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Farmacologia/1.ANTIPARASIT�RIOS.pdf ANTIPARASITÁRIOS: O que são antiparasitários (AP)? # Compostos que atuam sobre os parasitas Podem atuar: – Apenas numa espécie de parasitas; – Grupos de parasitas relacionados entre si; – Numa ampla variedade de parasitas Propriedades de um AP ideal • Largo espectro de atividade; • Não tóxico na dose terapêutica; • Grande margem de segurança; • Metabolismo e excreção rápidas; • Não deve deixar resíduos; • De fácil administração; • Boa relação custo eficácia. Vias de administração de AP • Per os: fórmulas farmacêuticas liquidas, pastas, gel, comprimidos, grânulos, alimentos medicamentoso, fórmulas de libertação lenta intra-ruminais; • SC e IM: injetáveis geralmente em frascos de rolha perfurável • Tópicos: sob a forma de pour-on, spot-on e banhos Programas antiparasitários estratégicos Devem ser elaborados individualmente para cada exploração tendo em conta: - Localização geográfica; - Condições climáticas; - Infeções parasitárias anteriores; - Ecologia do sistema de produção; - Espécies parasitárias alvo; - Conhecimento da biologia e ciclo de vida dos parasitas. • Ruminantes: - AP de largo espectro, intervalos regulares; - Desparasitação dos animais antes da entrada numa nova pastagem; - Nas alturas de maior stress (desmame, descorna, …) • Cavalos - AP de largo espectro, intervalos regulares (entre 6 e 12 semanas), dependendo das condições de produção; - Desparasitação dos animais antes da entrada numa nova pastagem; - Uso de AP eficazes contra as larvas de ciastostomíneos enquistados na mucosa intestinal, 1 a 2 vezes por ano. Como avaliar a eficácia dos programas de desparasitação? - Realizar cropologias periódicas. • Importância da sua realização: - Detetar resistências; - Detetar infeções parasitárias que não são cobertas pelo programa. Antiparasitários: Antihelmínticos (AH) Modo de ação: • Interferem com o metabolismo energético do parasita, impedindo a síntese de ATP • Interferem com a transmissão neuromuscular causando paralisia do parasita Piperasinas Citrato, cloreto, dihidrocloreto, fosfato, sulfato Mecanismo de ação: inibe a síntese de ATP • Absorção: porção anterior do ID • Metabolização: hepática Excreção: renal Toxicidade: baixa Sem intervalo de segurança Indicações: Cão e Gato: Toxocara spp e Toxascaris spp. Aves: Ascaridia spp e Ascaris spp Suínos: Ascaris suum, Oesophagostomum spp Equinos: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos” Benzimidazois Tiabendazol Mecanismo de Ação: Inibe a produção de energia pelo parasita Absorção: bem absorvido pelo TGI Metabolização: hepática Excreção: renal e fecal Seguro: são-lhe atribuídas ações antifúngicas São mais eficazes em ruminantes e equinos Ruminantes: Nematodes GI (exceto Trichuris sp) Equinos: Trichostrongylus axei; Srtongyloides westeri e Oxyuris equi Mebendazol Mecanismo de Ação: Interfere na formação dos microtúbulos Absorção: bem absorvido no TGI Metabolização: baixa Excreção: na forma quase intacta por via renal e fecal Efeitos teratogénicos Espectro de ação: Cão e gato: Ascarídeos, Ancilostomideos, Trichuris sp, cestodes Ruminantes: Trichuris ovis Aves: Ascaridia gali, Heterakis sp, Syngamus sp, Capillaria sp Exemplo: Seponver plus® (mebendazol + closantel) Febendazol Mecanismo de Ação: inibe a produção de energia Absorção: bem absorvido no TGI Metabolização: dá origem a 4 metabolitos, um dos quais o oxfendazol que tem também actividade antiparasitária Excreção: renal e fecal Grande margem de segurança Espectro de acção: Ruminantes: nemátodes GI, nemátodes pulmonares e Moniezia Equinos: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos” Cão: Toxocara sp, Ancylostoma sp, Uncinaria sp, Trichuris sp, Taenia sp. Exemplo: Panacur® Albendazol Mecanismo de Ação: inibe a produção de energia Absorção: bem absorvido no TGI Metabolização: metabolizado em sulfóxido de albendazol Excreção: renal Toxicidade: efeitos teratogénicos Espectro de ação: nematodes GI, Dictyocaulus, Fascíola hepática, Moniezia sp. Oxfendazol Mecanismo de Ação: inibe a produção de energia Absorção: bem absorvida no TGI Excreção: renal nos monogástricos, fecal nos poligástricos Toxicidade: grande margem de segurança Espectro de ação: Ruminantes: Nematodes GI, Dictyocaulus, Moniezia Equinos: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos” Exemplo: Syztamex® Oxibendazol Espectro de ação: Cão: Toxocara sp, Ancylostoma sp, Uncinaria sp, Trichuris sp Ex: Vitaminthe® (Oxibendazol + niclosamida) Equino: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos” Probenzimidazois Febantel: metabolizado no fígado em fenbendazol e axfendazol Ex: Zipyran plus® (febantel, pirantel e praziquantel) e Drontal plus® (febantel e praziquantel) Netobimin: metabolizado em albendazol Ex: Hapasil® As resistências são cruzadas entre benzimidazois e probenzimidazois Imidazotiazois (Levamisol e Tetramisol) Mecanismo de Ação: inibe a produção de energia Absorção: bem absorvido no TGI Excreção: renal (40%) e fecal Toxicidade: margem de segurança estreita - RESPEITAR DOSES INDICADAS Tem efeito imunomodulador: Aumenta o número e atividade dos linfócitos T e macrófagos Estimula a produção de anticorpos – Inibe o crescimento de alguns tumores Tetrahidropirimidazois Pirantel Tartarato de Morantel É comercializado em forma de 3 sais: pamoato, emboato e tartarato de pirantel (Ex: Strongid cão, gato e cavalo) Absorção: bem absorvido no TGI Eliminação: renal e fecal Toxicidade: grande margem de segurança Espectro de ação: Cão e gato: Toxocara sp, Toxascaris sp, Ancylostoma sp, Uncinaria sp Equinos: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos” É usado como aditivo alimentar ou em dose única Ruminantes: Nemátodes GI (apenas formas adultas) Ex.: Rumantel ® Organofosfatos Mecanismo de Ação: bloqueiam a despolarização neuromuscular Diclorvos e Triclorfon Absorção: bem absorvido no TGI Metabolização: são inativados a nível hepático Excreção: renal e fecal Toxicidade: Margem de segurança pequena Contraindicações: não usar em animais debilitados, com problemas do TGI, insuficiência hepática, insuficiência renal ou doenças infeciosas Lactonas macrocíclicas 2 grupos: Avermectinas e Milbemicinas São produtos naturais resultantes da fermentação da bactéria Streptomyces Mecanismo de Ação: modulam atividade dos canais de cloreto do SN inibindo a atividade elétrica das células nervosas e musculares São as moléculas que mais se aproximam do AH ideal Espectro de atividade alargado: nematodes e artrópodes (não tem atividade contra céstodes ou tremátodes) Muito eficientes em doses terapêuticas muito pequenas Margem de segurança grande Algumas têm intervalo de segurança zero Ivermectinas Administração: PO, SC e percutânea Distribuição: rápida e praticamente a todos os tecidos, onde permanece 2 a 4 semanas Metabolização: hepática (95%) Excreção: renal e fecal (+) Não deve ser usado em animais em lactação Toxicidade: Grande margem de segurança Cuidado: reações adversas na raça Collie e cruzamentos (Ex: Ivomec®, Heartgard®, Eqvalan®) Equino: Parascaris sp, Oxyuris sp, “pequenos e grandes estrongilos”, Trichostrongylus sp, Dictyocaulus sp, Onchocerca sp, Gasterophilus sp, Habronema sp. Ruminantes: Nemátodes GI e pulmunares (excepto Trichuris sp, Nematodirus sp e Muellerius sp) Cão: Dirofilaria immitis, Toxocara sp, Toxasxaris sp, Ancylostoma sp, Uncinaria sp. Usados no tratamento de sarnas Suínos: nemátodes GI e pulmonares, ectoparasitas Doramectina Em tudo semelhante à ivermectina Só tem indicação para suínos e ruminantes Espectro de ação: semelhante (Ex: Dectomax®) Milbemicina Só está indicada para uso no cão Dirofilaria immitis (prevenção), Toxocara sp, Trichuris sp, Ancylostoma sp, Demodecose juvenil (Ex. Interceptor® Eprinomectina) Apenas utilizada em bovinos carne/leite Só existe na forma pour on Espectro de ação: idêntico às moléculas anteriores Pode ser utilizada em animais em lactação (Ex. Eprinex®) Moxidectina Utilizada em ruminantes, equinos e cão Espectro de ação: idêntico às moléculas anteriores Ex: Equest® Selamectina Utilizada em cão e gato Espectro de acção: Dirofilaria immitis (prevenção), Toxocara sp, Ancylostoma sp, ectoparasitas: pulgas e sarna sarcóptica e otodécica (Ex. Stronghold®) Arsenicais Compostos usados no tratamento da Dirofilariose Tiacetasamida sódica Eficaz contra adultos de Dirofilaria immitis Administração: exclusivamente por via EV Toxicidade: Nefrotóxico e hepatotóxico Reações adversas: inflamação e dano tissular se ocorrer infiltração perivascular Melarsomina sódica Eficaz contra adultos de Dirofilaria immitis e L5 Administração: IM profunda Toxicidade: menos tóxico que a Tiacetasamida sódica (Ex. Immiticide®) Antiparasitários contra céstodes Niclosamida Mecanismo de Ação: inibição de absorção da glicose e bloqueio do ciclo de krebs Administração: P.O. Absorção: mal absorvido no TGI Cão e gato: Taenia sp, Dipylidium caninum Não é usado em ruminantes, equinos e aves (Ex: Vitaminthe®) Praziquantel Mecanismo de Ação: Inibição da absorção da glicose; Desintegra o tegumento do parasita; Aumento do fluxo de Ca para o interior do parasita; Tenicida Administração: PO, SC e IM Absorção: rápida no TGI Excreção: biliar Toxicidade: grande margem de segurança Ex. Tenil-vet®, Drontal®, Paraquistel® Benzimidazois Mebendazol: Tx do quisto hidático Albendazol: Moniezia spp. Oxfendazol: Moniezia spp. Ex: Febantel, netobimin Antiparasitários contra tremátodes Rofozamida Ação sobre Fascíola hepática, formas imaturas (6-10 sem) Oxiclosamida Ação sobre Fascíola hepática, formas imaturas (8- 10 sem) Diamfenetida Ação sobre Fascíola hepática adulta e formas imaturas (1-9 sem) 100%, formas imaturas (>12 sem) – 70% Também tratamento de Dicrocoelium dentriticum Closantel Fascíola hepática formas hepáticas adultas e imaturas (6 sem) Clorsulon Fascíola hepática formas adultas e imaturas (6 sem) Benzimidazois Albendazol – Fascíola hepática, adultos e formas imaturas >8 sem Triclabendazol – só atua em tremátodes, formas adultas e imaturas Farmacologia/2.F�rmacos do Aparelho Digestivo.pdf Fármacos do Aparelho Digestivo 1. Estimulantes do apetite; 2. Antiácidos e antiulcerosos; 3. Modificadores da motilidade gastrointestinal; 4. Digestivos e eupépticos; 5. Outros. 1. Estimulantes do apetite a) Tónicos amargos - Noz vómica; - Genciana. b) Ácido cítrico c) Vitaminas do complexo B d) Corticosteróides e esteróides anabolizantes e) Zinco f) Anti-histaminicos H1 - Ciproheptadina (cão e gato) - Buclizina g) Benzodiazepinas (supressão no centro de saciedade) - Elfazepam Bovinos e ovinos - Clordiazepóxido - Gatos - Diazepam – cão e gatos (Valium®) - Oxazepam – gato (Serenal®) 2. Antiácidos e antiulcerosos • Tubo digestivo 1. Função motora 2. Função secretora - Complexo ác. clorídrico/pepsina e muco - Histamina - Acetilcolina - Hormonas digestivas: Gastrina; Secretina; Colecistocinina. Produção de HCl: a) Histamina b) Gastrina c) Acetilcolina d) Bomba de protões Antiácidos e antiulcerosos Objetivos: • Reduzir o conteúdo em HCl; • Impedir o contacto de ácido e pepsina com a mucosa. Mecanismo: - Neutralização do HCl (ex. antiácidos); - Inibição da secreção ácida (ex. anti-histamínicos H2); - Efeito protetor da mucosa gástrica por revestimento das crateras ulcerosas (ex. sucralfato); - Aumento da defesa da mucosa (ex. prostaglandinas). 2.1- Antiácidos - Bicarbonato de sódio; - Gel de hidróxido de alumínio e carbonato de Al; - Óxido de Mg, carbonato de Mg, Trissilicato de Mg; - Sais de bismuto. As apresentações líquidas ou em pó são mais eficazes (dispersão mais rápida). 2.2- Modificadores da secreção gástrica Mecanismo: - Inibição da secreção de ácido clorídrico (HCl); - Revestimento da mucosa gástrica. a) Anticolinérgicos (antagonistas muscarínicos do tipo M1) - Piperazina - Telenzepina Retardam o esvaziamento gástrico (associação com antiácidos); Os efeitos secundários limitam o seu uso: Boca seca, distúrbios de visão, obstipação… b) Anti-histamínicos H2 - Cimetidina - Ranitidina - Fomatidina - Nizatidina Mecanismo Ação: - Bloqueiam os recetores H2 na célula parietal - Diminuição da secreção de hidrogénio Farmacocinética: - Bem absorvidos por via oral - Metabolização hepática - Excreção renal Indicações: esofagites, gastrites e ulceras gástricas. c) Inibidores das bombas de protões (H+) -Omeprazol -Lansoprazol -Pantoprazol -Rabeprazol Mecanismo de Ação: Reduz a produção de hidrogénio por inibição da ATPase da bomba de protões das células parietais. A ligação à enzima é reversível. Absorção: é bem absorvida por via oral T1/2 é de 1h, no entanto efeito 24h após dose única É o mais potente Indicações: úlceras gástricas resistentes a outros fármacos d) Prostaglandinas -Misoprostol (análogo sintético da PGE1) PGE1 e PGE2: - Inibe a secreção ácida basal - É estimulada pela gastrina e refeições estimulam a produção de muco (efeito citoprotector) e) Sucralfato PGE1 e PGE2: - Inibe a secreção ácida basal - É estimulada pela gastrina e refeições estimulam a produção de muco (efeito citoprotector) Mecanismo Ação: atua ao nível da cratera ulcerosa, liga-se às proteínas dos tecidos ulcerados produzindo uma barreira protetora (efeito tópico). Interações: - Pode diminuir a absorção da cimetidina, digoxina e tetraciclinas - Ativo em meio ácido: não devem ser administradas com anti-ácidos (separar as administrações em 30 minutos) 3. Modificadores da motilidade gastrointestinal 3.1. Modificadores da motilidade gástrica 3.1.1 - Eméticos Vómito = emese - Expulsão violenta do conteúdo gástrico; - Mecanismo muito importante para expulsar do organismo toxinas e outras substâncias irritantes para a mucosa; - Pode ser induzido farmacologicamente. Consequências: Desidratação, alterações eletrolíticas (perdas de potássio, sódio e cloro) Espécies em que não ocorre emese: - Equinos, ruminantes, cobaias, coelhos e roedores Os eméticos usam-se em: - Carnívoros, primatas, alguns pássaros e répteis - Ingestão de tóxicos Não devem ser usados em animais que estejam: - Em coma; - Em convulsões; - Estado de choque; - Com diminuição do reflexo de deglutição; - Dispneia; - Ingestão de ácidos, bases ou outras substâncias cáusticas. Origem da emese: i. Estimulação local da mucosa gástrica (subs. irritantes); ii. Distúrbios do aparelho vestibular; iii. Central (infeções virais, febre, toxémia). Eméticos: 3.1.1.1. Eméticos de ação central Apomorfina: - efeito após 2-3 mim - duração de 5-15 min - indução do vómito em cães - contra-indicada no gato Xilazina: - propriedades tranquilizantes, relaxante muscular de ação central e analgésico - indicado no cão e gato - indução da emese + sedação 3.1.1.2. Eméticos de ação periférica -Sulfato de zinco a 1% Sulfato de cobre a 1% Cloreto de sódio - Solução concentrada ligeiramente aquecida; - Administração oral; - Cão. Peróxido de hidrogénio a 3% - cães e gatos 3.1.1.3. Eméticos de ação mista Xarope de ipecacuanha Emetina 3.1.2 – Antieméticos A) Anticolinérgicos: - Escopolamina - Aminopentamida - Propantelina B) Anti-histamínicos H1: - Dimenidrinato - Difenidramina (Vomidrine®, Enjomin®) - Meclisina - Prometazina Indicados para: - o enjoo de movimento - Cães e gatos - sedação C) Antagonistas dos recetores da dopamina - Metoclopramida (Primperan®) - Domperidona (Motilium®) D) Antagonistas dos recetores da serotonina - Ondansentron: indicado para as náuseas induzidas por antineoplásicos E) Outros - Citrato de maropitant: antiemético recente em MV 3.2. Modificadores da motilidade intestinal Diarreia: caracteriza-se por alteração da eliminação de água e sódio Consequências clínicas: - Desidratação; - Hipocalémia e hipomagnesiémia; - Hipocalcémia e hipoclorémia; - Hiponatrémia. Abordagem da diarreia: - Hidratação do animal; - Identificação e combate ao agente infecioso; - Antidiarreicos: a) Depressores da motilidade; b) Adsorventes e/ou protetores; c) Resinas de troca aniónica. O uso de antidiarreicos pode prolongar a duração das diarreias infeciosas e aumentar a consequência de complicações! Adsorventes: substâncias que através das forças electroestáticas atraem outras, fixando-as sobre a sua superfície. Adstringente: substâncias que possuem a capacidade de precipitar a camada superficial proteica das células. Protetores da mucosa: substâncias insolúveis e quimicamente inertes que atuam nas porções finais do trato digestivo. 3.2.1 - Antidiarreicos A) Depressores da motilidade - Anticolinérgicos: escopolamina, propantelina… - Opiáceos: Ópio e derivados (tin. de ópio, codeína), Difenoxilato, Loperamida (Imodium®) B) Adsorventes e/ou protetores da mucosa - Pectina; - Carvão ativado: é o adsorvente mais potente; - Sais de bismuto: adsorvente mais adstringente e mais protetor; - Caulino (silicato hidratado de Al); - Compostos de Al e Mg. 3.2.2 - Laxantes e catárticos Fármacos que promovem a defecação. Laxantes: dejeções de fezes moles; Catárticos: evacuações fluidas. M.A.: - Aumento da excreção fecal de água e electrólitos - incremento da motilidade propulsora intestinal Indicações: Obstipação, tóxicos, pré-cirúrgico Laxantes: dejeções de fezes moles a) Emolientes ou lubrificantes M.A.: - Lubrificam e amolecem as fezes i) óleo mineral e vegetal; ii) docusatos b) Expansores do volume fecal M.A.: promove o amolecimento das fezes -> aumento do seu volume -> distensão das fibras musculares do intestino -> aumento do peristaltismo i) Polissacarídeos naturais ii) Derivados sintéticos da celulose iii) Celulose obtida de sementes (linhaça) iv) Casca de sementes (farelo) v) Algas vi) Resinas sintéticas c) Osmóticos e/ou salinos d) Estimulantes ou de contacto 4. Digestivos ou eupépticos • Medicamentos que favorecem os processos digestivos; • Atuam ou complementam as secreções TGI: - Enzimas digestivas - Coleréticos – estimulam a secreção de bílis; - Colagogos – contração da vesícula biliar. Enzimas digestivas: - Bromelina: é uma protease presente no ananás - Pancreatina e pancreolipase (pâncreas de suíno), amilase, tripsina e lípase 5. Outros • Hepatoprotectores - Colina; -Metionina; -Lecitina e betaína; -Vitamina B12; -Vitamina E e Se; -Glucose e frutose. • Antiflatulentos e antiespumantes - Facilitam a eructação - Alteram a tensão superficial dos líquidos digestivos i) Óleo ou essência de terebentina; ii) Gengibre em pó; iii) Anestésicos locais (clorofórmio e éter); iv) Álcool; v) Simeticone ou dimeticone; vi) Cetancerina. Farmacologia/2�frequencia.odt Fármacos do Aparelho Digestivo 1. Estimulantes do apetite; a) Tónicos amargos b) Ácido cítrico c) Vitaminas do complexo B d) Corticosteróides e esteróides anabolizantes e) Zinco f) Anti-histaminicos H1 g) Benzodiazepinas (supressão no centro de saciedade) 2. Antiácidos e antiulcerosos; 2.1- Antiácidos 2.2- Modificadores da secreção gástrica a) Anticolinérgicos b) Anti-histamínicos H2 c) Inibidores das bombas de protões (H+) d) Prostaglandinas e) Sucralfato 3. Modificadores da motilidade gastrointestinal; 3.1. Modificadores da motilidade gástrica 3.1.1 – Eméticos 3.1.1.1. Eméticos de ação central 3.1.1.2. Eméticos de ação periférica 3.1.1.3. Eméticos de ação mista 3.1.2 – Antieméticos A) Anticolinérgicos B) Anti-histamínicos H1 C) Antagonistas dos recetores da dopamina D) Antagonistas dos recetores da serotonina E) Outros 3.2. Modificadores da motilidade intestinal 3.2.1 – Antidiarreicos A) Depressores da motilidade B) Adsorventes e/ou protetores da mucosa 3.2.2 - Laxantes e catárticos 4. Digestivos e eupépticos; 5. Outros. Fármacos do aparelho cardiovascular: 1. Digitálicos I. Ubaina II. Digoxina III. Digitoxina 2. Antiarrítmicos Classe I: estabilizadores de membranas Classe II: bloqueadores β-adrenérgicos Classe III: prolongadores da repolarização Classe IV: bloqueadores dos canais de cálcio 3. Vasodilatadores 4. Diuréticos a) Furosemida b) Espirolactona c) Manitol Fármacos do aparelho respiratório: 1. Broncodilatadores - Anticolinérgicos - Agonistas β2 adrenérgicos - Metilxantinas 2. Expectorantes - Guaiacolato de glicerilo - Ipecas - Iodeto de potássio 3. Antitússicos - Narcóticos: butorfanol, codeína -Não narcóticos: Dextrometorfano 4. Outros A. Mucolíticos B. Descongestionantes nasais C. Anti-histaminicos H1 • Anestesia geral É um estado de intoxicação controlada e reversível do sistema nervoso central (SNC), caracterizado pela diminuiçãoda sensação dolorosa (analgesia), perda de memória (amnésia) e ausência de resposta motora. • Anestesia balanceada - Associação de diferentes fármacos com propriedades distintas; - Permite utilizar mais fármacos com doses inferiores, aumentando a sua segurança e diminuindo os riscos. Objetivos: - Proporcionar analgesia; - Promover imobilização do paciente; - Relaxamento muscular; - Maximizar a segurança e minimizar os riscos. Tipos de anestesia 1.Anestesia geral - Inalatória: Volátil;Gasosa - Fixa: endovenosa; intramuscular; oral, rectal, … 2.Anestesia Local - Aplicação tópica; - Infiltração e bloqueio anestésico regional; - Epidural; - Regional intravenosa. Seleção do tipo de anestesia • Equipamento disponível; •Conhecimento e experiência do anestesista; • Condições disponíveis nos cuidados pós-operatórios; • Temperamento do animal; • Espécie e raça; • Idade e estado geral do paciente; • Tipo de intervenção cirúrgica; • Duração da cirurgia. Fases da anestesia geral: 1. Pré-anestesia: precede a indução, proporciona conforto e tranquilidade ao paciente 2. Indução: - Período em que o animal perde a consciência - Uso de anestésicos injetáveis ou inalatórios - Deve ter a duração mais curta possível 3.Manutenção: o animal permanece no plano anestésico desejado 4. Recobro: fase final da anestesia em que os agentes anestésicos são eliminados do sangue e do SNC 1. Pré-anestesia A. Avaliação do paciente • Anamnese: - História clínica; - Históriade alergias ou reações a fármacos; - Tratamentos anteriores; - Sintomatologia nas últimas 24 horas; - Tipo de intervenção a executar; - Tolerância ao exercício; - outros… • Exame clínico Métodos diretos: - Inspeção - Palpação - Percussão - Auscultação Métodos indiretos: - Temperatura corporal - Hematologia - Bioquímica - Radiológico, ECG • Avaliação dos sistemas orgânicos - Sistema cardiovascular; - Sistema respiratório; - Sistema urinário; - Estado da hidratação; - Função hepática. • Avaliação do risco anestésico: Qualquer tipo de anestesia envolve risco de acidentes que podem ocasionar lesões ou mesmo morte do paciente B. Maneio pré-anestésico 1. Jejum:privação da ingestãode sólidos e líquidos • Para impedir o aparecimento de vómito os cães e gatos adultos saudáveis devem fazer: - 12 horas de jejum de sólidos - 2 horas de jejum de líquidos • Aves, pequenos roedores, cães e gatos com menos de 3 meses - jejum bastante mais curto ou inexistente • Cirurgia do TGI - 24 horas de jejum de sólidos - 8 a 12 horas de jejum de líquidos 2. Cateterização intra-venosa : Motivos pelos quais devemos aplicar um cateter endovenoso: - Ter uma via endovenosa de acesso fácil erápido em situação de urgência; -Possuir uma via aberta pela qual podemos administrar com segurança substâncias irritantes (ex. tiopental); - Realizar infusões continuas de eletrólitos ou fármacos; - Administração de fluidos durante a anestesia; -Manutenção da anestesia fixa com administração endovenosa. 3. Taxa de administração de fluídos: - Taxa rápida de rehidratação 90 ml/Kg/h – cães 5 ml/Kg/h – gatos - Ter em atenção os sinais de sobrehidratação • Descarga nasal e ocular •Aumento dos sons pulmonares • Aumento do ritmo respiratório • Dispneia 4. Preparação do local da cirurgia Tricotomia (tosquia) • Corte no sentido do crescimento do pelo; • Ter a certeza que removemos uma área suficiente de pêlo (no mínimo 7cm a todaa volta); • Áreas com infeção evidente devem ser tosquiadas posteriormente. Lavagem da pele • Remoção da gordura cutânea, com éter ou álcool; • Lavagem com desinfetantes no mínimo 3 vezes; • Lavar sempre do local da incisão para a periferia. Vantagens da administração de pré-anestésicos - Acalmar ou sedar os animais excitados ou perigosos - Permite manipular os animais de forma mais fácil e tranquila - Promovem uma indução e recuperação anestésicas mais suaves - Reduzir ou eliminar osefeitos dos anestésicos gerais (vómito, diarreia, salivação, bradicardia, arritmias, etc.) - Reduzir a dose de anestésico geral - Diminuir a dor e o desconforto no pós-operatório - Facilitar a imobilização dos animais submetidos a analgesia local ou regional A escolha dos agentes pré-anestésicos depende: 1. Da natureza da intervenção 2. Preferência do anestesista 3. Espécie, estado geral e temperamento do animal Classificação dos agentes pré-anestésicos: Anticolinérgicos Tranquilizantes, sedativos e hipnóticos Analgésicos Neuroleptanalgésicos AINEs Analgésicos, antipiréticos, anti.inflamatórios não esteróides Usados como agentes pré-anestésicos pelo seu efeito analgésico Osfármacos mais recentes tem potências semelhantes às dos opiáceos e menos efeitos secundários Utilizados na dor aguda e na dor crónica Efeito analgésico a nível medular e supramedular Mecanismo da inflamação • A dor é originada pela inflamação dostecidos • Há libertação de substâncias que produzem dor • Excitam as terminações periféricas das fibras aferentes mioceptivas • A rutura da membrana liberta fosfolípidos que vão ser transformados em ácido araquidónico (fosfolipases) • O ácido araquidónico é biodegradado pelas cicloxigenases e pelas lipoxigenases • Contra-indicações: – Insuficiência hepática e renal – Desidratação – Corticosteroides – Úlcera gástrica – Melena – Distúrbios gastrointestinais • Os mais utilizados: – Firocoxib – Meloxicam – Carprofeno – Ácido Tolfenâmico – Flumixina meglumina – Dipirona Indução • Anestésicos injectáveis Vantagens: - Pouco equipamento - Acesso “directo” ao SNC - Grande variedade de técnicas e anestésicos Desvantagens: - Recobrodepende de factores incontroláveis - Variação individual na resposta ao fármaco - Tem efeito cumulativo Indução por administração intravenosa: • Um dos métodos mais utilizados • Aplicação prévia de cateter intravenoso • A dose calculada pode ser administrada de 2 formas: – Em bolus (2/3 rápido e 1/3 lentamente) – Dose efeito (administrado lentamente até se obter o efeito desejado) • Após a indução é colocado o tubo endotraqueal Indução por administração intramuscular: • Alguns agentes podem ser administrados por via IM • Não serve para administrar agentes irritantes • Útil em animais em que é difícil o uso da via EV Indução por via oral • Pouco utilizada • Pode ser utilizada para a ketamina • Dose e efeito poucoprevisíveis • Administrado por seringa ou misturado na água Indução com agentes inalatórios • Realizada por administração de anestésicos gasosos ou voláteis • São absorvidos e eliminados por via pulmonar • Administrados por máscaras ou câmaras de indução • Após indução é colocado o tubo endotraqueal Anestésicos injetáveis Barbitúricos Derivados fenólicos Imidazólicos Dissociativo Farmacologia/3.F�rmacos do aparelho respirat�rio.pdf Fármacos do aparelho respiratório 1. Broncodilatadores - Anticolinérgicos: - Atropina - Brometo de ipatrópio – Glicopirrolato A acetilcolina provoca broncoconstrição e aumento da produção de muco! M.A.: Bloqueio dos recetores nas fibras do musculo liso. Efeitos secundários da atropina: boca seca, taquicardia, retenção urinária, aumento da pressão intra-ocular, espessamento das secreções brônquicas. Brometo de ipratrópio: tem menos efeitos secundários que a atropina Glicopirrolato: usado em animais de companhia - Agonistas β2 adrenérgicos: - Epinefrina - Isoprenalina - Terbutalina - Salbutamol - Albuterol – Clembuterol M.A.: - Inibição das fibras do músculo lisa pela ligação aos recetores β2 adrenérgicos - Estabilização dos mastócitos - Metilxantinas: - Cafeína - Teobromina - Teofilina – Aminofilina M.A.: Inibição enzimática (fosfodiesterases) no músculo liso Interações: Fenobarbital, cimetidina, eritromicina, clindamicina e lincominica 2. Expectorantes - Guaiacolato de glicerilo - Ipecas - Iodeto de potássio • Aumentam a produção • Diminuem a viscosidade => Ajuda a expulsar as secreções • Só atuam quando a causa da tosse é a acumulação de secreções espessas (tosse produtiva) Expectorantes de ação reflexa Irritação da mucosa gástrica -> Aumento da secreção brônquica I. Ipecas II. Iodeto de potássio III. Guaiacolato de glicerilo - Administração: PO, inalatória e parentérica - Usado em associações - Utilizado como anestésico geral em cavalos Expectorantes de acção directa – Óleos voláteis e bálsamos: essência de pinheiro, eucalipto 3. Antitússicos Inibem ou suprimem a tosse - Narcóticos: butorfanol, codeína - ópio e derivados da morfina i. Codeína – com menos efeitos secundários ii. Diidrocodeína – usado no tratamento da tosse não produtiva em cães iii. Butorfanol – 100x mais potente que a codeína - utilizado em cães e gatos - não provoca dependência - Usado como pré anestésico e analgésico - Sedação - Não narcóticos: Dextrometorfano Efeitos secundários: - Depressão respiratória - Sem propriedades analgésicas 4. Outros A. Mucolíticos: diminuem a viscosidade das secreções i. Acetilcisteína ii. Bromexina iii. Ambroxol B. Descongestionantes nasais - agonistas α-adrenégicos - pouco usados em M.V. (exceto doença respiratória felina) C. Anti-histaminicos H1 Histamina liga-se aos recetores H1 do musculo liso -> Broncoconstrição Farmacologia/4.F�rmacos do aparelho cardiovascular.pdf Fármacos do aparelho cardiovascular 1. Digitálicos – Aumento da força de contração ventricular; – Diminuição da frequência cardíaca; – Efeito antiarrítmico; – Diminuição dos sinais de dispneia; – Margem terapêutica estreita; – Efeitos devido a níveis plasmáticos elevados • Anorexia; • Vómito; • Diarreia; • Arritmia; – Necessário monitorização periódica; – Intoxicação digitálica (suspensão do fármaco); – Inibidores da bomba de sódio- potássio (Na+/K+ ATPase). Exemplos: I. Ubaina • Baixa lipossolubilidade; • Não é absorvido PO; • T1/2 plasmática de 21h; • Metabolização nula; • Excreção renal. II. Digoxina • Lipossolubilidade média; • 75% absorvido PO; • T1/2 plasmática de 40h; • Metabolização <20%; • 75% excreção renal. III. Digitoxina • Lipossolubilidade alta; • 90% absorvido PO; • T1/2 plasmática de 168h; • Metabolização >80%; • Excreção biliar. 2. Antiarrítmicos Classe I: estabilizadores de membranas • Quinina – usada em arritmias ventriculares e fibrilhação auricular • Procainamina – usada na contração ventricular prematura • Lidocaína – usada na contração ventricular prematura Classe II: bloqueadores β-adrenérgicos • Propanolol • Acebutolol => usados em cardiopatia hipertrófica e arritmias auriculares e ventriculares. – Provocam diminuição da velocidade de despolarização das células marcadoras de passo; – Evitam a estimulação de focos ectópicos; – Reduzem a tendência para isquémia. Classe III: prolongadores da repolarização • Amiodarona • Bretílio => Usados em arritmias ventriculares Classe IV: bloqueadores dos canais de cálcio • Verapamil • Nidefina • Diltriazem => Usados em fibrilhações auriculares 3. Vasodilatadores – Mecanismo de ação: 1. Ação direta no músculo liso dos vasos; 2. Bloqueio da estimulação simpática; 3. Inibidores da enzima da conversão da angiotensina. – Exemplos: • Hidriazina (ação direta no músculo liso dos vasos arteriolares) • Nitroglicerina (venodilatador • Redução da pré-carga; • Aumento do débito cardíaco; • Diminuição do edema pulmonar) • Prozosina (• Reduz a pressão sanguínea e a vasoconstrição periférica por bloqueio dos recetores α2-adrenérgicos; • Atua nas artérias e ventrículos (arterial e venoso).) 4. Diuréticos – Reduzem a pré-carga através da diurese: • Diminuição da retenção de sódio; • Diminui a sobrecarga de volume e de pressão; • Diminui o edema tecidular (ascite e edema pulmonar). – Diminuição da congestão venosa; – Diminuição da acumulação de fluídos Exemplos: – Furosemida • Diurético de ansa; • Inibe a reabsorção ativa de Na+; • Diurético de maior potência; • Pode provocar desequilíbrios eletrolíticos e ototoxicidade (gatos). – Espirolactona • Poupador de K+; • Antagonista da aldosterona; • Usado em: - Hipocalémia; - Edema refratário à furosemida; - ICC. – Manitol • Diurético osmótico; • Diminui a reabsorção de fluídos; • Usado em emergências (IV); • Usado em: - Edemas cerebrais; - Glaucoma agudo. • Provoca insuficiência cardíaca. Farmacologia/5.Anestesia.pdf • Anestesia geral É um estado de intoxicação controlada e reversível do sistema nervoso central (SNC), caracterizado pela diminuição da sensação dolorosa (analgesia), perda de memória (amnésia) e ausência de resposta motora. • Anestesia balanceada - Associação de diferentes fármacos com propriedades distintas; - Permite utilizar mais fármacos com doses inferiores, aumentando a sua segurança e diminuindo os riscos. Objetivos: - Proporcionar analgesia; - Promover imobilização do paciente; - Relaxamento muscular; - Maximizar a segurança e minimizar os riscos. Tipos de anestesia 1.Anestesia geral - Inalatória: - Volátil - Gasosa - Fixa: - endovenosa - intramuscular - outras: oral, rectal, … 2.Anestesia Local - Aplicação tópica; - Infiltração e bloqueio anestésico regional; - Epidural; - Regional intravenosa. Seleção do tipo de anestesia • Equipamento disponível; • Conhecimento e experiência do anestesista; • Condições disponíveis nos cuidados pós-operatórios; • Temperamento do animal; • Espécie e raça; • Idade e estado geral do paciente; • Tipo de intervenção cirúrgica; • Duração da cirurgia. Anestesia Geral Fases da anestesia geral: 1. Pré-anestesia: precede a indução, proporciona conforto e tranquilidade ao paciente 2. Indução: - Período em que o animal perde a consciência - Uso de anestésicos injetáveis ou inalatórios - Deve ter a duração mais curta possível 3. Manutenção: o animal permanece no plano anestésico desejado 4. Recobro: fase final da anestesia em que os agentes anestésicos são eliminados do sangue e do SNC 1. Pré-anestesia A. Avaliação do paciente • Anamnese: - História clínica; - História de alergias ou reações a fármacos; - Tratamentos anteriores; - Sintomatologia nas últimas 24 horas; - Tipo de intervenção a executar; - Tolerância ao exercício; - outros… • Exame clínico - Métodos diretos: - Inspeção - Palpação - Percussão - Auscultação - Métodos indiretos: - Temperatura corporal - Hematologia - Bioquímica - Radiológico, ECG • Avaliação dos sistemas orgânicos - Sistema cardiovascular; - Sistema respiratório; - Sistema urinário; - Estado da hidratação; - Função hepática. Avaliação do risco anestésico: Qualquer tipo de anestesia envolve risco de acidentes que podem ocasionar lesões ou mesmo morte do paciente. A American Society of Anesthesiologists (ASA) estabeleceu uma tabela de classificação de risco anestésico que é composta por 5 classes. Categoria Condição física Exemplos Classe I Risco mínimo Animal saudável, sem patologia subclínica Castração, Rx de displasia Classe II Baixo Risco Alterações sistémicas leves e com capacidade de compensação Neonatos, geriátricos, obesos, massa cutânea… Classe III Risco Moderado Animais com alterações sistémicas e sinais clínicos moderados Anemia, desidratação moderada, febre, sopro cardíaco e patologias cardíacas ligeiras…. Classe IV Alto Risco Patologia sistémica pré-existente de natureza grave Desidratação grave, choque, uremia, toxemia, IC descompensada, diabetes…. Classe V Risco Grave Animais críticos Choque profundo, trauma grave, doença prolongada, êmbolos pulmonares…. B. Maneio pré-anestésico 1. Jejum: privação da ingestão de sólidos e líquidos • Para impedir o aparecimento de vómito os cães e gatos adultos saudáveis devem fazer: - 12 horas de jejum de sólidos - 2 horas de jejum de líquidos • Aves, pequenos roedores, cães e gatos com menos de 3 meses - jejum bastante mais curto ou inexistente • Cirurgia do TGI - 24 horas de jejum de sólidos - 8 a 12 horas de jejum de líquidos 2. Cateterização intra-venosa Motivos pelos quais devemos aplicar um cateter endovenoso - Ter uma via endovenosa de acesso fácil e rápido em situação de urgência; -Possuir uma via aberta pela qual podemos administrar com segurança substâncias irritantes (ex. tiopental); - Realizar infusões continuas de eletrólitos ou fármacos; - Administração de fluidos durante a anestesia; - Manutenção da anestesia fixa com administração endovenosa. 3. Taxa de administração de fluídos - Taxa rápida de rehidratação 90 ml/Kg/h – cães 5 ml/Kg/h – gatos - Ter em atenção os sinais de sobrehidratação • Descarga nasal e ocular • Aumento dos sons pulmonares • Aumento do ritmo respiratório • Dispneia Tipos de fluidos i) Cristalóides: - soluções eletrolíticas balanceadas - Soluções salinas: NaCl 0,9%, Lactato de ringer - Soluções com dextrose a 2,5 ou 5% ii) Colóides: - naturais: plasma, sangue - sintéticos: dextran, hetastrarch e pentastarch 4. Preparação do local da cirurgia - Tricotomia (tosquia) • Corte no sentido do crescimento do pelo; • Ter a certeza que removemos uma área suficiente de pêlo (no mínimo 7cm a toda a volta); • Áreas com infeção evidente devem ser tosquiadas posteriormente. - Lavagem da pele • Remoção da gordura cutânea, com éter ou álcool; • Lavagem com desinfetantes no mínimo 3 vezes; • Lavar sempre do local da incisão para a periferia. Vantagens da administração de pré-anestésicos - Acalmar ou sedar os animais excitados ou perigosos - Permite manipular os animais de forma mais fácil e tranquila - Promovem uma indução e recuperação anestésicas mais suaves - Reduzir ou eliminar os efeitos dos anestésicos gerais (vómito, diarreia, salivação, bradicardia, arritmias, etc.) - Reduzir a dose de anestésico geral - Diminuir a dor e o desconforto no pós-operatório - Facilitar a imobilização dos animais submetidos a analgesia local ou regional A escolha dos agentes pré-anestésicos depende: 1. Da natureza da intervenção 2. Preferência do anestesista 3. Espécie, estado geral e temperamento do animal Classificação dos agentes pré-anestésicos: - Anticolinérgicos - Tranquilizantes, sedativos e hipnóticos - Analgésicos - Neuroleptanalgésicos Farmacologia/6.Condi��es gerais- anestesiologia.pdf Condições gerais • Anestesia Geral É um estado de intoxicação controlada e reversível do sistema nervoso central (SNC), caracterizado pela diminuição da sensação dolorosa (analgesia), perda de memória (amnésia) e ausência de resposta motora. Pré-anestesia A escolha dos agentes pré-anestésicos depende: - Da natureza da intervenção - Preferência do anestesista - Espécie, estado geral e temperamento do animal Classificação dos agentes pré-anestésicos: 1. Anticolinérgicos 2. Tranquilizantes, sedativos e hipnóticos 3. Analgésicos 4. Neuroleptanalgésicos 1. Anticolinérgicos • Competem com a acetilcolina para os seus receptores • Contrariam a acção da acetilcolina Acção da acetilcolina: - Ocular: aumento da produção de lágrimas, miose - Digestivo: aumento da secreção salivar e gástrica - Pulmonares: broncoconstrição - Cardíaco: bradicardia Os anticolinérgicos são usados para: - Reduzir secreções das glândulas salivares - Reduzir as secreções das glândulas mucosas do tracto respiratório - Reduzir a motilidade gástrica e intestinal - Bloquear o nervo vago e contrariar o aparecimento da bradicardia sinusal 1.1. Sulfato de atropina (alcaloide da Belladona) - Mecanismo de acção: Bloqueia dos recetores muscarínicos da acetilcolina - Vias de administração: SC, IM e EV (emergência). Quando EV cuidado!! Pode causar bradicardia inicial - Duração de ação: 1 a 1,5h - Metabolização: - cães, a maioria é eliminada intacta - gatos, a maior parte sofre metabolização - Excreção: renal Indicações e contra-indicações - A inclusão da atropina por rotina tem vindo a diminuir; - Indicada para diminuir as secreções salivares, respiratórias e prevenir bradicardia sinusal; - Recomendada quando se utilizam drogas com potente efeito vagotónico; - Contra-indicada em pacientes com taquicardia 1.2. Glicopirrolato Composto quaternário de amónio sintético M.A.- Semelhante à atropina mas de efeito mais prolongado Via de administração: SC, IM ou EV Duração de ação: 2 a 3h; efeito antissiálogogo 6 a 8 horas Menor risco de desenvolver taquicardia 2. Tranquilizantes, sedativos e hipnóticos A) Derivados das Fenotiazinas – Acepromazina – Clorpromazina – Prometazina A acção das Fenotiazinas são semelhantes variando na potência e na duração de acção A acepromazina é a mais utilizada em Medicina Veterinária Via de administração: Oral, SC, IM e EV a) Acepromazina Tem efeito sobre: SNC: - Depressão - Não produz analgesia - Efeito anti-emético - Deprime o centro termorregulador - Diminui o limiar para as convulsões Cardiovascular: - Conduz a hipotensão - Vasodilatadora - Efeito anti-arritmico - Ionotropico negativo Respiratório: nas doses terapêuticas possuem efeitos mínimos Outros: - Relaxamento muscular leve - Atraso no esvaziamento gástrico - Colapso cardiovascular nos braquiocefálicos (Boxer) - Protusão do pénis (perigoso nos cavalos) - Leve efeito antihistaminico Vantagens: 1. Permite diminuir a dose dos anestésicos 2. Sedam e acalmam os animais antes da anestesia 3. Efeitos respiratórios mínimos 4. Podem prevenir o aparecimento de arritmias 5. Ação antieméticos e anti-histaminicos 6. Pouco dispendiosos Desvantagens: 1. Os seus efeitos são irreversiveis, i. é., não existe antagonista para as fenotiazinas 2. Causam hipotensão 3. Hipotermia 4. Não tem efeito analgésico 5. Potenciam o aparecimento de convulsões B) Derivados das Fenotiazinas: – Acepromazina – Clorpromazina: • Ação semelhante com menos contra-indicações • 10x menos potente • Pode conduzir a excitação nos equinos • Utilizados principalmente pelo efeito antiemético – Prometazina: • Semelhante à clorpromazina • Efeito anti-histamínico potente C) Derivados das Benzodiazepinas (São considerados tranquilizantes menores) – Diazepam Via de administração • Oral, rectal, IV ou IM (dolorosa) • Não é solúvel em água; dissolvido em propilenoglicol o que torna a absorção imprevisível ou errática • A administração IV deve ser lenta para evitar hipotensão, bradicardias e apneia Metabolização: hepática dando origem a metabolitos activos Excreção: renal Vantagens: • Efeito cardio-respiratório mínimo • Útil nas convulsões e epilépticos • Pré-anestesia em geriátricos e animais debilitados • Tem antagonista (Flumazenil) Desvantagens: • Pode ter efeitos contrários aos pretendidos • Nos animais saudáveis o seu efeito é ligeiro • Resposta individual variáve – Midazolam – Zolazepam (– Surge associado à Tiletamina no Zoletil®) C.1) Derivados das Butirofenonas – Tranquilizantes maiores (neurolépticos) - Droperidol – Aparece associado ao Fentanil para formar o Innorvarvet® – Diminui a pressão arterial, resistência vascular periférica e ritmo cardíaco – Depressão respiratória – Duração de acção de aproximadamente 2 horas – Metabolização hepática - Azaperone – Efeitos semelhantes ao Droperidol – Usado nos suínos – Cuidado com a utilização noutras espécies D) Alfa-2-agonistas a) Clonidina b) Xilazina c) Detomidina d) Medetomidina e) Outros Xilazina Efeitos: a) Sedativos b) Analgésicos c) Relaxantes musculares Vias de administração I. IV início de ação 3 a 5 min II. IM início de acção 10 a 15 min Duração de acção: a) Efeito sedativo 1 a 2 horas, por vezes 6 a 10h b) Efeito analgésico 15 a 30 min Efeito I. Cardiovascular- aumento de pressão arterial seguido de hipotensão II. Respiratório – geralmente diminui o ritmo respiratório; suprime o reflexo da tosse III. Outros – vómito, diminuição do centro termorregulador, hiperglicemia e hipoinsulinémia Indicações • Pré-anestesia • Como agente único em pequenos procedimentos • Associado a opiáceos para produzir analgesia e sedação profunda Precauções e contra-indicações • Não associar a outros tranquilizantes • Muita atenção em raças de peito profundo • Não usar em patologias cardíacas, respiratórias, hepáticas ou renais • Provoca parto prematuro e aborto em bovinos • Pode ser absorvida por feridas de pele ou pelas mucosas Medetomidina – Lipofílico – 10 vezes mais potente que a Xilazina – Via de administração – IM, SC, EV – Efeitos • Cardio-pulmonares semelhantes à xilazina, podendo ser mais pronunciados • Depressão respiratória significativa • Administração preventiva de atropina pode impedir bradicardia Detomidina – Mais usada no cavalo – Usado apenas em grandes animais – Propriedades idênticas à xilazina mas o efeito analgésico é maior – Administração IV ou IM, actua em 3 a 5 min e dura 1 hora (efeito máximo aos 15 min) Detomidina (sedação nos cavalos) – Indiferença – Abaixamento da cabeça – Relaxamento do pénis e das pálpebras – Queda do lábio inferior – Ataxia – Por vezes sudação Outros: – Atipamizol – o mais específico – Yohimbina – menos específicos que o Atipamizol – Tolazolina – é o antagonista menos específico – Idazoxam – usado na investigação científica 3. Analgésicos a) Analgésicos narcóticos - Morfina - natural - Meperidina - Oximorfina - Fentanil Sintéticos - Remifentanil - Butorfanol - Buprenorfina Morfina • Protótipo dos agonistas opióides • Produz analgesia com algum grau de sedação • Uso limitado ao cão • Depressão respiratória • Bradicardia sinusal • Libertação de ADH (vasopressina/Hormona antidiurética) com diminuição da perfusão renal • Vómito • Metabolização hepática Meperidina ou petidina • Menor efeito cardiovascular e respiratório que morfina • Administração EV liberta histamina • Duração de ação de 1 a 3 horas IM • Sedação leve Fentanil – agonista • Agonista sintético com potência 100 a 150 vezes superior à morfina • Não recomendado o uso em gato • Duração de ação curta (30 min cão) • Efeitos cardiovasculares mínimos • Hiperventilação, depressão respiratória e apneia • Provoca defecação e raramente vómito Remifentanil – agonista • Duração de acção muito rápida • Pode ser usado em infusão continua Oximorfina – agonista • 10 vezes mais potente que a morfina • Pode ser usado no cão e no gato • Maior sedação que a morfina • Menor depressão respiratória que a morfina • Duração de ação 1 a 3 horas Butorfanol – agonista- antagonista sintético • 3 a 5 vezes mais potente que a morfina • Depressão respiratória semelhante à morfina • Administração EV, IM e SC • Duração de ação de 1 a 4 horas • Bem absorvido por via oral Buprenorfina – agonista-antagonista parcial • 30 vezes mais potente que a morfina • Demora cerca de 20 a 30 min a atingir o efeito máximo após administração IM e EV • Duração de ação de 6 a 8 horas EV ou IM Analgésicos narcóticos (Antagonistas) Agonista-Antagonista – Nalorfina • Maior efeito antagonista que agonista • Específico para Narcóticos • Podem causar leve depressão respiratória • Duração de acção – 1,5 a 3 h (EV, IM e SC) Antagonista puro – Naloxone • Não causa depressão do SNC nem respiratório • 13 x mais potente que a nalorfina • Duração de ação – 15 a 45 min (EV, IM e SC) AINEs Analgésicos, antipiréticos, anti.inflamatórios não esteróides Usados como agentes pré-anestésicos pelo seu efeito analgésico Os fármacos mais recentes tem potências semelhantes às dos opiáceos e menos efeitos secundários Utilizados na dor aguda e na dor crónica Efeito analgésico a nível medular e supramedular Mecanismo da inflamação • A dor é originada pela inflamação dos tecidos • Há libertação de substâncias que produzem dor • Excitam as terminações periféricas das fibras aferentes mioceptivas • A rutura da membrana liberta fosfolípidos que vão ser transformados em ácido araquidónico (fosfolipases) • O ácido araquidónico é biodegradado pelas cicloxigenases e pelas lipoxigenases Cascata da inflamação Mecanismos de inflamação: • Tromboxanos: - Tbx A2 - Hipotensão - Hipovolémia - Agregação plaquetária • Prostaciclinas: -PGl2 - Hipotensão - Hipovolémia • Prostaglandinas: - PGE2, PGE2α, D2 - Efeitos homeostáticos - Efeitos inflamatórios • Leucotrienos: - Broncoconstrição - Vasoconstrição - Perpetuação da reação inflamatória •Quimiotaxia: - Aumento da permeabilidade vascular - Infiltração leucocitária - Radicais livres Mecanismo de Ação: • Inibição das cicloxigenases • O AAS (Ác. Acetilsalicílico) é a única substância que inibe esta via de forma irreversível, as restantes substâncias tem uma inibição competitiva • Existem 2 isómeros da cicloxigenase (COX) - Cicloxigenase 1 (Cox1) - Cicloxigenase 2 (Cox2) AINEs Ação: – Cicloxigenase 1 (Cox1) • Prostaglandinas fisiológicas • Produção de muco protector gástrico • Regulação do fluxo renal • Manutenção da taxa de filtração glomerular - Cicloxigenase 2 (Cox2) • Prostaglandinas patológicas • Inflamação • Dor • Febre Objetivo: – Utilizar ou selecionar os AINEs com maior seletividade Cox2 para prevenir os efeitos secundários – A seletividade é expressa pela relação Cox1:Cox2 • Contra-indicações – Insuficiência hepática e renal – Desidratação – Corticosteroides – Úlcera gástrica – Melena – Distúrbios gastrointestinais • Os mais utilizados – Firocoxib – Meloxicam – Carprofeno – Ácido Tolfenâmico – Flumixina meglumina – Dipirona • FIROCOXIB – Administração per os – O mais seletivo Cox2 – Sem evidência de toxicidade renal ou hepática – Seguro a nível gastrointestinal – Uso recomendado na terapêutica de dor crónica – Interferência muito reduzida com a coagulação • MELOXICAM – Administrado por via oral e parenteral – Selectividade Cox2 elevada – Sem toxicidade hepática e renal – Com actividade mínima para os tromboxanos – Eficaz no tratamento da dor aguda e crónica • Procedimentos cirúrgicos • Ortopédicos • Inflamação • CARPROFENO – Administrado por via oral e parenteral – Não altera a coagulação nem a funcionalidade renal – Útil na dor ortopédica e articular – Duração de acção de 12 a 18 horas • ÁCIDO TOLFENÂMICO – Administrado por via oral e parenteral – Pouca toxicidade hepática e renal – Pode produzir: • Anorexia • Vómito • diarreia • CETOPROFENO – Administrado por via oral e parenteral (max. 5 dias) – Actividade Cox1 e Cox2 – Pode alterar a coagulação – Possui alguma actividade lipoxigenase – Pode causar: • Hemorragias • Ulceração gástrica • Insuficiência renal • FLUMIXINA MEGLUMINA – Administrado por via oral e parenteral – Usado no tratamento da dor pós operatória – Efeito anti-endotóxico – Útil na cirurgia oftálmica – Pode causar: • Aumento da ALT (alanina aminotransferase) • Ulceração gástrica • Nefrotoxicidade • DIPIRONA – Administrado por via IV – O seu efeito não é suficiente para o tratamento da dor pós operatória – A sua potência aumenta quando associado aos opiáceos – Usado com alguma segurança em animais normotensos e normovolémicos 4. Neuroleptoanalgesia • Tranquilizante (neuroléptico) + Analgésico (narcótico) • A combinação potencia os efeitos depressores do SNC • A profundidade da depressão depende do estado geral do paciente • Origina um estado de sedação profunda sem perda de consciência Efeitos – Provocam poucas alterações cardiovasculares – Efeitos colaterais mínimos – Podem ser minimizados com a atropina – Podem levar a depressão respiratória Vantagens - Analgesia pré e pós-operatória - Redução da quantidade de anestésico geral - Permite a realização de intervenções cirúrgicas menores - Fraca depressão cardiovascular - Possibilidade de reversão por antagonistas Desvantagens – Hipersensibilidade auditiva – Defecação e diarreia transitória – Convulsões clónicas – Bradicardia – Pedalagem – Alterações do comportamento – Pode ocorrer forte depressão respiratória Associações: – Fentanil+droperidol (innovar-vet®) – Metotrimeprazina + etorfina (immobilon®) – Acepromazina + petidina/meperidina + fentanil + morfina + metadona + buprenorfina + butorfano – Diazepam + petidina + fentanil + morfina + metadona + buprenorfina + butorfano – Medetomidina + petidina/meperidina + fentanil + morfina + metadona + buprenorfina + butorfanol Suínos: azaperona + meperidina clorpromazina + meperidina droperidol + fentanil Ruminantes: –Fentanil + droperidol –Meperidina + diazepam –Butorfanol + xilazina Anestesia geral Fases da anestesia geral: • Pré-anestesia: - precede a indução - conforto e tranquilidade ao paciente • Indução: - Período em que o animal perde a consciência - Uso de anestésicos injetáveis ou inalatórios - Deve ter a duração mais curta possível • Manutenção: - o animal permanece no plano anestésico desejado • Recobro: fase final da anestesia em que os agentes anestésicos são eliminados do sangue e do SNC Indução • Anestésicos injectáveis Vantagens: - Pouco equipamento - Acesso “directo” ao SNC - Grande variedade de técnicas e anestésicos Desvantagens: - Recobro depende de factores incontroláveis - Variação individual na resposta ao fármaco - Tem efeito cumulativo Indução por administração intravenosa: • Um dos métodos mais utilizados • Aplicação prévia de cateter intravenoso • A dose calculada pode ser administrada de 2 formas: – Em bolus (2/3 rápido e 1/3 lentamente) – Dose efeito (administrado lentamente até se obter o efeito desejado) • Após a indução é colocado o tubo endotraqueal Indução por administração intramuscular: • Alguns agentes podem ser administrados por via IM • Não serve para administrar agentes irritantes • Útil em animais em que é difícil o uso da via EV Indução por via oral • Pouco utilizada • Pode ser utilizada para a ketamina • Dose e efeito pouco previsíveis • Administrado por seringa ou misturado na água Indução com agentes inalatórios • Realizada por administração de anestésicos gasosos ou voláteis • São absorvidos e eliminados por via pulmonar • Administrados por máscaras ou câmaras de indução • Após indução é colocado o tubo endotraqueal Selecção da via e forma de administração depende: • Do animal • Do anestésico seleccionado – Tiopental em bolus – Ketamina e propofol administrado lentamente • Da patologia em causa – Em animais dispneicos não induzir com máscara • Da preferência do Anestesista Anestésicos injetáveis 1. Barbitúricos 2. Derivados fenólicos 3. Imidazólicos 4. Dissociativos 1. Barbitúricos Classificação (duração): • Longa 8-12h (fenobarbital) • Intermédia 2-6h • Curta 45-90 min (pentobarbital) • Ultracurta 5-15 min (tiopental) Fenobarbital – Útil no controlo de quadros convulsivos Tiopental – Administração exclusivamente EV – Penetra rapidamente no SNC – Tempo de indução 15-30 seg – Duração de acção 10-15 min – Contra-indicado: neonatos, animais caquéticos, insuficiência hepática, hipovolémia Uso clínico: – Indução anestésica – Fraca analgesia – Excitação em doses baixas – Recobro prolongado com administrações múltiplas Efeitos cardiovasculares: – Arritmogénico – Depressão moderada e transitória da pressão sanguínea – Diminui a contractilidade cardíaca Efeitos respiratórios: • Depressão respiratória • Apneia transitória 2. Derivados fenólicos Propofol: – Anestésico EV – Pode ser administrado em bolos ou em infusão contínua Vantagens: – Pico de ação rápida, ação curta, recobro rápido e suave – Não cumulativo – Útil para indução e/ou manutenção – Seguro nas cesarianas e neonatos – Recuperações calmas Desvantagens (Propofol) – Relativamente caro – Hipotensão moderada – Possibilidade de bradiarritmias – Depressão respiratória – Fraca analgesia – Existem veículos que permitem o crescimento bacteriano, utilizar imediatamente após abertura do recipiente 3. Imidazólicos Etomidato – Moderadamente caro – Administração dolorosa – Efeitos cardiovasculares mínimos – Pico de efeito rápido – Recobro rápido – Grande margem de segurança – No período de indução/recuperação – excitação, mioclonus, vómito e apneia 4. Dissociativos • Ketamina ou cetamina • Tiletamina Acção anestésica dos dissociativos – Produzem amnésia, catalépsia e analgesia superficial; – Dissociação do córtex com os centros nervosos baixos; – Efeitos de depressão e excitação – Pode provocar convulsões Efeitos cardiovasculares: – Aumento da frequência cardíaca – Aumento da pressão sanguínea – Aumento da contractiblidade cardíaca Efeitos respiratórios: – Modestos – Apneia com outras drogas – Tiletamina pode causar apneia inicial per si Farmacologia/anestesiologia.docx AULA 12 AULA 13 Anestesia: Considerações gerais Fases da anestesia geral: 1.Pré-anestesia: precede a indução, proporciona conforto e tranquilidade ao paciente 2.Indução: - Período em que o animal perde a consciência - Uso de anestésicos injectáveis ou inalatórios - Deve ter a duração mais curta possível 3.Manutenção: o animal permanece no plano anestésico desejado 4.Recobro: fase final da anestesia em que os agentes anestésicos são eliminados do sangue e do SNC 1. Pré-anestesia A.Avaliação do paciente •Avaliação dos sistemas orgânicos - Sistema cardiovascular - Sistema respiratório - Sistema urinário - Estado da hidratação - Função hepática B. Maneio pré-anestésico 1. Jejum: privação da ingestão de sólidos e líquidos •Para impedir o aparecimento de vómito os cães e gatos adultos saudáveis devem fazer: - 12 horas de jejum de sólidos - 2 horas de jejum de líquidos •Aves, pequenos roedores, cães e gatos com menos de 3 meses - jejum bastante mais curto ou inexistente •Cirurgia do TGI -24 horas de jejum de sólidos - 8 a 12 horas de jejum de líquidos 2. Cateterização intra-venosa Motivos pelos quais devemos aplicar um cateter endovenoso - Ter uma via endovenosa de acesso fácil e rápido em situação de urgência -Possuir uma via aberta pela qual podemos administrar com segurança substâncias irritantes (ex. tiopental) - Realizar infusões continuas de eletrólitos ou fármacos - Administração de fluidos durante a anestesia - Manutenção da anestesia fixa com administração endovenosa 3. Taxa de administração de fluídos - Taxa rápida de rehidratação 90 ml/Kg/h – cães 5 ml/Kg/h – gatos - Ter em atenção os sinais de sobrehidratação •Descarga nasal e ocular •Aumento dos sons pulmonares •Aumento do ritmo respiratório •Dispneia Tipos de fluidos i)Cristalóides: - soluções eletrolíticas balanceadas - Soluções salinas: NaCl 0,9%, Lactato de ringer - Soluções com dextrose a 2,5 ou 5% ii) Colóides: - naturais: plasma, sangue - sintéticos: dextran, hetastrarch e pentastarch 4. Preparação do local da cirurgia - Tricotomia (tosquia) •Corte no sentido do crescimento do pêlo •Ter a certeza que removemos uma área suficiente de pêlo (no mínimo 7cm a toda a volta) •Áreas com infecção evidente devem ser tosquiadas posteriormente - Lavagem da pele • Remoção da gordura cutânea, com éter ou álcool • Lavagem com desinfectantes no mínimo 3 vezes • Lavar sempre do local da incisão para a periferia Vantagens da administração de pré-anestésicos -Acalmar ou sedar os animais excitados ou perigosos -Permite manipular os animais de forma mais fácil e tranquila -Promovem uma indução e recuperação anestésicas mais suaves -Reduzir ou eliminar os efeitos dos anestésicos gerais (vómito, diarreia, salivação, bradicardia, arritmias, etc.) -Reduzir a dose de anestésico geral -Diminuir a dor e o desconforto no pós-operatório -Facilitar a imobilização dos animais submetidos a analgesia local ou regional A escolha dos agentes pré-anestésicos depende: 1. Da natureza da intervenção 2. Preferência do anestesista 3. Espécie, estado geral e temperamento do animal Classificação dos agentes pré-anestésicos: - Anticolinérgicos - Tranquilizantes, sedativos e hipnóticos - Analgésicos - Neuroleptanalgésicos Aula 14 1. Anticolinérgicos •Competem com a acetilcolina para os seus receptores •Contrariam a acção da acetilcolina Acção da acetilcolina: -Ocular: aumento da produção de lágrimas, miose -Digestivo: aumento da secreção salivar e gástrica -Pulmonares: broncoconstrição -Cardíaco: bradicardia São usados para: - Reduzir secreções das glândulas salivares - Reduzir as secreções das glândulas mucosas do tracto respiratório - Reduzir a motilidade gástrica e intestinal - Bloquear o nervo vago e contrariar o aparecimento da bradicardia sinusal 1.1. Sulfato de atropina (alcaloide da Belladona) - Mecanismo de acção: Bloqueia dos receptores muscarínicos da acetilcolina - Vias de administração: SC, IM e EV (emergência). Quando EV cuidado!! Pode causar bradicardia inicial - Duração de acção: 1 a 1,5h - Metabolização: - cães, a maioria é eliminada intacta - gatos, a maior parte sofre metabolização - Excreção: renal Indicações e contra-indicações -A inclusão da atropina por rotina tem vindo a diminuir -Indicada para diminuir as secreções salivares, respiratórias e prevenir bradicardia sinusal -Recomendada quando se utilizam drogas com potente efeito vagotónico -Contra-indicada em pacientes com taquicardia 1.2. Glicopirrolato Composto quaternário de amónio sintético M.A.- Semelhante à atropina mas de efeito mais prolongado Via de administração: SC, IM ou EV Duração de acção: 2 a 3h; efeito antissiálogogo 6 a 8 horas Menor risco de desenvolver taquicardia 2. Tranquilizantes e sedativos Derivados das Fenotiazinas –Acepromazina –Clorpromazina –Prometazina A acção das Fenotiazinas são semelhantes variando na potência e na duração de acção A acepromazina é a mais utilizada em Medicina Veterinária Via de administração: Oral, SC, IM e EV Acepromazina Tem efeito sobre: -SNC: -Depressão -Não produz analgesia -Efeito anti-émético -Deprime o centro termorregulador -Diminui o limiar para as convulsões -Cardiovascular: -Conduz a hipotensão -Vasodilatadora -Efeito anti-arritmico -Ionotropo negativo -Respiratório: nas doses terapêuticas possuem efeitos minimos -Outros: - Relaxamento muscular leve -Atraso no esvaziamento gástrico -Colapso cardiovascular nos braquiocefálicos (Boxer) -Protusão do pénis (perigoso nos cavalos) -Leve efeito antihistaminico Vantagens: 1.Permite diminuir a dose dos anestésicos 2.Sedam e acalmam os animais antes da anestesia 3.Efeitos respiratórios mínimos 4.Podem prevenir o aparecimento de arritmias 5.Acção antieméticos e anti-histaminicos 6.Pouco dispendiosos Desvantagens: 1.Os seus efeitos são irreversiveis, i. é., não existe antagonista para as fenotiazinas 2.Causam hipotensão 3.Hipotermia 4.Não tem efeito analgésico 5.Potenciam o aparecimento de convulsões Derivados das Fenotiazinas: –Acepromazina –Clorpromazina: •Acção semelhante com menos contra-indicações •10x menos potente •Pode conduzir a excitação nos equinos •Utilizados principalmente pelo efeito antiemético –Prometazina: •Semelhante à clorpromazina •Efeito anti-histamínico potente Derivados das Benzodiazepinas: –São considerados tranquilizantes menores Diazepam –Via de administração •Oral, rectal, IV ou IM (dolorosa) •Não é solúvel em água; dissolvido em propilenoglicol o que torna a absorção imprevisível ou errática •A administração IV deve ser lenta para evitar hipotensão, bradicardias e apneia –Metabolização: hepática dando origem a metabolitos activos –Excreção: renal Diazepam –Vantagens: •Efeito cardio-respiratório mínimo •Útil nas convulsões e epilépticos •Pré-anestesia em geriátricos e animais debilitados •Tem antagonista (Flumazenil) –Desvantagens: •Pode ter efeitos contrários aos pretendidos •Nos animais saudáveis o seu efeito é ligeiro •Resposta individual variável Zolazepam –Surge associado à Tiletamina no Zoletil® Flumazenil –Antagonista das benzodiazepinas –Antagoniza o efeito 2 a 4 minutos após a administração IV e dura aproximadamente uma hora Derivados das Butirofenonas Droperidol –Aparece associado ao Fentanil para formar o Innorvar-vet® –Diminui a pressão arterial, resistência vascular periférica e ritmo cardíaco –Depressão respiratória –Duração de acção de aproximadamente 2 horas –Metabolização hepática Azaperone –Efeitos semelhantes ao Droperidol –Usado nos suínos –Cuidado com a utilização noutras espécies Alfa-2-agonistas Xilazina I.Efeitos: a)Sedativos b)Analgésicos c)Relaxantes musculares II.Vias de administração I.IV início de acção 3 a 5 min II.IM início de acção 10 a 15 min I.Duração de acção: a)Efeito sedativo 1 a 2 horas, por vezes 6 a 10h b)Efeito analgésico 15 a 30 min II.Efeito I.Cardiovascular- aumento de pressão arterial seguido de hipotensão II.Respiratório – geralmente diminui o ritmo respiratório; suprime o reflexo da tosse III.Outros – vómito, diminuição do centro termorregulador, hiperglicemia e hipoinsulinémia I.Indicações •Pré-anestesia •Como agente único em pequenos procedimentos •Associado a opiáceos para produzir analgesia e sedação profunda I.Precauções e contra-indicações •Não associar a outros tranquilizantes •Muita atenção em raças de peito profundo •Não usar em patologias cardíacas, respiratórias, hepáticas ou renais •Provoca parto prematuro e aborto em bovinos •Pode ser absorvida por feridas de pele ou pelas mucosas Medetomidina –Lipofílico –10 vezes mais potente que a Xilazina –Via de administração – IM, SC, EV –Efeitos •Cardio-pulmonares semelhantes à xilazina, podendo ser mais pronunciados •Depressão respiratória significativa •Administração preventiva de atropina pode impedir bradicardia Detomidina –Mais usada no cavalo –Usado apenas em grandes animais –Propriedades idênticas à xilazina mas o efeito analgésico é maior –Administração IV ou IM, actua em 3 a 5 min e dura 1 hora (efeito máximo aos 15 min) Detomidina (sedação nos cavalos) –Indiferença –Abaixamento da cabeça –Relaxamento do pénis e das pálpebras –Queda do lábio inferior –Ataxia –Por vezes sudação Antagonistas alfa-2 –Atipamizol – o mais específico –Yohimbina – menos específicos que o Atipamizol –Tolazolina – é o antagonista menos específico –Idazoxam – usado na investigação científica AULA 15 3. Analgésicos a)Analgésicos Narcóticos Morfina: •Protótipo dos agonistas opióides •Produz analgesia com algum grau de sedação •Uso limitado ao cão •Depressão respiratória •Bradicardia sinusal •Libertação de ADH (vasopressina/Hormona antidiurética) com diminuição da perfusão renal •Vómito •Metabolização hepática Meperidina ou petidina •Menor efeito cardiovascular e respiratório que morfina •Administração EV liberta histamina •Duração de acção de 1 a 3 horas IM •Sedação leve Fentanil – agonista •Agonista sintético com potência 100 a 150 vezes superior à morfina •Não recomendado o uso em gato •Duração de acção curta (30 min cão) •Efeitos cardiovasculares mínimos •Hiperventilação, depressão respiratória e apneia •Provoca defecação e raramente vómito Remifentanil – agonista •Duração de acção muito rápida •Pode ser usado em infusão continua Oximorfina – agonista •10 vezes mais potente que a morfina •Pode ser usado no cão e no gato •Maior sedação que a morfina •Menor depressão respiratória que a morfina •Duração de acção 1 a 3 horas Butorfanol – agonista- antagonista sintético •3 a 5 vezes mais potente que a morfina •Depressão respiratória semelhante à morfina •Administração EV, IM e SC •Duração de acção de 1 a 4 horas •Bem absorvido por via oral Buprenorfina – agonista-antagonista parcial •30 vezes mais potente que a morfina •Demora cerca de 20 a 30 min a atingir o efeito máximo após administração IM e EV •Duração de acção de 6 a 8 horas EV ou IM Antagonistas Agonista-Antagonista – Nalorfina •Maior efeito antagonista que agonista •Específico para Narcóticos •Podem causar leve depressão respiratória •Duração de acção – 1,5 a 3 h (EV, IM e SC) Antagonista puro – Naloxone •Não causa depressão do SNC nem respiratório •13 x mais potente que a nalorfina •Duração de acção – 15 a 45 min (EV, IM e SC) AINEs Analgésicos, antipiréticos, anti.inflamatórios não esteróides (AINEs) Usados como agentes pré-anestésicos pelo seu efeito analgésico Os fármacos mais recentes tem potências semelhantes às dos opiáceos e menos efeitos
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