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Industrialização e Intervenção Estatal

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1.A industrialização na década de 30
1.1 A visão de Celso Furtado:
No período anterior a década de 30, a dinâmica da economia brasileira era determinada pelo setor exportador. A renda deste setor gerava expansão da demanda interna e estimula outros setores, mas a diversificação incipiente da economia resultante desta dinâmica não era capaz de reduzir a dependência do desempenho do setor exportador.
A política de defesa do café, na década de 30, foi a responsável pela rápida recuperação da economia brasileira. Na época essa política deixou de ser financiada por empréstimos externos e passou ser coberta por emissão de títulos públicos e emissão de moeda.
A desvalorização cambial e as medidas para restringir as importações, no início da década de 30, criaram condições favoráveis a expansão industrial, iniciando o processo de substituição de importações.
A recuperação da atividade econômica deu-se, inicialmente, a partir da ocupação da capacidade ociosa, depois houve retomada dos investimentos, desenvolvimento interno da produção de bens de capital e o incremento das importações. Os setores ligados ao mercado interno, principalmente a indústria passaram a ser os mais dinâmicos da economia.
A política econômica adotada no período não visava intencionalmente fomentar a indústria, mas atender aos interesses cafeeiros, mas contribuiu para a recuperação da economia e para mudar a estrutura da economia.
1.2 Críticas a visão de Furtado
O processo de industrialização na década de 30 não decorreu apenas da crise no setor externo da economia, mas também foi determinado pela dinâmica interna de acumulação de capital. 
Na década de 20, já havia um setor industrial incipiente, que não surgiu como resultado de restrições à importação, mas sim como desdobramento da acumulação de capital centrada no café. 
A dinâmica da economia nos anos 30, também dependia das condições internas de acumulação de capital e foi importante para a industrialização a ação desenvolvimentista estatal.
1.3 O crescimento da participação do Estado na economia
Até a década de 20, pode-se falar que o governo brasileiro era liberal em termos de condução da política econômica, evitando a intervenção direta do Estado sobre a atividade econômica. 
A partir de 1930, a importância sobre a economia da atuação do Estado cresce.
O governo intensificou a política de defesa de café, inclusive com a queima de estoques do produto, ampliou o déficit público e a expansão da base monetária, introduziu várias restrições às importações e interviu diretamente no mercado de câmbio por meio de um racionamento do uso da moeda externa, priorizando importações essenciais e manteve uma taxa de câmbio mais valorizada para o pagamento dos serviços da dívida externa.
Também foi introduzida a legislação trabalhista e foram criados vários órgãos de regulação e fomento de setores específicos.
1.4 Teorias sobre a origem da indústria brasileira:
. A teoria dos choques adversos (teoria cepalina e de Celso Furtado)
Argumenta que a industrialização começou como uma resposta das dificuldades impostas às importações pelos choques da Primeira Guerra Mundial, da crise de 1929, e da Segunda Guerra Mundial.
. A industrialização liderada pelas exportações:
O crescimento da produção teria ocorrido nos períodos de expansão das exportações, principalmente café, devido ao efeito renda e a maior disponibilidade de divisas para importar máquinas e equipamentos.
. A hipótese do capitalismo tardio:
A industrialização brasileira seria resultado do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, subordinado primeiro a fatores internos depois a fatores externos. A economia brasileira teria passado por três fases: colonial, mercantil nacional baseada no trabalho escravo e economia capitalista exportadora. Nessa última fase, entre 1880 e 1930, teria se acumulado o capital que deu origem a indústria brasileira.
. A industrialização promovida por políticas de governo:
Enfatiza a importância de políticas do governo para incentivar a industrialização, tais como proteção tarifária, subsídios e outros incentivos.
1.5 Breve descrição da evolução da indústria brasileira
Antes da primeira guerra mundial a expansão do setor exportador era o motor principal de investimentos industriais em setores complementares ou subsidiários ao comércio exterior agrícola, além do efeito positivo sobre a demanda por bens de consumo não duráveis da renda gerada pelo setor exportador.
Com a Primeira Guerra Mundial houve estímulo para maior diversificação da indústria, com investimentos industriais para a produção de insumos industriais como cimento, papel e celulose.
A partir de 1930 iniciou-se o processo de substituição de importações.
2. Os primeiros anos da Grande Depressão
A depressão da economia mundial, iniciada em 1929, impactou a economia brasileira pela queda nos preços de exportação e pela interrupção do influxo de capitais estrangeiros.
Em 1930-31 foram decretadas moratórias sucessivas em relação a dívidas em moeda estrangeira. Em setembro de 1931, o governo deixou da fazer os pagamentos da dívida pública externa e restabeleceu o monopólio cambial do Banco do Brasil.
Foi estabelecido um sistema de controle cambial em que a liberação de moeda externa era determinada em ordem de prioridade: compras oficiais e pagamento do serviço da dívida pública; importações essenciais; outras remessas, incluindo lucros e dividendos.
Entre 1930 e 1931 a moeda brasileira desvalorizou-se 55%. As autoridades interviram para evitar uma desvalorização maior ainda, para evitar uma queda ainda maior do preço do café e o aumento dos custos com a dívida pública externa.
A influência econômica dos Estados Unidos no Brasil cresceu desde meados da década de 20, tanto devido à expansão dos fluxos comerciais quanto os fluxos financeiros. Os investimentos diretos britânicos no Brasil eram concentrados em infraestrutura e os americanos na indústria de transformação e atividades comerciais.
O PIB ficou estável em 1929 e caiu em 1931 e 1932, mas já em 1933 passou crescer forte, principalmente o produto industrial. As explicações para esta rápida recuperação são a preservação da renda do setor cafeeiro e o deslocamento da demanda em direção a produção da indústria nacional resultantes da desvalorização cambial e das restrições à importação.
Houve deflação de 1929 a 1933. A inflação só voltou a níveis acima de 10% em 1941.
3. Recuperação econômica: 1934-1938
O crescimento da economia retornou em 1933, mas as dificuldades cambiais e para levantar recursos para serviço da dívida externa e importações essenciais continuaram.
A política de controle cambial e racionamento do uso da moeda externa continuou, tendo sido flexibilizada em alguns momentos. Pode-se falar que este sistema significava a prática de taxas de câmbio múltiplas, com taxas mais valorizadas para o pagamento da dívida externa e de importações consideradas essenciais.
As políticas monetária e fiscal foram expansionistas no período e ajudaram a sustentar a demanda interna e o crescimento econômico, que só diminuiu seu ritmo de 1939 a 1942.
Em 1934, houve reforma tarifária que ajudou a proteger a indústria nacional.
Houve expansão relevante da produção de bens intermediários, mas não de bens de capital.
O produto agrícola cresceu bem menos que o industrial.
Cresceu o intercâmbio comercial com a Alemanha, sultante de acordos comerciais, o chamado comércio de compensação, em que as trocas comerciais eram feitas utilizando-se as moedas dos dois países.
Cresceu a importância das exportações de algodão. 
As importações voltaram a crescer ao final da década.
4. O Brasil na Segunda Guerra Mundial:
A implantação do Estado Novo, em 1937, fortaleceu o poder central do governo federal em detrimentos das oligarquias regionais.
Ao final de 1937, devido a escassez cambial houve uma desvalorização cambial emaior controle cambial.
A guerra reduziu as exportações brasileiras, mas depois de 1941 foram feitos acordos de suprimentos de materiais estratégicos para os Estados Unidos que levaram a forte expansão das exportações.
O crescimento do Produto agrícola continuou limitado, mas o PIB e indústria, depois de um menor crescimento de 1939 a 1942, cresceu forte a partir de 1943.
Em 1941, começou a ser construída a usina siderúrgica de Volta Redonda, uma estatal, com o apoio financeiro e tecnológico dos Estados Unidos.

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