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Direito à Saúde como Direito à Prestação Material

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A TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLINEK. DIREITO À SAÚDE COMO 
DIREITO À PRESTAÇÃO MATERIAL POSITIVA.
No final do século passado, Jellinek desenvolveu a doutrina 
dos quatro status em que o indivíduo pode achar-se diante do Estado.
Segundo a doutrina o indivíduo pode encontrar-se em posição 
de subordinação aos poderes públicos, caracterizando-se como detentor de deveres para 
com o Estado, tendo competência para vincular o indivíduo, através de mandamentos e 
proibições. Classifica-se aqui o status passivo.
Noutras circunstâncias, faz-se necessário que o Estado não se 
intrometa na autodeterminação do indivíduo. Dotado de personalidade, impõe-se que os 
homens gozem de um espaço de liberdade de atuação, sem ingerências dos poderes 
públicos. Nesse caso, cogita-se do status negativo.
Outra posição coloca o indivíduo em situação de exigir do 
Estado que atue positivamente em seu favor, através da oferta de bens e serviços, 
principalmente os essenciais à sobrevivência e sadia qualidade de vida da própria 
comunidade. Tem-se o status positivo.
Por fim, tem-se o status ativo, em que o indivíduo desfruta de 
competências para influir sobre a formação da vontade estatal, correspondendo essa posição 
ao exercício dos direitos políticos, manifestados principalmente através do voto.
Para o estudo aqui desenvolvido, importa-nos o estado 
positivo.
Enquanto os direitos de abstenção visam assegurar o status 
quo do indivíduo, os direitos a prestação exigem que o Estado aja para atenuar as 
necessidades dos indivíduos, buscando favorecê-los das condições materiais indispensáveis 
ao desfrute de liberdades e bem estar social.
Os chamados direitos a prestações materiais recebem o rótulo 
de direitos a prestação em sentido estrito. Resultam da concepção social do Estado. São 
tidos como os direitos sociais por excelência - concebidos para atenuar desigualdades de 
fato na sociedade e para ensejar que a libertação das necessidades aproveite ao gozo da 
liberdade efetiva por um maior número de indivíduos. O seu objeto consiste numa utilidade 
concreta (bem ou serviço).
Podem ser extraídos exemplos de direitos a prestação material 
dos direitos sociais enumerados no art. 6º da Constituição da República, destacando-se o 
direito à saúde.
Muito embora exista produção legislativa infraconstitucional, 
tenho que o direito à saúde não necessita da interposição do legislador ordinário para 
produzir seus amplos efeitos.
Com efeito, a efetivação do direito à saúde tem primazia na 
Constituição conforme se observa em vários momentos, assumindo prioridade 
governamental independentemente da conjuntura econômica.
O resultado dessa afirmação é de suma importância para o 
estudo porque possibilita ao Poder Judiciário exigir uma atuação do Poder Executivo no 
sentido de assegurar a todos a prestação dos serviços de saúde.
Nessa justa medida, afirmo que o direito à saúde acha-se 
determinado pelo constituinte de forma tal que as ações de saúde podem ser consideradas 
essencialmente vinculadas.
Desse modo, violam a Constituição todas as medidas 
restritivas daquele direito, devendo ser consideradas inconstitucionais todas as normas 
incompatíveis com os programas de ação que consagram as ações de saúde.
Luiz Antônio Araújo de Souza
Promotor de justiça
luizantonio@mp.rr.gov.br

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