Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 1 COCOS GRAM POSITIVOS STAPHYLOCOCCUS STREPTOCOCCUS Profa. Dra. Joana M. Marques jomontezanomarques@gmail.com COCOS GRAM POSITIVOS • Compõem um grupo de grande importância clínica. • Responsáveis por inúmeras e variadas afecções e síndromes. • Importância clínica pertencem a duas famílias: Micrococcaceae – bactérias catalase positiva Streptococcaceae – bactérias catalase negativa PRINCIPAIS GRUPOS BACTERIANOS DE INTERESSE MÉDICO • Família: Micrococcaceae • Gênero: Staphylococcus • Espécies: S. aureus S. epidermidis S. saprophyticus • Família: Streptococcaceae • Gênero: Streptococcus • Espécies: S. pyogenes S. pneumoniae S. agalactiae 4 STAPHYLOCOCCUS 1. CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO STAPHYLOCOCCUS • Cocos Gram positivos, arranjo irregulares (cachos). • Medem 0,5 a 1,5 m . • Imóveis. • Facultativos: crescem na presença/ausência de O2. • TG = 30 min.; Temperatura ótima = 37 0C. • Poucos exigentes nutricionalmente. • Crescem em alta pressão osmótica e pouca umidade (vias nasais e pele). • Fermentam a glicose com produção de ácido sem gás em aerobiose e anaerobiose. • Produzem catalase. • Produzem coagulase: espécies coagulase positiva espécies coagulase negativa. • Resistentes à dessecação e altas concentrações salinas. Material biológico Cultura Bacterioscopia – Gram Cocos Gram Positivos Esta estrutura característica lembra cachos de uva. Estrutura esquemática do Staphylococcus Catalase 2H2O2 catalase 2H2O + O2 Positiva Staphylococcus Negativa Streptococcus Produção de Enzimas de Espécies de Staphylococcus Coagulase Fibrinogênio coagulase Fibrina protrombina Positiva Negativa S. aureus SNC 2. ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA MÉDICA E EM LABORATÓRIO CLÍNICO • Coagulase positiva Staphylococcus aureus • Coagulase negativa - SCN S. epidermidis S. saprophyticus S. haemolyticus S. capitis S. cohnii S. hominis S. xylosus S. warnei 10 3. FATORES DE VIRULÊNCIA DE Staphylococcus Fatores de virulência S. aureus S. epidermidis S. saprophyticus Cápsula Polissacarídeo Biofilmes - Proteína anti- fagocitária Proteína A (SpA) - - Catalase Presente Presente Presente Coagulase Presente Ausente Ausente Toxinas extracelulares Epidermolisina Enterotoxina - - 11 4. Staphylococcus aureus 4.1. Características gerais • Espécies mais importante do gênero. • Responsável pelo segundo maior número de infecções em seres humanos. • Presente no trato respiratório superior, especialmente nas narinas, de aproximadamente 60% da população, sem causar doença em condições normais. 12 • O nome “aureus” significa “dourado” em latim, atribuída ao pigmento amarelado característico produzido pela bactéria em meios de cultivo. • Produz halo de -hemólise em ágar sangue. 4.2. Fatores de Virulência de S. aureus • Cápsula polissacarídica proteção contra fagocitose. Slime – camada de ácido hialurônico. • Peptidioglicano e Ácidos teicóicos ativa a via alternativa do complemento • Proteína A (SpA) proteína anti-fagocitária • Adesinas: proteínas de superfície de ligação a componentes da matriz extracelular fibronectina, colágeno e fibrinogênio colonização do tecido. • Enzimas extracelulares: disseminação da bactéria no hospedeiro. Catalase – impede digestão intracelular. Coagulase – produção de fibrina. Desoxirribonuclease - despolimeriza DNA celular Estafiloquinases ou fibrinolisina – lisa fibrina. Hialuronidase - hidrolisa a ácido hialurônico. Lipases - decompõem lipídios. Betalactamases – enzimas que inativam antimicrobianos -lactâmicos. • Toxinas extracelulares - Citotoxinas – efeito citotóxico Toxina alfa: danifica membranas celulares Toxina delta: danifica membranas celulares Leucocidinas: destrói leucócitos - Toxina esfoliativa ou epidermolisina Descama a camada mais externa da pele Gene etbB - codificado por bacteriófagos Síndrome da pele escaldada Superantígeno: ativação de LT liberação de grandes quantidades IL-1/IL-2 ativação de macrófagos a produzirem TNF - Exotoxina TSST-1: Toxic Shocck Syndrome Toxin-1 Gene tsst1 - cromossômico Síndrome do choque tóxico Superantígeno - Enterotoxina (SE): Staphylococcal Enterotoxins Gene seaA - codificados por bacteriófagos Intoxicação alimentar estafilocócica Termoestável Existem 7 tipos: A a H Superantígeno 17 4.4. Mecanismos de Virulência de S. aureus • Principal mecanismo: capacidade de escapar de fagocitose (vários fatores associados). Penetração da bactéria na pele 2-4 dias Infecção superficial em volta do folículo piloso Multiplicação e disseminação local Resposta inflamatória e migração de neutrófilos Secreção purulenta amarelada e cremosa Expansão Amadurecimento Drenagem Cura ou Disseminação 4.5. Doenças Causadas por S. aureus Foliculites: infecção de folículos pilosos Furúnculo: infecção grave de folículos pilosos nódulos dolorosos Abscesso: região com pus circundada por tecido inflamado Carbúnculo Estafilocócico: lesão extensa invadindo tecidos vizinhos inflamação endurecida (encapsulada), circular dor, febre, calafrios difícil acesso dos antibióticos. - Impetigo: lesões vesiculares que rompem formação de crostas de exsudato (vesículas com crostas) Hordéolo ou terçol: infecção dos pelos das pálpebras • Intoxicações por Toxinas de S. aureus - Síndrome da Pele Escaldada ou Doença de Ritter: – doença cutânea grave e fatal –descolamento das camadas da pele; - < 2 anos e recém-nascido - Impetigo bolhoso ou do recém-nascido – mesma toxina (<1 ano). 22 Síndrome da Pele Escaldada 23 - Síndrome do Choque Tóxico - doença sistêmica rara com manifestações cutâneas - descamação de mãos e planta dos pés, febre, vômito, hipotensão - toxina é formada no sítio de crescimento bacteriano circula na corrente sanguínea - Estreita correlação entre S. aureus na vagina e uso prolongado de tampão vaginal e nasal; incisões cirúrgicas - Intoxicação alimentar - Ingestão de enterotoxina pré- formada em alimentos - termoestável - Vômito, diarreia, cólicas - Autolimitante, dura média 24h 24 25 • Outras Infecções por S. aureus Infecções de feridas pós-operatórias, queimaduras Endocardite bacteriana aguda – válvulas cardíacas Celulite: infecção do tecido subcutâneo Conjuntivite: contaminação de lentes de contato Pneumonia pós operatória Osteomielite – crianças Septicemia Meningite 26 4.6. Epidemiologia do S. aureus • Habitat - Pele, fossas nasais, garganta e intestinos. - Portadores nasais: 30 a 50 % - comunidade. - Profissionais de saúde: 95 a 100 %. • Reservatório - homem. • Transmissão - Contato direto ou indireto, de portadores sadios ou doentes (mãos, aerossóis). 4.7. Tratamento de Infecções por S. aureus • Cefalosporinas. • Mupirocina – eliminação de S. aureus de fossas nasais. • Vancomicina – infecções estafilocócicas graves. • Resistência a drogas – betalactamases – Teste de suscetibilidade - Antibiograma. • MRSA – S. aureus Resistentes a Meticilina (-lactâmicos) • ORSA - S. aureus Resistentes a Oxacilina (-lactâmicos). • VISA - S. aureus Resistência Intermediária a Vancomicina. • VRSA - S. aureus Resistente à Vancomicina. Ambiente hospitalar - amostras multiresistentes. 28 STREPTOCOCCUS 1.CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO STREPTOCOCCUS • Cocos Gram positivos – se dividem em um só plano - aos pares (diplococos) ou em cadeias. • Catalase negativa. • Imóveis. • Aero tolerantes - anaeróbios facultativos. • Parede celular - - Carboidrato C – características antigênicas Grupos sorológicos/Lancefield . • Superfície celular – ProteínaM, T e R – características imunológicas Tipos Sorológicos 30 Estrutura esquemática do Streptococcus Bacterioscopia – Gram Cocos Gram Positivos 2. CLASSIFICAÇÕES DE STREPTOCOCCUS 2.1. Tipos de hemólise em ágar sangue -hemolíticos – hemólise parcial ou incompleta -hemolíticos – hemólise total ou completa -hemolíticos – ausência de hemólise 2.2. Grupos sorológicos - Grupos de Lancefield • Características Antigênicas do Carboidrato C(-hemolíticos) A, B, C, D, E, F, G, H, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V 2.3. Polissacarídeos Capsulares • Especificidade antigênica - Classificação de S. pneumoniae - Tipagem de estreptococos do grupo B (S. agalactiae) - reações de precipitação com anti-soros específicos. Streptococcus em Ágar Sangue - Tipos de Hemólise Hemólise (parcial) Hemólise (total) S. pneumoniae S. pyogenes Streptococcus não hemolítico S. agalactiae 3. ESPÉCIES DE MAIOR SIGNIFICADO CLÍNICO STREPTOCOCCUS 20 espécies Espécies Grupo de Lancefield Tipo Hemólise Prova Bacitracina Prova Optoquina S. pyogenes A Sensível - S. agalactiae B , Resistente - Streptococcus Não A, B ou D NT Resistente - S. pneumoniae NT - Sensível S. viridans vários , - Resistente 4. Streptococcus pyogenes 4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS • Parede celular – 3 camadas - superficial – proteína M, R, T sorotipos - média – carboidratos sorogrupos - interna – mucopeptídeos rigidez e forma. • Sorotipos Proteína M – 80 sorotipos cepas virulentas - resistem a fagocitose. Proteína T – 26 sorotipos. 4.2. FATORES E MECANISMOS DE VIRULÊNCIA DE S. pyogenes • Proteína M: projeções – pelos - determina a tipo-especificidade - adere a fibronectina; interage com o fibrinogênio - fixa a porção Fc de anticorpos - antifagocitária. • Proteína F - união a fibronectina – mucosa do faringe. • Cápsula - ácido hialurônico; não imunogênica; anti- fagocitária; fator de disseminação. • Peptidase de C5 – degrada o C5a do complemento - impede a atração de fagócitos para o local da infecção. • Carboidrato C: parede celular; grupo de Lancefield; grupo específico; imunogênico. • Fragmentos de peptidoglicano e ácido teicóico – ativam a cascata do complemento e provocam a liberação de citotoxinas. • Produção de Enzimas hidrolíticas: facilitam a disseminação da bactéria. - Estreptoquinase ou fibrinolisina – lisa coágulos – converte plasminogênio em plasmina; – tratamento de embolia pulmonar e trombose venosa. - Desoxirribonuclease. - Hialuronidase. • Produção Toxinas - Estreptolisinas - S e O - toxinas formadoras de poros Lisam hemácias, leucócitos, plaquetas e estimulam a liberação de enzimas. Estreptolisina S – halo de hemólise, oxigênio estável, não imunogênica. Estreptolisina O – oxigênio sensível e imunogênica - Anticorpos séricos contra estreptolisina O - diagnóstico de infecções recentes (Teste de ASO) – Febre Reumática. - Exotoxinas Pirogênicas SPE – “Streptococcus Pirogenic Exotoxin”. 3 Tipos: Spe A, Spe B, Spe C. Spe A: choque tóxico estreptocócico. Spe A, B, C: eritema da escarlatina. Mecanismo de ação da toxina superantígeno; aumenta a sensibilidade ao LPS (Gram negativas); ação direta nas células endoteliais. 4.3. MECANISMOS DE VIRULÊNCIA DE S. pyogenes • Principal mecanismo: capacidade de escapar de fagocitose (vários fatores associados). Penetração da bactéria vias aéreas superiores ou na pele Adesão ao epitélio da mucosa – proteínas F e M Multiplicação e disseminação local Resposta inflamatória e migração de neutrófilos Faringite estreptocócica / Lesões na pele sequelas não supurativas febre reumática glomerulonefrite Doenças Causadas por S. pyogenes Faringo-amidalite por S. pyogenes Escarlatina - erupções erite- matosas, descamação; língua vermelha com papilas proeminentes – aspecto de morango. Otite por S. pyogenes Impetigo por S. pyogenes: infecção da epiderme com lesões crostosas e amareladas. Erisipela: infecção da camada dérmica área demarcada, elevada, de eritema e enduração lesão aguda de linfáticos dérmicos, faces e membros progressão até a corrente sanguínea sepse. Fasciite necrosante: infecção profunda do tecido muscular e gorduroso grave e alta mortalidade. Choque tóxico estreptocócico: febre, calafrios, mal estar, náuseas, hipotensão, choque, falência múltipla de órgãos. • Glomerulonefrite - Doença imunológica - lesão inflamatória não supurativa - ocorre semanas ( 19 dias) após piodermites. - Quadro clínico: edema peri-orbital; edema de tornozelo; diminuição da diurese; hematúria; hipertensão. - Hipóteses: Presença de vários antígenos comuns ao tecido renal e a estrutura do estreptococo? Deposição de imunocomplexos Ag-Ac na membrana basal do glomérulo? • Febre reumática -Doença imunológica - lesão inflamatória não supurativa - ocorre após infecção aguda de faringo – amigdalites. - Quadro clínico: nódulos subcutâneos nas articulações, miocardite, pericardite. - Hipótese: Anticorpos anti-proteínas M reagem cruzadamente com antígenos comuns aos tecidos cardíacos? 4.5. EPIDEMIOLOGIA DE S. pyogenes • Incidência - 10 a 20% portadores de S. pyogenes na garganta - Faringo-amidalites: 5 a 15 anos - Piodermites: 2 a 5 anos. - Erisipela: até 1 ano e após os 30 anos. • Transmissão - gotículas aéreas e contato direto. 4.5. TRATAMENTO DE S. pyogenes Penicilina G Eritromicina – pacientes alérgicos a penicilina G 49 Sítio da infecção Colheita de Material biológico Cultura em Ágar sangue 350C/24h Coagulase (+) S. aureus (-) SNC S. pneumoniae FLUXOGRAMA DE ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE CGP Bacterioscopia Gram + Catalase -Staphylococcus sp (S) S. epidermidis (R) S. saprophyticus S. pyogenesNovobiocina Streptococcus sp S Optoquina Bacitracina S CGP
Compartilhar