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ANATOMIA DO CORAÇÃO Semiologia do Coração Ventrículo Direito - Ocupa a maior parte da superfície cardíaca anterior. Junto com a Art. Pulmonar compõem uma estrutura cuneiforme, situada atrás e à esquerda do esterno; - Borda inferior do VD situa-se abaixo da junção do esterno com o processo xifoide; - VD estreita-se no sentido cefálico e une-se à A. Pulmonar no nível do esterno; - “Base do Coração”: um termo clínico que designa a face superior do coração nos 2° EIC (espaços intercostais) direito e esquerdo, próximo ao esterno. Ventrículo Esquerdo - Está situado atrás e à esquerda do ventrículo direito, forma a borda lateral esquerda do coração; - “Ápice” Cardíaco: denominação da extremidade inferior do VE, que se estreita de modo gradual - É clinicamente importante, pois produz o impulso apical, identificado durante a palpação da região precordial como ictus cordis, o ponto de impulso máximo (PIM). Esse impulso possibilita a localização da borda esquerda do coração → 5° EIC, 7 a 9 cm lateralmente à linha esternal média, geralmente na linha hemiclavicular esquerda; O ictus cordis (PIM) nem sempre é palpável, mesmo em um paciente hígido comcoração normal. Diâmetro PIM (pcte em decúbito dorsal) = apx. 1 a 2,5 cm; PATOLOGIA: Ictus acima de 2,5 é evidencia de hipertrofia de ventrículo esquerdo ou dilatação de ventrículo esquerdo como em pacientes com hipertensão arterial e estenose aórtica; PATOLOGIA: Deslocamento do PIM lateralmente a linha hemiclavicular ou mais de 10 cm à linha esternal média, sugere HVE - O impulso precordial mais proeminente em alguns pacientes pode não representar o ápice do ventrículo esquerdo; Pacientes com DPOC podem apresentar impulso palpável ou ictus cordis mais proeminente na região xifoide ou epigástrica, em consequência da hipertrofia do VD. Grandes Vasos: FISIOLOGIA DO CORAÇÃO Ângulo de Louis - Localizados acima do coração. Artéria Pulmonar: bifurca-se nos seus ramos direito e esquerdo; Aorta: encurva-se para cima, partindo do VE até o nível do ângulo do esterno, no qual forma um arco para trás, para a esquerda e, depois, para baixo; Veias Cavas Sup. e Inf.: localizadas na borda medial; → Quando os ventrículos se enchem de sangue, em seguida eles se contraem quase* ao mesmo tempo → as valvas atrioventriculares se fecham → TUM= 1ª bulha cardíaca (B1)= Fechamento das valvas atrioventriculares (AV) → TODAS AS VALVAS FECHADAS (CONTRAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA), pois o sangue não sai, mantém-se o volume → VOLUME IGUAL E PRESSÃO AUMENTANDO → As valvas semilunares se abrem permitindo a passagem do sangue → EJEÇÃO CARDÍACA → 60% do sangue é ejetado, sendo que desse sangue apenas 70% é ejetado no 1/3 da sístole (ejeção rápida)- volume cai bem mais rápido, já nos outros 2/3 os 30% restantes (ejeção lenta) → A pressão da aorta vai subindo, conforme o sangue vai passando e posteriormente ela cai e contrai (músculo liso), fazendo o sangue querer retornar, fechando a valva aórtica → 2ª bulha cardíaca (TÁ) → Todas as valvas estão fechadas → RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO → 1ª fase da diástole cardíaca → A pressão menor no ventrículo e a maior pressão nos átrios faz com que as válvulas atrioventriculares se abram → O enchimento pode ser também dividido em 3 partes → 1/3= Enchimento rápido= 70% do volume (3a bulha em patologias) → 2/3 fase de enchimento lento (DIÁSTASE) → Sístole atrial= 20% do volume final→ Contração ventricular... Períodos Início da Sístole - Início da contração isovolumétrica (pressão ventricular > pressão atrial); - Ou fechamento das valvas atrioventriculares (diferença entre eles de 20 milissegundos); Pressão ventricular esquerda ultrapassa levemente o valor da pressão aórtica, forçando a Valva Aórtica a se abrir por gradiente de pressão. Pode gerar um ruído rápido (Estalido de Ejeção) Assim tem-se: - Sístole Fisiológica -> no início da contração isovolumétrica (quando a pressão ventricular supera a atrial) até o pico da fase de ejeção. - Diástole Fisiológica -> começa quando a contração de íons cálcio começa a reduzir, o relaxamento dos miócitos supera a contração e a pressão ventricular começa a reduzir; ▪ Sístole Cardiológica -> demarcada por um intervalo entre a primeira e a segunda bulha; ▪ Diástole Cardiológica -> resto do ciclo; Ondas da pressão atrial - Onda A -> contração do átrio; - Onda C -> começo da contração ventricular, abaulamento das valvas atrioventriculares para trás; - Onda V -> fim da contração ventricular, fluxo chegando aos átrios com valvas AV contraídas pela contração do ventrículo; A primeira bulha é composta por: - M1 -> fechamento da mitral - T1 -> fechamento da tricúspide A ejeção é primeiro pulmonar e depois aórtica; A velocidade de ejeção é determinada pela pressão realizada; INSPEÇÃO Ejeção Ventricular Lenta - Concentração de cálcio celular cai, declinando por causa da captação de cálcio pelo sistema reticuloendotelial. Miofibrilas começam a relaxar e a velocidade de sangue para aorta diminui. O fluxo de sangue para aorta diminui, mas o fluxo é mantido pelo recuo elástico da aorta; A segunda bulha é composta por - A2 -> fechamento da valva aórtica - P2 -> fechamento da valva pulmonar Relaxamento isovolumétrico -> ventrículo começa a relaxar com valvas aórtica e mitral fechadas; O fluxo de sangue para os átrios é constante na sístole Enchimento Ventricular rápido; -Aberturas da AV após aumento da pressão atrial; -Maior parte do enchimento; -Dura o 1/3 inicial da diástole; No fim do enchimento ventricular pode se escutar um ruído B3 -Pode ser fisiológico ou disfunção; -Reflete as vibrações da parede ventricular durante o enchimento ventricular rápido; -Torna-se mais alta quando a pressão diastólica aumenta, rigidez do músculo aumenta ou velocidade de enchimento aumenta; Quando a pressão do ventrículo e do átrio se igualam, o enchimento ventricular para até a contração atrial. Esse período é conhecido como Diástase. No terço final da diástole, os átrios se contraem e injetam mais 25% de sangue nos ventrículos; Pcte em decúbito dorsal, cabeceira a 0° ou 30°. Examinador à direita. A área a ser examinada deve ser exposta, respeitando-se o pudor do paciente. • Deve-se observar: padrão respiratório, cicatrizes cirúrgicas, deformidades, abaulamentos, circulação colateral e impulsões. O que observar: Padrão respiratório: - Dispneia; - Taquipneia (>24bpm) e bradipneia (<12bpm); - Ortopneia (dispneia em decúbito dorsal com melhora em ortostatismo -> ICC); → Atitude ortopneica → paciente não consegue deitar a 0° → quando deita sente falta de ar; - Trepopneia (dispneia em decúbito lateral → derrame pleural); - Platipneia (dispneia em ortostatismo → s. hepato-pulmonar, hipovolemia, mixoma atrial); - Tiragem: na inspiração, nos EIC, supraesternal, supraclavicular; - Sinal de Hoover = retração inspiratória das paredes laterais da caixa torácica inferior (= redução do diâmetro latero-lateral do tórax inferior) – DPOC, hiperinsuflação pulmonar grave - Posição de Blechmann/ Sinal do travesseiro – posição antálgica → sugestivo de pericardite; - Sinal de Levine → dor intensa → sinal de síndrome coronariana aguda; Cabeça - Olhos: arco senil < 40 anos (provavelmente tem dislipidemia, risco cardiovascular), xantelasmas (depósito de gordura → indicativo de hipergliceridemia), proptose (Oftalmopatia de Graves → tireotoxicose → taquicardia); - Região malar: Rash malar + telangiectasia. - Pavilhão auricular: Sinal de Frank e Linchstein → Valor preditivo para doençaarterial coronariana; - Boca: Conservação dos dentes, palato alto e arqueado. Síndrome de Marfan, língua protusa e parótidas aumentadas; - Pescoço: Turgência jugular; Aumento da tireoide. - Membros superiores e inferiores: → Envergadura aumentada e aracnodactilia: Marfan. → Cianose diferencial MMSS X MMII: Persistência do canal arterial, Hipertensão Pulmonar Grave com Shunt. → Splinter ungueal, baqueteamento digital. → Edema de membros inferiores, insuficiência venosa crônica dermatite ocre de bota. - Abdome: → Ascite; → Pulsação de aneurisma de aorta abdominal; - Tórax: → Sinal de Williams: Propulsão do ictus cordis no 5° EIC; → Impulso Sistólicos de VD sobre espaço subxifoide; → Batimentos visíveis em fúrcula esternal: aneurisma crossa da aorta; Cicatrizes cirúrgicas – local, extensão, aspecto - Esternotomia: implante de prótese valvar, revascularização cirúrgica, transplante - Toracotomia direita – correção de defeitos septais, cirurgia de valva mitral; - Toracotomia esquerda – correção de coarctação da aorta; Deformidades: podem indicar acometimento cardiovascular - Pectus carinatum/peito de pombo/ raquítico = proeminência anormal anterior do esterno; - Defeitos septais, síndrome de Marfan, após esternotomia para cirurgia cardíaca, distúrbios metabólicos sérios; - Pectus excavatum/peito escavado/de sapateiro = depressão ou deslocamento posterior do esterno, deslocando o coração para a esquerda e gerando a falsa impressão de cardiomegalia durante palpação de impulso apical; - Tórax em barril/tonel/enfisematoso = aumento anteroposterior; - Enfisema pulmonar; - Tórax paralítico = verticalização e aproximação constante entre as costelas, levando a acentuada redução ou ausência de movimentos torácicos; - Tuberculose extensa; Abaulamentos: Abaulamento é a formação de uma convexidade. Nesse caso, avaliaremos a presença de abaulamentos no precórdio. SEMPRE determinado pela DILATAÇÃO DO VENTRÍCULO DIREITO. Isso se deve ao fato de a face anterior do coração ser praticamente apenas ventrículo direito. Abaulamento dessa região pode indicar aneurisma de aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações próprias da cavidade torácica. Nas crianças, cuja parede é mais flexível (arcabouço torácico não está rígido), a dilatação e hipertrofia cardíacas, especialmente do VD, deformam com facilidade o precórdio. Por isso, cardiopatias congênitas e lesões valvares reumáticas são as causas mais comuns de abaulamento precordial Devemos diferenciar abaulamentos por causas osteomusculares (peito de pombo por exemplo) dos causados por crescimento do VD. Os abaulamentos do VD se distinguem pela impulsão do precórdio que aparece nos casos de hipertrofia. - Acima da 3a costela – por aneurisma da aorta proximal; - Infraclavicular – por marca-passo ou cardioversor desfibrilador implantável; INSPEÇÃO e PALPAÇÃO 1. Ictus Cordis/ Choque da Ponta ou Impulso Apical: Ponta do ventrículo esquerdo que mantém contato direto com o gradil costal. - Impalpável e invisível em enfisematosos, em obesos, em pacientes com grande musculatura, em pacientes com grandes mamas. Obs.: A localização varia com o biotipo do paciente: mediolíneos (na linha hemiclavicular esquerda com o 5° espaço intercostal); brevelíneos (2cm para fora e para cima, no 4° espaço intercostal); longilíneos (2 cm para dentro, no 6° espaço intercostal). → Ictus Cordis Difuso → quando tem mais de duas polpas; - Indica dilatação de ventrículo esquerdo; → Ictus Cordis Propulsivos → quando a mão que palpa é levantada pela propulsão; - Indica hipertrofia de ventrículo esquerdo Estudado pela inspeção e palpação. Devemos considerar: localização, extensão, mobilidade, intensidade, tipo de impulsão, ritmo, frequência. - Localização. O deslocamento do Ictus da sua posição normal indica dilatação ou hipertrofia do ventrículo direito. Como em estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, hipertensão arterial, miocardiosclerose, miocardiopatias e algumas cardiopatias congênitas. AUSCULTA - Extensão. Avaliamos a extensão de acordo com a quantidade de polpas digitais necessárias para cobri-lo. O normal é cobrir 1 a 2 polpas digitais. Acima de 3 polpas digitais já indica a hipertrofia ventricular. - Mobilidade. Avaliamos o local do choque em decúbito dorsal e passamos para lateral. Normalmente, a ponta se desloca 1 a 2 cm. Se ficar parado, há Sínfise Pericárdica, que significa que os folhetos pericárdicos estão aderidos entre si. - Intensidade. Avaliada mais pela palpação. Repousamos a mão sobre a região dos batimentos. Varia entre certos limites no caso de pessoas normais (após exercícios ou fortes emoções ou drogas ou pessoas magras). Os choques verdadeiramente vigorosos ocorrem na hipertrofia do ventrículo esquerdo. - Ritmo e frequência são mais avaliados na ausculta. Contudo, ritmo a galope é bem reconhecido na palpação de ictus cordis. Obs.: Para facilitar a palpação do ictus, o paciente deve expirar completamente, uma vez que a inspiração profunda aumenta o diâmetro anteroposterior do tórax e afasta o ictus cordis da parede. 2. Batimentos ou Movimentos Além do ictus, podem ser encontrados no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis. Por exemplo, retração sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, cliques, pulsação epigástrica, pulsação supraesternal. - Retração Sistólica Apical. Aparece em casos de hipertrofia direita. Durante a sístole, em vez de impulso, o que se percebe é uma retração - Levantamento em Massa do Precórdio. Denominado de impulsão sistólica. Ocorre na hipertrofia do ventrículo direito. É percebido como um impulso sistólico que movimenta uma área relativamente grande da parede torácica nas proximidades do esterno. - Bulhas Hiperfonéticas podem ser sentidas. Nesse caso, chamamos de Choque Valvar. Esse fenômeno pode ocorrer em cliques de maior intensidade que chegam a ser palpáveis. - Pulsações Epigástricas. Vistas e palpadas em muitas pessoas e nada mais são do que a transmissão à parede abdominal e das pulsações da aorta. Podem denunciar hipertrofia ventricular direita e, nesse caso, são mais intensas no ângulo xifoesternal, podendo até ser percebida as contrações do ventrículo epigástrico ao pressionar com a palma da mão a parte superior do epigástrio. Pode ser causada pelo Pulso Hepático que aparece em razão de estenose tricúspide ou insuficiência tricúspide (pré-sistólica ou sistólica respectivamente). - Pulsação Supraesternal ou na Fúrcula Esternal. Pode ser observada em pessoas normais e depende das pulsações na crossa aórtica. Quando muito intensas levam a suspeita de HAS, esclerose senil de aorta, aneurisma de aorta ou síndrome hipercinética (insuficiência aórtica, hipertireoidismo e anemia). 3. Frêmito Cardiovascular Sensação tátil produzida por turbilhonamento nas artérias. É uma vibração. Sempre é patológica. Pode ser chamada de Frêmito Catário por parecer um gato ronronando. Correspondem aos sopros. Devemos sempre investigar: localização, situação no ciclo cardíaco e intensidade. - Localização. Usa-se como referências as áreas de ausculta. - Situação no Ciclo Cardíaco. Diferencia-se pela coincidência ou não com o ictus cordis ou o pulso carotídeo. Podem ser sistólicos, diastólicos, sistodiastólicos ou contínuos. - Intensidade. Avaliada em cruzes de 1 a 4. Focos e Áreas de Ausculta: - Foco Mitral: 5° (ou 4°) espaço intercostal esquerdo na LMC (ictus cordis); - Foco Tricúspide: 5° espaço intercostal esquerdo na LPE (base do apêndice xifóide, ligeiramente para esquerda); - Foco Aórtico: 2° EIC direito na LPE; - Foco Pulmonar: 2° EIC esquerdo na LPE; - Foco Aórtico Acessório (Foco de Erb): 3° EIC esquerdo na LPE; - Borda EsternalEsquerda: Região entre o Foco Pulmonar e o Foco Tricúspide, na LPE esquerda; - Borda Esternal Direita: Região entre Foco Aórtico e 5° EID, na LPE direita; - Endoápex ou Mesocárdio: Área situada entre o Foco Tricúspide e o Mitral. Áreas Adjacentes: - Regiões infra e supraclaviculares direita e esquerda; - Regiões laterais do pescoço; - Regiões interescapulovertebrais. Obs.: O decúbito lateral esquerdo é especialmente importante na ausculta dos ruídos da valva mitral, bem como de B3 e do ruflar diastólico típico de quadros de estenose mitral. Com o paciente sentado e levemente inclinado para frente, pode-se ter uma ausculta mais clara dos focos da base do coração, foco aórtico e pulmonar. Bulhas Cardíacas: 1ª Bulha (B1) (TUM): - Som de timbre mais grave e duração um pouco maior do que a 2ª bulha; - Tem intensidade maior no foco mitral, onde costuma ser mais forte que B2; - Origina-se do fechamento das valvas atrioventriculares, marco inicial da sístole; - Apresenta um componente mitral (M1) e um componente tricúspide (T1), que podem estar desdobrados; - Coincide com o ictus cordis e com o batimento do pulso carotídeo; - Em 50% das pessoas, observa-se desdobramento não relacionado com a respiração e não patológico. Obs.: B1 coincide com o pulso carotídeo; 2ª Bulha (B2) (TÁ ou TLÁ): - Vem depois do pequeno silêncio. Som de timbre mais agudo e soa de maneira mais seca; - Nas crianças, tem maior intensidade no foco pulmonar (P2 > A2). Nos adultos e idosos, tem maior intensidade no foco aórtico (A2 > P2); - É constituída por quatro grupos de vibrações, sendo audíveis apenas as originadas pelo fechamento das valvas semilunares, marco inicial da diástole; - Componente aórtico (A2) é auscultado em todo precórdio. Componente pulmonar (P2) auscultado apenas no foco pulmonar e na borda esternal esquerda; - Desdobramento Inspiratório de B2: Varia de indivíduo pra indivíduo. Muito comum em crianças. 3ª Bulha (B3) (TU): - Ruído protodiastólico de baixa frequência (usar campânula); - Melhor auscultada no foco mitral, em decúbito lateral esquerdo; - Origina-se das vibrações da parede ventricular subitamente distendida durante o enchimento ventricular rápido; - Observada habitualmente em crianças e adolescentes, raramente em adultos. 4ª Bulha (B4) (TU): - Ruído débil, de baixa frequência (usar campânula), que ocorre no fim da diástole (telediastólico ou pré-sistólico); - Origina-se pela brusca desaceleração do fluxo sanguíneo, mobilizado pela contração atrial, de encontro à massa sanguínea existente no interior dos ventrículos, no final da diástole; - Auscultada, em condições normais, nas crianças e adultos jovens. Fora Desdobramento Fisiológico de B1: A sístole ventricular ocorre primeiro na esquerda do que na direita, devido à inervação mais abundante do ventrículo esquerdo pelo Sistema His- Purkinje, havendo despolarização mais rapidamente. Logo, a valva mitral fecha antes da pulmonar, e, portanto, é possível distinguir (em 50% dos casos) os componentes mitral (M1) e tricúspide (T1), embora não haja intervalo considerável entre eles. Embora a sístole ventricular seja precoce no VE (marcada pelo fechamento das valvas AV), o período de contração isovolumétrica no VE é mais longo, pois para a abertura da valva aórtica a pressão intraventricular tem que exceder a alta pressão intra-aórtica. Assim, o VD, embora inicie sua sístole mais tardiamente, começa seu esvaziamento antes de VE. Desdobramento Fisiológico de B2: Pelo mesmo motivo que o VE começa a esvaziar-se mais tardiamente do que o VD (alta pressão aórtica a ser vencida pela pressão intraventricular), o VE é o primeiro a completar a ejeção, visto que a maior pressão intra-aórtica determina o fechamento da valva aórtica antes do fechamento da valva pulmonar. Assim, o componente aórtico (A2) de B2 é auscultado antes do → Bulhas rítmicas normofonéticas em dois tempos sem sopro. componente pulmonar (P2), pois o fechamento da valva aórtica é mais precoce. Logo, B2 pode ser desdobrada em um componente aórtico (A2) e pulmonar (P2). Durante a inspiração, o desdobramento se intensifica, podendo haver um intervalo entre os componentes, o que substitui o ruído de TÁ por TLÁ. Influência da Respiração sobre B2: - INSPIRAÇÃO: ↑ Pressão Intra-abdominal / ↓ Pressão Intratorácica → Retorno Venoso p/ Átrio Direito → Retardo da Sístole Direita → Componentes A2-P2 mais distantes → Desdobramento fisiológico de B2; → Redução da pressão intratorácica, induzida pela inspiração, resultando em aumento do retorno venoso sistêmico, prolongamento do enchimento ventricular direito, e retardo no aparecimento do componente pulmonar da segunda bulha. - EXPIRAÇÃO: ↑ Pressão Intrapulmonar → ↑ Retorno Venoso p/ Átrio Esquerdo → Retardo da Sístole Esquerda → Componentes A2-P2 próximos → Ruído único (B2). Obs.: Percebe-se um ruído único durante a expiração, enquanto que, na inspiração, esses componentes são identificados separadamente, o que caracteriza o desdobramento fisiológico do segundo ruído cardíaco. Ritmo e Frequência do Coração - Ritmo: Havendo duas bulhas, ritmo binário (“em dois tempos”). Havendo três bulhas, ritmo tríplice (“ritmo de galope”); - Frequência Cardíaca: Contar batimentos durante um minuto. Em adultos, o normal é de 60 a 100 bpm. Verificar “déficit” de pulso; Obs.: Alterações do ritmo devem ser confirmadas por eletrocardiograma. Desdobramento Patológico de B1: - Por Atraso Elétrico: Causando um assincronismo anormal dos ventrículos. - Causas: Bloqueios de ramo; bloqueios AV com ritmo idioventricular; marca-passo com eletrodo em VE; extra-sístoles ventriculares. - Por Atraso Mecânico: Atraso no fechamento das valvas mitral ou tricúspide. - Causas: Estenose Mitral; Estenose Tricúspide. Hiperfonese de B1: - Aceleração do fechamento valvar: Taquicardia; hipertireoidismo; hipertensão arterial sistêmica; - Maior tempo de excursão do fechamento das valvas AV: Hiperfluxos através da valva mitral ou tricúspide (comunicação interventricular, comunicação interatrial, persistência do canal arterial); - Alteração anatômica das valvas: Estenose mitral. Hipofonese de B1: - Dificuldade de transmissão de som: Derrame pericárdico; derrame pleural esquerdo; obesidade; enfisema pulmonar; - Retardo no fechamento da valva mitral: Por fluxo lento no final da diástole, na insuficiência ventricular esquerda (IVE); - Menor tempo de excursão das valvas AV: Estenose aórtica; insuficiência aórtica; insuficiência cardíaca (maior pressão diastólica final do ventrículo); - Lesão Valvar: Insuficiência mitral ou tricúspide; - Calcificação Valvar. Desdobramento Patológico de B2: “Desdobramento fixo”, independendo dos movimentos inspiratório e expiratório; - Por aumento de pressão no VD, o que leva a um atraso no fechamento da valva pulmonar: Insuficiência ventricular direita; comunicação interatrial; estenose pulmonar; - Por atraso na contração do VD: Bloqueio de ramo direito. Desdobramento Paradoxal de B2: Desdobramento invertido de B2, com P2 antes de A2, por atraso no fechamento aórtico. - Inspiração: Desfaz ou atenua o desdobramento; - Expiração: Acentua o desdobramento; - Causas: Atraso elétrico (bloqueio de ramo esquerdo; marca-passo com eletrodo no VD); atraso mecânico (estenose aórtica, por acumular sangue no VE provocando um retardo no fechamento da valva aórtica; isquemia ou doença miocárdica, por atraso no esvaziamento do VE). Hiperfonese de B2: A intensidade de B2 dependebasicamente da tensão diastólica pulmonar e sistêmica, ou seja, a causa basicamente é hipertensão. - Hiperfonese de A2: Hipertensão arterial sistêmica; - Hiperfonese de P2: Hipertensão pulmonar primária ou secundária (por doença valvar mitral, CIV, embolia pulmonar). Nessas condições, P2 é mais intenso que A2 (normalmente A2 > P2). Hipofonese de B2: - Hipofonese de A2: Insuficiência aórtica; estenose aórtica; - Hipofonese de P2: Estenose pulmonar; tetralogia de Fallot; atresia pulmonar. Hipofonese de B1-B2: Uma hipofonese generalizada de bulhas é encontrada em síndromes de baixo débito e em condições que diminuam a transmissão sonora para a parede torácica. - Causas: Síndromes de baixo débito (choque, taquicardia, pericardite constritiva, insuficiência cardíaca congestiva); obesidade; grande derrame pleural esquerdo; grande derrame pericárdico; enfisema pulmonar; obesidade.
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