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Resumo Liberalismo e Democracia Norberto Bobbio

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Liberalismo e democracia
Norberto Bobbio
1. A liberdade dos antigos e 
dos modernos
� O problema da relação entre liberalismo e democracia é 
extremamente complexo e não pode ser tratado de forma 
linear.
� Senso comum:
�� LiberalismoLiberalismo: concepção de Estado na qual este tem 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 2
�� LiberalismoLiberalismo: concepção de Estado na qual este tem 
poderes e funções limitadas, contrapondo-se tanto ao 
Estado absoluto, quanto ao Estado social.
�� DemocraciaDemocracia: governo em que o poder não está nas mãos 
de um só ou de poucos, mas está nas mãos de todos ou 
de uma maioria. Contrapõe-se à autocracia
� A contraposição entre liberdade dos modernosliberdade dos modernos e liberdade liberdade 
dos antigosdos antigos mostra como as concepções liberais e 
democráticas podem variar.
Cont.
�� Liberdade dos antigosLiberdade dos antigos: distribuição do poder político entre 
todos os cidadãos de uma mesma pátria.
�� Liberdade dos modernosLiberdade dos modernos: segurança e garantia das 
liberdades individuais, proteção do indivíduo em relação à 
ação do estado.
� Liberdade dos antigos � democracia antiga.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 3
� Liberdade dos antigos � democracia antiga.
� Liberdade dos modernos � democracia moderna.
� Princípios da liberdade dos modernos ≠ democracia antiga.
� Para Constant a participação direta nas decisões coletivas 
submete o indivíduo à autoridade do todo (sociedade) e acaba 
por torná-lo não livre como privado, atualmente esta fórmula é 
inviável, pois exige-se do poder público a proteção da liberdade 
privada.
2. Os direitos do homem
� A doutrina dos direitos humanos, formulada pelos 
jusnaturalistas, é pressuposto filosófico do Estado liberal.
� Jusnaturalismo � Direitos humanos.
�� JusnaturalismoJusnaturalismo: doutrina segundo a qual todos os homens, 
indiscriminadamente, têm por natureza certos direitos 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 4
indiscriminadamente, têm por natureza certos direitos 
fundamentais (direito à vida, à liberdade, à segurança, à 
felicidade); direitos que o Estado deve respeitar, e portanto 
não invadir, e ao mesmo tempo proteger contra toda possível 
invasão por parte dos outros.
� O jusnaturalismo e a doutrina dos direitos humanos limitam a 
ação do Estado, daí sua compatibilidade com o pensamento 
liberal.
Cont.
� O jusnaturalismo funda uma concepção geral e hipotética da 
natureza do homem (estado de natureza) que prescinde de 
toda verificação empírica e de toda prova histórica. Chega-se 
ao estado de natureza através da lógica. O estado de 
natureza apresenta certas inadequações, daí a necessidade 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 5
natureza apresenta certas inadequações, daí a necessidade 
da fundação do estado político, quase sempre através de um 
pacto entre os indivíduos (por isso, alguns jusnaturalistas são 
também conhecidos como contratualistas).
� Principal autor jusnaturalista e liberal:
� John Locke (1632-1704)
Cont.
� Do ponto de vista histórico, o liberalismo e os direitos do 
homem nascem de uma progressiva erosão do poder 
absoluto do rei e, em períodos históricos de crise mais aguda, 
de uma ruptura revolucionária (Inglaterra, séc. XVII; França, 
séc. XVIII), ou seja, nascem de um processo de conquista de 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 6
séc. XVIII), ou seja, nascem de um processo de conquista de 
espaços de liberdade por parte dos indivíduos.
� Do ponto de vista teórico, o liberalismo e os direitos do 
homem são resultado de um acordo (contrato) entre os 
indivíduos inicialmente livres que convencionam estabelecer 
os vínculos estritamente necessários a uma convivência 
pacífica e duradoura. [Cf. LOCKE, John. Segundo Tratado 
sobre o Governo. 5. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os 
Pensadores)].
Cont.
� O que une a doutrina dos direitos do homem ao 
contratualismo é a concepção individualista da 
sociedade, segundo a qual primeiro existe o 
indivíduo com seus interesses e carências, que 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 7
indivíduo com seus interesses e carências, que 
depois formam a sociedade, e não o oposto, como 
a tese sustentada pelo organicismo, que diz que 
primeiro vem a sociedade e depois o indivíduo.
Jusnaturalismo
Contratualismo
Liberalismo
Direitos do homem
3. Os limites do poder do 
Estado
� Liberalismo compreende:
� Limites dos poderes do Estado � Estado de direito
� Limites das funções do Estado � Estado mínimo
� Estado mínimo ≠ Estado máximo
� Estado de direito ≠ Estado absoluto
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 8
� Estado de direito ≠ Estado absoluto
�� Estado de direitoEstado de direito: Estado em que os poderes públicos são 
regulados por normas gerais (leis fundamentais ou 
constitucionais, que no caso do liberalismo são também 
informadas pelas leis naturais) e devem ser exercidos no 
âmbito das leis que os regulam. Neste Estado, todo cidadão 
pode recorrer a um juiz independente para fazer com que seja 
reconhecido e refutado o abuso ou excesso de poder.
� “Governo das leis é superior ao governo dos homens.”
Cont.
� Mecanismos constitucionais que fazem parte do 
Estado de direito e que procuram impedir o 
exercício arbitrário e ilegítimo do poder, ou o abuso 
e exercício ilegal do poder:
Controle do Executivo (a quem cabe o governo) por parte 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 9
� Controle do Executivo (a quem cabe o governo) por parte 
do Legislativo (a quem cabe o poder de legislar e a 
orientação política);
� Controle do Legislativo por parte do Judiciário, a quem se 
pede a averiguação da constitucionalidade das leis;
� Relativa autonomia do governo local em todas as suas 
formas e em seus graus em relação ao governo central;
� Magistratura independente do poder político.
4. Liberdade contra poder
� Liberalismo sustenta uma noção de liberdade negativa, 
segundo a qual na medida em que se aumenta o poder de 
uma pessoa, reduz-se o poder da outra. Neste sentido 
liberdade e poder são opostos.
� O liberal quer ampliar a liberdade do indivíduo e reduzir o 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 10
� O liberal quer ampliar a liberdade do indivíduo e reduzir o 
poder do Estado ao mínimo necessário para manter a ordem 
social.
� Os limites dos poderes (Estado de direito) e das funções 
(Estado mínimo) do Estado garantem mais liberdade ao 
indivíduo.
� Para o liberal o Estado é concebido como mal necessário; e 
por isso deve intervir o menos possível na esfera de ação dos 
indivíduos. 
Cont.
� O liberal defende a progressiva emancipação da 
sociedade ou sociedade civil em relação ao Estado.
� As principais esferas nas quais ocorreram esta 
emancipação foram as esferas religiosa e 
econômica:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 11
econômica:
� A história do Estado liberal coincide, de um lado, com 
o fim dos Estados confessionais e com a formação do 
Estado neutro ou agnóstico quanto às crenças religiosas 
de seus cidadãos, e, de outro lado, com o fim dos 
privilégios e dos vínculos feudais e com a defesa dos 
princípios da economia capitalista que marca o 
desenvolvimento da sociedade mercantil burguesa. 
Cont.
� Estado liberal é contrário ao paternalismo, pois entende que a 
relação entre povo e soberano no governo paternalista 
privilegia o segundo (soberano).
� Para os liberais os governantes são servidores do povo:
“O soberano tem apenas três deveres de grande importância: a) 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 12
� “O soberano tem apenas três deveres de grande importância: a) 
a defesa da sociedade contra os inimigos externos; b) a 
proteção de todo indivíduo das ofensas que a ele possam dirigir 
os outros indivíduos; c) o provimento das obras públicas que 
não poderiam ser executadas seconfiadas à iniciativa privada.” 
(Adam Smith)
5. O antagonismo é fecundo
� Este tema é desenvolvido em duas partes: na primeira o autor 
procura mostrar a importância dada pelos liberais ao tema da 
variedade individual contraposta à uniformidade estatal; na segunda
analisa a fecundidade do antagonismo
� Parte I
� Para liberais como Humboldt, o Estado não deveria se preocupar 
com políticas de “bem-estar” para proteger os cidadãos, tornado-os 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 13
� Para liberais como Humboldt, o Estado não deveria se preocupar 
com políticas de “bem-estar” para proteger os cidadãos, tornado-os 
iguais, ao contrário, deveria promover e valorizar a desigualdade e a 
variedade:
� “A intervenção do governo para além das tarefas que lhe cabem, 
relativas à ordem externa e interna, termina por criar na sociedade 
comportamentos uniformes que sufocam a natural variedade dos 
caráteres e das disposições... Aquilo a que os governos tendem (...) são 
o bem-estar e a calma, mas o que o homem persegue e deve perseguir 
é algo completamente diverso, é variedade e diversidade.”
(Wilhelm von Humboldt)
Cont.
� Indivíduos protegidos pelo Estado perdem a 
iniciativa e a criatividade, perdem a capacidade de 
superar obstáculos e, portanto, afetam 
negativamente a produção da riqueza em 
sociedade.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 14
sociedade.
� Desse modo, a defesa do indivíduo contra a 
tentação do Estado de prover ao seu bem-estar 
está relacionada uma postura moral.
� O primeiro liberalismo nasce com uma forte carga 
ética, com a crítica ao paternalismo e defendendo 
radicalmente a autonomia da pessoa humana.
Cont.
� Parte II
OrganicismoOrganicismo LiberalismoLiberalismo
Valoriza a harmonia Valoriza o conflito
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 15
Valoriza a harmonia Valoriza o conflito
Valoriza a subordinação 
regulada e controlada das 
partes ao todo.
Valoriza a idéia de que o 
contraste entre indivíduos e a 
concorrência entre grupos são 
benéficos e são condição 
necessária para o progresso 
técnico e moral da 
humanidade.
Cont.
� Tipos e natureza dos conflitos valorizados pelo 
liberalismo: 
� O liberalismo tem uma profunda crença na contraposição 
de opiniões e interesses diversos, desde que 
desenvolvida essa contraposição no debate das idéias 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 16
desenvolvida essa contraposição no debate das idéias 
para a busca da verdade, na competição econômica para 
o alcance do maior bem-estar social, na luta política para 
a seleção dos melhores governantes.
� O antagonismo, a concorrência, excita todas as 
energias do homem, o induz a vencer a inclinação 
à preguiça e a conquistar um posto entre os seus 
consócios.
6. Democracia dos antigos e 
democracia dos modernos
� Democracia � antiga
� Liberalismo � moderno
� O significado básico do termo democracia não se 
alterou no decorrer dos séculos:
Democracia = governo onde o povo, entendido como 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 17
� Democracia = governo onde o povo, entendido como 
conjunto de cidadãos, é o titular do poder político.
� Tanto a democracia direta, quanto a representativa 
descendem do mesmo princípio: a soberania popular 
(Salus populi, suprema lex).
� Mas, a maneira do povo exercer o poder político foi 
alterada:
� Democracia antiga � democracia direta ou participativa
� Democracia moderna � democracia representativa
Cont.
� Argumentos favoráveis à democracia 
representativa (ou governo representativo):
� As democracias diretas da Grécia e da Itália estavam 
submetidas às agitações e revoluções geradas por 
facções que as mantinham num estado de perpétua 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 18
facções que as mantinham num estado de perpétua 
incerteza entre os estágios extremos da tirania e da 
anarquia. 
(Hamilton, Jay e Madison no Livro O Federalista)
� Este argumento não se justificava, pois as democracias 
representativas também incorporariam as lutas e 
divergências entre facções através da política partidária.
� As dimensões das democracias modernas são 
incompatíveis com os princípios da democracia direta.
Cont.
� Características da democracia representativa:
� Eleição de representantes para representar o povo, ou a 
nação, buscando os interesses gerais dentro do 
parlamento.
� Os representantes estariam em melhores condições para 
avaliar quais seriam os interesses gerais que os próprios 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 19
avaliar quais seriam os interesses gerais que os próprios 
cidadãos, pois os primeiros, por serem escolhidos, seriam 
os mais aptos, além dos cidadãos estarem fechados 
demais na contemplação de seus próprios interesses 
particulares.
� Proibição do mandato imperativo ou vinculatório, da recall
(revogabilidade de mandato), portanto, defesa do 
mandato livre.
� Mandato imperativo � Estado estamental, socialista, entre 
outros.
� Mandato livre � democracia representativa
7. Democracia e igualdade
� Liberalismo pode ser considerado antitético à 
democracia dos antigos, pois:
� Os antigos não conheciam a doutrina dos direitos 
naturais, nem o dever de limitar as ações do Estado ao 
mínimo necessário para sobrevivência.
Os liberais nasceram desconfiando da participação 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 20
� Os liberais nasceram desconfiando da participação 
popular, defendendo o sufrágio restrito durante um bom 
tempo.
� Liberalismo pode ser considerado um pressuposto 
da democracia moderna, tomada a palavra 
democracia em seu sentido jurídico-
institucional ou procedimental mais do que em 
seu sentido substancial.
Cont.
� Democracia substancial
� Ênfase no ideal da igualdade, inclusive a 
igualdade econômica e social.
Democracia procedimental ou formal
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 21
� Democracia procedimental ou formal
� Ênfase no conjunto de regras cuja 
observância é necessária para que o 
poder político seja efetivamente 
distribuído entre a maior parte dos 
cidadãos.
Cont.
� Estado liberal � democracia moderna �
democracia formal ou procedimental.
� Problema das relações entre liberalismo e 
democracia se resolve no difícil problema 
das relações entre liberdade e igualdade: 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 22
democracia se resolve no difícil problema 
das relações entre liberdade e igualdade: 
Qual liberdade? Qual igualdade?
� Tomados em seus significados mais 
amplos, liberdade e igualdade são valores 
antitéticos, no sentido de que não se pode 
realizar plenamente um sem limitar 
fortemente o outro.
Cont.
Sociedade liberal Sociedade igualitária
Individualista Totalizante
Conflitualista Harmônica
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 23
Pluralista Monista
Tem como fim a expansão da 
liberdade individual, mesmo se o 
desenvolvimento da personalidade 
mais rica e dotada puder se afirmar 
em detrimento do desenvolvimento 
da personalidade mais pobre e 
menos dotada
Tem como fim o desenvolvimento 
da comunidade em seu conjunto, 
mesmo ao custo de diminuir a 
esfera de liberdade dos indivíduos
Cont.
� A única forma de igualdade compatível com a 
doutrina liberal é a igualdade na liberdade.
� Cada um deve gozar de tanta liberdade quanto 
compatível com a liberdade dos outros, podendo fazer 
tudo que não ofenda a igual liberdade dos outros.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 24
tudo que não ofenda a igual liberdade dos outros.
� Esta forma de igualdade (igualdade na liberdade) 
inspira dois princípios fundamentais do liberalismo:
� Igualdade perante a lei. A lei é igual para todos. O juiz 
deve ser imparcial na aplicação da lei (Estado de direito).
� Igualdade dos direitos. Significa o igual gozo por parte 
dos cidadãos de alguns direitos fundamentais 
constitucionalmentegarantidos.
Cont.
� O liberalismo se projetou até a aceitação, 
além da igualdade jurídica, da igualdade de 
oportunidades, que prevê a equalização dos 
pontos de partida, mas não dos pontos de 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 25
pontos de partida, mas não dos pontos de 
chegada. Daí sua incompatibilidade com o 
ideal igualitário, que prevê a equalização 
tanto dos pontos de partida, quanto dos 
pontos de chegada.
8. O encontro entre liberalismo 
e democracia
� O liberalismo não só é compatível com a democracia, mas a 
democracia pode ser considerada como o natural 
desenvolvimento do Estado liberal apenas se tomada não 
pelo lado de seu ideal igualitário, mas pelo lado de sua 
fórmula política, que permite a soberania popular.
� Soberania popular pressupõe:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 26
� Soberania popular pressupõe:
� Atribuição ao maior número de cidadãos do direito de participar 
direta ou indiretamente na tomada de decisões coletivas (defesa 
do sufrágio universal).
� Apesar de muitos escritores liberais terem contestado a 
expansão do sufrágio e no momento da formação do Estado 
liberal a participação no voto fosse consentida apenas aos 
proprietários, a verdade é que o sufrágio universal não é 
contrário nem ao Estado de direito e nem ao Estado mínimo.
Cont.
� A interdependência entre liberalismo e democracia foi se ampliando 
no decorrer do tempo. Enquanto no início puderam se formar 
Estados liberais que não eram democráticos, hoje Estados liberais 
não-democráticos não seriam mais concebíveis, nem Estados 
democráticos que não fossem também liberais.
� Existem razões para crer que:
O método democrático seja necessário para a salvaguarda dos 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 27
� O método democrático seja necessário para a salvaguarda dos 
direitos fundamentais da pessoa, que estão na base do Estado 
liberal (o melhor remédio contra o abuso de poder sob qualquer 
forma é a participação direta ou indireta dos cidadãos na formação 
das leis, sob este aspecto os direitos políticos são complemento 
natural dos direitos de liberdade e dos direitos civis).
� A salvaguarda desses direitos seja necessária para o correto 
funcionamento do método democrático (a democracia pressupõe 
que o indivíduo seja livre para expressar suas opiniões, pressupõe 
liberdade de imprensa, de reunião, de associação, enfim, todas as 
liberdades que constituem a essência do Estado liberal).
Cont.
� Hoje apenas os Estados nascidos das 
revoluções liberais são democráticos e 
apenas os Estados democráticos 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 28
apenas os Estados democráticos 
protegem os direitos do homem: todos 
os Estados autoritários do mundo são 
ao mesmo tempo antiliberais e 
antidemocráticos.
9. Individualismo e 
organicismo
� Nexo entre liberalismo e democracia 
é possível porque ambos repousam 
sobre uma concepção individualista 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 29
sobre uma concepção individualista 
da sociedade.
� A concepção individualista da 
sociedade se contrapõe a concepção 
organicista.
Cont.
ORGANICISMO (HOLISMO) INDIVIDUALISMO (ATOMISMO)
Antigo Moderno
Relacionado a democracia antiga Relacionado ao liberalismo e a 
democracia moderna
Considera o Estado como um grande 
corpo composto de partes que 
Considera o Estado como um conjunto 
de indivíduos e como o resultado da 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 30
corpo composto de partes que 
concorrem para a vida do todo, e 
portanto não atribui nenhuma 
autonomia aos indivíduos
de indivíduos e como o resultado da 
atividade deles e das relações por eles 
estabelecidas entre si
“O todo precede necessariamente à 
parte, com o que, quebrado o todo, não 
haverá mais nem pés nem mãos.”
“As partes compõem o todo.”
“A cidade é por natureza anterior ao 
indivíduo.”
“Separação entre público e privado.”
Cont.
� Crítica do liberalismo ao organicismo:
� O organicismo, por considerar o Estado como 
uma totalidade anterior e superior às suas 
partes, não pode conceder nenhum espaço a 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 31
partes, não pode conceder nenhum espaço a 
esferas de ação independentes do todo, não 
pode reconhecer uma distinção entre esfera 
privada e esfera pública, nem justificar a 
subtração dos interesses individuais, satisfeitos 
nas relações com outros indivíduos (mercado), 
ao interesse público.
Cont.
� Democracia e organicismo:
� Democracia � concepção ascendente 
do poder.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 32
do poder.
� Organicismo � concepção descendente 
do poder. Mais compatível com regimes 
autocráticos, em que “a cabeça, e não os 
membros, comanda o corpo”.
Cont.
� Concepção de individualismo do liberalismo 
apresenta certas diferenças em relação à 
concepção de individualismo da democracia 
moderna:
� Individualismo liberal: reivindica a liberdade individual 
tanto na esfera espiritual quanto na econômica contra o 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 33
tanto na esfera espiritual quanto na econômica contra o 
Estado. Põe em evidência a capacidade de se autoformar, 
de desenvolver as próprias faculdades, de progredir 
intelectual e moralmente em condições de máxima 
liberdade em relação a vínculos externos impostos 
coercitivamente.
� Individualismo democrático: reconcilia o indivíduo com a 
sociedade fazendo desta o produto de um acordo dos 
indivíduos entre si. Exalta a capacidade de superar o 
isolamento através de vários expedientes capazes de 
permitir a instituição de um poder comum não tirânico.
10. Liberais e democratas no 
século XIX
� Liberalismo inclui (Croce):
� Liberdade liberal: substituição do absolutismo de 
governo pelo constitucionalismo.
� Liberdade democrática: reformas no eleitorado e 
ampliação da capacidade política.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 34
� Liberdade nacional: libertação do domínio estrangeiro 
(independência nacional).
� História do Estado liberal e da sua continuidade no 
Estado democrático:
� Momento histórico: para uns na idade da Restauração
da monarquia, mas agora sob a forma constitucional 
parlamentar. Para outros, Montesquieu e Hegel, a teoria e 
a práxis moderna do Estado liberal tinham começado na 
Inglaterra do século XVII.
Cont.
� Inglaterra:
� As revoluções do século XVII abriram caminho a todas 
as idéias de liberdade pessoal, de religião, de opinião e 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 35
as idéias de liberdade pessoal, de religião, de opinião e 
de imprensa que constituem o legado do pensamento 
liberal. Afirmou-se a superioridade do Parlamento, do 
Estado representativo e do constitucionalismo sobre o 
Rei e o absolutismo. Defendeu-se a extensão dos 
direitos políticos a todos os cidadãos maiores.
� A segunda fase do período revolucionário, a Revolução 
Gloriosa (1688) garantiu estas mudanças através de um 
processo gradual e pacífico.
Cont.
� França:
� Democratização foi mais acidentada (várias 
revoluções: Francesa e as revoluções liberais 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 36
revoluções: Francesa e as revoluções liberais 
do século XIX).
� A experiência com a república jacobina e com 
Napoleão provocou nos intelectuais 
(conservadores) sentimentos liberais, mas 
antidemocráticos. Esses escritores chegaram 
mesmo a imaginar a democracia e a tirania 
como faces de uma mesma moeda.
Cont.
� No decorrer do século XIX, prolongou-se a 
contraposição entre:
� Liberais radicais (liberais e democratas) X 
liberais conservadores (liberais e não-
democratas, interessados em resistir à 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 37
democratas, interessados em resistir à 
ampliação do sufrágio).
� Democratas liberais X democratas não-
liberais ou radicais (interessados mais na 
distribuição de poderdo que em sua limitação, 
nas instituições de autogoverno do que na 
divisão do governo central, na separação 
horizontal do que na vertical dos poderes, mais 
na conquista da esfera pública que na 
cuidadosa defesa da esfera privada).
Cont.
� A relação entre liberalismo e democracia pode ser 
representada segundo três combinações:
a) Liberalismo e democracia são compatíveis. Pode existir um 
Estado liberal-democrático, mas também um Estado liberal 
não-democrático (liberais conservadores) e um Estado 
democrático não-liberal (democratas radicais). [relação de 
possibilidade].
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 38
democrático não-liberal (democratas radicais). [relação de 
possibilidade].
b) Liberalismo e democracia são antitéticos. A democracia, levada 
às suas últimas conseqüências, pode destruir o Estado liberal, 
ou pode se realizar plenamente apenas num Estado social que 
tenha abandonado o ideal do Estado mínimo. [relação de 
impossibilidade].
c) Liberalismo e democracia estão ligados um ao outro, pois 
apenas a democracia está em condições de realizar 
plenamente os ideais liberais e apenas o Estado liberal pode 
ser a condição de realização da democracia. [relação de 
necessidade].
11. A tirania da maioria
� As duas alas do liberalismo europeu 
são representadas pelos seguintes 
autores:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 39
autores:
Alexis de Tocqueville
(1805-1859)
Liberal conservador
John Stuart Mill
(1806-1873)
Liberal radical
Cont.
� Tocqueville:
� Obra principal: A democracia na América (1840).
� Foi antes liberal que democrata.
� Tinha na liberdade, principalmente a religiosa e a moral 
(mais que a econômica), o fundamento e o fermento de 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 40
(mais que a econômica), o fundamento e o fermento de 
todo poder civil.
� Achava que o mundo estava caminhando para sistemas 
democráticos.
� Perguntava: “Poderá a a liberdade sobreviver, e como, na 
sociedade democrática?”
� Democracia = forma de governo em que todos participam 
da coisa pública (oposta de aristocracia). Sociedade que 
se inspira no ideal de igualdade, que ameaça a existência 
de uma ordem social hierarquizada.
Cont.
� Considera a democracia não como conjunto de 
instituições das quais a maior característica seria a 
participação do povo no poder político, mas como sistema 
que exalta o valor da igualdade não só política como 
social (igualdade das condições em prejuízo da 
liberdade).
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 41
liberdade).
� Defende a liberdade do indivíduo em relação à igualdade 
social. Está convencido de que os povos democráticos, 
apesar de terem uma inclinação natural para liberdade, 
têm uma paixão incontrolável e eterna pela igualdade, 
embora desejem a igualdade na liberdade são também 
capazes, se não podem obtê-la, de desejarem a 
igualdade na escravidão. “Estão dispostos a suportar a 
pobreza, não a aristocracia.”
Cont.
� A democracia poderia levar à tirania da maioria. O nivelamento 
social levaria ao despotismo.
� O princípio da maioria é um princípio igualitário na medida em que 
pretende fazer com que prevaleça a força do número sobre a força 
da individualidade singular, a quantidade sobre a qualidade.
� Principais efeitos negativos do princípio da maioria:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 42
� Principais efeitos negativos do princípio da maioria:
� Instabilidade do Legislativo, conduta freqüentemente arbitrária dos 
funcionários, conformismo das opiniões, redução do número de homens 
ilustres na cena política.
� Como liberal, Tocqueville via o poder como nefasto, não importa se 
régio ou popular. Não interessa quem exerça o poder, o importante é 
controlá-lo e limitá-lo:
� “Quando vejo concedidos o direito e a faculdade de tudo fazer a uma 
potência qualquer, seja ela povo ou rei, democracia ou aristocracia, 
exercida numa monarquia ou numa república, afirmo: está ali o germe 
da tirania.”
(Alexis de Tocqueville)
Cont.
� Para Tocqueville são inconciliáveis os 
ideais liberais e igualitários:
� Ideal liberal: o que conta é a independência da 
pessoa na sua esfera moral e sentimental.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 43
pessoa na sua esfera moral e sentimental.
� Ideal igualitário: deseja uma sociedade 
composta tanto quanto possível por indivíduos 
semelhantes nas aspirações, nos gostos, nas 
necessidades e nas condições.
� Prefere o liberalismo à democracia e a 
democracia ao socialismo.
12. Liberalismo e utilitarismo
� John Stuart Mill foi liberal e democrata, 
considerou a democracia o livre 
desenvolvimento do Estado liberal.
Defendeu a democracia 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 44
� Defendeu a democracia 
representativa.
� Obras principais: Sobre a liberdade
(1859) e Considerações sobre o 
Governo Representativo (1863).
Cont.
� Sofreu a influência dos fundadores do utilitarismo: Jeremy 
Bentham e seu pai, James Mill.
Bentham atacou os fundamentos filosóficos do 
jusnaturalismo expondo, com ironia, sua 
debilidade filosófica, sua inconsistência lógica e 
seus equívocos verbais, além de sua total 
ineficácia prática. Formula o princípio da 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 45
Jeremy Bentham
(1748-1832)
ineficácia prática. Formula o princípio da 
utilidade, segundo o qual o único critério que 
deve inspirar o bom legislador é o de emanar leis 
que tenham por efeito a maior felicidade do maior 
número. O que quer dizer que, se devem existir 
limites ao poder dos governantes, eles não 
derivam dos direitos naturais do homem, mas da 
consideração objetiva de que os homens 
desejam o prazer e rejeitam a dor, e em 
conseqüência a melhor sociedade é a que 
consegue obter o máximo de felicidade para o 
maior número de seus componentes.
Cont.
� A partir de Bentham a filosofia utilitarista torna-se a maior 
aliada teórica do Estado liberal.
� O utilitarismo se preocupa não com a utilidade do indivíduo 
isolado com respeito à dos outros indivíduos, mas com a 
utilidade social, não com a felicidade singular de quem age, 
mas com a felicidade de todos os interessados.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 46
mas com a felicidade de todos os interessados.
� A noção de liberdade sustentada por Mill é a de liberdade 
negativa.
� Trata de formular um princípio para estabelecer os limites e 
as liberdades da ação individual:
� “A humanidade está justificada, individual ou coletivamente, a 
interferir sobre a liberdade de ação de quem quer que seja 
apenas com o objetivo de se proteger... O único objetivo pelo 
qual se pode exercer legitimamente um poder sobre qualquer 
membro de uma comunidade civil, contra a sua vontade, é o de 
evitar danos aos outros.”
13. Democracia representativa
� Mill é defensor da democracia representativa:
� “O perfeito governo livre é aquele em que todos 
participam dos benefícios da liberdade”.
� Defende a extensão do sufrágio como remédio que 
impedirá a tirania da maioria, mas mantém o 
critério do imposto, por menor que seja. Quem não 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 47
critério do imposto, por menor que seja. Quem não 
paga um pequeno imposto não tem o direito de 
decidir o modo pelo qual cada um deve contribuir 
para as despesas públicas. Estavam excluídos da 
proposta milliana:
� Os falidos e devedores fraudulentos;
� Os analfabetos;
� Os que vivem de esmolas das paróquias
Cont.
� Defende o voto feminino:
� “Se houver alguma diferença, as mulheres têm 
maior necessidade do voto do que os homens, 
já que, sendo fisicamente mais frágeis, 
dependem para sua proteção muito mais da 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 48
dependem para sua proteção muito mais da 
sociedade e das leis”.
� Defende a educação pública gratuita para 
esclarecer os analfabetos, para que 
pudessemparticipar da política.
� Acreditava que o voto tinha um valor 
educativo.
Cont.
� Para evitar a tirania da maioria ainda 
defende o voto proporcional contra o voto 
majoritário, pois o voto proporcional 
assegura representação às minorias.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 49
assegura representação às minorias.
� Defende o voto plural, em que os mais 
instruídos, após solicitarem este voto e 
passarem por um exame, poderiam votar 
mais de uma vez.
15. A democracia diante do 
socialismo
� A relação entre liberalismo e democracia é de 
proximidade crescente.
� A relação entre liberalismo e socialismo é de 
antítese clara:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 50
� O pomo de discordância é a liberdade econômica, que 
pressupõe a defesa da propriedade privada.
� Socialismo critica a propriedade privada como fonte 
principal da desigualdade entre os homens e 
defende sua eliminação total ou parcial como 
projeto da sociedade futura.
Cont.
� A relação entre socialismo e democracia também é 
de complementaridade.
� Para reforçar o nexo de complementaridade entre 
socialismo e democracia temos duas teses:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 51
� Democracia � socialismo: a democratização levaria ao 
socialismo, fundada na transformação da propriedade e 
na coletivização pelo menos dos principais meios de 
produção;
� Socialismo � democracia: apenas o socialismo reforçaria 
e alargaria a participação política, tornando possível a 
plena realização da democracia, pois defende a 
distribuição igualitária do poder econômico e político.
Cont.
� A relação entre socialismo e democracia nem 
sempre foi pacífica.
� Os socialistas históricos, que fizeram a revolução, 
achavam que o socialismo deveria vir primeiro em 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 52
achavam que o socialismo deveria vir primeiro em 
relação à democracia. 
� Oposição entre liberal-democratas, socialistas 
democráticos e socialistas não democráticos.
� Um regime que seja ao mesmo tempo democrático 
e socialista até agora não existiu.
Cont.
DEMOCRACIA
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 53
LIBERALISMO SOCIALISMO
IGUALDADELIBERDADE
16. O novo liberalismo
� Surge como reação ao presumido avanço 
do socialismo.
� Concentra-se na defesa dos seguintes 
pontos:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 54
pontos:
� Economia de mercado
� Liberdade de iniciativa econômica
� Propriedade privada
� Neoliberalismo = liberismo (liberalismo 
econômico).
Cont.
� Tentativas de aproximação entre 
liberalismo e socialismo foram feitas 
por diversos autores, mas não 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 55
por diversos autores, mas não 
lograram êxito prático:
� Os regimes socialistas não podem ser 
considerados liberais.
� O Estado-previdência também contém 
elementos não-liberais.
Cont.
� Para alguns liberais (Einaudi, por exemplo), o 
liberalismo ético-político e o liberalismo econômico 
(liberismo) são indissolúveis. Onde não há o 
segundo não pode haver o primeiro.
� Para outros (Croce, por exemplo), a liberdade, 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 56
� Para outros (Croce, por exemplo), a liberdade, 
sendo um ideal moral, pode se realizar através das 
mais diversas providências econômicas desde que 
voltadas à elevação moral do indivíduo, ou seja, é 
possível haver liberalismo sem liberismo.
� O neoliberalismo é mais compatível com o 
pensamento do primeiro grupo de liberais, que 
associavam o liberalismo ético-político ao 
liberalismo econômico.
Cont.
� Os neoliberais fazem uma defesa 
intransigente da liberdade econômica. 
Existe maior comprometimento na defesa 
da liberdade econômica do que na defesa 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 57
da liberdade econômica do que na defesa 
da liberdade política.
� Principais neoliberais:
� Friedrich von Hayek
� Robert Nozick
� Milton Friedman
� Ludwig von Mises
Cont.
� Hayek defendeu a distinção entre liberalismo 
(teoria econômica) e democracia (teoria política):
� A liberdade individual (tendo a econômica como primeira 
condição) seria um valor intrínseco.
� A democracia teria apenas um valor instrumental.
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 58
� A democracia teria apenas um valor instrumental.
� Liberalismo e democracia lutaram juntos contra o poder 
absoluto ao ponto de confundirem-se um no outro. Mas 
agora não podem mais se confundir, pois o processo de 
democratização pode ameaçar princípios liberais.
� Democracia e liberalismo respondem a questões 
diferentes:
� Liberalismo: responde aos problemas das funções do 
governo e em particular à limitação de seus poderes.
� Democracia: responde ao problema de quem deve 
governar e com quais procedimentos.
Cont.
� Nozick, em seu livro Anarquia, Estado e Utopia, 
combate o Estado máximo e também os 
anarquistas.
� Defendia a tese liberal clássica de que o Estado é 
uma organização monopolista da força cujo único e 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 59
uma organização monopolista da força cujo único e 
limitado objetivo é proteger os direitos individuais 
de todos os membros do grupo.
� Quanto a determinação dos direitos individuais que 
o Estado deveria proteger, a teoria de Nozick 
funda-se em alguns princípios do direito privado, 
especialmente no direito de propriedade.
17. Democracia e 
ingovernabilidade
� Inicialmente, o liberal atacava o democrata 
alertando para os riscos da tirania da 
maioria (excesso de poder).
Atualmente, o liberal alerta para o problema 
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 60
� Atualmente, o liberal alerta para o problema 
da ingovernabilidade dos sistemas 
democráticos (defeito do poder).
� Ingovernabilidade: incapacidade dos governos 
democráticos de dominarem convenientemente 
os conflitos de uma sociedade complexa.
Cont.
� As demandas numa democracia são sempre crescentes, pois 
o estado democrático contribui para emancipação da 
sociedade civil. Ao contrário, o ritmo das respostas do 
governo a essas demandas é lento e seletivo, o que causa 
frustrações:
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 61
frustrações:
DEMOCRACIA AUTOCRACIA
Demanda fácil Demanda difícil
Resposta difícil Resposta fácil
Cont.
� A denúncia da ingovernabilidade dos regimes democráticos 
tende a sugerir soluções autoritárias, que se movem em duas 
direções: 
� Reforçar o Poder Executivo e assim dar preferência a sistemas 
de tipo presidencial ou semipresidencial em detrimento dos 
sistemas parlamentares clássicos;
Antônio Luiz Arquetti Faraco Jr. 62
sistemas parlamentares clássicos;
� Antepor sempre novos limites à esfera das decisões que podem 
ser tomadas com base na regra típica da democracia, a regra da 
maioria. 
� Se a dificuldade em que caem as democracias deriva da 
“sobrecarga de demandas”, os remédios, de fato, podem ser 
essencialmente dois:
� Um melhor funcionamento dos órgãos decisionais (nessa 
direção vai o acréscimo do poder do governo com respeito ao do 
parlamento).
� Uma drástica limitação do poder do governo (nessa direção vão 
as propostas de limitar o poder da maioria).

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