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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA GCCA 435 – DIAGNÓSTICO POR IMAGEM _____________________________________________________________________ MONITORES: ÉRICA BARBOZA JAILTON JÚNIOR APOSTILA PARA AUXÍLIO DE ESTUDO SISTEMA CARDIOVASCULAR INTRODUÇÃO O diagnóstico por imagem do sistema cardiovascular em veterinária permite averiguar a anatomofisiologia cardíaca sem acentuar a lesão do órgão e detectar alterações estruturais e funcionais que, somadas às características clínicas do problema auxiliam na conclusão diagnóstica. MÉTODOS UTILIZADOS • Exame radiográfico • Exame ecodopplercardiográfico CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Diferença entre as ocorrências das doenças e a espécie acometida • Felinos: cardiomiopatia hipertrófica. • Caninos: cardiomiopatia dilatada e valvulopatias. Diferença entre raças • Cães com tórax profundo e estreito – coração arredondado e menor. • Cães com tórax com conformação mediana. • Cães com tórax em formato de “barril” – silhueta cardíaca direita aumentada e arredondada. Idade • Animais jovens: cardiopatias congênitas. • Animais idosos: cardiopatias adquiridas. EXAMES RADIOGRÁFICOS Indicações • Triagem de anormalidades cardíacas; • Avaliar circulação pulmonar relacionada à função cardíaca; - A dilatação de um vaso, principalmente de um bronco pulmonar, pode indicar um quadro hipertensivo relacionado com a alteração cardiovascular. • Obter pista sobre descompensação cardíaca; • Avaliar respostas à terapia; - Determinar o tamanho cardíaco global e inferir sobre o tamanho específico de determinadas câmaras. • Enfermidades cardíacas costumam modificar a silhueta de átrios, ventrículos, artéria pulmonar e aorta; - Observa assimetria de câmara, deslocamento de tecidos, achados secundários em região torácica – abdominal relacionados com alteração cardiovascular. TÉCNICA RADIOGRÁFICA Projeções No mínimo 2 projeções ortogonais: laterolateral (LLD e LLE) e outra dorsoventral. Imagem obtida durante inspiração máxima para obtenção melhor do contraste e não haver sobreposição de estruturas junto ao coração, por exemplo, o diafragma. • Projeção LLD: No caso de animal em decúbito esquerdo, o tronco aórtico fica muito evidente e pode sobrepor de uma maneira que ocasiona uma falsa impressão de aumento atrial. Por isso é aconselhado começar com a projeção LLD para observar as estruturas cardiovasculares, pulmonares, bronquiais, traqueais e outros vasos, sem a interferência da presença do tronco aórtico. • Projeção DV: O animal ficará mais confortável nessa projeção. Pacientes cardiovasculares podem ter um desconforto e piora do quadro clínico em projeção ventrodorsal. Imagem radiográfica fica mais simétrica, pois não se faz muito necessário o proprietário, já que o animal fica em decúbito esternal mais confortável. INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA Laterolateral direito ▪ Átrio esquerdo: entre 12 e 2 horas; ▪ Ventrículo esquerdo: entre 2 e 5-6 horas; ▪ Ventrículo direito: entre 5-6 horas e 10 horas; ▪ Átrio direito: entre 10 e 12 horas. VERTEBRAL HEART SYSTEM (VHS) Técnica quantitativa de avaliação do coração na laterolateral, que correlaciona o tamanho da medida do coração – onde mede-se a distância da carina ao ápice do coração para o comprimento, e a distância da cava cranial para a cava caudal para a largura – com quantas vértebras, a partir da borda cranial da 4ª vértebra torácica, possuem no tamanho referente a soma das medidas de comprimento e largura da estrutura cardíaca. Possuindo como valores referentes em cães de 8 a 10 vértebras, e em gatos de 6 a 8 vértebras. Dorsoventral ▪ Átrio esquerdo normalmente só é visto no gato; ▪ Aorta: 12 horas; ▪ Tronco pulmonar: entre 1 e 2 horas; ▪ Átrio esquerdo (gatos): entre 2 e 3 horas; ▪ Ventrículo esquerdo: entre 3 e 5 horas (gatos); entre 2 e 5 horas (cães); ▪ Ventrículo direito: entre 5-6 horas e 10 horas; ▪ Átrio direito: entre 10 e 12 horas. SIMETRIA ENTRE A DISTÂNCIA DOS HEMITÓRAX Medida quantitativa de avaliação do coração na dorsoventral. Mede-se da parede torácica até a borda do coração do lado direito, e da parede torácica até a borda do coração do lado esquerdo. EXAMES ECOCARDIOGRÁFICOS Indicações • Avaliar de forma rápida e indolor a estrutura e função cardíaca, além da hemodinâmica; • Determinar se há alterações em direção, velocidade, gradientes de pressão e aspecto dos fluxos intracardíacos; • Diagnóstico de enfermidades cardíacas congênitas, adquiridas e condições que alteram a hemodinâmica secundariamente. TÉCNICA ECODOPPLERCARDIOGRÁFICA • Preparo do paciente; • Não são necessárias e nem desejadas sedação, tranquilização ou anestesia, exceto em pacientes extremamente inquietos; • Tricotomia da região torácica e camada de gel espessa; • Posicionamento adequado do paciente em mesa apropriada para a ecocardiografia. MODALIDADES • Bidimensional: avaliação da anatomia cardíaca e sua relação espacial. Janela paraesternal direita e paraesternal esquerda. • Modo M: representa as estruturas cardíacas em um plano unidimensional. Quantificação do tamanho das câmaras cardíacas e espessura das paredes, movimentação das paredes, das válvulas e dimensões dos grandes vasos. • Doppler: direção/velocidade do fluxo e detecção de fluxo inadequado. Direção de jatos regurgitantes, obstruções ao fluxo, jatos turbulentos. Possibilita a avaliação quantitativa da hemodinâmica e de índices de desempenho cardíaco. • Tecidual: avaliar a velocidade de deslocamento do miocárdio. Melhor compreensão das funções sistólica e diastólica do coração. ENDOCARDIOSE DE MITRAL Achados radiográficos Projeção laterolateral • Elevação dorsal da traqueia e carina; • Brônquio principal esquerdo deslocado dorsalmente; • Bordo cardíaco esquerdo mais verticalizado. Projeção dorsoventral • Aumento da aurícula esquerda; • Arredondamento do bordo ventricular esquerdo. Achados ecográficos • Dilatação atrioventricular esquerda; • Degeneração das cúspides – irregulares, espessadas e hiperecoicas; • Jato regurgitante propagando-se do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo; • Dilatação das veias pulmonares na chegada ao átrio esquerdo (congestão venosa pulmonar). ENDOCARDIOSE DE TRICÚSPIDE Achados radiográficos Projeção laterolateral • Elevação da traqueia dorsal ao átrio direito dilatado; • Perda da delimitação da cintura cardíaca cranial; • Aumento do contato do bordo cardíaco direito com o esterno, por conta da dilatação do ventrículo direito; • Aparência de silhueta ventricular esquerda mais verticalizada, por conta do deslocamento dorsoventral de átrio esquerdo; • Elevação da veia cava caudal e brônquio principal esquerdo deslocado dorsalmente. Achados ecográficos • Dilatação atrioventricular direita; • Espessamento da válvula tricúspide – irregular, espessada e hiperecoica; • Jato regurgitante se propagando do ventrículo direito para o átrio direito. CARDIOMIOPATIA DILATADA Achados radiográficos Projeção laterolateral • Expansão da silhueta cardíaca com marcante dilatação atrial esquerda. Projeção dorsoventral • Crescimento biventricular entre 4 e 10 horas; • Dilatação auricular esquerda entre 3 e 4 horas; Achados ecográficos • Dilatação cardíaca – nítido aumento do diâmetro sistólico no ventrículo esquerdo e dilatação do átrio esquerdo; • Dilatação pode envolver as quatro câmaras; • Redução da espessura do septo interventricular e parede livredo ventrículo esquerdo; • Jato regurgitante dos ventrículos para os átrios, sem anormalidades nas válvulas; • Aumento do diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo; • Presença da fração de encurtamento, que consiste na alteração percentual na dimensão da cavidade do ventrículo esquerdo que ocorre na sístole. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA Achados radiográficos Projeção laterolateral • Não é possível identificar a hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo; • Deslocamento dorsal da traqueia. Projeção dorsoventral • Dilatação atrial; • Aumento da silhueta cardíaca. Achados ecográficos • Aumento da espessura em diástole do septo interventricular e/ou do ventrículo esquerdo; • Redução do diâmetro ventricular em sístole; • Hipertrofia dos músculos papilares; • Dilatação atrial esquerdo; • Turbulência na via de saída do ventrículo esquerdo – obstrução dinâmica; • Jato regurgitante se propagando do ventrículo para o átrio esquerdo. ESTENOSE AÓRTICA Achados radiográficos Projeção laterolateral • Aumento do ventrículo esquerdo. Projeção dorsoventral • Arredondamento do ventrículo esquerdo entre 3 e 5 horas; • Proeminência do arco aórtico entre 12 e 1 hora. Achados ecográficos • Estreitamento da via de saída do ventrículo esquerdo; • Cúspides espessadas e hiperecoicas; • Hipertrofia concêntrica de ventrículo esquerdo; • Espessamento de septo interventricular e parede; • Turbulência na aorta proximal – regurgitação. ESTENOSE PULMONAR Achados radiográficos Projeção laterolateral • Elevação da traqueia; • Maior contato entra coração e esterno; • Dilatação atrial direita Projeção dorsoventral • Aumento de ventrículo direito e dilatação do tronco pulmonar. Achados ecográficos • Hipertrofia concêntrica de ventrículo esquerdo; • Cúspides pulmonares espessadas; • Jato turbulento na via de saída de ventrículo direito. PERSISTÊNCIA DO DUCTO ARTERIOSO Bombeamento de parte do sangue arterial da aorta para a artéria pulmonar, ou seja, passagem de sangue. Achados radiográficos • Dilatação atrioventricular esquerda; • Aumento do contorno de átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Achados ecográficos • Dilatação atrial esquerda e aumento do diâmetro interno do ventrículo esquerdo; • Fluxo turbulento no tronco pulmonar; • Forma reversa do PDA. EFUSÃO PERICÁRDICA Achados radiográficos • Sem alterações quando houver líquido em pequenas quantidades; • Silhueta cardíaca aumentada e globosa – perda dos contornos; • Veia cava caudal dilatada em pacientes em tamponamento cardíaco. Achados ecográficos • Interface hipoecoica/anecoica entre pericárdio e estruturas cardíacas. NEOPLASIAS • Localizadas na base do coração (aurícula direita ou pericárdio); • Efusão pericárdica e visibilização da estrutura; • Abaulamento na silhueta cardíaca. DIROFILARIOSE • Dilatação ventricular direita e espessamento da parede; • Dirofilárias visibilizadas no tronco pulmonar, ventrículo direito e/ou na veia cava – linhas paralelas intercaladas por área hipoecoica; • Aumento da silhueta ventricular direita e proeminência do tronco pulmonar.
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