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TCC Alessandra da Rocha

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CURSO DE DIREITO
ALESSANDRA DA ROCHA MOREIRA
RESPONSABILIDADE CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS POR DANOS AMBIENTAIS NO DIREITO BRASILEIRO.
Gurupi-TO
2017
CURSO DE DIREITO
ALESSANDRA DA ROCHA MOREIRA
RESPONSABILIDADE CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS POR DANOS AMBIENTAIS NO DIREITO BRASILEIRO.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário UNIRG, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito.
Orientadora: Prof(a) Kárita Carneiro P. Scotta
Gurupi-TO
2017
CURSO DE DIREITO
RESPONSABILIDADE CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS POR DANO AMBÍENTAL NO DIREITO BRASILEIRO.
Acadêmica: Alessandra da Rocha Moreira
Orientador(a): ProfºKárita Carneiro P. Scotta
EsteTrabalho de Conclusão de Curso foi aprovado em ______de___________de 2017, pela banca examinadora composta pelos seguintes membros: 
Banca Examinadora
______________________________________________________________
Prof.ª.Kárita Carneiro P. Scotta
Presidente
______________________________________________________________
......
Membro
_______________________________________________________________
....
Membro
RESPONSABILIDADE CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS POR DANO AMBÍENTAL NO DIREITO BRASILEIRO. MOREIRA¹, Alessandra da Rocha,SCOTTA, Kárita Carneiro Pereira². (¹Acadêmica do Curso de Direito do Centro Universitário UnirG; ²Prof°. Orientadora do Curso de Direito do Centro Universitário UnirG.)
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo o estudo referente à responsabilidade civil ocorrida dentro do direito ambiental, visto os danos ambientais causados pelo ser humano ao meio ambiente, ocorrendo assim prejuízos que muitas vezes são irreversíveis e irreparáveis. Será ressaltado o estudo da responsabilidade civil e seus elementos, como por exemplo: os princípios do direito ambiental, o dano ambiental e a responsabilidade civil da pessoa jurídica em matéria de direito ambiental. O ser humano, ao buscar sempre o desenvolvimento tecnológico e científico, na maioria das vezes não tem detectado o ponto de equilíbrio que deve existir entre a exploração dos recursos naturais e uma sobrevivência digna, de forma que não esgote os recursos naturais. No Direito Ambiental aplica-se a ideia da responsabilidade civil objetiva, ou seja, que não depende de culpa do agente poluidor. No entanto, a reparação do dano ambiental encontra um problema de difícil solução, qual seja a dificuldade de dimensionar um dano causado ao meio ambiente. Contudo, esta dificuldade não deve ser obstáculo à aplicação do instituto da responsabilidade civil ambiental, a fim de que os recursos naturais degradados possam ser devidamente indenizados, e se possível, reparados com o fim de tentar retornar ao “status quo ante”. Por tudo isso, evidenciada está a magnitude do presente tema, e mais ainda, a imediata necessidade de se preservar o meio ambiente, a fim de garantir qualidade de vida às presentes e futuras gerações.
Palavras-chave:Responsabilidade Civil. Pessoa Jurídica. MeioAmbiente.
CIVIL LIABILITY OF LEGAL PERSONS FOR ENVIRONMENTAL DAMAGES IN BRAZILIAN LAW.MOREIRA¹, Alessandra da Rocha, SCOTTA, Kárita Carneiro Pereira². (¹Acadêmica University Center of Law Course UNIRG;. ²Prof ° Advisor (a) of the University Center of Law Course UNIRG.)
ABSTRACT
This article aims to study related to liability occurred within the environmental law, given the environmental damage caused by humans to the environment, and occurring damages that are often irreversible and irreparable. It will be emphasized the study of civil liability and its elements, such as: the principles of environmental law, environmental damage and civil liability of legal entities in the field of environmental law. The human being, always bearing in mind the technological and scientific development, most of the time has not detected the balance that must exist between the exploitation of natural resources and a dignified survival, so it does not deplete natural resources. In Environmental Law it is therefore the objective liability, ie not dependent on fault of the polluter. However, the repair of environmental damage is a difficult problem to solve, namely the difficulty to scale damage caused to the environment. However, this difficulty should not be an obstacle to the application of environmental liability institute, so that the degraded natural resources can be properly compensated, and if possible, repaired in order to try to return to the "status quo ante". For all that, the magnitude of this issue, and further, the immediate need to preserve the environment in order to ensure quality of life for present and future generations.
Keywords:Liability. Legal person.Environment.
INTRODUÇÃO
	A preocupação com o meio ambiente vem se tornando cada vez mais significativa. Através da história nota-se a ação do homem em degradou o meio ambiente, e com o passar dos anos tornou-se substancial a responsabilização do causador da agressão, seja através da reparação, seja através da indenização pecuniária, pois, na maioria dos casos, o responsável pelo dano é a pessoa jurídica que, na busca do lucro, não mede o impacto de seus atos causando danos, muitas vezes, irreparável ao meio ambiente e por extensão aos seres humanos.
	De tal modo, ao mesmo tempo em que o homem é considerado culpado, ele também é considerado vítima dessa premissa simplista das relações com o meio ambiente. Por meio disto, a sociedade ultimamente vem observando a necessidade de preservação ambiental, e ações visando à exploração sustentável dos recursos naturais tornaram-se importantes.
Neste trabalho pretende-se demonstrar que o ordenamento jurídico brasileiro adotou de fato o instituto da responsabilidade civil objetiva, incumbindo ao poluidor o dever de indenizar o dano causado, independentemente de culpa, tornando o agente responsável por assumir o risco de produzir o dano com sua atividade. Abordaremos também os princípios ambientais relacionados a essa responsabilidade ambiental tais como o princípio do poluidor-pagador, princípio do desenvolvimento sustentável, princípio da prevenção dentre outros.
MATERIAIS E MÉTODOS
TIPO DE PESQUISA
Fundamentando-se na ideia de que a responsabilidade civil da pessoa jurídica encontra-se subtendido em diversos princípios e normas em nosso ordenamentojurídico e tem sido abordado por diferentes doutrinadores, este artigo foidesenvolvido como sendo de natureza descritiva, tendo-se utilizado o métododedutivo para seu desenvolvimento. 
COLETA DE DADOS
A coleta dos dados se deu por meio de pesquisas bibliográficas sobre o assunto, tendo a preocupação de buscar um amplo conjunto de fontes reconhecidas eatualizadas.
ANÁLISE DOS DADOS
As análises dos dados levantados foram feitas com a maior conformidade de proximidade, atualidade e relevância com relação ao tema, estabelecendo-serelações a partir dos autores que fundamentam este artigo com as pesquisas eliteratura existentes a respeito do tema em estudo.
1A PROTEÇÃO LEGAL AO MEIO AMBIENTE NO DIREITO BRASILEIRO
Ao se reconhecer a essencialidade de se manter preservado o meio ambiente, e tendo em vista a degradação ambiental já consolidada no Brasil, procurou o legislador criar instrumentos mais severos a fim de frear os desmatamentos e revitalizar os locais antes atacados pelo ser humano em sua busca incessante por desenvolvimento.
	Por esse motivo, atualmente o meio ambiente encontra-se devidamente amparado pela legislação brasileira, que prevê mecanismos em sua defesa em diversas normas legais.
A mais importante delas, por ser a base do ordenamento posto, é a Constituição Federal de 1988, a qual reconhece o direito de todos ao meio ambiente estabelecendo:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público eà coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
A Carta Constitucional de 1.988 consagrou o direito a um meio-ambiente sadio, que no seu artigo 225 garante a responsabilização dos infratores em reparar os danos causados (§3º, art. 225, CF/88). 
Ao reconhecer esse direito a Carta Magna foi inovadora, já que a tutela ambiental antes era pouco regulamentada pelas Constituintes anteriores. Comenta José Afonso da Silva que “A Constituição de 1988 foi, portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental” (SILVA, 2004, p.46)
Apesar de ser inovadora, antes mesmo de ser estabelecida a nova ordem constitucional, outras normas ambientais já haviam sido sancionadas. 
Pautadas na tendência internacional, existem normas anteriores a 1988, que já tratavam da proteção ao meio ambiente no Direito Brasileiro.
Na década de 80 foram publicadas duas importantes leis, vigentes até hoje, são elas: a Lei nº 6.938/87 e Lei nº 7.347/85.
A primeira delas, sancionada no dia 31 de agosto do ano de 1981, cria a regulamenta a chamada Política Nacional de Proteção ao Meio Ambiente (PNMA). É por meio dela que estão regulamentados os principais objetivos, instrumentos e mecanismos de proteção ambiental a ser seguido em todo o território nacional. É ela também que conceitua as expressões: meio-ambiente, poluidor poluição e recursos naturais.
Maria Cecília Junqueira Lustosa comenta sobre a lei da PNMA como sendo:
O conjunto de metas e mecanismos que visam reduzir os impactos negativos da ação antrópica – aqueles resultantes da ação humana – sobre o meio ambiente. Como toda política, possui justificativa para sua existência, fundamentação teórica, metas e instrumentos, e prevê penalidades para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas. Interfere nas atividades dos agentes econômicos e, portanto, a maneira pela qual é estabelecida influencia as demais políticas públicas, inclusive as políticas industriais e de comércio exterior (LUSTOSA et al., 2003, p.135)
Outra lei de fundamental importância no direito ambiental é a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, a qual regulamenta a ação civil pública para apuração de responsabilidade por danos ambientais.
Após a ordem constitucional posta, a principal norma ambiental sancionada foi a Lei dos Crimes Ambientais (Lei nº 9.065/98), que além da visão sistêmica de meio ambiente natural, alarga o conceito e protege expressamente o meio ambiente artificial e cultural, ao arrolar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.
Todas essas leis estão voltadas para a necessidade de se restabelecer e garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado, reconhecendo inclusive a necessidade de se punir com rigor todos aqueles que comprovadamente tenham causado algum dano ou colocado em risco a qualidade do meio ambiente.
2O DANO AMBIENTAL
Para que seja possível discutir os meios de responsabilização civil de pessoas jurídicas sobre dano ambiental, é importante, antes de qualquer coisa, explicar o que vem a ser esse dano ambiental tão falado.
Partindo do fato de que o meio ambiente é conceituado como sendo “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”.(SILVA, 2004, p. 20), o dano ambiental é definido como “lesão aos recursos ambientais com consequente degradação- alteração adversa ou  in pejus do equilíbrio ecológico.”(MILARÉ, 2001, 116)
O dano ambiental não refere-se unicamente à lesão sobre o patrimônio ambiental protegido pela lei, uma vez que pode referir-se à toda a coletividade quanto ao interesse individual, caso em que ocorre o chamado dano ricochete, os quais ensejam o direito à reparação civil. (ALBUQUERQUE, 2014)
Frederico Amado, ao discorrer sobre os elementos e consequências do dano moral, leciona que:
trata-se de uma lesão ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, que possui natureza coletiva, sendo ainda incorpóreo, autônomo, indivisível e imprescritível, não sendo possível, via de regra, a restauração total do ecossistema degradado. (AMADO, 2014, p.532)
Por ser essencialmente prejudicial ao ecossistema, que na maioria das vezes não consegue ser restaurado e voltar ao “status quo”, o dano ambiental é prática rechaçada no ordenamento atual, que deve punir e responsabilizar as pessoas físicas ou jurídicas causadoras desse prejuízo ao meio ambiente.
3A RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL
A responsabilização civil das pessoas jurídicas que está presente no ordenamento jurídico está pautada essencialmente em princípios fundamentais do direito ambiental brasileiro, os quais destacam-se os seguintes: princípio do poluidor-pagador; princípio do desenvolvimento sustentável e os princípios da prevenção e precaução, os quais serão estudados em linhas gerais.
Para que seja possível falar sobre a responsabilidade civil ambiental, faz-se imperioso refletir a respeito do princípio de Direito Ambiental do Poluidor-Pagador.
Segundo ensina este princípio, quem polui deve arcar com as despesas que seu ato produzir, em contrapartida ao entendimento de que, como querem alguns, quem paga tem direito a poluir. 
Tal princípio pretende internalizar no preço as externalidades produzidas, o que se denomina custo ambiental. Tal expressão se traduz na imposição do sujeito causador do problema ambiental em sustentar financeiramente a diminuição ou afastamento do dano. Visa, ainda, impedir a socialização dos prejuízos decorrentes dos produtos inimigos ao meio ambiente.
Ensina Benjamin que:
Ao obrigar o poluidor a incorporar nos seus custos o preço da degradação que causa – operação que decorre da incorporação das externalidades ambientais e da aplicação do princípio poluidor-pagador – a responsabilidade civil proporciona o clima político-jurídico necessário à operacionalização do princípio da precaução, pois prevenir passa a ser menos custoso que reparar.(BENJAMIN, 1998)
O segundo princípio que dá fundamento à responsabilidade do causador do dano é o princípio do desenvolvimento sustentável, o qual determina que o crescimento econômico deve estar em harmonia com a proteção ao meio ambiente, que deve ser garantido as futuras gerações de forma equilibrada.(NASCIMENTO, 2009)
Além dele, outros princípios ambientais de suma importância para o tema proposto é o princípio da prevenção e da precaução, que dão causa à responsabilização quando não forem observados pelo causador do dano. 
Conforme preceituam esses princípios, quando o dano pro cientificamente comprovado (princípio da prevenção) ou existem graves riscos de serem causados (princípio da precaução), deve o agente procurar meios de evitar a sua ocorrência, sob pena de serem responsabilizados por sua conduta (AMADO, 2014)
Pautados nesses e em outros princípios, e visando tornar efetivo direito das presentes e futuras gerações a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, foi que a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), em seu artigo 14, §1º reconheceu a responsabilidade civil objetiva, ao estabelecer que:
§1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.
Sobre esse dispositivo, Frederico Amado comenta:
Esse dispositivo foi recepcionado pelo novo ordenamento constitucional, havendo precedente do Superior Tribunal de Justiça afirmando que se trata de responsabilidade civil objetiva na sua modalidade mais forte, ou seja, norteada pela Teoria do Risco Integral, em que não se quebra o vínculo de causalidade pelo fato de terceiro, caso fortuito ou força maior. (AMADO, 2014, p.524)
Dessa maneira, para que se configure a responsabilidade civil ambiental doagente causador do dano, basta que se verifique a presença do dano ambiental, da conduta lesiva e do nexo causal entre eles, a qual, conforme estabelece a Constituição Federal, poderá recair sobre qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica.
4A RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA POR DANOS AMBIENTAIS – DECISÕES JURISPRUDENCIAIS
Conforme discriminado no decorrer de todo o trabalho científico, o direito brasileiro, visando garantir o equilíbrio do meio ambiente, tem punido com rigor os atos que causam danos ambientais.
E essa sanção civil não atinge apenas as pessoas físicas, mas as jurídicas também, que em razão de sua abrangência, tem se mostrado as maiores causadoras de danos ao equilíbrio ambiental.
A fim de ilustrar o entendimento jurisprudencial sobre o tema, seguem os seguintes julgados:
ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PESSOA JURÍDICA. BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. EXTRAÇÃO IRREGULAR DE RECURSO MINERAL. DANO AMBIENTAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 1. Apelação em face da sentença que julgou procedente o pedido feito em ação civil pública com o fito de condenar o réu à reparação de dano ambiental causado. 2. A Súmula nº 481 do STJ estabelece que faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Assim, ainda que admitidos os benefícios da justiça gratuita a pessoas jurídicas, remanesce a necessidade, para a concessão da gratuidade pretendida, de comprovação, pelo requerente, da impossibilidade de suportar os encargos processuais, não se estendendo às pessoas jurídicas a presunção de insuficiência aplicada às pessoas físicas. 3. Os elementos presentes nos autos apontam para a empresa-ré como causadora do dano ambiental e entre as áreas em que foi observado o aumento de degradação, constam, inclusive, áreas de preservação permanente. 4. A responsabilidade em casos de infrações ao meio ambiente é objetiva, bastando a comprovação do nexo causal da ação ou atividade desenvolvida pelo agente com o dano provocado. Assim, de forma acertada, o juiz a quo reconheceu a responsabilidade da apelante. (TRF-5 - AC - Apelação Cível : AC 93838720114058100. Órgão Julgador: Terceira Turma. Data do julgamento: 16 de Maio de 2013)
Esse entendimento dos tribunais brasileiros acompanha a posicionamento já sedimentado do Superior Tribunal de Justiça, que assim decidiu:
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA – DANO AMBIENTAL – RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA – RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA – REPOSIÇÃO NATURAL: OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO – CABIMENTO. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. 3. A condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito de recuperar a área degradada pode não ser suficiente para eximi-lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a reposição natural para compor o dano ambiental. 4. Sem descartar a possibilidade de haver concomitantemente na recomposição do dano ambiental a imposição de uma obrigação de fazer e também a complementação com uma obrigação de pagar uma indenização, descarta-se a tese de que a reposição natural exige sempre e sempre uma complementação. 5. As instâncias ordinárias pautaram-se no laudo pericial que considerou suficiente a reposição mediante o reflorestamento, obrigação de fazer. 6. Recurso especial improvido. (STJ - RECURSO ESPECIAL :REsp 1165281 MG 2009/0216966-6. Orgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA. Publicação: DJe 17/05/2010. Julgamento: 6 de Maio de 2010. Relatora Ministra ELIANA CALMON)
	Dessa forma, havendo provas do dano ambiental, de um conduta causadora do dano e do nexo causal, é imperiosa a responsabilização civil do pessoa jurídica, ainda que não haja culpa ou dolo em sua conduta, devendo o agente causador, em primeiro lugar, reparar o dano causado e, não sendo possível, deverá ser responsabilizado pecuniariamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Em um país como o Brasil, em que muito pouco se investe em educação ambiental, a difícil tarefa de defesa do meio ambiente e de conscientização da preservação da natureza, ao que parece restou reservada a uma minoria de idealistas aflitos com o equilíbrio ambiental.
            É notório que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, não pode dispensar a efetiva responsabilização daqueles que lhe ocasionam detrimentos, cabendo ao Poder Judiciário a interpretação das leis ambientais, de forma a garantir da maneira mais ampla possível, a punição pedagógica dos responsáveis acatando a natureza dos danos e a condição econômico-financeira do causador dos referidos.
 No dano ambiental, assim evidenciado, a regra é a responsabilidade civil objetiva, na qual aquele que por meio de sua atividade cria um risco de dano para terceiro deve ser obrigado a repará-lo, mesmo que sua atividade e o seu comportamento sejam isentos de culpa.
O direito brasileiro, ao disciplinar a responsabilidade civil das empresas por danos ambientais, fundamentou-a na teoria objetiva, com a finalidade de possibilitar a real e eficaz responsabilização, de modo que o uso indiscriminado, as atividades inadequadas e abusivas ao meio ambiente se tornem uma preocupação de todos, com um ambiente saudável que preserve a qualidade de vida das presentes e futuras gerações.
 Desta maneira, a responsabilização se faz necessário pelo dano ambiental, primeiramente para que haja reparação do dano causado, e também para reprimir a ação desenfreada do homem, pois uma vez causado o dano será difícil sua reparação.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Fernanda Cavalcanti de. O Dano Ambiental.ConteudoJuridico, Brasilia-DF: 09 set. 2014. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.49815&seo=1>. Acesso em: 09 mai. 2017;
AMADO. Frederico Augusto Di Trindade. Direito Ambiental Esquematizado. – 5ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014;
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000;
BECKER, Rosane. A Responsabilidade Civil da Pessoa Jurídica Por Dano Ambiental. Disponível em: <http://www.univates.br/media/graduacao/direito/RESPONSABILIDADE_CIVIL_DA_PESSOA_JURIDICA_DANO_AMBIENTAL.pdf>. Acesso em: 25 abr. de 2017;
BENJAMIN, Antônio Herman V. Responsabilidade Civil pelo Dano Ambiental. InRevista de Direito Ambiental nº 9. São Paulo: RT. 1998;
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BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 08 mai. 2017;
BRASIL. Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm>. Acesso em: 07 mai. 2017;
BRASIL. Lei nº 9.065, de 12 de fevereiro de 1998. Lei dos Crimes Ambientais. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm>. Acesso em: 03 mai. 2017;
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça - RECURSO ESPECIAL :REsp 1165281 MG 2009/0216966-6. Orgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA. Publicação: DJe 17/05/2010. Julgamento: 6 de Maiode 2010. Relatora Ministra ELIANA CALMON;
BRASIL. Tribunal Regional Federal da 5ª Região - AC - Apelação Cível : AC 93838720114058100. Órgão Julgador: Terceira Turma. Data do julgamento: 16 de Maio de 2013;
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2000;
JUNIOR, José Luiz. Responsabilidade Civil por Danos Ambientais. Disponível em:<http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1934/Responsabilidade-civil-por-danos-ambientais>. Acesso em: 10 de outubro de 2016;
LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira, CANÉPA, Eugênio Miguel e YOUNG, Carlos Eduardo Frickmann. Política ambiental. MAY, Peter H., LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira e VINHA, Valéria da (orgs). Economia do meio ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro, Elsevier, 2003;
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