Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 4 Equilíbrio químico Ex p er im en to 4 Thalíssia Suzanne Santos Departamento de Química Fundamental, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil Professora: Maria Carolina Pacheco Lima Data da prática: 23/05/2014; Data de entrega do relatório: 27/06/2014 Resumo O experimento se destina a verificar equilíbrio de solubilidade (verificação da polaridade das substâncias), variação da solubilidade com a temperatura (verificação se a dissolução é endotérmica ou exotérmica), além do princípio de Le Chatelier (como o sistema em equilíbrio reage a uma perturbação). Palavras Chave: equilíbrio químico; Le Chatelier; química experimental; Introdução O equilíbrio químico é uma das áreas mais importantes da química. Isso por que precisamos entender o equilíbrio para esperar determinada quantidade de produto em uma reação. Além disso é preciso conhecer como as reações em equilíbrio são afetadas por fatores externos. O equilíbrio químico é atingido quando a mistura alcança o menor valor de energia livre possível. Nesse ponto, parece que as reações pararam de acontecer, gerando a impressão de um equilíbrio estático. Mas o que ocorre é um equilíbrio dinâmico: as reações direta e inversa passam a ocorrer com mesma velocidade. Desta forma, a composição da mistura não muda. [1] Neste experimento são observados equilíbrios de solubilidade com cristais de CrCo3, CoCl2 e cristais de iodo em tolueno e água. São observados o equilíbrio de soluções de AgNO3 em cromato de potássio e oxalato de sódio. A variação da solubilidade com temperatura também foi verificada, a partir do precipitado PbI2. Após isso o princípio de Le Chatelier foi testado a partir de equilíbrio cromato-dicromato, e equilíbrio íon cobre. Metodologia O experimento é dividido em cinco partes, As duas primeiras se dedicam a estudar equilíbrios de solubilidade e as duas últimas, o princípio de Le Chatelier. 1: Verificação da polaridade das substâncias. Separe três tubos de ensaio. Coloque 1ml de água em cada um deles. Após isso, adicione lentamente 1 ml de tolueno e identifique as camadas. Adicione, ao primeiro tubo, três cristais de CrCl3. Tampe o tubo e agite vigorosamente. Identifique em qual solvente o CrCl3 é mais solúvel. Repita esse teste adicionando alguns cristais de CoCl2 ao segundo tubo, e cristais de iodo ao terceiro tubo. 2: Equilíbrio de solubilidade Coloque 1 ml de solução de AgNO3 0,1 M em um tubo de ensaio. Acrescente aos poucos K2CrO4 0,1 M até não formar mais precipitado. Observe a cor do precipitado e da solução a cada gota acrescentada. Espere decantar e lave o precipitado (conte o número de lavagens). Em outro tubo de ensaio, coloque 1 ml da solução de AgNO3 0,1 M, Acrescente oxalato de sódio 0,1 M aos poucos e observe o precipitado formado. Espere decantar e lave o precipitado o mesmo número de vezes do precipitado anterior. Adicione 3 gotas de cromato de potássio e 2 gotas de água ao tubo com o precipitado formado a partir da reação entre o nitrato de prata e o oxalato. Observe se os íons cromato substituirão íons oxalato. A descoloração da solução é uma maneira de ver se a reação ocorreu. Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 4 Adicione 3 gotas oxalato de sódio 0,1 M e 2 gotas de água ao precipitado formado a partir do cromato de potássio e nitrato de prata. Misture bem e observe se houve mudança na solução. 3:Solubilidade e temperatura Em um tubo de ensaio adicione 1 ml de Pb(NO3)2 0,1 M. Acrescente solução de KI até não formar mais precipitado. Mantenha o tubo em água fervendo por cerca de 5 minutos e observe o que aconteceu com o precipitado. Retire o tubo do banho-maria e deixe esfriar em repouso. Serão formados alguns cristais dourados. A precipitação é endotérmica ou exotérmica? 4: Reações com cromato e dicromato Separe 2 tubos de ensaio. Ao primeiro, adicione 1 ml uma solução de K2CrO4 0,1M. Adicione uma gota de HCl 1M e verifique o pH da solução. Se não estiver ácida, adicione mais uma gota da solução de HCl. No segundo tubo de ensaio, adicione 1 ml de K2Cr2O7 0,1 M e depois adicione HCl 1M até que a solução fique ácida. Em seguida adicione NaOH 1M aos dois tubos e confira a alcalinidade das soluções. Veja se as mudanças observadas são reversíveis através da adições sucessivas de HCl e NaOH. Separe mais dois tubos de ensaio. No primeiro coloque 2 ml de BaCl2 0,1 M. Adicione cromato de potássio gota a gota até não formar mais precipitado. No segundo tubo coloque 2 ml de BaCl2 0,1M e adicione dicromato de potássio até não formar mais precipitado. Adicione 1 ml de HCl ao sistema com BaCl2 e dicromato de potássio. E adicione 1 ml de NaOH ao sistema com BaCl2 e cromato de potássio. Explique os resultados em termos do equilíbrio 2 CrO → Cr2. 5:Íon cobre em meio ácido Coloque 1 ml de CuSO4 0,3 M em um tubo de ensaio. Acrescente HCl aos poucos até que a solução mude de cor. Pare quando essa mudança estiver completa. Acrescente água, aos poucos, até que a cor original volte. Coloque o tubo em banho- maria e observe a cor depois de 5 minutos. Transfira o tubo para um banho de gelo e observe depois de 5 minutos. Resultados e Discussão Na primeira parte do experimento observamos que o tolueno forma uma camada acima da água. Em química sabemos que substâncias apolares dissolvem substancias apolares, enquanto as polares dissolvem polares. O tolueno e a água são imiscíveis pois a água é polar enquanto o tolueno é apolar. Como a densidade do tolueno é menor, ele forma uma camada acima da água. O cloreto de crômio (III) e o cloreto de cobalto (II) são mais solúveis em água, ou seja, eles são substâncias polares. Enquanto o iodo é uma substância apolar, pois é mais solúvel em tolueno. (imagem 1) Na segunda parte, temos as reações de dupla troca com formação de precipitado. 2 AgNO3 + K2CrO4 → Ag2CrO4+ 2 K2NO3 2 AgNO3 + Na2C2O4→ Ag2C2O4 + 2 NaNO3 Na primeira reação, o precipitado é o AgCrO4, de coloração vermelha. A coloração do líquido fica amarelada, pois há um excesso de cromato de potássio. Na segunda reação, o precipitado é o Ag2C2O4, de coloração branca. Os precipitados foram lavados três vezes antes da adição do próximo reagente. Figura 1: polaridade das substâncias. Iodo, CoCl3 e CrCl3 da esquerda para a direita Figura 2: Ag com cromato à esquerda e precipitado com oxalato à direita Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 4 Com a adição do oxalato de sódio ao primeiro sistema, não houve reação entre o precipitado e o oxalato. No segundo sistema, houve uma reação entre o precipitado e o K2CrO4, pois houve uma mudança de cor do precipitado. A solução novamente fica amarela devido ao excesso de cromato de potássio. A reação que ocorre é: Ag2C2O4 + K2CrO4 → Ag2CrO4 + K2C2O4 Observamos que o precipitado formado é o mesmo formado a partir da reação entre o nitrato de prata e o cromato de potássio. Isso mostra que a reação é reversível e ocorre um equilíbrio dinâmico entre o nitrato de prata e o oxalato de sódio. Na terceira parte observamos que a reação entre o Pb(NO3)2 e o KI forma o iodeto de chumbo (II). A reação é de dupla troca e o iodeto de chumbo é um precipitado amarelo. Foi observado um aquecimento no tubo enquanto a reação de precipitação acontecia, o que indica que a reação é exotérmica. PB(NO3)2 + 2 KI → PBI2 + 2 KNO3 Ao colocarmos o tubo de ensaio em banho-maria, o precipitado se dissolve. Depois o tubo foi deixado em repouso até atingir a temperatura ambiente.Ocorreu a cristalização do iodeto. Sabemos que reações endotérmicas são favorecidas por um aumento de temperatura, pois, pelo princípio de Le Chatelier, a reação ocorre no sentido de restabelecer o equilíbrio. Isso indica que uma reação endotérmica ocorre em maior velocidade numa alta temperatura para absorver o calor e restabelecer a temperatura anterior. Isso indica que a dissolução do iodeto de chumbo é endotérmica. Na quarta parte do experimento, foi adicionada uma gota de HCl ao tubo com cromato de potássio, onde foi atingido o pH 5. No tubo com dicromato de potássio, adicionamos uma gota de HCl, onde foi atingido o pH 2. As duas soluções ficaram alaranjadas. Após o HCl, foram adicionadas 3 gotas de NaOH ao tubo com cromato de potássio, e 4 gotas da mesma base ao tubo com dicromato. Os pH ficaram entre 11 e 12 para o cromato e entre 10 e 11 para o dicromato. E a soluções ficaram amareladas. As adições sucessivas de ácido e base mostram que as reações são reversíveis, pois as cores mudam de alaranjado para amarelado e vice-versa. O que ocorre é um equilíbrio entre os íons cromato e dicromato. A formação do íon cromato é favorecida pela adição de base, enquanto a formação do íon dicromato é favorecida pela adição de ácido. A colorações laranja e amarela correspondem aos íons dicromato e cromato respectivamente. O equilíbrio, pelo princípio de Le Chatelier é deslocado de forma a consumir algum reagente em excesso. Quando adicionamos ácido ao tubo com cromato de potássio, o H+ fica em excesso e o equilíbrio é deslocado para a direita. Quando é adicionado OH-, este reage com o íon H+, fazendo com que a água fique em excesso, e desloca o equilíbrio para a esquerda. Com o dicromato usamos o mesmo princípio. A adição de base faz com que o OH- fique em excesso, e desloca para a direita. A adição de H+ faz com que o H2O fique em excesso, e desloca o equilíbrio para a esquerda. Figura 3: Ag com oxalato à esquerda e precipitado com cromato à direita Figura 5: cromato com HCl à esquerda e cromato com NaOH à direita Figura 4: Iodeto de chumbo (II) Figura 6: dicromato com HCl à esquerda e dicromato com NaOH à direita Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 4 2 CrO42- + 2 H+ Cr2O72- + H2O CrO72- + 2 OH- 2 CrO42- + H2O Na segunda etapa da quarta parte adicionamos 2 gotas de cromato de potássio, até que ele ficou em excesso. Ao segundo tubo foram adicionadas 7 gotas de dicromato de potássio. O tubo com dicromato adquiriu uma coloração amarelada, enquanto o tubo com cromato ficou esbranquiçado. Houve formação de precipitado no dois tubos. Ao adicionarmos HCl ao sistema com BaCl2 e cromato de potássio, e NaOH ao sistema com BaCl2 e dicromato de potássio as colorações invertem. O BaCrO4 é o precipitado formado. K2CrO4 + BaCl2 BaCrO4 + 2 KCl K2Cr2O7 + 2 BaCl2 + H2O 2 BaCrO4 + 2 KCl + 2 HCl Com a adição de ácido na solução com cromato de potássio, o equilíbrio é deslocado no sentido de formar dicromato de potássio, que posteriormente reage com o BaCl2. Da mesma forma, o NaOH desloca o equilíbrio do segundo tubo, no sentido da formação de cromato que reage com o BaCl2. Com isso as colorações nos tubos invertem. Na quinta parte do experimento adicionamos 7 gotas de HCl concentrado até que a solução ficasse verde. Após isso adicionamos água, e a cor voltou a ser azul. Entretanto, no banho-maria, com uma temperatura em cerca de 91°C, a solução voltou a ficar verde, e com o resfriamento voltou a ficar azul. Quando colocamos HCl na solução, o íon Cl- fica em excesso, e desloca o equilíbrio para a esquerda. Quando adicionamos água, esta fica em excesso e desloca o equilíbrio para a esquerda. No aquecimento, a reação é deslocada para a esquerda pois a reação direta é endotérmica. Cu(H2O)42+ + 4Cl- CuCl42- + 4H2O Conclusão Pelo princípio de Le Chatelier, pudemos explicar as tendências das reações quando o equilíbrio químico é perturbado. Percebemos que o muita reações são reversíveis e podem se encontrar em equilíbrio, ou seja, elas não ocorrem “até o fim”. Sempre há uma quantidade constante de reagente que se encontra numa mistura em equilíbrio. Notamos a força do princípio de Le Chatelier, que até hoje é muito usado para explicar e prever reações. Referências [1] ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Princípios da química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2011. [2] COMPLEX METAL IONS - LIGAND EXCHANGE REACTIONS. Disponível em: <http://www.chemguide.co.uk/inorganic/complexions/ligandexch.html>. Acesso em: 26 jun. 2014. Figura 7: dicromato com BaCl2 à esquerda e Cromato com BaCl2 à esquerda Figura 8: K2Cr2O7/BaCl2 + NaOH à esquerda e K2CrO4/BaCl2 + HCl à direita Figura 9 [2]: CuSO4 e HCl Química Geral Experimental 1, Thalíssia Suzanne Santos, Experimento 4 Questões 1 - É provável que a frase "um aumento de temperatura favorece a reação endotérmica" não lhe seja estranha (se for, consulte o professor). Mostre como esta frase decorre do Princípio de Le Chatelier. Em um equilíbrio, se a reação direta é endotérmica, a inversa é exotérmica. Pelo princípio de Le Chatelier, quando perturbamos um equilíbrio, ele se desloca de modo a voltar a condição original. De modo que quando aumentamos a temperatura do sistema, ele tem que se deslocar de modo a abaixar a temperatura. Uma reação endotérmica consome energia térmica. Então, quando fornecemos energia térmica para o sistema, a reação endotérmica é favorecida de modo a consumir essa energia e restaurar as condições iniciais. 2 - O que acontecerá se você acrescentar ácido clorídrico concentrado a uma solução saturada de NaCl? Por quê? Ocorrerá o que chamamos de efeito do íon comum. Temos abaixo equações simplificadas NaCl Na+ + Cl- HCl H+ + Cl- Cada substância tem um Kps, que a partir dele podemos definir a solubilidade da substâncias. Quando a solução está saturada, quer dizer que ela atingiu o máximo de soluto dissolvido. Quando o HCl é adicionado, há um excesso de íon Cl- que não pode ser mais dissolvido na solução. Então o NaCl precipita, e a solução agora fica saturada com corpo de fundo. 3 - Os produtos de solubilidade de carbonato de cálcio e do fluoreto de cálcio são 8,7 x 10-9 e 4,0x10-11, respectivamente. Mostre que o fluoreto é mais solúvel que o carbonato, apesar de ter o Kps menor. O Kps é definido como o produto das concentrações dos íons em solução Kps (CaCO3) = [Ca 2+] x [CO3 2-] Kps (CaF2) = [Ca 2+] x [F-]2 Representando a concentração por C Para o carbonato: 8,7x10-9 = C x C C = 9,3 x 10-5 Para o fluoreto: 4,0 x 10-11 = C x (2C)2 = 4C3 C = 2,2 x 10-4 Cco3 < Cf, então o fluoreto é mais solúvel
Compartilhar