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Teoria e Tecnica de Psicoterapia - Hector Juan Fiorini. Martins Fontes

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H
éctor Juan Fiorini 
,
 
T
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N
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A
 
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TER
A
PIA
S 
Edição am
pliada 
Tradução M
ARIA STELA GONÇALVES 
Revisão técnica CLAU
D
IA BERLINER 
M
artins Fontes 
São Paulo 
2004 
Esta obra foi publicada o
riginalm
ente e
m
 e
spanhol c
o
m
 o
 título 
TEO
RÍA Y TÉCNICA D
E
 PSIC
O
TERAPIAS por Ediciones N
ueva Visión. 
C
opyright ©
 1977 por Ediciones N
ueva Visión SAIC, Buenos Aires. 
C
opyright ©
 2004, Livraria M
artins Fontes Editora Ltda., 
São Paulo. para a
 presente edição. 
t• edição 
m
aio de 2004 
T
radução 
M
ARIA STELA G
O
NÇALVES 
R
evisão técnica e da tradução 
Claudia Berliner 
A
com
panham
ento editorial 
Luzia Aparecida dos Santos 
R
evisões gráficas 
A
na M
aria de O
. M
. Barbosa 
Renato da Rocha Carlos 
D
inarte Zorzanelli da Silva 
Produção gráfica 
G
eraldo Alves 
Paginação 
M
oacir K
atsum
i M
atsusaki 
D
ados Internaciouais de Catalogação n
a
 Publicação (CIP) 
(Câmara B
rasileira do Livro, SP, B
rasil) 
Fiorini, H
éctor Juan 
Teoria e técnica de psicoterapias I H
éctor Juan Fiorini ; tradução 
M
aria Stela G
onçalves ; revisão técnica Claudia B
erliner. 
-
Ed. am
pl. 
-
São Paulo : M
artins Fontes, 2004. 
- (Coleção psicologia e peda-
gogia) 
Título o
riginal: Teoría y técnica de psicoterapias. 
Bibliografia. 
ISB
N
 85-336-1987-1 
1. Psicoterapia I. Título. IL Série. 
04-2681 
Índices para c
atálogo sistem
ático: 
CD
D
-150.195 
L Psicoterapia : Teoria e técnicas : Sistem
as 
psicanalíticos: Psicologia 
150.195 
Todos o
s direitos desta edição para a
 língua portuguesa reservados à 
Livraria M
artins Fontes Editora Ltda. 
Rua Conselheiro Ram
alho. 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil 
Te/. (11) 3241.3677 Fax (11) 3105.6867 
e
-m
ail: info@
martinsfontes.com.br http://www.m
artinsfontes.com.br 
Dedico este livro 
a
 Letícia, D
aniela e Veróníca, 
a
 m
eu
s país, 
a
 Susana e Am
oldo Líberman, 
a
 Em
ílio Rodrígué, 
que, de m
uitas m
a
n
eiras 
-
vinculadas à 
inteligência e o
 a
m
o
r
- habitaram
 comigo 
estas páginas. 
Esta obra foi publicada o
riginalm
ente e
m
 e
spanhol c
o
m
 o
 título 
TEO
RÍA Y TÉCNICA D
E
 PSIC
O
TERAPIAS por Ediciones N
ueva Visión. 
C
opyright ©
 1977 por Ediciones N
ueva Visión SAIC, Buenos Aires. 
C
opyright ©
 2004, Livraria M
artins Fontes Editora Ltda., 
São Paulo. para a
 presente edição. 
t• edição 
m
aio de 2004 
T
radução 
M
ARIA STELA G
O
NÇALVES 
R
evisão técnica e da tradução 
Claudia Berliner 
A
com
panham
ento editorial 
Luzia Aparecida dos Santos 
R
evisões gráficas 
A
na M
aria de O
. M
. Barbosa 
Renato da Rocha Carlos 
D
inarte Zorzanelli da Silva 
Produção gráfica 
G
eraldo Alves 
Paginação 
M
oacir K
atsum
i M
atsusaki 
D
ados Internaciouais de Catalogação n
a
 Publicação (CIP) 
(Câmara B
rasileira do Livro, SP, B
rasil) 
Fiorini, H
éctor Juan 
Teoria e técnica de psicoterapias I H
éctor Juan Fiorini ; tradução 
M
aria Stela G
onçalves ; revisão técnica Claudia B
erliner. 
-
Ed. am
pl. 
-
São Paulo : M
artins Fontes, 2004. 
- (Coleção psicologia e peda-
gogia) 
Título o
riginal: Teoría y técnica de psicoterapias. 
Bibliografia. 
ISB
N
 85-336-1987-1 
1. Psicoterapia I. Título. IL Série. 
04-2681 
Índices para c
atálogo sistem
ático: 
CD
D
-150.195 
L Psicoterapia : Teoria e técnicas : Sistem
as 
psicanalíticos: Psicologia 
150.195 
Todos o
s direitos desta edição para a
 língua portuguesa reservados à 
Livraria M
artins Fontes Editora Ltda. 
Rua Conselheiro Ram
alho. 3301340 01325-000 São Paulo SP Brasil 
Te/. (11) 3241.3677 Fax (11) 3105.6867 
e
-m
ail: info@
martinsfontes.com.br http://www.m
artinsfontes.com.br 
Dedico este livro 
a
 Letícia, D
aniela e Veróníca, 
a
 m
eu
s país, 
a
 Susana e Am
oldo Líberman, 
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 Em
ílio Rodrígué, 
que, de m
uitas m
a
n
eiras 
-
vinculadas à 
inteligência e o
 a
m
o
r
- habitaram
 comigo 
estas páginas. 
Índice 
1. Introdução: o
 campo das psicoterapias e algumas 
de suas direções de desenvolvimento 
1 
2. Psicoterapia dinâmica breve. Contribuições para 
um
a teoria da técnica 
17 
3. D
elimitação técnica das psicoterapias 
47 
4. A primeira entrevista 
63 
5. Os eixos do processo terapêutico 
85 
6. O
 conceito de foco 
89 
7. A relação de trabalho 
109 
8. As funções egóicas no processo terapêutico 
125 
9. D
inam
ism
os e níveis da m
udança em
 psicoterapias 
147 
10. Tipos de intervenção verbal do terapeuta 
159 
11. Considerações teóricas e técnicas sobre m
aterial 
de sessões 
187 
12. O
 papel da ação nas psicoterapias 
199 
13. Estratégias e articulação de recursos terapêuticos 
209 
14. Psicoterapias e psicanálise 
223 
15. Linhas de trabalho e problemas abertos 
237 
A
pêndice: Psicoterapias psicanalíticas: focalização 
em
 situações de crise 
241 
O
 foco na análise do caráter 
246 
Capítulo 1 
Introdução: o
 ca
m
po das psicoterapias e 
algum
as de su
a
s direções de desenvolvim
ento 
O
 cam
po das psicoterapias tem
 su
scitado n
o
s últim
os a
n
o
s 
problem
áticas de u
m
a
 co
m
plexidade crescente. Ele desafia n
o
s-
so
s esforços e
m
 vários níveis: epistem
ológico (incluindo as re-
form
ulações da crítica ideológica), teórico, técnico, docente, de 
pesquisa (com su
as co
m
plexas exigências de o
rdem
 m
etodoló-
gica). O
 av
anço n
o
 desenvolvim
ento desses níveis, co
m
 vistas a 
u
m
a
 elaboração científica do cam
po, é lento, o
 que deve n
eces-
sa
riam
ente preocupar-nos: n
a
 m
ais sim
ples das intervenções 
terapêuticas estão e
m
 jogo vidas, projetos, ru
m
o
s de indivíduos 
e grupos. Toda carência científica n
esse c
a
m
po co
n
stitui u
m
 
problem
a de u
rgência, de responsabilidade so
cial hum
ana. 
A
s vias de abordagem
 para se
u
 desenvolvim
ento científi-
co são m
últiplas, o
 que não im
pede o
 reco
nhecim
ento de prio-
ridades. Três aspectos, a n
o
sso
 v
er, exigem
 co
m
 m
aior u
rgência 
u
m
 trabalho elaborativo que visasse aprofundá-los: u
m
, a n
e
-
cessidade de aprim
orar a descrição e a explicação de su
a
s téc-
nicas; o
utro, o
 trabalho sobre certos pilares teóricos n
o
s quais 
possa se a
sse
ntar a prática técnica e que possam
, tam
bém
, ser 
en
riquecidos por ela; o
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 questionam
ento ideológico 
das teorias e das práticas, que possa relacioná-las co
m
 deter-
m
inações do co
ntexto so
cial m
ais am
plo. O
s capítulos deste 
livro refletirão, se
m
 dúvida, c
o
m
 diferentes graus de acerto, 
essas prioridades. Tal e
nfoque procura c
o
n
stituir u
m
a
 teoria 
das técnicas de psicoterapia que inclua um
a consideração crítica de 
2 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
algumas de suas bases ideológicas. Isso equivale a dizer u
m
a
 
teoria das técnicas que não aceita lim
itar-se a dar c
o
nta de 
m
an
ejos co
n
cebidos co
m
 fins de m
era utilidade, que não visa 
obter 
"resultados" isolados de u
m
 am
plo quadro so
cial, teóri-
co
 e ideológico. Se as técnicas fossem
 co
n
cebidas co
m
o
 recei-tas sobre o
 que se deve fazer (acepção que parece prevalecer 
n
a
 re
c
u
sa
 de a
utores lacanianos a falar das técnicas n
e
sse
 
nível), todo interesse pelas técnicas obedeceria por certo a 
fins 
espúrios. Trata-se, a
o
 co
ntrário, de e
studar as técnicas 
co
m
o
 cam
po de u
m
a
 prática que, c
uidadosam
ente pesquisa-
da, revisada, co
n
ceituada, re
m
ete inevitavelm
ente a u
m
a
 teo-
ria. N
essa o
rientação, opera-se u
m
 salto teórico im
portante 
n
o
 nível das técnicas quando se passa, das co
m
u
nicações ca-
tegorizadas de aco
rdo co
m
 a teoria de cada escola, à tentativa 
de descrever as intervenções co
n
cretas do terapeuta por m
eio 
de u
m
a
 linguagem
 não c
o
m
prom
etida c
o
m
 aquelas superes-
truturas teóricas. Essa passagem
 leva a trabalhar n
u
m
 nível 
teórico m
ais elevado. 
M
uitos dos tem
as abordados n
e
ste v
olum
e su
rgiram
 do 
en
sino do D
r. M
auricio G
oldenberg e da prática clínica reali-
z
ada sob su
a
 direção n
o
 Serviço de Psicopatologia da Policlíni-
ca G
regorio A
raoz A
lfaro, de Lanus, Província de B
uenos 
A
ires. Esses tem
as foram
 objeto de discussão e
m
 grupos de 
m
édicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes so
ciais, psicope-
dagogos e terapeutas o
cupacionais, que co
n
stituíram
 grupos 
de trabalho, principalm
ente hospitalar, centrados n
a
 elabora-
ção teórico-técnica do am
plo cam
po das psicoterapias. D
e se
u
 
trabalho crítico advieram
 v
aliosas co
ntribuições; grande parte 
do que aqui desenvolvem
os foi forjado à luz desse incessante 
diálogo grupal. Fundam
os e
m
 1978 o
 C
entro de Estudios e
n
 
Psicoterapias [Centro de Estudos n
o
 C
am
po das Psicotera-
pias], instituição de assistência e form
ação e
m
 nível de pós-
graduação, e
m
 cujas equipes de trabalho tam
bém
 discutim
os e 
aprofundam
os 
as linhas de investigação traçadas para 
o
 
cam
po das psicoterapias psicanalíticas. Em
 1986, fundam
os a 
cátedra de 
"Clínica Psicológica e Psicoterapias" n
a
 Faculdade 
de Psicologia da U
niversidade de B
uenos A
ires, cátedra que 
até hoje dirigim
os. Em
 su
a
s aulas, abordam
os sistem
atica-
3 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
_
 
m
e
nte o
s tem
as centrais desse cam
po de estudos, co
m
 50 do-
centes 300 alunos form
ados e 15.000 alunos do últim
o a
n
o
 da 
carrei:a de Psicologia. N
a instituição Ágora de M
ontevidéu, n
a
 
Esip de Porto A
legre e, 
e
m
 especial, n
a
 A
ccipia de M
adri, 
vim
os desenvolvendo a
n
o
s de trabalho clínico, sem
inários e 
jornadas de elaboração teórica. 
A
o en
cerrar u
m
 ciclo de trabalhos, o
s m
e
m
bros de u
m
 
desses grupos de discussão
1 av
aliaram
 seu
s resultados, tendo 
chegado a co
n
clusões que refletem
, julgo, alguns alcances de 
n
o
sso
 enfoque teórico-técnico do cam
po. Eis algum
as dessas 
co
n
clusões: 
"C
onsegui e
ntender m
elhor o
 paciente-pessoa 
co
m
o
 ser so
cial, co
m
 u
m
a
 interação dialética do interno e do 
externo, e essa co
m
preensão m
e forneceu instrum
entos para 
trabalhar co
m
 ele de o
utro m
odo." 
"A
briu-se para m
im
 u
m
 ca-
m
inho m
ais am
plo: relacionar-m
e co
m
 o
 paciente o
u
 co
m
 o
 
grupo de form
a global, vinculando seu
s problem
as a tod~s o
s 
aspectos de seu
 m
u
ndo circundante, distinguir n
ele fantasia de 
realidade e e
studar essa relação." 
"D
iante de u
m
 ser hum
ano 
co
m
plexo, vi que não há u
m
a
 única coisa a fazer, m
as m
uitas." 
"Com
ecei a pensar m
ais livrem
ente, a partir de u
m
a
 perspecti-
v
a hum
ana e a partir de m
im
." "Senti-m
e m
ais livre co
m
o
 tera-
peuta, vi que é útil perguntar, que não é proibido rir às v
e
:e
s e 
que n
e
m
 sem
pre é n
ecessário interpretar." 
"A co
m
preensao de 
u
m
 enfoque situacional m
e esclareceu co
m
o
 a ideologia entra." 
"D
esvencilhei-m
e do fantasm
a da distância terapêutica e perdi 
o
 m
edo de errar a interpretação." 
"A
proxim
ei-m
e de u
m
 psico-
diagnóstico que dê u
m
a
 visão m
ais co
n
creta do paciente." 
"Vi 
que n
e
m
 tudo está co
n
cluído e que tam
bém
 depende de m
im
 o
 
desenvolvim
ento da psicoterapia n
a
 A
rgentina." 
Essas co
n
clusões podem
 ser u
m
 estím
ulo que n
o
s m
otive 
a indagar quais o
s alicerces de u
m
a
 o
rientação teórico-técnica 
capazes de co
n
co
rrer n
a
 direção daqueles resultados. Que n
o
s 
c
o
nduza a caracterizar o
s aspectos fundam
entais de c
o
nteú-
dos teóricos e ideológicos traçados pelas linhas diretrizes da-
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·;:·G
rupo de D
iscussão sobre Psicoterapias (1972-73), Cisam
 (Centro 
Interdisciplinar para a Saúde M
ental), B
uenos A
ires. 
2 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
algumas de suas bases ideológicas. Isso equivale a dizer u
m
a
 
teoria das técnicas que não aceita lim
itar-se a dar c
o
nta de 
m
an
ejos co
n
cebidos co
m
 fins de m
era utilidade, que não visa 
obter 
"resultados" isolados de u
m
 am
plo quadro so
cial, teóri-
co
 e ideológico. Se as técnicas fossem
 co
n
cebidas co
m
o
 recei-
tas sobre o
 que se deve fazer (acepção que parece prevalecer 
n
a
 re
c
u
sa
 de a
utores lacanianos a falar das técnicas n
e
sse
 
nível), todo interesse pelas técnicas obedeceria por certo a 
fins 
espúrios. Trata-se, a
o
 co
ntrário, de e
studar as técnicas 
co
m
o
 cam
po de u
m
a
 prática que, c
uidadosam
ente pesquisa-
da, revisada, co
n
ceituada, re
m
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ente a u
m
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ria. N
essa o
rientação, opera-se u
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 salto teórico im
portante 
n
o
 nível das técnicas quando se passa, das co
m
u
nicações ca-
tegorizadas de aco
rdo co
m
 a teoria de cada escola, à tentativa 
de descrever as intervenções co
n
cretas do terapeuta por m
eio 
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m
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 não c
o
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o
m
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truturas teóricas. Essa passagem
 leva a trabalhar n
u
m
 nível 
teórico m
ais elevado. 
M
uitos dos tem
as abordados n
e
ste v
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e su
rgiram
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en
sino do D
r. M
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oldenberg e da prática clínica reali-
z
ada sob su
a
 direção n
o
 Serviço de Psicopatologia da Policlíni-
ca G
regorio A
raoz A
lfaro, de Lanus, Província de B
uenos 
A
ires. Esses tem
as foram
 objeto de discussão e
m
 grupos de 
m
édicos, psiquiatras, psicólogos, assistentes so
ciais, psicope-
dagogos e terapeutas o
cupacionais, que co
n
stituíram
 grupos 
de trabalho, principalm
ente hospitalar, centrados n
a
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ção teórico-técnica do am
plo cam
po das psicoterapias. D
e se
u
 
trabalho crítico advieram
 v
aliosas co
ntribuições; grande parte 
do que aqui desenvolvem
os foi forjado à luz desse incessante 
diálogo grupal. Fundam
os e
m
 1978 o
 C
entro de Estudios e
n
 
Psicoterapias [Centro de Estudos n
o
 C
am
po das Psicotera-
pias], instituição de assistência e form
ação e
m
 nível de pós-
graduação, e
m
 cujas equipes de trabalho tam
bémdiscutim
os e 
aprofundam
os 
as linhas de investigação traçadas para 
o
 
cam
po das psicoterapias psicanalíticas. Em
 1986, fundam
os a 
cátedra de 
"Clínica Psicológica e Psicoterapias" n
a
 Faculdade 
de Psicologia da U
niversidade de B
uenos A
ires, cátedra que 
até hoje dirigim
os. Em
 su
a
s aulas, abordam
os sistem
atica-
3 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
_
 
m
e
nte o
s tem
as centrais desse cam
po de estudos, co
m
 50 do-
centes 300 alunos form
ados e 15.000 alunos do últim
o a
n
o
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carrei:a de Psicologia. N
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a
 
Esip de Porto A
legre e, 
e
m
 especial, n
a
 A
ccipia de M
adri, 
vim
os desenvolvendo a
n
o
s de trabalho clínico, sem
inários e 
jornadas de elaboração teórica. 
A
o en
cerrar u
m
 ciclo de trabalhos, o
s m
e
m
bros de u
m
 
desses grupos de discussão
1 av
aliaram
 seu
s resultados, tendo 
chegado a co
n
clusões que refletem
, julgo, alguns alcances de 
n
o
sso
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po. Eis algum
as dessas 
co
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clusões: 
"C
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 paciente-pessoa 
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externo, e essa co
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m
 ca-
m
inho m
ais am
plo: relacionar-m
e co
m
 o
 paciente o
u
 co
m
 o
 
grupo de form
a global, vinculando seu
s problem
as a tod~s o
s 
aspectos de seu
 m
u
ndo circundante, distinguir n
ele fantasia de 
realidade e e
studar essa relação." 
"D
iante de u
m
 ser hum
ano 
co
m
plexo, vi que não há u
m
a
 única coisa a fazer, m
as m
uitas." 
"Com
ecei a pensar m
ais livrem
ente, a partir de u
m
a
 perspecti-
v
a hum
ana e a partir de m
im
." "Senti-m
e m
ais livre co
m
o
 tera-
peuta, vi que é útil perguntar, que não é proibido rir às v
e
:e
s e 
que n
e
m
 sem
pre é n
ecessário interpretar." 
"A co
m
preensao de 
u
m
 enfoque situacional m
e esclareceu co
m
o
 a ideologia entra." 
"D
esvencilhei-m
e do fantasm
a da distância terapêutica e perdi 
o
 m
edo de errar a interpretação." 
"A
proxim
ei-m
e de u
m
 psico-
diagnóstico que dê u
m
a
 visão m
ais co
n
creta do paciente." 
"Vi 
que n
e
m
 tudo está co
n
cluído e que tam
bém
 depende de m
im
 o
 
desenvolvim
ento da psicoterapia n
a
 A
rgentina." 
Essas co
n
clusões podem
 ser u
m
 estím
ulo que n
o
s m
otive 
a indagar quais o
s alicerces de u
m
a
 o
rientação teórico-técnica 
capazes de co
n
co
rrer n
a
 direção daqueles resultados. Que n
o
s 
c
o
nduza a caracterizar o
s aspectos fundam
entais de c
o
nteú-
dos teóricos e ideológicos traçados pelas linhas diretrizes da-
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·
·;:·G
rupo de D
iscussão sobre Psicoterapias (1972-73), Cisam
 (Centro 
Interdisciplinar para a Saúde M
ental), B
uenos A
ires. 
4 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
quela o
rientação de trabalho. A
o m
e
n
o
s, foi e
ssa
 a tarefa a que 
m
e
 induziram
. M
encionarei e
ntão a
s que pude re
c
o
nhecer 
c
o
m
o
 direções-chave de u
m
a
 atitude científico-técnica c
o
m
-
prom
etida c
o
m
 o
 desenvolvim
ento desse cam
po. 
1. Entendê-lo c
o
m
o
 u
m
 c
a
m
po e
m
 pleno e
stado experi-
m
ental, o
casião de u
m
a
 diversidade de aberturas, a
ntes abrigo 
de u
m
a
 dispersão criadora do que lugar de an
co
ragem
 de siste-
m
a
s acabados. Isso quer dizer terreno fértil para inovações e in-
tuições, abordáveis progressivam
ente c
o
m
 o
 rigor de u
m
a
 ex
-
ploração científica. Sob e
sse
 a
specto, o
 c
a
m
po se e
n
riquece 
c
o
n
stantem
ente c
o
m
 o
 su
rgim
ento de n
o
v
o
s enfoques técnicos. 
Para alguns, isso leva a e
n
saiar u
m
a
 espécie de atitude liberal 
disposta a adm
itir se
m
 preconceitos de escola, e
nquanto co
nti-
n
u
a
m
 adotando se
u
 m
étodo próprio, que o
utros reivindiquem
 
tam
bém
 u
m
 lugar. M
as, n
a
 realidade, dessa m
a
n
eira n
egligen-
cia 
-se u
m
 problem
a m
ais básico: o
 im
pacto n
ecessariam
ente te-
co
nfigurador do cam
po que as n
o
v
as técnicas podem
 chegar a 
produzir ao
 dar m
o
stras de n
o
v
a eficácia: obrigar a reform
ular 
as indicações específicas de cada u
m
a
 das técnicas e, m
ais pro-
fundam
ente, o
s suportes teóricos de cada enfoque. Se n
o
v
o
s re-
cu
rso
s produzem
 efeitos o
riginais (como o
co
rre c
o
m
 certos e
n
-
foques grupais, de casal, co
m
u
nitários, intervenções breves, te-
rapias pela m
úsica e pelo m
o
vim
ento), eles levam
 a rev
er a
s 
lim
itações dos anteriores e a co
n
struir u
m
a
 teoria que explique 
essas lim
itações e aqueles efeitos. É assim
 que a em
ergência de 
u
m
a
 extensa exploração em
pírica cria co
ndições para u
m
 v
asto 
m
o
vim
ento de transform
ações teóricas. D
evem
os a
ssu
m
ir que a 
criatividade potencial do c
a
m
po supera, até o
 m
o
m
e
nto, as ela-
borações capazes de efetuar se
u
 resgate co
n
ceitual. 
2. Identificar, e
ntão, c
o
m
o
 u
m
 dos pontos de u
rgência, a 
n
e
c
e
ssidade de c
o
n
struir teoria, de n
o
s arriscarm
os a inventar 
c
o
n
c
eitos e m
odelos de processos: a
v
e
nturar hipóteses que 
possam
os m
odificar ao
 prim
eiro passo dado sob su
a
 luz provi-
só ria. Se re
c
o
nhecerm
os que se
m
 teoria não há prática cientí-
fica, poderem
os e
ntender por que, proporcionalm
ente à e
n
o
r-
m
e
 m
a
ssa
 de publicações que circulam
 n
o
s EU
A
 sobre psico-
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
5 
terapias, é tão escasso
 o
 m
aterial resgatável, aquele que perm
i-
ta questionar a fundo o
s m
étodos e abrir n
o
v
as trilhas co
n
cei-
tuais. Passei e
m
 revista boa parte das investigações sobre psi-
c
oterapias realizadas n
o
s últim
os 20 an
o
s. Seus re
sultados são 
pobres, ficam
 longe da riqueza da experiência clínica. N
ão que 
c
a
reçam
 de projetos rigorosos; e
m
 princípio, o
 déficit não é 
m
etodológico. A
s lim
itações e
stão n
a
s categorias que opera-
cionalizam
, n
o
 restrito edifício teórico de que foram
 extraídas. 
Por ex
em
plo, as investigações sobre processo e
m
 psicoterapias 
são ra
ra
s e fragm
entárias. A
lgum
as c
a
e
m
 n
o
 atom
ism
o m
i-
cro
scópico (computando 
"quantidade de palavras por u
nidade 
de tem
po" o
u
 
"quocientes de silêncio"). O
utras investigações, 
destinadas a explorar a
spectos m
ais significativos da interação 
terapêutica (como a
s de Strupp sobre tipos de intervenção 
do terapeuta), perm
aneceram
 n
u
m
 prim
eiro nível descritivo, 
exploratório. D
a m
e
sm
a
 m
a
n
eira, investigações sobre re
sulta-
dos perm
itiram
 objetivar a
spectos da m
udança e
m
 psicotera-
pias, m
a
s não superaramo
 nível descritivo, n
a
 m
edida e
m
 que 
não propuseram
 teorias sobre a m
udança. Por isso, e
ntende-
m
o
s que a tarefa de c
o
n
struir teoria é prioritária n
e
sse
 cam
po. 
Som
ente se 
a
v
a
nçarm
os 
n
e
ssa
 direção terá se
ntido, m
ais 
tarde, e
m
preender investigações m
ais am
biciosas. 
3. Partir da n
e
c
e
ssidade de inscrever toda teoria psicológi-
ca e psicopatológica e toda co
n
ceituação referente a m
étodos 
terapêuticos n
o
 quadro de u
m
a
 teoria do hom
em
, de u
m
a
 
c
o
n
c
epção antropológica totalizadora. Sartre chegou a afirm
ar 
que a so
ciologia e a psicologia, inclusive a psicanálise, n
a
 m
e
-
dida e
m
 que c
a
re
c
e
m
 dessa c
o
n
c
epção tota!izadora do m
u
ndo 
hum
ano, c
a
re
c
e
m
 de v
e
rdadeira teoria. A
 m
edida que m
e
 
aprofundo n
o
 se
ntido desse questionam
ento, julgo c
ada v
ez 
m
ais a
c
e
rtada a afirm
ação de Sartre, pois o
 que m
e
 dizem
 por-
v
e
ntura de u
m
a
 pessoa o
 se
u
 co
m
plexo de Édipo, as su
a
s defe-
sa
s hístero-fóbicas, as su
a
s identificações projetivas, se
u
s nú-
cleos m
elancólicos? Pouco, e talvez m
e
 e
nganem
, re
c
o
rtando 
elem
entos efetivam
ente 
"reais" dessa pessoa c
o
m
o
 se fossem
 
coisas, não articulados, ignorando a e
strutura da experiência, 
su
a
 o
rganização fundada n
a
s tendências que n
e
ssa
 pessoa im
-
4 _
_
_
_
_
_
_
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_
_
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_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
quela o
rientação de trabalho. A
o m
e
n
o
s, foi e
ssa
 a tarefa a que 
m
e
 induziram
. M
encionarei e
ntão a
s que pude re
c
o
nhecer 
c
o
m
o
 direções-chave de u
m
a
 atitude científico-técnica c
o
m
-
prom
etida c
o
m
 o
 desenvolvim
ento desse cam
po. 
1. Entendê-lo c
o
m
o
 u
m
 c
a
m
po e
m
 pleno e
stado experi-
m
ental, o
casião de u
m
a
 diversidade de aberturas, a
ntes abrigo 
de u
m
a
 dispersão criadora do que lugar de an
co
ragem
 de siste-
m
a
s acabados. Isso quer dizer terreno fértil para inovações e in-
tuições, abordáveis progressivam
ente c
o
m
 o
 rigor de u
m
a
 ex
-
ploração científica. Sob e
sse
 a
specto, o
 c
a
m
po se e
n
riquece 
c
o
n
stantem
ente c
o
m
 o
 su
rgim
ento de n
o
v
o
s enfoques técnicos. 
Para alguns, isso leva a e
n
saiar u
m
a
 espécie de atitude liberal 
disposta a adm
itir se
m
 preconceitos de escola, e
nquanto co
nti-
n
u
a
m
 adotando se
u
 m
étodo próprio, que o
utros reivindiquem
 
tam
bém
 u
m
 lugar. M
as, n
a
 realidade, dessa m
a
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eira n
egligen-
cia 
-se u
m
 problem
a m
ais básico: o
 im
pacto n
ecessariam
ente te-
co
nfigurador do cam
po que as n
o
v
as técnicas podem
 chegar a 
produzir ao
 dar m
o
stras de n
o
v
a eficácia: obrigar a reform
ular 
as indicações específicas de cada u
m
a
 das técnicas e, m
ais pro-
fundam
ente, o
s suportes teóricos de cada enfoque. Se n
o
v
o
s re-
cu
rso
s produzem
 efeitos o
riginais (como o
co
rre c
o
m
 certos e
n
-
foques grupais, de casal, co
m
u
nitários, intervenções breves, te-
rapias pela m
úsica e pelo m
o
vim
ento), eles levam
 a rev
er a
s 
lim
itações dos anteriores e a co
n
struir u
m
a
 teoria que explique 
essas lim
itações e aqueles efeitos. É assim
 que a em
ergência de 
u
m
a
 extensa exploração em
pírica cria co
ndições para u
m
 v
asto 
m
o
vim
ento de transform
ações teóricas. D
evem
os a
ssu
m
ir que a 
criatividade potencial do c
a
m
po supera, até o
 m
o
m
e
nto, as ela-
borações capazes de efetuar se
u
 resgate co
n
ceitual. 
2. Identificar, e
ntão, c
o
m
o
 u
m
 dos pontos de u
rgência, a 
n
e
c
e
ssidade de c
o
n
struir teoria, de n
o
s arriscarm
os a inventar 
c
o
n
c
eitos e m
odelos de processos: a
v
e
nturar hipóteses que 
possam
os m
odificar ao
 prim
eiro passo dado sob su
a
 luz provi-
só ria. Se re
c
o
nhecerm
os que se
m
 teoria não há prática cientí-
fica, poderem
os e
ntender por que, proporcionalm
ente à e
n
o
r-
m
e
 m
a
ssa
 de publicações que circulam
 n
o
s EU
A
 sobre psico-
Introdução 
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5 
terapias, é tão escasso
 o
 m
aterial resgatável, aquele que perm
i-
ta questionar a fundo o
s m
étodos e abrir n
o
v
as trilhas co
n
cei-
tuais. Passei e
m
 revista boa parte das investigações sobre psi-
c
oterapias realizadas n
o
s últim
os 20 an
o
s. Seus re
sultados são 
pobres, ficam
 longe da riqueza da experiência clínica. N
ão que 
c
a
reçam
 de projetos rigorosos; e
m
 princípio, o
 déficit não é 
m
etodológico. A
s lim
itações e
stão n
a
s categorias que opera-
cionalizam
, n
o
 restrito edifício teórico de que foram
 extraídas. 
Por ex
em
plo, as investigações sobre processo e
m
 psicoterapias 
são ra
ra
s e fragm
entárias. A
lgum
as c
a
e
m
 n
o
 atom
ism
o m
i-
cro
scópico (computando 
"quantidade de palavras por u
nidade 
de tem
po" o
u
 
"quocientes de silêncio"). O
utras investigações, 
destinadas a explorar a
spectos m
ais significativos da interação 
terapêutica (como a
s de Strupp sobre tipos de intervenção 
do terapeuta), perm
aneceram
 n
u
m
 prim
eiro nível descritivo, 
exploratório. D
a m
e
sm
a
 m
a
n
eira, investigações sobre re
sulta-
dos perm
itiram
 objetivar a
spectos da m
udança e
m
 psicotera-
pias, m
a
s não superaram
 o
 nível descritivo, n
a
 m
edida e
m
 que 
não propuseram
 teorias sobre a m
udança. Por isso, e
ntende-
m
o
s que a tarefa de c
o
n
struir teoria é prioritária n
e
sse
 cam
po. 
Som
ente se 
a
v
a
nçarm
os 
n
e
ssa
 direção terá se
ntido, m
ais 
tarde, e
m
preender investigações m
ais am
biciosas. 
3. Partir da n
e
c
e
ssidade de inscrever toda teoria psicológi-
ca e psicopatológica e toda co
n
ceituação referente a m
étodos 
terapêuticos n
o
 quadro de u
m
a
 teoria do hom
em
, de u
m
a
 
c
o
n
c
epção antropológica totalizadora. Sartre chegou a afirm
ar 
que a so
ciologia e a psicologia, inclusive a psicanálise, n
a
 m
e
-
dida e
m
 que c
a
re
c
e
m
 dessa c
o
n
c
epção tota!izadora do m
u
ndo 
hum
ano, c
a
re
c
e
m
 de v
e
rdadeira teoria. A
 m
edida que m
e
 
aprofundo n
o
 se
ntido desse questionam
ento, julgo c
ada v
ez 
m
ais a
c
e
rtada a afirm
ação de Sartre, pois o
 que m
e
 dizem
 por-
v
e
ntura de u
m
a
 pessoa o
 se
u
 co
m
plexo de Édipo, as su
a
s defe-
sa
s hístero-fóbicas, as su
a
s identificações projetivas, se
u
s nú-
cleos m
elancólicos? Pouco, e talvez m
e
 e
nganem
, re
c
o
rtando 
elem
entos efetivam
ente 
"reais" dessa pessoa c
o
m
o
 se fossem
 
coisas, não articulados, ignorando a e
strutura da experiência, 
su
a
 o
rganização fundada n
a
s tendências que n
e
ssa
 pessoa im
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_
 Teoriae técnica de psicoterapias 
pelem
 n
a
 direção de algum
a totalização de si m
esm
a, e
m
 cujo 
seio o
s dinam
ism
os grupais (familiar, de trabalho, cultural), 
seu
s c
a
m
pos prospectivos reais e im
aginários, su
as práticas 
ideológicas, e su
as co
ndições m
ateriais so
cioeconôm
icas e po-
líticas co
n
v
ergem
, se chocam
 e se acoplam
 para fazer em
ergir 
o
 hom
em
 e
m
 situação. U
m
a teoria antropológica que e
nqua-
dre o
 incessante esforço de co
n
strução e reco
n
strução de tota-
lidades singulares co
n
cretas é co
ndição para que todo m
an
ejo 
co
rretivo possa aspirar a u
m
a
 inserção n
o
 nível hum
ano. 
4. A
profundar todo esforço de descrição dos fatos que 
em
ergem
 n
a experiência psicoterapêutica, exigir o
 m
áxim
o das 
palavras para obrigá 
-las a dar co
nta de toda a riqueza do aco
n
-
tecer n
a
 situação terapêutica, detectar su
as m
últiplas significa-
ções, su
as seqüências, su
as leis ainda obscuras. Esse trabalho 
de descrição rigorosa tem
 relevância científica e ideológica: é 
n
ecessário dar u
m
 fim
 às elites profissionais que possam
 m
o
-
n
opolizar su
as fórm
ulas, co
m
o
 se se tratasse de secretas alqui-
m
ias. O
 que se pretendeu que fosse, e interessadam
ente se 
preservou c
o
m
o
 se
ndo, u
m
a
 a
rte intuitiva individual, deve 
transform
ar-se e
m
 saber transm
issível, se possível m
ediante 
recu
rso
s docentes m
ais am
plos do que o
s da co
ntratação bi-
pessoal privada. Se o
 que de fato se quis assegurar foi a função 
do co
ntato em
pático, da intuição e da sen
sibilidade poética, 
n
ada im
pede que u
m
 ofício sólido baseado n
a
 objetivação das 
técnicas co
n
serv
e tam
bém
 vivas aquelas dim
ensões da arte. 
5. N
a form
ação do terapeuta, atribuir especial im
portância 
à experiência de viver e estudar m
ais de u
m
a
 técnica de psico-
terapia. É n
o
 jogo de co
ntrastes e sem
elhanças n
esse cam
po di-
v
ersificado que se adquire u
m
a
 n
oção plena do sentido e dos 
alcances de cada u
m
a
 das técnicas. É por m
eio do jogo de co
n
-
tradições e sobreposições entre diversas técnicas que se pode 
apreender a co
ntribuição específica de cada u
m
a
 delas. Certa 
tradição acadêm
ica propôs que o
 terapeuta se form
e n
u
m
a
 téc-
nica e co
m
 u
m
a
 teoria 
"para evitar co
nfusões". Qualquer tera-
peuta de quociente intelectual m
édio tem
 se
m
 dúvida co
ndi-
ções de evitar essa tem
ida co
nfusão. Em
 co
ntrapartida, o
 tem
í-
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
? 
v
el da m
en
cionada postura é a restrição m
ental, o
 em
pobreci-
m
e
nta defensivo diante da palpitante riqueza do cam
po, a re-
signação a tanger u
m
a
 única co
rda ante a ex
uberância da poli-
fonia. O
 perigo está n
o
 fato de que todo especialista n
u
m
a
 téc-
nica se inclina a tentar abarcar o
 m
u
ndo co
m
 ela. E sabe-se que 
m
o
n
o
cultura e subdesenvolvim
ento cam
inham
 juntos. 
6. A
s psicoterapias individuais são por certo o
s m
étodos 
de co
n
ceituação e aplicação clínica m
ais co
n
solidados, e
m
 vir-
tude da herança da longa experiência psicanalítica e de m
uitas 
de su
as elaborações teóricas. N
as últim
as décadas, o
 caráter 
m
aciço da dem
anda, e
ntre o
utros fatores, tem
 favorecido o
 de-
sen
v
olvim
ento de técnicas grupais e
m
 acelerado ritm
o de ex
-
pansão devido a su
as m
aiores possibilidades de alcance so
cial. 
Cabe perguntar por que, não obstante, as técnicas individuais 
c
o
ntinuam
 atraindo n
o
sso
 interesse e quais as su
as relações 
co
m
 as técnicas grupais. V
árias são as razões: aquela herança 
teórico-técnica, que se
m
 dúvida favorece o
s desenvolvim
entos 
dessa área; as freqüentes situações n
a
s quais, por fatores di-
v
erso
s, o
 indivíduo n
e
c
e
ssita de instâncias de c
re
scim
ento 
pessoal separáveis de su
as participações e
m
 grupos; a própria 
v
a
ntagem
 de poder pensar u
m
 sistem
a que, co
m
 m
e
n
o
r nú-
m
e
ro
 de participantes, restringe algum
as das v
ariáveis e
m
 jogo 
e faz co
m
 que sobressaiam
 co
m
 m
aior nitidez. Pessoalm
ente, 
pude co
m
parar a experiência das técnicas individuais (psica-
nálise, psicoterapias de insight, de apoio, entrevistas de o
rien-
tação) 
c
o
m
 
o
utras grupais (casais, fam
ílias, laboratórios). 
Constatei que m
uitos dos co
n
ceitos teórico-técnicos advindos 
dos m
étodos individuais podem
 ser integralm
ente aplicados a 
co
ntextos grupais (noções de foco, relação de trabalho, m
oti-
v
ação para a tarefa, processo de co
ntrato, tipos de intervenção 
do terapeuta, tim
ing, e
stratégias e articulação de recu
rso
s, 
e
ntre o
utros)
2
•
 Essa aplicabilidade da experiência bipessoal ao
 
2. Por essa razão, quando e
m
 diferentes desenvolvim
entos teóricos e 
técnicos se faz, 
e
m
 diversos capítulos deste livro, referência ao
 
"paciente", 
se
rá co
n
v
eniente e
ntender que esse paciente pode se
r u
m
 indivíduo o
u
 u
m
 
grupo de am
plitude v
ariável. 
_6 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
pelem
 n
a
 direção de algum
a totalização de si m
esm
a, e
m
 cujo 
seio o
s dinam
ism
os grupais (familiar, de trabalho, cultural), 
seu
s c
a
m
pos prospectivos reais e im
aginários, su
as práticas 
ideológicas, e su
as co
ndições m
ateriais so
cioeconôm
icas e po-
líticas co
n
v
ergem
, se chocam
 e se acoplam
 para fazer em
ergir 
o
 hom
em
 e
m
 situação. U
m
a teoria antropológica que e
nqua-
dre o
 incessante esforço de co
n
strução e reco
n
strução de tota-
lidades singulares co
n
cretas é co
ndição para que todo m
an
ejo 
co
rretivo possa aspirar a u
m
a
 inserção n
o
 nível hum
ano. 
4. A
profundar todo esforço de descrição dos fatos que 
em
ergem
 n
a experiência psicoterapêutica, exigir o
 m
áxim
o das 
palavras para obrigá 
-las a dar co
nta de toda a riqueza do aco
n
-
tecer n
a
 situação terapêutica, detectar su
as m
últiplas significa-
ções, su
as seqüências, su
as leis ainda obscuras. Esse trabalho 
de descrição rigorosa tem
 relevância científica e ideológica: é 
n
ecessário dar u
m
 fim
 às elites profissionais que possam
 m
o
-
n
opolizar su
as fórm
ulas, co
m
o
 se se tratasse de secretas alqui-
m
ias. O
 que se pretendeu que fosse, e interessadam
ente se 
preservou c
o
m
o
 se
ndo, u
m
a
 a
rte intuitiva individual, deve 
transform
ar-se e
m
 saber transm
issível, se possível m
ediante 
recu
rso
s docentes m
ais am
plos do que o
s da co
ntratação bi-
pessoal privada. Se o
 que de fato se quis assegurar foi a função 
do co
ntato em
pático, da intuição e da sen
sibilidade poética, 
n
ada im
pede que u
m
 ofício sólido baseado n
a
 objetivação das 
técnicas co
n
serv
e tam
bém
 vivas aquelas dim
ensões da arte. 
5. N
a form
ação do terapeuta, atribuir especial im
portância 
à experiência de viver e estudar m
ais de u
m
a
 técnica de psico-
terapia. É n
o
 jogo de co
ntrastes e sem
elhanças n
esse campo di-
v
ersificado que se adquire u
m
a
 n
oção plena do sentido e dos 
alcances de cada u
m
a
 das técnicas. É por m
eio do jogo de co
n
-
tradições e sobreposições entre diversas técnicas que se pode 
apreender a co
ntribuição específica de cada u
m
a
 delas. Certa 
tradição acadêm
ica propôs que o
 terapeuta se form
e n
u
m
a
 téc-
nica e co
m
 u
m
a
 teoria 
"para evitar co
nfusões". Qualquer tera-
peuta de quociente intelectual m
édio tem
 se
m
 dúvida co
ndi-
ções de evitar essa tem
ida co
nfusão. Em
 co
ntrapartida, o
 tem
í-
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
? 
v
el da m
en
cionada postura é a restrição m
ental, o
 em
pobreci-
m
e
nta defensivo diante da palpitante riqueza do cam
po, a re-
signação a tanger u
m
a
 única co
rda ante a ex
uberância da poli-
fonia. O
 perigo está n
o
 fato de que todo especialista n
u
m
a
 téc-
nica se inclina a tentar abarcar o
 m
u
ndo co
m
 ela. E sabe-se que 
m
o
n
o
cultura e subdesenvolvim
ento cam
inham
 juntos. 
6. A
s psicoterapias individuais são por certo o
s m
étodos 
de co
n
ceituação e aplicação clínica m
ais co
n
solidados, e
m
 vir-
tude da herança da longa experiência psicanalítica e de m
uitas 
de su
as elaborações teóricas. N
as últim
as décadas, o
 caráter 
m
aciço da dem
anda, e
ntre o
utros fatores, tem
 favorecido o
 de-
sen
v
olvim
ento de técnicas grupais e
m
 acelerado ritm
o de ex
-
pansão devido a su
as m
aiores possibilidades de alcance so
cial. 
Cabe perguntar por que, não obstante, as técnicas individuais 
c
o
ntinuam
 atraindo n
o
sso
 interesse e quais as su
as relações 
co
m
 as técnicas grupais. V
árias são as razões: aquela herança 
teórico-técnica, que se
m
 dúvida favorece o
s desenvolvim
entos 
dessa área; as freqüentes situações n
a
s quais, por fatores di-
v
erso
s, o
 indivíduo n
e
c
e
ssita de instâncias de c
re
scim
ento 
pessoal separáveis de su
as participações e
m
 grupos; a própria 
v
a
ntagem
 de poder pensar u
m
 sistem
a que, co
m
 m
e
n
o
r nú-
m
e
ro
 de participantes, restringe algum
as das v
ariáveis e
m
 jogo 
e faz co
m
 que sobressaiam
 co
m
 m
aior nitidez. Pessoalm
ente, 
pude co
m
parar a experiência das técnicas individuais (psica-
nálise, psicoterapias de insight, de apoio, entrevistas de o
rien-
tação) 
c
o
m
 
o
utras grupais (casais, fam
ílias, laboratórios). 
Constatei que m
uitos dos co
n
ceitos teórico-técnicos advindos 
dos m
étodos individuais podem
 ser integralm
ente aplicados a 
co
ntextos grupais (noções de foco, relação de trabalho, m
oti-
v
ação para a tarefa, processo de co
ntrato, tipos de intervenção 
do terapeuta, tim
ing, e
stratégias e articulação de recu
rso
s, 
e
ntre o
utros)
2
•
 Essa aplicabilidade da experiência bipessoal ao
 
2. Por essa razão, quando e
m
 diferentes desenvolvim
entos teóricos e 
técnicos se faz, 
e
m
 diversos capítulos deste livro, referência ao
 
"paciente", 
se
rá co
n
v
eniente e
ntender que esse paciente pode se
r u
m
 indivíduo o
u
 u
m
 
grupo de am
plitude v
ariável. 
_S _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
grupo não n
ega o
s dinam
ism
os próprios do nível grupal m
ul-
tipessoal; m
uito pelo co
ntrário, pode respeitá-los plenam
ente. 
O
 que se depreende dessa experiência é que o
s m
étodos in di-
viduais, em
bora lim
itados (e não ex
cessivam
ente) e
m
 seu
 al-
can
ce assistencial, c
o
ntinuam
 co
n
stituindo instâncias de in-
v
estigação teórico-técnica capazes de n
utrir, e
m
 certas dim
en-
sões, inclusive o
 trabalho co
m
 grandes grupos. A
o m
e
sm
o
 
tem
po, não há dúvida de que as aberturas grupais têm
 u
m
 
profundo poder de questionar e de n
o
s levar a reform
ular o
s 
enfoques individuais: a partir da experiência de u
m
 clube de 
so
cialização (2), por ex
em
plo, é possível questionar a fundo o
s 
m
étodos de sujeição cultural o
u
 de instauração de relações au
-
toritárias n
o
 âm
bito bipessoal, o
nde funcionam
 e
n
c
obertos 
sob o
 signo do óbvio. 
7. A
s psicoterapias m
ais profundam
ente arraigadas, as 
m
ais difundidas e estudadas são, por certo, as v
erbais, isto é, as 
que co
n
centram
 su
as expectativas de m
udança n
o
 poder m
o
-
dificador, rev
elador, da palavra. 
Já se indicou co
m
o
 problem
a o
 desgaste das palavras co
m
 
o
 u
so
 (ou o
 
m
a
u
 u
so) da linguagem
 psicoterapêutica (3). 
Falou-se da existência de palavras (como 
"perseguição", 
"de-
pendência", 
"castração", 
"n
egar" 
"u
m
a
 parte de u
m
, o
u
 do 
o
utro") que cada v
ez têm
 m
e
n
o
s significação, que co
stum
am
 
ser u
sadas, co
m
o
 dizia Bion, para não pensar. Que n
o
s põem
, 
co
m
o
 o
 denunciava A
rtaud, diante do 
"desconcertante de-
sa
m
paro da língua e
m
 su
a
s relações c
o
m
 o
 pensam
ento" 
quando 
"n
e
m
 u
m
a
 só de n
o
ssas palavras vive e
m
 n
o
ssa boca, 
a não ser separada do céu". 
O
 
e
nfrentam
ento dessa problem
ática da linguagem
 é 
o
utra das direções im
portantes para o
 desenvolvim
ento de 
n
o
sso
 cam
po. Surge n
ela todo o
 problem
a da linguagem
 e
m
 
su
as relações co
m
 o
 co
rpo e co
m
 a ação. E abre-se então à in-
v
estigação a questão das possibilidades de u
m
a
 linguagem
 
ativa, viva, n
o
 quadro de u
m
a
 interação co
rporal restrita, assim
 
co
m
o
 n
o
 co
ntexto m
ais am
plo de u
m
 estilo de vida de pacien-
te e terapeuta, m
arcado pelas restrições repressivas da ação. A
 
tradição terapêutica alicerçou-se n
a
 prem
issa de não agir para 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
_
_::_9 
poder pensar, de perm
anecer quietos para poder co
n
centrar-
n
o
s. A
 ideologia dessas prem
issas o
u
 seu
s derivados já foi des-
tacada. A
 citada proposta, co
m
 o
 que tem
 de v
erdade parcial, 
não foi ao
 m
esm
o
 tem
po a inadvertida adaptação a u
m
 co
n
-
texto de im
obilidade geral? O
 certo é que u
m
a
 n
o
v
a linha de 
experiências grupais, psicodram
áticas, de trabalho co
rporal, 
su
a co
n
v
ergência n
o
s laboratórios de interação so
cial vieram
 
tam
bém
 questionar as prem
issas co
m
 base n
as quais su
rgem
 
o
s problem
as da deterioração da palavra. O
 que se co
n
stata 
n
essas experiências é a possibilidade de inverter parcialm
ente 
a prem
issa, a
c
e
ntuando a n
ecessidade de agir, de co
m
prom
e-
ter tam
bém
 o
 co
rpo para poder sentir-pensar-verbalizar co
m
 
u
m
a
 intensidade e u
m
a
 v
eracidade n
o
v
as. Essas experiências 
facilitam
 u
m
 acesso
 pleno ao
 nível de sen
sibilização e co
ntato 
co
n
sigo m
e
sm
o
 e co
m
 o
s o
utros e
m
 que a linguagem
 viva, 
pessoal, afetiva, co
m
 freqüência poética, em
erge n
aturalm
ente 
do vivido. Esses n
o
v
o
s co
ntextos de experim
entação grupal fa-
v
o
recem
 adem
ais a aprendizagem
 den
o
v
as linguagens, plásti-
cas, co
rporais, dram
áticas, que u
m
a
 cultura repressiva m
a
ntém
 
relegadas à época dos saudosos jogos infantis. 
Por certo não se pode supor que sejam m
etas suficientes 
sentir o
 próprio co
rpo o
u
 a pele do o
utro, ganhar intim
idade e 
exprim
ir-se m
ais livrem
ente. A
lém
 disso, é preciso poder abrir-
se para palavras v
erdadeiras, para palavras vivas que habitam
 
o
 m
u
ndo pessoal e o
 levam
 a ser habitado pela cultura, e abrir-
se, além
 disso, para u
m
 processo de e
nfrentam
ento co
n
sigo 
m
e
sm
o
 e co
m
 a cultura através desse en
co
ntro co
m
 as pala-
v
ras. Papel singular, decisivo, da linguagem
 v
erbal n
a
 expe-
riência terapêutica. 
Essa direção de desenvolvim
ento em
 psicoterapia visare-
cuperar todas as co
ndições n
as quais se tom
e possível à pala-
v
ra atingir su
a plenitude m
áxim
a. Problem
a terapêutico que 
foi desde sem
pre problem
a de poetas: en
co
ntrar palavras que 
c
o
n
sigam
 se
r ação m
ais que c
o
ntem
plação, que ofereçam
 
enigm
as em
 lugar de resolvê-los, que tom
em
 
"co
rpo vivo o
 
que está prisioneiro n
as palavras". É em
 relação a essa tarefa que 
se deve e
ntender o
 co
n
selho de Laing ao
s n
o
v
o
s terapeutas: 
ler e escrev
er poesia co
m
o
 atividade form
adora essen
cial. U
m
a 
_S _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
grupo não n
ega o
s dinam
ism
os próprios do nível grupal m
ul-
tipessoal; m
uito pelo co
ntrário, pode respeitá-los plenam
ente. 
O
 que se depreende dessa experiência é que o
s m
étodos in di-
viduais, em
bora lim
itados (e não ex
cessivam
ente) e
m
 seu
 al-
can
ce assistencial, c
o
ntinuam
 co
n
stituindo instâncias de in-
v
estigação teórico-técnica capazes de n
utrir, e
m
 certas dim
en-
sões, inclusive o
 trabalho co
m
 grandes grupos. A
o m
e
sm
o
 
tem
po, não há dúvida de que as aberturas grupais têm
 u
m
 
profundo poder de questionar e de n
o
s levar a reform
ular o
s 
enfoques individuais: a partir da experiência de u
m
 clube de 
so
cialização (2), por ex
em
plo, é possível questionar a fundo o
s 
m
étodos de sujeição cultural o
u
 de instauração de relações au
-
toritárias n
o
 âm
bito bipessoal, o
nde funcionam
 e
n
c
obertos 
sob o
 signo do óbvio. 
7. A
s psicoterapias m
ais profundam
ente arraigadas, as 
m
ais difundidas e estudadas são, por certo, as v
erbais, isto é, as 
que co
n
centram
 su
as expectativas de m
udança n
o
 poder m
o
-
dificador, rev
elador, da palavra. 
Já se indicou co
m
o
 problem
a o
 desgaste das palavras co
m
 
o
 u
so
 (ou o
 
m
a
u
 u
so) da linguagem
 psicoterapêutica (3). 
Falou-se da existência de palavras (como 
"perseguição", 
"de-
pendência", 
"castração", 
"n
egar" 
"u
m
a
 parte de u
m
, o
u
 do 
o
utro") que cada v
ez têm
 m
e
n
o
s significação, que co
stum
am
 
ser u
sadas, co
m
o
 dizia Bion, para não pensar. Que n
o
s põem
, 
co
m
o
 o
 denunciava A
rtaud, diante do 
"desconcertante de-
sa
m
paro da língua e
m
 su
a
s relações c
o
m
 o
 pensam
ento" 
quando 
"n
e
m
 u
m
a
 só de n
o
ssas palavras vive e
m
 n
o
ssa boca, 
a não ser separada do céu". 
O
 
e
nfrentam
ento dessa problem
ática da linguagem
 é 
o
utra das direções im
portantes para o
 desenvolvim
ento de 
n
o
sso
 cam
po. Surge n
ela todo o
 problem
a da linguagem
 e
m
 
su
as relações co
m
 o
 co
rpo e co
m
 a ação. E abre-se então à in-
v
estigação a questão das possibilidades de u
m
a
 linguagem
 
ativa, viva, n
o
 quadro de u
m
a
 interação co
rporal restrita, assim
 
co
m
o
 n
o
 co
ntexto m
ais am
plo de u
m
 estilo de vida de pacien-
te e terapeuta, m
arcado pelas restrições repressivas da ação. A
 
tradição terapêutica alicerçou-se n
a
 prem
issa de não agir para 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
_
_::_9 
poder pensar, de perm
anecer quietos para poder co
n
centrar-
n
o
s. A
 ideologia dessas prem
issas o
u
 seu
s derivados já foi des-
tacada. A
 citada proposta, co
m
 o
 que tem
 de v
erdade parcial, 
não foi ao
 m
esm
o
 tem
po a inadvertida adaptação a u
m
 co
n
-
texto de im
obilidade geral? O
 certo é que u
m
a
 n
o
v
a linha de 
experiências grupais, psicodram
áticas, de trabalho co
rporal, 
su
a co
n
v
ergência n
o
s laboratórios de interação so
cial vieram
 
tam
bém
 questionar as prem
issas co
m
 base n
as quais su
rgem
 
o
s problem
as da deterioração da palavra. O
 que se co
n
stata 
n
essas experiências é a possibilidade de inverter parcialm
ente 
a prem
issa, a
c
e
ntuando a n
ecessidade de agir, de co
m
prom
e-
ter tam
bém
 o
 co
rpo para poder sentir-pensar-verbalizar co
m
 
u
m
a
 intensidade e u
m
a
 v
eracidade n
o
v
as. Essas experiências 
facilitam
 u
m
 acesso
 pleno ao
 nível de sen
sibilização e co
ntato 
co
n
sigo m
e
sm
o
 e co
m
 o
s o
utros e
m
 que a linguagem
 viva, 
pessoal, afetiva, co
m
 freqüência poética, em
erge n
aturalm
ente 
do vivido. Esses n
o
v
o
s co
ntextos de experim
entação grupal fa-
v
o
recem
 adem
ais a aprendizagem
 de n
o
v
as linguagens, plásti-
cas, co
rporais, dram
áticas, que u
m
a
 cultura repressiva m
a
ntém
 
relegadas à época dos saudosos jogos infantis. 
Por certo não se pode supor que sejam m
etas suficientes 
sentir o
 próprio co
rpo o
u
 a pele do o
utro, ganhar intim
idade e 
exprim
ir-se m
ais livrem
ente. A
lém
 disso, é preciso poder abrir-
se para palavras v
erdadeiras, para palavras vivas que habitam
 
o
 m
u
ndo pessoal e o
 levam
 a ser habitado pela cultura, e abrir-
se, além
 disso, para u
m
 processo de e
nfrentam
ento co
n
sigo 
m
e
sm
o
 e co
m
 a cultura através desse en
co
ntro co
m
 as pala-
v
ras. Papel singular, decisivo, da linguagem
 v
erbal n
a
 expe-
riência terapêutica. 
Essa direção de desenvolvim
ento em
 psicoterapia visare-
cuperar todas as co
ndições n
as quais se tom
e possível à pala-
v
ra atingir su
a plenitude m
áxim
a. Problem
a terapêutico que 
foi desde sem
pre problem
a de poetas: en
co
ntrar palavras que 
c
o
n
sigam
 se
r ação m
ais que c
o
ntem
plação, que ofereçam
 
enigm
as em
 lugar de resolvê-los, que tom
em
 
"co
rpo vivo o
 
que está prisioneiro n
as palavras". É em
 relação a essa tarefa que 
se deve e
ntender o
 co
n
selho de Laing ao
s n
o
v
o
s terapeutas: 
ler e escrev
er poesia co
m
o
 atividade form
adora essen
cial. U
m
a 
_1_0 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
co
erência co
m
 essa poesia lida e escrita exige além
 disso vivê-
la, n
a
 sessão e fora dela. 
8. Parte integrante do trabalho co
m
 a saúde, as psicotera-
pias co
m
partilham
 a n
ecessidade de u
m
a
 revisão epistem
oló-
gica e filosófica co
n
stante. Portadoras de prem
issas sobre saúde 
e doença das pessoas, as psicoterapiasdevem
 se
r postas 
-
todas 
-
sob a lente de u
m
a
 rigorosa crítica epistem
ológica. Se o
 
terapeuta se pretender desvelador de enigm
as de seu
 paciente, 
é eticam
ente forçado que co
m
ece por interrogar cuidadosa-
m
e
nte o
 inconsciente de su
a
 classe e de su
a
 cam
ada so
cial, por 
questionar radicalm
ente su
as próprias determ
inações, as que 
tingem
 su
a
 ação e seu
 discurso. Este é o
utro nível da investiga-
ção n
o
 cam
po das psicoterapias. N
ão é por acaso
 que chega 
co
m
 atraso e
m
 relação ao
s níveis anteriores; as razões desse 
atraso se explicam
 por m
eio de u
m
a
 so
ciologia do co
nheci-
m
ento; têm
 íntim
a ligação co
m
 as pressões da cultura oficial, 
que durante an
o
s im
pôs co
m
o
 óbvias su
as próprias definições 
de saúde e doença, bem
 co
m
o
 co
m
 as restrições intelectuais 
im
postas às cam
adas profissionais m
ediante u
m
a
 particular 
práxis de classe e m
ediante as distorções da colonização cultu-
ral. N
esse sentido, falam
os n
o
 co
m
eço de procurar elaborar 
u
m
a
 teoria das técnicas de psicoterapia reform
ulada e
m
 su
as 
bases ideológicas. Com
o profissionais procedentes dessa práti-
ca so
cial, talvez possam
os reform
ular algum
as dessas bases 
ideológicas; o
utras, possivelm
ente, tenderão a perm
anecer 
o
cultas para nós n
as raízes das técnicas que n
o
s forjaram. 
A
 problem
ática ideológica das psicoterapias se abre e
m
 
várias frentes. O
briga a rev
er o
 fato de que as técnicas e su
as 
teorias são elaboradas por u
m
a
 c
a
m
ada so
cial, isolada, e
m
 
claustros acadêm
icos, das lutas, vicissitudes e m
odelos cultu-
rais dos o
utros estratos so
ciais. 
Essa problem
ática se tornou decisiva n
o
s m
o
m
e
ntos de 
discutir seriam
ente program
as de saúde m
e
ntal n
o
 Chile. Ela 
v
e
m
 u
nida ao
 fato de que as técnicas foram
 co
n
struídas n
a
s 
m
etrópoles colonizadoras, tendo sido aplicadas se
m
 respeito 
às co
ndições de regionalização, isto é, à m
a
rgem
 de hábitos, 
tradições, subculturas u
rbanas, suburbanas e ru
rais. 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
-
-=
=11 
O
utro foco de interrogantes reside e
m
 questionar estilos 
terapêuticos, propostas de m
odalidades de vínculos e
ntre pa-
ciente e terapeuta que podem
 e
star fundados n
o
 m
odelo das 
diferenças de classes e das relações de poder estabelecidas por 
essas diferenças. 
A
spectos co
m
plem
entares dessa problem
ática se abrem
 
co
m
 o
 e
studo das instituições e
m
 que as psicoterapias são 
aplicadas e daquelas e
m
 que são en
sinadas, instituições cujas 
funções ideológicas vão se
ndo progressivam
ente desveladas. 
O
utros níveis de investigação da problem
ática ideológica 
su
rgem
 co
m
 o
 estudo do papel que desem
penham
 n
a
 relação 
terapêutica a ideologia explícita, por u
m
 lado, e a ideologia 
não-explícita, por o
utro, v
eiculada através de interpretações 
o
rientadas n
u
m
a
 determ
inada direção, assim
 co
m
o
 do e
m
pre-
go de n
oções psicológicas o
u
 psicopatológicas de fachada 
//científica". Em
ergem
 igualm
ente o
s problem
as criados pela 
co
n
centração do esforço terapêutico e
m
 indivíduos o
u
 e
m
 pe-
quenos grupos, práticas das quais se devem
 destacar as n
oções 
setoriais de doença e de cu
ra que enfatizam
, assim
 co
m
o
 o
 sig-
nificado que a
ssu
m
e
 esse reco
rte co
ntra o
 pano de fundo do 
sistem
a so
cial e
m
 que se aplicam
. 
É possível que, co
m
o
 resultado dessas reform
ulações, as 
técnicas de psicoterapia que co
nhecem
os devam
 ser parcial o
u
 
totalm
ente m
odificadas. Se isso o
co
rrer, todo esforço de des-
crição e co
n
ceituação poderá co
ntribuir, ao
 lado de o
utros fa-
tores, para que esse processo se acelere e c
o
nduza a níveis 
m
ais elevados da elaboração científica n
o
 âm
bito da saúde 
m
ental. Sabem
os, além
 disso, que o
 futuro das psicoterapias 
co
n
sistirá e
m
 se n
egarem
 dialeticam
ente co
m
o
 terapias, para 
o
rientar su
as aquisições e desenvolvim
entos n
a
 direção dos 
cam
pos da prevenção e da educação. 
A
s revisões a realizar n
o
s levam
 a u
m
 trabalho interdisci-
plinar. O
 pensam
ento próprio de epistem
ologias da Com
ple-
xidade (Edgar M
orin, G
illes D
eleuze, Félix G
uattari, Ilya Pri-
gogine) foi 
se co
n
stituindo n
o
 c
ru
z
a
m
e
nto de co
ntribuições 
so
ciológicas, físicas, quím
icas, cibernéticas, clim
atológicas, de 
biologia celular, antropológicas, ecológicas. Esse pensam
ento 
n
o
s co
nduz a revisões m
uito am
plas sobre o
s c
o
m
portam
en-
_1_0 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psicoterapias 
co
erência co
m
 essa poesia lida e escrita exige além
 disso vivê-
la, n
a
 sessão e fora dela. 
8. Parte integrante do trabalho co
m
 a saúde, as psicotera-
pias co
m
partilham
 a n
ecessidade de u
m
a
 revisão epistem
oló-
gica e filosófica co
n
stante. Portadoras de prem
issas sobre saúde 
e doença das pessoas, as psicoterapias devem
 se
r postas 
-
todas 
-
sob a lente de u
m
a
 rigorosa crítica epistem
ológica. Se o
 
terapeuta se pretender desvelador de enigm
as de seu
 paciente, 
é eticam
ente forçado que co
m
ece por interrogar cuidadosa-
m
e
nte o
 inconsciente de su
a
 classe e de su
a
 cam
ada so
cial, por 
questionar radicalm
ente su
as próprias determ
inações, as que 
tingem
 su
a
 ação e seu
 discurso. Este é o
utro nível da investiga-
ção n
o
 cam
po das psicoterapias. N
ão é por acaso
 que chega 
co
m
 atraso e
m
 relação ao
s níveis anteriores; as razões desse 
atraso se explicam
 por m
eio de u
m
a
 so
ciologia do co
nheci-
m
ento; têm
 íntim
a ligação co
m
 as pressões da cultura oficial, 
que durante an
o
s im
pôs co
m
o
 óbvias su
as próprias definições 
de saúde e doença, bem
 co
m
o
 co
m
 as restrições intelectuais 
im
postas às cam
adas profissionais m
ediante u
m
a
 particular 
práxis de classe e m
ediante as distorções da colonização cultu-
ral. N
esse sentido, falam
os n
o
 co
m
eço de procurar elaborar 
u
m
a
 teoria das técnicas de psicoterapia reform
ulada e
m
 su
as 
bases ideológicas. Com
o profissionais procedentes dessa práti-
ca so
cial, talvez possam
os reform
ular algum
as dessas bases 
ideológicas; o
utras, possivelm
ente, tenderão a perm
anecer 
o
cultas para nós n
as raízes das técnicas que n
o
s forjaram. 
A
 problem
ática ideológica das psicoterapias se abre e
m
 
várias frentes. O
briga a rev
er o
 fato de que as técnicas e su
as 
teorias são elaboradas por u
m
a
 c
a
m
ada so
cial, isolada, e
m
 
claustros acadêm
icos, das lutas, vicissitudes e m
odelos cultu-
rais dos o
utros estratos so
ciais. 
Essa problem
ática se tornou decisiva n
o
s m
o
m
e
ntos de 
discutir seriam
ente program
as de saúde m
e
ntal n
o
 Chile. Ela 
v
e
m
 u
nida ao
 fato de que as técnicas foram
 co
n
struídas n
a
s 
m
etrópoles colonizadoras, tendo sido aplicadas se
m
 respeitoàs co
ndições de regionalização, isto é, à m
a
rgem
 de hábitos, 
tradições, subculturas u
rbanas, suburbanas e ru
rais. 
Introdução 
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 
-
-=
=11 
O
utro foco de interrogantes reside e
m
 questionar estilos 
terapêuticos, propostas de m
odalidades de vínculos e
ntre pa-
ciente e terapeuta que podem
 e
star fundados n
o
 m
odelo das 
diferenças de classes e das relações de poder estabelecidas por 
essas diferenças. 
A
spectos co
m
plem
entares dessa problem
ática se abrem
 
co
m
 o
 e
studo das instituições e
m
 que as psicoterapias são 
aplicadas e daquelas e
m
 que são en
sinadas, instituições cujas 
funções ideológicas vão se
ndo progressivam
ente desveladas. 
O
utros níveis de investigação da problem
ática ideológica 
su
rgem
 co
m
 o
 estudo do papel que desem
penham
 n
a
 relação 
terapêutica a ideologia explícita, por u
m
 lado, e a ideologia 
não-explícita, por o
utro, v
eiculada através de interpretações 
o
rientadas n
u
m
a
 determ
inada direção, assim
 co
m
o
 do e
m
pre-
go de n
oções psicológicas o
u
 psicopatológicas de fachada 
//científica". Em
ergem
 igualm
ente o
s problem
as criados pela 
co
n
centração do esforço terapêutico e
m
 indivíduos o
u
 e
m
 pe-
quenos grupos, práticas das quais se devem
 destacar as n
oções 
setoriais de doença e de cu
ra que enfatizam
, assim
 co
m
o
 o
 sig-
nificado que a
ssu
m
e
 esse reco
rte co
ntra o
 pano de fundo do 
sistem
a so
cial e
m
 que se aplicam
. 
É possível que, co
m
o
 resultado dessas reform
ulações, as 
técnicas de psicoterapia que co
nhecem
os devam
 ser parcial o
u
 
totalm
ente m
odificadas. Se isso o
co
rrer, todo esforço de des-
crição e co
n
ceituação poderá co
ntribuir, ao
 lado de o
utros fa-
tores, para que esse processo se acelere e c
o
nduza a níveis 
m
ais elevados da elaboração científica n
o
 âm
bito da saúde 
m
ental. Sabem
os, além
 disso, que o
 futuro das psicoterapias 
co
n
sistirá e
m
 se n
egarem
 dialeticam
ente co
m
o
 terapias, para 
o
rientar su
as aquisições e desenvolvim
entos n
a
 direção dos 
cam
pos da prevenção e da educação. 
A
s revisões a realizar n
o
s levam
 a u
m
 trabalho interdisci-
plinar. O
 pensam
ento próprio de epistem
ologias da Com
ple-
xidade (Edgar M
orin, G
illes D
eleuze, Félix G
uattari, Ilya Pri-
gogine) foi 
se co
n
stituindo n
o
 c
ru
z
a
m
e
nto de co
ntribuições 
so
ciológicas, físicas, quím
icas, cibernéticas, clim
atológicas, de 
biologia celular, antropológicas, ecológicas. Esse pensam
ento 
n
o
s co
nduz a revisões m
uito am
plas sobre o
s c
o
m
portam
en-
_12 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psícoterapías 
tos, as forças incidentes e
m
 m
icro e m
acro
ssistem
as, su
as co
n
-
dições de fecham
ento e de abertura. 
N
o cam
po das psicoterapias, e
m
 aspectos m
ais delim
ita-
dos de especialização, desenvolveram
-se co
ntribuições de e
n
-
foques vinculares, sistêm
icos, cognitivistas, bioenergéticos, 
lingüísticos, assim
 co
m
o
 ren
o
v
ados subsídios da investigação 
psicanalítica. Todos esses enfoques m
o
straram
 perspectivas de 
u
m
a
 crescente co
m
plexidade para n
o
ssas abordagens clínicas. 
D
ar c
o
nta dessa co
m
plexidade se transform
a e
m
 o
utra das 
principais direções do trabalho teórico e das práticas que co
n
-
figuram
 esse cam
po. 
O
s problem
as so
ciais gerados pela era do capitalism
o glo-
bal introduzem
 n
o
v
o
s im
pactos para a saúde m
ental de indiví-
duos, grupos e co
m
u
nidades. O
 desem
prego e a instabilidade 
n
as co
ndições de trabalho n
o
s introduzem
 n
o
 estudo de n
o
v
as 
situações críticas e traum
áticas. A
s problem
áticas do poder glo-
balizador, seu
s m
odos de co
n
stituição e seu
s efeitos, obrigam
 a 
realizar n
o
v
as investigações sobre as co
ndições que determ
i-
n
a
m
 o
s transtornos e as tarefas capazes de prom
over a saúde 
m
ental. Trata-se de co
m
preender a rede de fatores so
ciais, eco
-
nôm
icos, jurídicos, políticos e culturais que co
nfiguram
 a co
n
s-
tituição da subjetividade n
as so
ciedades atuais. O
 cam
po das 
psicoterapias deve abrir-se hoje para esses desafios. 
Referências bibliográficas 
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as (1946), Terapéutica psicoanalítica, B
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para psicoanalistas. M
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Introdução 
_
_
_
_
_
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_
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 la co
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strucción de u
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o
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_12 _
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
_
 Teoria e técnica de psícoterapías 
tos, as forças incidentes e
m
 m
icro e m
acro
ssistem
as, su
as co
n
-
dições de fecham
ento e de abertura. 
N
o cam
po das psicoterapias, e
m
 aspectos m
ais delim
ita-
dos de especialização, desenvolveram
-se co
ntribuições de e
n
-
foques vinculares, sistêm
icos, cognitivistas, bioenergéticos, 
lingüísticos, assim
 co
m
o
 ren
o
v
ados subsídios da investigação 
psicanalítica. Todos esses enfoques m
o
straram
 perspectivas de 
u
m
a
 crescente co
m
plexidade para n
o
ssas abordagens clínicas. 
D
ar c
o
nta dessa co
m
plexidade se transform
a e
m
 o
utra das 
principais direções do trabalho teórico e das práticas que co
n
-
figuram
 esse cam
po. 
O
s problem
as so
ciais gerados pela era do capitalism
o glo-
bal introduzem
 n
o
v
o
s im
pactos para a saúde m
ental de indiví-
duos, grupos e co
m
u
nidades. O
 desem
prego e a instabilidade 
n
as co
ndições de trabalho n
o
s introduzem
 n
o
 estudo de n
o
v
as 
situações críticas e traum
áticas. A
s problem
áticas do poder glo-
balizador, seu
s m
odos de co
n
stituição e seu
s efeitos, obrigam
 a 
realizar n
o
v
as investigações sobre as co
ndições que determ
i-
n
a
m
 o
s transtornos e as tarefas capazes de prom
over a saúde 
m
ental. Trata-se de co
m
preender a rede de fatores so
ciais, eco
-
nôm
icos, jurídicos, políticos e culturais que co
nfiguram
 a co
n
s-
tituição da subjetividade n
as so
ciedades atuais. O
 cam
po das 
psicoterapias deve abrir-se hoje para esses desafios. 
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