadas a explorar a spectos m ais significativos da interação terapêutica (como a s de Strupp sobre tipos de intervenção do terapeuta), perm aneceram n u m prim eiro nível descritivo, exploratório. D a m e sm a m a n eira, investigações sobre re sulta- dos perm itiram objetivar a spectos da m udança e m psicotera- pias, m a s não superaramo nível descritivo, n a m edida e m que não propuseram teorias sobre a m udança. Por isso, e ntende- m o s que a tarefa de c o n struir teoria é prioritária n e sse cam po. Som ente se a v a nçarm os n e ssa direção terá se ntido, m ais tarde, e m preender investigações m ais am biciosas. 3. Partir da n e c e ssidade de inscrever toda teoria psicológi- ca e psicopatológica e toda co n ceituação referente a m étodos terapêuticos n o quadro de u m a teoria do hom em , de u m a c o n c epção antropológica totalizadora. Sartre chegou a afirm ar que a so ciologia e a psicologia, inclusive a psicanálise, n a m e - dida e m que c a re c e m dessa c o n c epção tota!izadora do m u ndo hum ano, c a re c e m de v e rdadeira teoria. A m edida que m e aprofundo n o se ntido desse questionam ento, julgo c ada v ez m ais a c e rtada a afirm ação de Sartre, pois o que m e dizem por- v e ntura de u m a pessoa o se u co m plexo de Édipo, as su a s defe- sa s hístero-fóbicas, as su a s identificações projetivas, se u s nú- cleos m elancólicos? Pouco, e talvez m e e nganem , re c o rtando elem entos efetivam ente "reais" dessa pessoa c o m o se fossem coisas, não articulados, ignorando a e strutura da experiência, su a o rganização fundada n a s tendências que n e ssa pessoa im - 4 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias quela o rientação de trabalho. A o m e n o s, foi e ssa a tarefa a que m e induziram . M encionarei e ntão a s que pude re c o nhecer c o m o direções-chave de u m a atitude científico-técnica c o m - prom etida c o m o desenvolvim ento desse cam po. 1. Entendê-lo c o m o u m c a m po e m pleno e stado experi- m ental, o casião de u m a diversidade de aberturas, a ntes abrigo de u m a dispersão criadora do que lugar de an co ragem de siste- m a s acabados. Isso quer dizer terreno fértil para inovações e in- tuições, abordáveis progressivam ente c o m o rigor de u m a ex - ploração científica. Sob e sse a specto, o c a m po se e n riquece c o n stantem ente c o m o su rgim ento de n o v o s enfoques técnicos. Para alguns, isso leva a e n saiar u m a espécie de atitude liberal disposta a adm itir se m preconceitos de escola, e nquanto co nti- n u a m adotando se u m étodo próprio, que o utros reivindiquem tam bém u m lugar. M as, n a realidade, dessa m a n eira n egligen- cia -se u m problem a m ais básico: o im pacto n ecessariam ente te- co nfigurador do cam po que as n o v as técnicas podem chegar a produzir ao dar m o stras de n o v a eficácia: obrigar a reform ular as indicações específicas de cada u m a das técnicas e, m ais pro- fundam ente, o s suportes teóricos de cada enfoque. Se n o v o s re- cu rso s produzem efeitos o riginais (como o co rre c o m certos e n - foques grupais, de casal, co m u nitários, intervenções breves, te- rapias pela m úsica e pelo m o vim ento), eles levam a rev er a s lim itações dos anteriores e a co n struir u m a teoria que explique essas lim itações e aqueles efeitos. É assim que a em ergência de u m a extensa exploração em pírica cria co ndições para u m v asto m o vim ento de transform ações teóricas. D evem os a ssu m ir que a criatividade potencial do c a m po supera, até o m o m e nto, as ela- borações capazes de efetuar se u resgate co n ceitual. 2. Identificar, e ntão, c o m o u m dos pontos de u rgência, a n e c e ssidade de c o n struir teoria, de n o s arriscarm os a inventar c o n c eitos e m odelos de processos: a v e nturar hipóteses que possam os m odificar ao prim eiro passo dado sob su a luz provi- só ria. Se re c o nhecerm os que se m teoria não há prática cientí- fica, poderem os e ntender por que, proporcionalm ente à e n o r- m e m a ssa de publicações que circulam n o s EU A sobre psico- Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 5 terapias, é tão escasso o m aterial resgatável, aquele que perm i- ta questionar a fundo o s m étodos e abrir n o v as trilhas co n cei- tuais. Passei e m revista boa parte das investigações sobre psi- c oterapias realizadas n o s últim os 20 an o s. Seus re sultados são pobres, ficam longe da riqueza da experiência clínica. N ão que c a reçam de projetos rigorosos; e m princípio, o déficit não é m etodológico. A s lim itações e stão n a s categorias que opera- cionalizam , n o restrito edifício teórico de que foram extraídas. Por ex em plo, as investigações sobre processo e m psicoterapias são ra ra s e fragm entárias. A lgum as c a e m n o atom ism o m i- cro scópico (computando "quantidade de palavras por u nidade de tem po" o u "quocientes de silêncio"). O utras investigações, destinadas a explorar a spectos m ais significativos da interação terapêutica (como a s de Strupp sobre tipos de intervenção do terapeuta), perm aneceram n u m prim eiro nível descritivo, exploratório. D a m e sm a m a n eira, investigações sobre re sulta- dos perm itiram objetivar a spectos da m udança e m psicotera- pias, m a s não superaram o nível descritivo, n a m edida e m que não propuseram teorias sobre a m udança. Por isso, e ntende- m o s que a tarefa de c o n struir teoria é prioritária n e sse cam po. Som ente se a v a nçarm os n e ssa direção terá se ntido, m ais tarde, e m preender investigações m ais am biciosas. 3. Partir da n e c e ssidade de inscrever toda teoria psicológi- ca e psicopatológica e toda co n ceituação referente a m étodos terapêuticos n o quadro de u m a teoria do hom em , de u m a c o n c epção antropológica totalizadora. Sartre chegou a afirm ar que a so ciologia e a psicologia, inclusive a psicanálise, n a m e - dida e m que c a re c e m dessa c o n c epção tota!izadora do m u ndo hum ano, c a re c e m de v e rdadeira teoria. A m edida que m e aprofundo n o se ntido desse questionam ento, julgo c ada v ez m ais a c e rtada a afirm ação de Sartre, pois o que m e dizem por- v e ntura de u m a pessoa o se u co m plexo de Édipo, as su a s defe- sa s hístero-fóbicas, as su a s identificações projetivas, se u s nú- cleos m elancólicos? Pouco, e talvez m e e nganem , re c o rtando elem entos efetivam ente "reais" dessa pessoa c o m o se fossem coisas, não articulados, ignorando a e strutura da experiência, su a o rganização fundada n a s tendências que n e ssa pessoa im - _6 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoriae técnica de psicoterapias pelem n a direção de algum a totalização de si m esm a, e m cujo seio o s dinam ism os grupais (familiar, de trabalho, cultural), seu s c a m pos prospectivos reais e im aginários, su as práticas ideológicas, e su as co ndições m ateriais so cioeconôm icas e po- líticas co n v ergem , se chocam e se acoplam para fazer em ergir o hom em e m situação. U m a teoria antropológica que e nqua- dre o incessante esforço de co n strução e reco n strução de tota- lidades singulares co n cretas é co ndição para que todo m an ejo co rretivo possa aspirar a u m a inserção n o nível hum ano. 4. A profundar todo esforço de descrição dos fatos que em ergem n a experiência psicoterapêutica, exigir o m áxim o das palavras para obrigá -las a dar co nta de toda a riqueza do aco n - tecer n a situação terapêutica, detectar su as m últiplas significa- ções, su as seqüências, su as leis ainda obscuras. Esse trabalho de descrição rigorosa tem relevância científica e ideológica: é n ecessário dar u m fim às elites profissionais que possam m o - n opolizar su as fórm ulas, co m o se se tratasse de secretas alqui- m ias. O que se pretendeu que fosse, e interessadam ente se preservou c o m o se ndo, u m a a rte intuitiva individual, deve transform ar-se e m saber transm issível, se possível m ediante recu rso s docentes m ais am plos do que o s da co ntratação bi- pessoal privada. Se o que de fato se quis assegurar foi a função do co ntato em pático, da intuição e da sen sibilidade poética, n ada im pede que u m ofício sólido baseado n a objetivação das técnicas co n serv e tam bém vivas aquelas dim ensões da arte. 5. N a form ação do terapeuta, atribuir especial im portância à experiência de viver e estudar m ais de u m a técnica de psico- terapia. É n o jogo de co ntrastes e sem elhanças n esse cam po di- v ersificado que se adquire u m a n oção plena do sentido e dos alcances de cada u m a das técnicas. É por m eio do jogo de co n - tradições e sobreposições entre diversas técnicas que se pode apreender a co ntribuição específica de cada u m a delas. Certa tradição acadêm ica propôs que o terapeuta se form e n u m a téc- nica e co m u m a teoria "para evitar co nfusões". Qualquer tera- peuta de quociente intelectual m édio tem se m dúvida co ndi- ções de evitar essa tem ida co nfusão. Em co ntrapartida, o tem í- Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ? v el da m en cionada postura é a restrição m ental, o em pobreci- m e nta defensivo diante da palpitante riqueza do cam po, a re- signação a tanger u m a única co rda ante a ex uberância da poli- fonia. O perigo está n o fato de que todo especialista n u m a téc- nica se inclina a tentar abarcar o m u ndo co m ela. E sabe-se que m o n o cultura e subdesenvolvim ento cam inham juntos. 6. A s psicoterapias individuais são por certo o s m étodos de co n ceituação e aplicação clínica m ais co n solidados, e m vir- tude da herança da longa experiência psicanalítica e de m uitas de su as elaborações teóricas. N as últim as décadas, o caráter m aciço da dem anda, e ntre o utros fatores, tem favorecido o de- sen v olvim ento de técnicas grupais e m acelerado ritm o de ex - pansão devido a su as m aiores possibilidades de alcance so cial. Cabe perguntar por que, não obstante, as técnicas individuais c o ntinuam atraindo n o sso interesse e quais as su as relações co m as técnicas grupais. V árias são as razões: aquela herança teórico-técnica, que se m dúvida favorece o s desenvolvim entos dessa área; as freqüentes situações n a s quais, por fatores di- v erso s, o indivíduo n e c e ssita de instâncias de c re scim ento pessoal separáveis de su as participações e m grupos; a própria v a ntagem de poder pensar u m sistem a que, co m m e n o r nú- m e ro de participantes, restringe algum as das v ariáveis e m jogo e faz co m que sobressaiam co m m aior nitidez. Pessoalm ente, pude co m parar a experiência das técnicas individuais (psica- nálise, psicoterapias de insight, de apoio, entrevistas de o rien- tação) c o m o utras grupais (casais, fam ílias, laboratórios). Constatei que m uitos dos co n ceitos teórico-técnicos advindos dos m étodos individuais podem ser integralm ente aplicados a co ntextos grupais (noções de foco, relação de trabalho, m oti- v ação para a tarefa, processo de co ntrato, tipos de intervenção do terapeuta, tim ing, e stratégias e articulação de recu rso s, e ntre o utros) 2 • Essa aplicabilidade da experiência bipessoal ao 2. Por essa razão, quando e m diferentes desenvolvim entos teóricos e técnicos se faz, e m diversos capítulos deste livro, referência ao "paciente", se rá co n v eniente e ntender que esse paciente pode se r u m indivíduo o u u m grupo de am plitude v ariável. _6 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias pelem n a direção de algum a totalização de si m esm a, e m cujo seio o s dinam ism os grupais (familiar, de trabalho, cultural), seu s c a m pos prospectivos reais e im aginários, su as práticas ideológicas, e su as co ndições m ateriais so cioeconôm icas e po- líticas co n v ergem , se chocam e se acoplam para fazer em ergir o hom em e m situação. U m a teoria antropológica que e nqua- dre o incessante esforço de co n strução e reco n strução de tota- lidades singulares co n cretas é co ndição para que todo m an ejo co rretivo possa aspirar a u m a inserção n o nível hum ano. 4. A profundar todo esforço de descrição dos fatos que em ergem n a experiência psicoterapêutica, exigir o m áxim o das palavras para obrigá -las a dar co nta de toda a riqueza do aco n - tecer n a situação terapêutica, detectar su as m últiplas significa- ções, su as seqüências, su as leis ainda obscuras. Esse trabalho de descrição rigorosa tem relevância científica e ideológica: é n ecessário dar u m fim às elites profissionais que possam m o - n opolizar su as fórm ulas, co m o se se tratasse de secretas alqui- m ias. O que se pretendeu que fosse, e interessadam ente se preservou c o m o se ndo, u m a a rte intuitiva individual, deve transform ar-se e m saber transm issível, se possível m ediante recu rso s docentes m ais am plos do que o s da co ntratação bi- pessoal privada. Se o que de fato se quis assegurar foi a função do co ntato em pático, da intuição e da sen sibilidade poética, n ada im pede que u m ofício sólido baseado n a objetivação das técnicas co n serv e tam bém vivas aquelas dim ensões da arte. 5. N a form ação do terapeuta, atribuir especial im portância à experiência de viver e estudar m ais de u m a técnica de psico- terapia. É n o jogo de co ntrastes e sem elhanças n esse campo di- v ersificado que se adquire u m a n oção plena do sentido e dos alcances de cada u m a das técnicas. É por m eio do jogo de co n - tradições e sobreposições entre diversas técnicas que se pode apreender a co ntribuição específica de cada u m a delas. Certa tradição acadêm ica propôs que o terapeuta se form e n u m a téc- nica e co m u m a teoria "para evitar co nfusões". Qualquer tera- peuta de quociente intelectual m édio tem se m dúvida co ndi- ções de evitar essa tem ida co nfusão. Em co ntrapartida, o tem í- Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ? v el da m en cionada postura é a restrição m ental, o em pobreci- m e nta defensivo diante da palpitante riqueza do cam po, a re- signação a tanger u m a única co rda ante a ex uberância da poli- fonia. O perigo está n o fato de que todo especialista n u m a téc- nica se inclina a tentar abarcar o m u ndo co m ela. E sabe-se que m o n o cultura e subdesenvolvim ento cam inham juntos. 6. A s psicoterapias individuais são por certo o s m étodos de co n ceituação e aplicação clínica m ais co n solidados, e m vir- tude da herança da longa experiência psicanalítica e de m uitas de su as elaborações teóricas. N as últim as décadas, o caráter m aciço da dem anda, e ntre o utros fatores, tem favorecido o de- sen v olvim ento de técnicas grupais e m acelerado ritm o de ex - pansão devido a su as m aiores possibilidades de alcance so cial. Cabe perguntar por que, não obstante, as técnicas individuais c o ntinuam atraindo n o sso interesse e quais as su as relações co m as técnicas grupais. V árias são as razões: aquela herança teórico-técnica, que se m dúvida favorece o s desenvolvim entos dessa área; as freqüentes situações n a s quais, por fatores di- v erso s, o indivíduo n e c e ssita de instâncias de c re scim ento pessoal separáveis de su as participações e m grupos; a própria v a ntagem de poder pensar u m sistem a que, co m m e n o r nú- m e ro de participantes, restringe algum as das v ariáveis e m jogo e faz co m que sobressaiam co m m aior nitidez. Pessoalm ente, pude co m parar a experiência das técnicas individuais (psica- nálise, psicoterapias de insight, de apoio, entrevistas de o rien- tação) c o m o utras grupais (casais, fam ílias, laboratórios). Constatei que m uitos dos co n ceitos teórico-técnicos advindos dos m étodos individuais podem ser integralm ente aplicados a co ntextos grupais (noções de foco, relação de trabalho, m oti- v ação para a tarefa, processo de co ntrato, tipos de intervenção do terapeuta, tim ing, e stratégias e articulação de recu rso s, e ntre o utros) 2 • Essa aplicabilidade da experiência bipessoal ao 2. Por essa razão, quando e m diferentes desenvolvim entos teóricos e técnicos se faz, e m diversos capítulos deste livro, referência ao "paciente", se rá co n v eniente e ntender que esse paciente pode se r u m indivíduo o u u m grupo de am plitude v ariável. _S _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias grupo não n ega o s dinam ism os próprios do nível grupal m ul- tipessoal; m uito pelo co ntrário, pode respeitá-los plenam ente. O que se depreende dessa experiência é que o s m étodos in di- viduais, em bora lim itados (e não ex cessivam ente) e m seu al- can ce assistencial, c o ntinuam co n stituindo instâncias de in- v estigação teórico-técnica capazes de n utrir, e m certas dim en- sões, inclusive o trabalho co m grandes grupos. A o m e sm o tem po, não há dúvida de que as aberturas grupais têm u m profundo poder de questionar e de n o s levar a reform ular o s enfoques individuais: a partir da experiência de u m clube de so cialização (2), por ex em plo, é possível questionar a fundo o s m étodos de sujeição cultural o u de instauração de relações au - toritárias n o âm bito bipessoal, o nde funcionam e n c obertos sob o signo do óbvio. 7. A s psicoterapias m ais profundam ente arraigadas, as m ais difundidas e estudadas são, por certo, as v erbais, isto é, as que co n centram su as expectativas de m udança n o poder m o - dificador, rev elador, da palavra. Já se indicou co m o problem a o desgaste das palavras co m o u so (ou o m a u u so) da linguagem psicoterapêutica (3). Falou-se da existência de palavras (como "perseguição", "de- pendência", "castração", "n egar" "u m a parte de u m , o u do o utro") que cada v ez têm m e n o s significação, que co stum am ser u sadas, co m o dizia Bion, para não pensar. Que n o s põem , co m o o denunciava A rtaud, diante do "desconcertante de- sa m paro da língua e m su a s relações c o m o pensam ento" quando "n e m u m a só de n o ssas palavras vive e m n o ssa boca, a não ser separada do céu". O e nfrentam ento dessa problem ática da linguagem é o utra das direções im portantes para o desenvolvim ento de n o sso cam po. Surge n ela todo o problem a da linguagem e m su as relações co m o co rpo e co m a ação. E abre-se então à in- v estigação a questão das possibilidades de u m a linguagem ativa, viva, n o quadro de u m a interação co rporal restrita, assim co m o n o co ntexto m ais am plo de u m estilo de vida de pacien- te e terapeuta, m arcado pelas restrições repressivas da ação. A tradição terapêutica alicerçou-se n a prem issa de não agir para Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _::_9 poder pensar, de perm anecer quietos para poder co n centrar- n o s. A ideologia dessas prem issas o u seu s derivados já foi des- tacada. A citada proposta, co m o que tem de v erdade parcial, não foi ao m esm o tem po a inadvertida adaptação a u m co n - texto de im obilidade geral? O certo é que u m a n o v a linha de experiências grupais, psicodram áticas, de trabalho co rporal, su a co n v ergência n o s laboratórios de interação so cial vieram tam bém questionar as prem issas co m base n as quais su rgem o s problem as da deterioração da palavra. O que se co n stata n essas experiências é a possibilidade de inverter parcialm ente a prem issa, a c e ntuando a n ecessidade de agir, de co m prom e- ter tam bém o co rpo para poder sentir-pensar-verbalizar co m u m a intensidade e u m a v eracidade n o v as. Essas experiências facilitam u m acesso pleno ao nível de sen sibilização e co ntato co n sigo m e sm o e co m o s o utros e m que a linguagem viva, pessoal, afetiva, co m freqüência poética, em erge n aturalm ente do vivido. Esses n o v o s co ntextos de experim entação grupal fa- v o recem adem ais a aprendizagem den o v as linguagens, plásti- cas, co rporais, dram áticas, que u m a cultura repressiva m a ntém relegadas à época dos saudosos jogos infantis. Por certo não se pode supor que sejam m etas suficientes sentir o próprio co rpo o u a pele do o utro, ganhar intim idade e exprim ir-se m ais livrem ente. A lém disso, é preciso poder abrir- se para palavras v erdadeiras, para palavras vivas que habitam o m u ndo pessoal e o levam a ser habitado pela cultura, e abrir- se, além disso, para u m processo de e nfrentam ento co n sigo m e sm o e co m a cultura através desse en co ntro co m as pala- v ras. Papel singular, decisivo, da linguagem v erbal n a expe- riência terapêutica. Essa direção de desenvolvim ento em psicoterapia visare- cuperar todas as co ndições n as quais se tom e possível à pala- v ra atingir su a plenitude m áxim a. Problem a terapêutico que foi desde sem pre problem a de poetas: en co ntrar palavras que c o n sigam se r ação m ais que c o ntem plação, que ofereçam enigm as em lugar de resolvê-los, que tom em "co rpo vivo o que está prisioneiro n as palavras". É em relação a essa tarefa que se deve e ntender o co n selho de Laing ao s n o v o s terapeutas: ler e escrev er poesia co m o atividade form adora essen cial. U m a _S _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias grupo não n ega o s dinam ism os próprios do nível grupal m ul- tipessoal; m uito pelo co ntrário, pode respeitá-los plenam ente. O que se depreende dessa experiência é que o s m étodos in di- viduais, em bora lim itados (e não ex cessivam ente) e m seu al- can ce assistencial, c o ntinuam co n stituindo instâncias de in- v estigação teórico-técnica capazes de n utrir, e m certas dim en- sões, inclusive o trabalho co m grandes grupos. A o m e sm o tem po, não há dúvida de que as aberturas grupais têm u m profundo poder de questionar e de n o s levar a reform ular o s enfoques individuais: a partir da experiência de u m clube de so cialização (2), por ex em plo, é possível questionar a fundo o s m étodos de sujeição cultural o u de instauração de relações au - toritárias n o âm bito bipessoal, o nde funcionam e n c obertos sob o signo do óbvio. 7. A s psicoterapias m ais profundam ente arraigadas, as m ais difundidas e estudadas são, por certo, as v erbais, isto é, as que co n centram su as expectativas de m udança n o poder m o - dificador, rev elador, da palavra. Já se indicou co m o problem a o desgaste das palavras co m o u so (ou o m a u u so) da linguagem psicoterapêutica (3). Falou-se da existência de palavras (como "perseguição", "de- pendência", "castração", "n egar" "u m a parte de u m , o u do o utro") que cada v ez têm m e n o s significação, que co stum am ser u sadas, co m o dizia Bion, para não pensar. Que n o s põem , co m o o denunciava A rtaud, diante do "desconcertante de- sa m paro da língua e m su a s relações c o m o pensam ento" quando "n e m u m a só de n o ssas palavras vive e m n o ssa boca, a não ser separada do céu". O e nfrentam ento dessa problem ática da linguagem é o utra das direções im portantes para o desenvolvim ento de n o sso cam po. Surge n ela todo o problem a da linguagem e m su as relações co m o co rpo e co m a ação. E abre-se então à in- v estigação a questão das possibilidades de u m a linguagem ativa, viva, n o quadro de u m a interação co rporal restrita, assim co m o n o co ntexto m ais am plo de u m estilo de vida de pacien- te e terapeuta, m arcado pelas restrições repressivas da ação. A tradição terapêutica alicerçou-se n a prem issa de não agir para Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _::_9 poder pensar, de perm anecer quietos para poder co n centrar- n o s. A ideologia dessas prem issas o u seu s derivados já foi des- tacada. A citada proposta, co m o que tem de v erdade parcial, não foi ao m esm o tem po a inadvertida adaptação a u m co n - texto de im obilidade geral? O certo é que u m a n o v a linha de experiências grupais, psicodram áticas, de trabalho co rporal, su a co n v ergência n o s laboratórios de interação so cial vieram tam bém questionar as prem issas co m base n as quais su rgem o s problem as da deterioração da palavra. O que se co n stata n essas experiências é a possibilidade de inverter parcialm ente a prem issa, a c e ntuando a n ecessidade de agir, de co m prom e- ter tam bém o co rpo para poder sentir-pensar-verbalizar co m u m a intensidade e u m a v eracidade n o v as. Essas experiências facilitam u m acesso pleno ao nível de sen sibilização e co ntato co n sigo m e sm o e co m o s o utros e m que a linguagem viva, pessoal, afetiva, co m freqüência poética, em erge n aturalm ente do vivido. Esses n o v o s co ntextos de experim entação grupal fa- v o recem adem ais a aprendizagem de n o v as linguagens, plásti- cas, co rporais, dram áticas, que u m a cultura repressiva m a ntém relegadas à época dos saudosos jogos infantis. Por certo não se pode supor que sejam m etas suficientes sentir o próprio co rpo o u a pele do o utro, ganhar intim idade e exprim ir-se m ais livrem ente. A lém disso, é preciso poder abrir- se para palavras v erdadeiras, para palavras vivas que habitam o m u ndo pessoal e o levam a ser habitado pela cultura, e abrir- se, além disso, para u m processo de e nfrentam ento co n sigo m e sm o e co m a cultura através desse en co ntro co m as pala- v ras. Papel singular, decisivo, da linguagem v erbal n a expe- riência terapêutica. Essa direção de desenvolvim ento em psicoterapia visare- cuperar todas as co ndições n as quais se tom e possível à pala- v ra atingir su a plenitude m áxim a. Problem a terapêutico que foi desde sem pre problem a de poetas: en co ntrar palavras que c o n sigam se r ação m ais que c o ntem plação, que ofereçam enigm as em lugar de resolvê-los, que tom em "co rpo vivo o que está prisioneiro n as palavras". É em relação a essa tarefa que se deve e ntender o co n selho de Laing ao s n o v o s terapeutas: ler e escrev er poesia co m o atividade form adora essen cial. U m a _1_0 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias co erência co m essa poesia lida e escrita exige além disso vivê- la, n a sessão e fora dela. 8. Parte integrante do trabalho co m a saúde, as psicotera- pias co m partilham a n ecessidade de u m a revisão epistem oló- gica e filosófica co n stante. Portadoras de prem issas sobre saúde e doença das pessoas, as psicoterapiasdevem se r postas - todas - sob a lente de u m a rigorosa crítica epistem ológica. Se o terapeuta se pretender desvelador de enigm as de seu paciente, é eticam ente forçado que co m ece por interrogar cuidadosa- m e nte o inconsciente de su a classe e de su a cam ada so cial, por questionar radicalm ente su as próprias determ inações, as que tingem su a ação e seu discurso. Este é o utro nível da investiga- ção n o cam po das psicoterapias. N ão é por acaso que chega co m atraso e m relação ao s níveis anteriores; as razões desse atraso se explicam por m eio de u m a so ciologia do co nheci- m ento; têm íntim a ligação co m as pressões da cultura oficial, que durante an o s im pôs co m o óbvias su as próprias definições de saúde e doença, bem co m o co m as restrições intelectuais im postas às cam adas profissionais m ediante u m a particular práxis de classe e m ediante as distorções da colonização cultu- ral. N esse sentido, falam os n o co m eço de procurar elaborar u m a teoria das técnicas de psicoterapia reform ulada e m su as bases ideológicas. Com o profissionais procedentes dessa práti- ca so cial, talvez possam os reform ular algum as dessas bases ideológicas; o utras, possivelm ente, tenderão a perm anecer o cultas para nós n as raízes das técnicas que n o s forjaram. A problem ática ideológica das psicoterapias se abre e m várias frentes. O briga a rev er o fato de que as técnicas e su as teorias são elaboradas por u m a c a m ada so cial, isolada, e m claustros acadêm icos, das lutas, vicissitudes e m odelos cultu- rais dos o utros estratos so ciais. Essa problem ática se tornou decisiva n o s m o m e ntos de discutir seriam ente program as de saúde m e ntal n o Chile. Ela v e m u nida ao fato de que as técnicas foram co n struídas n a s m etrópoles colonizadoras, tendo sido aplicadas se m respeito às co ndições de regionalização, isto é, à m a rgem de hábitos, tradições, subculturas u rbanas, suburbanas e ru rais. Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - -= =11 O utro foco de interrogantes reside e m questionar estilos terapêuticos, propostas de m odalidades de vínculos e ntre pa- ciente e terapeuta que podem e star fundados n o m odelo das diferenças de classes e das relações de poder estabelecidas por essas diferenças. A spectos co m plem entares dessa problem ática se abrem co m o e studo das instituições e m que as psicoterapias são aplicadas e daquelas e m que são en sinadas, instituições cujas funções ideológicas vão se ndo progressivam ente desveladas. O utros níveis de investigação da problem ática ideológica su rgem co m o estudo do papel que desem penham n a relação terapêutica a ideologia explícita, por u m lado, e a ideologia não-explícita, por o utro, v eiculada através de interpretações o rientadas n u m a determ inada direção, assim co m o do e m pre- go de n oções psicológicas o u psicopatológicas de fachada //científica". Em ergem igualm ente o s problem as criados pela co n centração do esforço terapêutico e m indivíduos o u e m pe- quenos grupos, práticas das quais se devem destacar as n oções setoriais de doença e de cu ra que enfatizam , assim co m o o sig- nificado que a ssu m e esse reco rte co ntra o pano de fundo do sistem a so cial e m que se aplicam . É possível que, co m o resultado dessas reform ulações, as técnicas de psicoterapia que co nhecem os devam ser parcial o u totalm ente m odificadas. Se isso o co rrer, todo esforço de des- crição e co n ceituação poderá co ntribuir, ao lado de o utros fa- tores, para que esse processo se acelere e c o nduza a níveis m ais elevados da elaboração científica n o âm bito da saúde m ental. Sabem os, além disso, que o futuro das psicoterapias co n sistirá e m se n egarem dialeticam ente co m o terapias, para o rientar su as aquisições e desenvolvim entos n a direção dos cam pos da prevenção e da educação. A s revisões a realizar n o s levam a u m trabalho interdisci- plinar. O pensam ento próprio de epistem ologias da Com ple- xidade (Edgar M orin, G illes D eleuze, Félix G uattari, Ilya Pri- gogine) foi se co n stituindo n o c ru z a m e nto de co ntribuições so ciológicas, físicas, quím icas, cibernéticas, clim atológicas, de biologia celular, antropológicas, ecológicas. Esse pensam ento n o s co nduz a revisões m uito am plas sobre o s c o m portam en- _1_0 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias co erência co m essa poesia lida e escrita exige além disso vivê- la, n a sessão e fora dela. 8. Parte integrante do trabalho co m a saúde, as psicotera- pias co m partilham a n ecessidade de u m a revisão epistem oló- gica e filosófica co n stante. Portadoras de prem issas sobre saúde e doença das pessoas, as psicoterapias devem se r postas - todas - sob a lente de u m a rigorosa crítica epistem ológica. Se o terapeuta se pretender desvelador de enigm as de seu paciente, é eticam ente forçado que co m ece por interrogar cuidadosa- m e nte o inconsciente de su a classe e de su a cam ada so cial, por questionar radicalm ente su as próprias determ inações, as que tingem su a ação e seu discurso. Este é o utro nível da investiga- ção n o cam po das psicoterapias. N ão é por acaso que chega co m atraso e m relação ao s níveis anteriores; as razões desse atraso se explicam por m eio de u m a so ciologia do co nheci- m ento; têm íntim a ligação co m as pressões da cultura oficial, que durante an o s im pôs co m o óbvias su as próprias definições de saúde e doença, bem co m o co m as restrições intelectuais im postas às cam adas profissionais m ediante u m a particular práxis de classe e m ediante as distorções da colonização cultu- ral. N esse sentido, falam os n o co m eço de procurar elaborar u m a teoria das técnicas de psicoterapia reform ulada e m su as bases ideológicas. Com o profissionais procedentes dessa práti- ca so cial, talvez possam os reform ular algum as dessas bases ideológicas; o utras, possivelm ente, tenderão a perm anecer o cultas para nós n as raízes das técnicas que n o s forjaram. A problem ática ideológica das psicoterapias se abre e m várias frentes. O briga a rev er o fato de que as técnicas e su as teorias são elaboradas por u m a c a m ada so cial, isolada, e m claustros acadêm icos, das lutas, vicissitudes e m odelos cultu- rais dos o utros estratos so ciais. Essa problem ática se tornou decisiva n o s m o m e ntos de discutir seriam ente program as de saúde m e ntal n o Chile. Ela v e m u nida ao fato de que as técnicas foram co n struídas n a s m etrópoles colonizadoras, tendo sido aplicadas se m respeitoàs co ndições de regionalização, isto é, à m a rgem de hábitos, tradições, subculturas u rbanas, suburbanas e ru rais. Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ - -= =11 O utro foco de interrogantes reside e m questionar estilos terapêuticos, propostas de m odalidades de vínculos e ntre pa- ciente e terapeuta que podem e star fundados n o m odelo das diferenças de classes e das relações de poder estabelecidas por essas diferenças. A spectos co m plem entares dessa problem ática se abrem co m o e studo das instituições e m que as psicoterapias são aplicadas e daquelas e m que são en sinadas, instituições cujas funções ideológicas vão se ndo progressivam ente desveladas. O utros níveis de investigação da problem ática ideológica su rgem co m o estudo do papel que desem penham n a relação terapêutica a ideologia explícita, por u m lado, e a ideologia não-explícita, por o utro, v eiculada através de interpretações o rientadas n u m a determ inada direção, assim co m o do e m pre- go de n oções psicológicas o u psicopatológicas de fachada //científica". Em ergem igualm ente o s problem as criados pela co n centração do esforço terapêutico e m indivíduos o u e m pe- quenos grupos, práticas das quais se devem destacar as n oções setoriais de doença e de cu ra que enfatizam , assim co m o o sig- nificado que a ssu m e esse reco rte co ntra o pano de fundo do sistem a so cial e m que se aplicam . É possível que, co m o resultado dessas reform ulações, as técnicas de psicoterapia que co nhecem os devam ser parcial o u totalm ente m odificadas. Se isso o co rrer, todo esforço de des- crição e co n ceituação poderá co ntribuir, ao lado de o utros fa- tores, para que esse processo se acelere e c o nduza a níveis m ais elevados da elaboração científica n o âm bito da saúde m ental. Sabem os, além disso, que o futuro das psicoterapias co n sistirá e m se n egarem dialeticam ente co m o terapias, para o rientar su as aquisições e desenvolvim entos n a direção dos cam pos da prevenção e da educação. A s revisões a realizar n o s levam a u m trabalho interdisci- plinar. O pensam ento próprio de epistem ologias da Com ple- xidade (Edgar M orin, G illes D eleuze, Félix G uattari, Ilya Pri- gogine) foi se co n stituindo n o c ru z a m e nto de co ntribuições so ciológicas, físicas, quím icas, cibernéticas, clim atológicas, de biologia celular, antropológicas, ecológicas. Esse pensam ento n o s co nduz a revisões m uito am plas sobre o s c o m portam en- _12 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psícoterapías tos, as forças incidentes e m m icro e m acro ssistem as, su as co n - dições de fecham ento e de abertura. N o cam po das psicoterapias, e m aspectos m ais delim ita- dos de especialização, desenvolveram -se co ntribuições de e n - foques vinculares, sistêm icos, cognitivistas, bioenergéticos, lingüísticos, assim co m o ren o v ados subsídios da investigação psicanalítica. Todos esses enfoques m o straram perspectivas de u m a crescente co m plexidade para n o ssas abordagens clínicas. D ar c o nta dessa co m plexidade se transform a e m o utra das principais direções do trabalho teórico e das práticas que co n - figuram esse cam po. O s problem as so ciais gerados pela era do capitalism o glo- bal introduzem n o v o s im pactos para a saúde m ental de indiví- duos, grupos e co m u nidades. O desem prego e a instabilidade n as co ndições de trabalho n o s introduzem n o estudo de n o v as situações críticas e traum áticas. A s problem áticas do poder glo- balizador, seu s m odos de co n stituição e seu s efeitos, obrigam a realizar n o v as investigações sobre as co ndições que determ i- n a m o s transtornos e as tarefas capazes de prom over a saúde m ental. Trata-se de co m preender a rede de fatores so ciais, eco - nôm icos, jurídicos, políticos e culturais que co nfiguram a co n s- tituição da subjetividade n as so ciedades atuais. O cam po das psicoterapias deve abrir-se hoje para esses desafios. Referências bibliográficas 1. A lexander, Franz; French, Thom as (1946), Terapéutica psicoanalítica, B ue- n o s A ires, Paidós, 1956. 2. B alint, M .; O rnstein, P.; B alint, E. (1972), Psicoterapia focal. Terapia breve para psicoanalistas. M odelo desarrollado en la Clínica Tavistock, B uenos A ires, G edisa, 1985. 3. B ernardi, Ricardo; D efey, D ense; Elizalde, Juan; Fiorini, H éctor; Fonagy, Peter; Rivera, Jorge; K em berg, O tto; K achele, H orst, Psicoanálisis. Focos y aperturas, M ontevidéu, Psicolibros, 2000. 4. B leichm ar, H ugo, Avances en Psicoterapia Psicoanalítica, B arcelona, Paidós, 1997. 5. Calvo, M . C., Del espejo al doble. Lenguajes del ser, B uenos A ires, E! O tro, 1997. 6. D eleuze, G ., Conversaciones, V alencia, Pre-textos, 1995. Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _:l=-3 7. D eleuze, G .; G uattari, F., M il m esetas, V alencia, Pre-textos, 1994. 8. Fiorini, H éctor, El campo teórico y clínico de las psicoterapias psicoanalíticas. B uenos A ires, Tekné, 1987. 9. Fiorini, H éctor, El psiquismo creador, B uenos A ires, Pai dós, 1995. 10. Fiorini, H éctor, Estructuras y abordajes en psicoterapias psicoanalíticas. B ue- n o s A ires, N ueva V isión, 6~ ed., 1998. 11. Fiorini, H éctor, "Focalización y Psicoanálisis", in B ernardi, R.; D efey, D .; K achele, H . Elizalde; H . Rivera, J. e o utros, Psicoterapia focal. Intervencio- nes psicoanalíticas de objetivos y tiempo definidos, M ontevidéu, R oca V iva, 1995. 12. Fiorini, H éctor, Nuevas líneas en psicoterapias psicoanalíticas. Teoría, técnica y clínica. Sem inários e m A CIPPIA . M adri, Psim ática, 1999. 13. Fiorini, H éctor; D efey, D enise; Elizalde, Juan; M enéndez, Pedro; Rivera, Jorge y R odríguez, A na M aría, Focalización y psicoanálisis, M ontevidéu, R oca V iva, 1992. 1:'1. Fiorini, H éctor; Peyru, G raciela, Aportes teórico-clínicos en psicoterapias, B uenos A ires, N ueva V isión, 1978. 15. Feixas, G .; M iro, M . T., Aproximaciones a la psicoterapia. Una introducción a los tratam ientos psicológicos, B arcelona, Paidós, 1993. 16. Freud, Sigm und (1910), "Las perspectivas futuras de la terapia psicoana- lítica", in Obras completas, v ol. 11, B uenos A ires, A m orrortu, 1992. 17. Freud, Sigm und (1918), "N uevos c a m inos de la terapia psicoanalítica", Obras completas, v ol. 17, B uenos A ires, A m orrortu, 1992. 18. G edo, J., Advances in Clinicai Psychoanalysis, N ova Y ork, International U niversity Press, 1981. 19. G oldenberg, M auricio, Cursos de psiquiatría dinámica, Servido de Psico- patología de! Policlínica A raoz A lfaro, Lanús, Província de B uenos A ires, 1965-70. 20. G oldenberg, M auricio, Supervisiones clínicas. Ateneos y discusiones de estra- tegias. Servicio de psicopatologíadel Policlínica Araoz Alfaro, Lanús, Província de B uenos A ires, 1962-70. 21. G ril, S.; Ibá:íi.ez, A ; M osca, I.; Souza, P. (orgs.), Investigación en psicoterapia. Procesos y resultados, investigaciones em píricas 1998, Brasil, Pelotas, Educat, 2000. 22. G uattari, F., Caosmosis, B uenos A ires, M anantial, 1996. 23. H ardt, M .; N egri, A (2000) Imperio, B uenos A ires, Paidós, 2002. 24. H orow itz, M . J., Nuances ofTechnique in D ynamic Psychotherapy, N orthw - v ale, N . L Jason A ronson Inc., 1989. 25. Jim énez, Juan Pablo, "E! psicoanálisis e n la co n strucción de u n a psicoterapia c o m o tecnología apropiada", in D efey, D .; Elizalde, J.; Rivera, J. (orgs.), Psico- terapia focal, M ontevidéu, R oca V iva, 1995. 26. K aes, R. (org.), Crisis, ruptura y superación. B uenos A ires, Ediciones Cinco, 1990. _12 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psícoterapías tos, as forças incidentes e m m icro e m acro ssistem as, su as co n - dições de fecham ento e de abertura. N o cam po das psicoterapias, e m aspectos m ais delim ita- dos de especialização, desenvolveram -se co ntribuições de e n - foques vinculares, sistêm icos, cognitivistas, bioenergéticos, lingüísticos, assim co m o ren o v ados subsídios da investigação psicanalítica. Todos esses enfoques m o straram perspectivas de u m a crescente co m plexidade para n o ssas abordagens clínicas. D ar c o nta dessa co m plexidade se transform a e m o utra das principais direções do trabalho teórico e das práticas que co n - figuram esse cam po. O s problem as so ciais gerados pela era do capitalism o glo- bal introduzem n o v o s im pactos para a saúde m ental de indiví- duos, grupos e co m u nidades. O desem prego e a instabilidade n as co ndições de trabalho n o s introduzem n o estudo de n o v as situações críticas e traum áticas. A s problem áticas do poder glo- balizador, seu s m odos de co n stituição e seu s efeitos, obrigam a realizar n o v as investigações sobre as co ndições que determ i- n a m o s transtornos e as tarefas capazes de prom over a saúde m ental. Trata-se de co m preender a rede de fatores so ciais, eco - nôm icos, jurídicos, políticos e culturais que co nfiguram a co n s- tituição da subjetividade n as so ciedades atuais. O cam po das psicoterapias deve abrir-se hoje para esses desafios. Referências bibliográficas 1. A lexander, Franz; French, Thom as (1946), Terapéutica psicoanalítica, B ue- n o s A ires, Paidós, 1956. 2. B alint, M .; O rnstein, P.; B alint, E. (1972), Psicoterapia focal. Terapia breve para psicoanalistas. M odelo desarrollado en la Clínica Tavistock, B uenos A ires, G edisa, 1985. 3. B ernardi, Ricardo; D efey, D ense; Elizalde, Juan; Fiorini, H éctor; Fonagy, Peter; Rivera, Jorge; K em berg, O tto; K achele, H orst, Psicoanálisis. Focos y aperturas, M ontevidéu, Psicolibros, 2000. 4. B leichm ar, H ugo, Avances en Psicoterapia Psicoanalítica, B arcelona, Paidós, 1997. 5. Calvo, M . C., Del espejo al doble. Lenguajes del ser, B uenos A ires, E! O tro, 1997. 6. D eleuze, G ., Conversaciones, V alencia, Pre-textos, 1995. Introdução _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _:l=-3 7. D eleuze, G .; G uattari, F., M il m esetas, V alencia, Pre-textos, 1994. 8. Fiorini, H éctor, El campo teórico y clínico de las psicoterapias psicoanalíticas. B uenos A ires, Tekné, 1987. 9. Fiorini, H éctor, El psiquismo creador, B uenos A ires, Pai dós, 1995. 10. Fiorini, H éctor, Estructuras y abordajes en psicoterapias psicoanalíticas. B ue- n o s A ires, N ueva V isión, 6~ ed., 1998. 11. Fiorini, H éctor, "Focalización y Psicoanálisis", in B ernardi, R.; D efey, D .; K achele, H . Elizalde; H . Rivera, J. e o utros, Psicoterapia focal. Intervencio- nes psicoanalíticas de objetivos y tiempo definidos, M ontevidéu, R oca V iva, 1995. 12. Fiorini, H éctor, Nuevas líneas en psicoterapias psicoanalíticas. Teoría, técnica y clínica. Sem inários e m A CIPPIA . M adri, Psim ática, 1999. 13. Fiorini, H éctor; D efey, D enise; Elizalde, Juan; M enéndez, Pedro; Rivera, Jorge y R odríguez, A na M aría, Focalización y psicoanálisis, M ontevidéu, R oca V iva, 1992. 1:'1. Fiorini, H éctor; Peyru, G raciela, Aportes teórico-clínicos en psicoterapias, B uenos A ires, N ueva V isión, 1978. 15. Feixas, G .; M iro, M . T., Aproximaciones a la psicoterapia. Una introducción a los tratam ientos psicológicos, B arcelona, Paidós, 1993. 16. Freud, Sigm und (1910), "Las perspectivas futuras de la terapia psicoana- lítica", in Obras completas, v ol. 11, B uenos A ires, A m orrortu, 1992. 17. Freud, Sigm und (1918), "N uevos c a m inos de la terapia psicoanalítica", Obras completas, v ol. 17, B uenos A ires, A m orrortu, 1992. 18. G edo, J., Advances in Clinicai Psychoanalysis, N ova Y ork, International U niversity Press, 1981. 19. G oldenberg, M auricio, Cursos de psiquiatría dinámica, Servido de Psico- patología de! Policlínica A raoz A lfaro, Lanús, Província de B uenos A ires, 1965-70. 20. G oldenberg, M auricio, Supervisiones clínicas. Ateneos y discusiones de estra- tegias. Servicio de psicopatología del Policlínica Araoz Alfaro, Lanús, Província de B uenos A ires, 1962-70. 21. G ril, S.; Ibá:íi.ez, A ; M osca, I.; Souza, P. (orgs.), Investigación en psicoterapia. Procesos y resultados, investigaciones em píricas 1998, Brasil, Pelotas, Educat, 2000. 22. G uattari, F., Caosmosis, B uenos A ires, M anantial, 1996. 23. H ardt, M .; N egri, A (2000) Imperio, B uenos A ires, Paidós, 2002. 24. H orow itz, M . J., Nuances ofTechnique in D ynamic Psychotherapy, N orthw - v ale, N . L Jason A ronson Inc., 1989. 25. Jim énez, Juan Pablo, "E! psicoanálisis e n la co n strucción de u n a psicoterapia c o m o tecnología apropiada", in D efey, D .; Elizalde, J.; Rivera, J. (orgs.), Psico- terapia focal, M ontevidéu, R oca V iva, 1995. 26. K aes, R. (org.), Crisis, ruptura y superación. B uenos A ires, Ediciones Cinco, 1990. _14 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ Teoria e técnica de psicoterapias 27. K aes, R., Sufrimiento y psicopatología de los vínculos institucionales, B uenos A ires, Paidós, 1998. 28. K em berg, O tto, "Psicoanálisis, psicoterapia psicoanalítica y psicoterapia de apoyo", in K em berg, 0.; B ernardi, R.; K achele, H . Fiorini; H . Fonagy; P. D efey; D . Elizalde; H . Rivera; J. e o utros, Psicoanálisis. Focos y aperturas, M ontevidéu, Psicolibros, 2000. 29. K em berg, O tto, Severe Personality Disorders: Psychotherapeutic Strategies, N ew H aven e Londres, Y ale U niversity Press, 1984. 30. K ernberg, O tto, "C onvergences a nd D ivergences in C ontem porary Psychoanalytic Technique", Int. f. Psychoanal., 74, 1993: 659-73. 31. K ernberg, O . et ai., "Psychotherapy a nd Psychoanalysis. Final R eport of the M enninger Foundation's Psychotherapy R esearch Project", Buli. M enn. Clinic, 36,1972: 1-275. 32. K illingm o, B., "C onflict
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