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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA LICENCIATURA EM QUÍMICA VOLUMETRIA DE OXIRREDUÇÃO: ALCALINIDADE DA ÁGUA VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO: DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO EM COMPRIMIDO DOUGLAS OLIVEIRA SAMPAIO FEIRA DE SANTANA /BA 2017 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO EM COMPRIMIDOS O ácido acetilsalicílico é um fármaco do grupo dos anti-inflamatórios não- esteroides(AINE). Sua sigla é sigla é AAS, é um princípio ativo dos medicamentos mais consumidos no mundo todo como anti-inflamatório, antipirético, analgésico e antiplaquetário. O ácido acetilsalicílico é obtido através da mistura de ácido salicílico e anidrido acético, após aquecimento por cerca de 2 horas a 50ºC. O líquido resultante é resfriado e obtém-se uma pasta cristalina através da recristalização do ácido acetilsalicílico com clorofórmio e o anidrido acético restante é eliminado através de pressão. É, em estado puro, um pó de cristalino branco ou cristais incolores, pouco solúvel na água, facilmente solúvel no álcool e solúvel no éter. Para determinar o teor de ácido acetilsalicílico presente em um medicamento, utiliza-se o método analítico denominada volumetria de neutralização, especificamente acidimetria que é a determinação volumétrica da concentração de uma solução de um ácido por meio da solução padrão de uma base. A volumetria de neutralização é um método de análise baseado na reação de neutralização entre os íons H+ e OH-. A titulação de bases livres ou formadas da hidrólise de sais de ácidos fracos com um ácido padrão é chamada de acidimetria. Por outro lado, a titulação de ácidos livres ou formados da hidrólise de sais de bases fracas com uma base padrão é chamada de alcalimétrica. 1.2 ALCALINIDADE DA ÁGUA (TEOR DE CaCO3) A água é o mais comum e mais importante solvente do nosso planeta. Sua importância não se deve somente ao fato de sua abundância, mas, excepcionalmente, pela sua característica de dissolver grande variedade de substâncias. As soluções aquosas encontradas na natureza, como os fluidos biológicos e a água do mar, contêm muitos solutos como, por exemplo, o CaCO3. Uma das mais importantes propriedades químicas da água é sua habilidade em agir tanto como ácido quanto como base de Bronsted, ou seja, a água, em presença de um ácido, age como um receptor de próton, enquanto que, na presença de uma base, age como 2 doador de próton. Assim, uma molécula de água pode doar próton para outra molécula de água: este processo é denominado auto ionização da água. Para determinar o teor de CaCO3 na água é utilizado o método analítico denominado volumetria de neutralização, especificamente a alcalimetria que é a determinação da concentração de uma base por meio de uma reação com um ácido de concentração conhecida. 1.3 ESTATÍSTICA APLICADA 1.3 a) ERRO DE MEDIDA O erro absoluto é definido como a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro de uma dada grandeza, VXXE O erro relativo1 é calculado através da relação, v r X E X Desvio2 de uma medida é definido pela diferença entre o seu valor medido e a média: XXd Ii 1.3 b) PRECISÃO DE UMA MEDIDA Média aritmética que é definida como a soma dos valores medidos dividida pelo número de medidas, como dado na equação: n X X i O Desvio padrão define como os dados estão agrupados em torno da média, e é dada pela equação: 1 O erro relativo é adimensional e comumente expresso em partes por cem. 2 Também conhecido como erro aparente. 3 1n )XX( S 2 i O coeficiente de variação é usado para expressar a variabilidade dos dados estatísticos excluindo a influência da ordem de grandeza da variável e é calculado pela equação: 100 X S CV Intervalo de confiança da média é a probabilidade de que a média verdadeira esteja localizada em um certo intervalo (intervalo de confiança). n ts XIC 2 OBJETIVO 1. Determinar o teor do ácido acetilsalicílico (C9H8O4) presente em um comprimido de Sedalive. 2. Determinar a concentração de carbonato de cálcio (CaCO3) presente na água. 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS Béquer; Bastão de vidro; Erlenmeyer; Suporte Universal; Conta gotas; Pisseta; Pipeta volumétrica; Balança analítica; Bureta. 3.2 REAGENTES Ácido clorídrico (HCl); Hidróxido de sódio (NaOH); 4 Bromocresol (C21H14Br4O5S); Etanol (CH3CH2OH); Água (H2O). 3.3 DETERMINAÇÃO DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO EM COMPRIMIDOS Primeiro determinaremos o volume de NaOH padronizado para reagir com a massa de um comprimido de Sedalive. Em seguida, pesar o comprimido de Sedalive diretamente no erlenmeyer de 250 mL e anotar a massa, adicionar 50 ml de água e 30 mL de etanol, agitar o erlenmeyer até que o comprimido se dissolva completamente (caso necessário, utilize o bastão de vidro) e adicione 3 gotas do indicador Bromocresol. Repetir o processo mais três. Para preparar o branco adicionamos 50 mL de água, 30 mL de etanol e três gotas de etanol à um erlenmeyer. Após a preparação das soluções nos erlenmeyer, podemos adicionar o NaOH na bureta até a marca do zero e iniciar o procedimento titulométrico. 3.4 ALCALINIDADE DA ÁGUA Primeiro transferir 100 mL de água da torneira para um erlenmeyer de 250 mL e a adicionar três gotas do indicador Bromocresol. Repetir o procedimento três vezes. Para preparação do branco adicionaremos ao erlenmeyer três gotas do indicador Bromocresol. Podemos agora iniciar a preparação da bureta adicionado o HCl até a marca do zero e podemos iniciar o procedimento titulométrico. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para encontrar o volume do HCl padronizado para reagir com um comprimido de Sedalive, sabendo que a proporção estequiométrica é de 1:1, foi desenvolvido os seguintes cálculos: 1mol.g00055,0 mg200.180 mg100 n Em um comprimido de Sedalive termos 0,00055 g. mol-1 de ácido acetilsalicílico. A concentração da solução padronizada de HCl é de 0,0930 mol. L-1, portanto: 5 mL92,5100 L.mol0930,0 moL.g00055,0 V V mol.g00056,0 L.mol0994,0 1 1 Portanto é necessário 5,92 mL de HCl para reagir com um comprimido de Sedalive. Titulação 01 Titulação 02 Titulação 03 Massa do comprimido (mg) 193,0 197,7 189,9 Volume de NaOH (ml) 5,95 5,96 6,00 V HCl- V branco 5,85 5.86 5,90 Para encontrar a massa do ácido acetilsalicílico presente em um comprimido de Sedalive, foi desenvolvido os seguintes cálculos: mg8.1041000mol.g2,180L00585,0L.mol0994,0)mg(ASSM 111 mg9.1041000mol.g2,180L00586,0L.mol0994,0)mg(ASSM 112 mg6,1051000mol.g2,180L00590,0L.mol0994,0)mg(ASSM 113 Para determinar o teor de ácido acetilsalicílico de cada comprimido, foi desenvolvido o seguinte cálculo: %3,54100 mg0,193 mg8,104 TEOR1 %0,53100 mg7,197 mg9,104 TEOR 2 %6,56100 mg9,189 mg6,105 TEOR 3 Cálculo da média do teor em massa: 6,54 3 %6,56%0,53%3,54 X 6 Cálculo do desvio padrão: 026,0 2 )546,0566,0()546,0530,0()546,0543,0( S 222 Intervalo de confiança 611,0;481,0065,0546,0 3 )026,0(30,4 546,0IC Coeficiente de variância %76,4100 546,0 026,0 CV Titulação 01 Titulação 02 Titulação 03 Massa de ASS (mg) 104,8 104,9 105,6 Teor ASS % 54,3 53,0 56,6 Média:0,546 DP:0,026 IC: 0,481; 0,611 CV%: 4,76 % O fabricante declara que cada comprimido do medicamente com 150 mg, há 100 mg de ácido acetilsalicílico que equivale a um teor de 66,7 %, entretanto, em laboratório encontramos teores abaixo desse valor como pode ser observado na tabela 2. Do valor declarado, 100 mg, de ácido acetilsalicílico. Segundo a Farmacopeia Brasileira (2010, p. 546), comprimidos de ácido acetilsalicílico devem conter no mínimo, 95 % e no máximo 105% da quantidade declarada para exercer eficácia terapêutica durante seu prazo de validade.7 Das 3 amostras analisadas, todas apresentaram um teor de princípio ativo abaixo do exigido pela especificação, conforme pode se observar na Tabela 02. Os resultados obtidos demonstraram que os comprimidos analisados não cumpriram as especificações quanto ao doseamento, o que pode diminuir a credibilidade dos produtos avaliados. Esta grande variação nos instiga a buscar em outras farmacopeias métodos analíticos diferentes do utilizado na pesquisa, assim como buscar novas amostras com diferentes lotes, além de realizar outros testes a não ser de doseamento com as mesmas amostras, para comprovar de certa forma a ineficácia terapêutica deste medicamento, prevendo desta forma uma maior necessidade de atenção na elaboração e 7 fabricação deste fármaco por parte dos laboratórios analisados. A alta discrepância entre os valores estabelecidos e os encontrados, pode ser explicada não pela falsificação das marcas apresentadas, mas de outras maneiras, avaliando-se tempo de validade, a temperatura e a umidade pela qual as amostras estavam expostas, podendo levar a hidrólise do princípio ativo, sendo necessário novos estudos. Estudos demonstram que fármacos, como o AAS é extremamente sensível à hidrólise, pois apresenta em sua estrutura um hidrogênio ionizável, o qual facilita a reação de hidrólise. Pesquisas revelam que comprimidos que apresentam cristais em sua superfície e forte odor de ácido acético, podem ter sofrido algum grau de hidrólise do princípio ativo, os cristais certamente são de ácido acético, formado após o processo de hidrólise. Para que isto ocorra à embalagem deve permitir a penetração de umidade, mas não foi o caso das amostras analisadas. Além disso, condições inadequadas de armazenagem e transporte podem levar a uma degradação acelerada do princípio ativo. Essa ocorrência pode levar os prejuízos para um esquema terapêutico adotado por rejeição do medicamento pelo paciente, principalmente ao odor de ácido acético.5 A presença de substâncias mais ácidas que o fármaco original potencializa o risco de ocorrências de irritações gástricas, mesmo considerando o baixo pH estomacal. Efeitos cutâneos, embora sejam mais raros, também podem ser exacerbados.5 O tempo de validade de um produto é determinado por estudos de estabilidade acelerada (6 meses) e de longa duração (24 meses) de acordo com os parâmetros pré-definidos, sendo estes estudos realizados desde o processo de elaboração da formulação até a execução do produto acabado e comprovação da manutenção da eficácia terapêutica dos medicamentos. Após quaisquer mudanças significativas nos processos de produção, equipamentos, materiais de embalagem, que envolva o medicamento, o setor de controle de qualidade do fabricante deverá avaliar novamente a qualidade e a estabilidade dos produtos. Por ocasião do registro deverá ser concedido um prazo de validade provisório de 24 meses se aprovado o relatório dos estudos de estabilidade acelerado na formulação do produto. A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como temperatura, umidade e luz, e de outros relacionados ao próprio produto como propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de fabricação, tipo e propriedades dos materiais de embalagem. 8 4.2 ALCALINIDADE DA ÁGUA Titulação 01 Titulação 02 Titulação Volume de HCl (mL) 0,43 0,42 0,45 V HCl- V branco 0,43 0,42 0,45 Não foi possível realizar o ensaio do branco. Cálculos para determinação da massa de CaCO2 em 100 mL de água: mg00,2 2 1000g09,100L00043,0L.mol0930,0 m 1 CaCO3 mg95,1 2 1000g09,100L00042,0L.mol0930,0 m 1 CaCO3 mg09,2 2 1000g09,100L00045,0L.mol0930,0 m 1 CaCO3 Cálculo da média aritmética da massa de CaCO3 mg2,20 3 mg9,20mg5,19mg0,20 X Cálculo do desvio padrão das médias 71,0 2 )2,209,20()2,205,19()2,200,20( S 222 Cálculo do intervalo de confiança, 96,21;44,1876,12,20 3 )71,0(30,4 2,20IC Cálculo para determinação do coeficiente de variância, %5,3100 2,20 71,0 CV 9 Titulação 01 Titulação 02 Titulação Massa de CaCO3/100 mL 2,00 mg 1,95 mg 2,09 mg Massa de CaCO3/1 L 20,0 mg 19,5 mg 20,9 mg Média: 20,02 DP:0,71 IC: 18,44;21,96 CV%: 3,5 De acordo com os resultados obtidos e expressos na Tabela 1, puderam-se avaliar dois parâmetros físico-químicos das amostras de água de três fontes distintas. A partir dos valores obtidos por média, comparemo-los com os da legislação vigente para água potável e a resolução do CONAMA (2005), além de outros trabalhos relacionados. De acordo com Pádua (2010) a “alcalinidade” da água caracteriza a capacidade maior/menor de neutralização dos ácidos, podendo se assemelhar à “dureza temporária- KH”, por representar também a “fração instável”, ou seja, o total de sais de baixa solubilidade (bicarbonatos/carbonatos/hidróxidos) presentes, dependentes de certos aspectos físicos da água, como O2 e o volume. Comparando, então, os valores obtidos neste trabalho com a caraterização de alcalinidade por Pádua (2010), pode-se concluir que a água da torneira do laboratório é a amostra que mais detém sais de baixa solubilidade, podendo neutralizar certas substâncias ácidas. O mesmo pode ser observado na água mineral Indaiá. No entanto, a água mineral Prata não apresenta poder de neutralização tão forte quanto às demais. Sendo sua alcalinidade baixa, caracterizando-se uma grande diferença em relação à outra água mineral. 5 CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos com o presente estudo é possível concluir que as amostras se encontram reprovadas em testes primordiais para verificação da qualidade do medicamento. Dessa forma, torna-se necessário novos estudos com outros tipos de testes até mesmo o de doseamento, mas com novas amostras e novos lotes. Torna-se ainda válido ressaltar a importância de as indústrias farmacêuticas seguirem integralmente as exigências que regem as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (RDC 210/03), de forma a produzir produtos com qualidade e detectar desconformidades nos processos de produção. Os medicamentos só deverão ser vendidos, distribuídos e utilizados quando estiverem cumprindo todas as especificações estabelecidas nos compêndios oficiais, sendo assim, estarão assegurando o tratamento e 10 não oferecendo riscos ao usuário do medicamento. É importante destacar que as condições de transporte e armazenagem de um produto também afetam sua estabilidade. Porém, não há como prever os locais e condições onde as amostras analisadas foram armazenadas após serem distribuídas. Assim, é obrigação de qualquer indústria realizar testes de estabilidade e selecionar as melhores embalagens possíveis que garantirão qualidade nas mais diversas condições. Fatos como esses apresentados neste trabalhoajudam a confirmar a real necessidade de uma legislação mais exigente para o controle de qualidade de medicamentos; as indústrias devem adequar-se com as boas práticas de fabricação em todos os seus processos, garantindo maior qualidade para os medicamentos que chegam à sociedade, tão dependente dos mesmos. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- BROWN, Theodore; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN, Bruce E. Química: a ciência central. 9 ed. Prentice-Hall, 2005. 2- ATKINS, P.W.; JONES, Loretta. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965 p. 3- BACCAN, Nivaldo; ANDRADE, João Carlos de. Química Analítica Quantitativa Elementar. 3 ed. Edgard Blucher, 2001.
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