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LEP - LEI DE EXECUÇÃO PENAL

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EXECUÇÃO PENAL (L. 7210/84)
Prof: Leonardo Rosa
A LEP é a norma de regência sobre a matéria de execução penal. Todavia, a matéria de execução não é esgotada nesse único diploma. Por exemplo, podemos encontrar norma de execução penal no CPP, como o art. 83 do CPP ao tratar do livramento condicional. Nesse sentido também a progressão de regime, que é tratada na LEP, bem como na Lei de Crimes Hediondos. 
O que é execução penal? O Item 9 da Exposição de Motivos da L. 7.210 prevê que a execução penal compreende as normas que regulam a execução das penas (pena privativa de liberdade, pena de multa,...) ou medidas de segurança, ou seja, tratam sobre as sanções penais. 
PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS
Tal princípio hoje, encontra previsão no art. 5, XLVII da CF/88. A CF proibe a pena de morte como regra, admitindo a mesma apenas no caso de guerra declarada. Nesse artigo ainda, proibe as penas de caráter perpetuo. Nesse ponto, foi que o STF alterou o seu entendimento sobre a duração das medidas de segurança. Essas, segundo o art. 97 do CP, teriam prazo minimo, mas não prazo máximo. Todavia, o STF entendeu que esse prazo máximo não pode ser ilimitado, tendo em vista que as medidas de segurança são espécies do gênero sanção penal. 
Outra questão importante, é a vedação aos trabalhos forçados. Também veda-se a pena de banimento, ou seja, ninguém pode ser banido em razão da prática de um crime. Ademais, a CF proibe qualquer tipo de pena cruel. 
PRINCÍPIO DA INVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
Esse princípio também tem amparo constitucional, no art. 5, XLVI da CF. É importante ressaltar que a pena é individualizada em três momentos distintos, quais sejam:
b.1 Âmbito legislativo: no momento da criminalização da conduta, o legislador comina uma pena de forma abstrata. Aqui, temos a criminalização primária. 
b.2 Âmbito judicial: diante da prática criminosa, o juiz irá aplicar a pena prevista no tipo penal, ao autor do fato. 
b.3 Âmbito da execução penal: o juiz deve individualizar a pena em relação a cada condenado.
Com base nesse princípio, o STF tem tomado decisões importantíssimas. Por exemplo, a Lei de Crimes Hediondos em sua origem, proibia a progressão de regime para os condenados por crimes hediondos ou equiparados. Assim, os presos deveriam cumprir a pena em regime integralmente fechado. Porém, o STF em 2006, declarou o art. 2,1 como inconstitucional por violar o princípio da individualização da pena. Para o Supremo, a progressão das penas, seria uma das formas de manifestação de tal princípio, não podendo a lei de antemão excluir os condenados por determinados crimes de tal benefício, impossibilitando o juiz de analisar o caso a caso. 
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA 
É previsto no art. 5, XLV da CF/88, e garante que a pena não passará da pessoa do apenado. Tal questão decorre da responsabilidade subjetiva, característica do direito penal, devendo a pena ter caráter personalíssimo. 
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ou GARANTIA EXECUTIVA 
Significa dizer que a execução penal, está submetida ao princípio da legalidade. Quer dizer, o cumprimento de uma sanção deve obedecer a lei, bem como o título executivo. Esse princípio é trazido no Item 19 da Exposição de Motivos da Lep e o art. 2 da LEP. 
O art. 45 da LEP consagra o princípio da legalidade em matéria disciplinar. Nesse sentido
Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
Também encontra amparo constitucional, no art 5, XLIV da CF/88. Significa que ninguém será privado de sua liberdade, sem o devido processo legal. A execução penal decorre de uma atuação jurisdicional. 
Qual a natureza jurídica da execução penal?
1 CORRENTE: Entende a execução penal como administrativa. Então, a intervenção do juiz, ocorreria até o transito em julgado da decisão criminal. Essa visão encontra-se ultrapassada. 
2 CORRENTE: Defende a natureza jurisdicional, entendendo que a jurisdição não se encerra no processo de conhecimento, se estendendo até a execução do mesmo. Essa posição é a mais atual. 
3 CORRENTE: Tenta conciliar a visão administrativa, com a jurisdicional. Sendo assim, entende que a execução tem natureza mista ou eclética. 
PRINCÍPIO DO CONTRADITORIO E AMPLA DEFESA 
É previsto no art. 5, LV da CF/88. Como exemplo, pode-se citar o art. 118 da LEP. 
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado. 
Também encontra respaldo em matéria disciplinar, conforme art. 59 da LEP que determina que havendo a prática de uma falta disciplinar, deverá ser instaurado um processo administrativo, devendo ser garantido o direito de defesa. 
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa.
Parágrafo único. A decisão será motivada.
Importante mencionar a Súmula Vinculante 5, que prevê que "A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição". Posteriormente, quando provocado a se manifestar, o STF entendeu que a mesma não se aplica no âmbito da falta disciplinar. Para o STF, é imprescindível a defesa técnica nas hipóteses do art. 59 da LEP, sob pena de nulidade. 
PRINCÍPIO DA DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Decorre da própria sistemática recursal. Nesse sentido, o art. 197 da LEP que traz o cabimento do agravo de execução, para impugnar as decisões proferidas pelo juízo da execução. 
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.
PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS 
É exposto no art. 5, LVI da CF/88. 
PRESSUPOSTO JURÍDICO DA EXECUÇÃO PENAL 
Qual o pressuposto jurídico da execução penal? Quando o Estado pode exigir a sanção penal? Toda execução penal exige o mesmo pressuposto jurídico que é o título executivo, o qual é formado após o trânsito em julgado da decisão criminal. Sendo assim, tal pressuposto tem relação direta com o pricípio da presunção de inocência ou não culpabilidade. Podemos extrair esse princípio dos art. 105, 147, 171 da LEP. 
E a execução provisória? A execução provisória é aquela que ocorre antes do transito em julgado, ou seja, antes da formação do título judicial? Ela é possível? A execução provisória pode ocorrer na presença de dois pressupostos, quais sejam, (a) requer a aplicação da pena privativa de liberdade e (b) o réu deve estar preso. 
Então, na hipótese do juiz aplicar pena de prisão, a um réu, o qual já se encontra cautelarmente preso, sendo negado o direito de recorrer em liberdade, poderemos ter a execução provisória. Tal instituto visa beneficiar o condenado, possibilitando a ele o mesmo benefício dos que já se encontram definitivamente condenados.
Ex: João foi condenado a 06 anos de PPL em regime fechado por um crime de roubo. João já consta com 1 ano de prisão provisória. Nessa hipótese, tendo em vista o instituto da detração do art. 42 do CP, João já cumpriu 1 ano de sua pena. Ademais, sabendo que a pena foi de 6 anos, e que já tendo sido cumprido 1 ano, terá o condenado cumprido 1/6 de sua pena, que nada mais é do que o requisito objetivo para progressão de regime nos crimes comuns. Então, será cabível o recurso de apelação no processo de conhecimento para que tenha direito ao duplo grau de jurisdição, em paralelo, busca-se o juiz da execução, requerendo a execução provisóriada pena. 
A execução provisória encontra respaldo no art. 2 da LEP, bem como na Súmula 716 do STF e a Resolução 113/2010 do CNJ em seu art. 8 e 9.
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária
Súmula 716
Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
E se a pena fosse restritiva de direito? Vimos anteriormente, que a execução provisória requer dois requisitos, quais sejam, a pena privativa de liberdade e o réu preso. Ausentes essas hipóteses, não poderá o réu ser intimado para cumprir provisoriamente a pena restritiva de direito, tendo em vista que a mesma se mostra ilegal. 
ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL 
Temos um rol no art. 61 da LEP, que traz:
Art. 61. São órgãos da execução penal:
I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;
II - o Juízo da Execução;
III - o Ministério Público;
IV - o Conselho Penitenciário;
V - os Departamentos Penitenciários;
VI - o Patronato;
VII - o Conselho da Comunidade.
VIII - a Defensoria Pública.
EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Vimos que toda a execução penal, requer um título executivo. Aqui, o art. 105 da LEP trata sobre a guia de recolhimento que só é expedida pelo juiz no processo de conhecimento, após o transito em julgado. 
Como é feita a execução da pena privativa de liberdade? Segundo a LEP, a execução da PPL é dinâmica, já que adotamos o sistema progressivo de pena. Significa que a pena privativa de liberdade será cumprida progressivamente. Tal modelo foi adotado em consonância com o art. 1 da LEP, que determina como objetivo a busca pela integração do condenado a sociedade. Assim, a LEP busca a ressocialização. 
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.
O sistema progressivo é composto por vários institutos. Por exemplo, a progressão de regime, o livramento condicional, as saídas temporárias, remissão de pena. 
4.1 PROGRESSÃO DE REGIME 
Primeiro, é importante ressaltar que o art. 33 do CP prevê três regimes para o cumprimento de pena de prisão. São eles, (a) o regime fechado; (b) regime semiaberto e (c ) regime aberto. 
Assim, podemos dizer que a progressão de regime nada mais é do que a passagem do regime mais gravoso, para um regime menos gravoso no cumprimento da pena. Por exemplo, a passagem do regime fechado para o regime semiaberto. 
Qual a natureza jurídica da progressão de regime? É direito público subjetivo do preso o qual cumpre a pena privativa de liberdade. Então, o preso que cumpre os requisitos, tem direito a progressão de regime. Logo, não se trata de um benefício, mas sim um direito público subjetivo.
Em regra, os direitos públicos subjetivos possuem dois requisitos. São eles, o requisito objetivo e o requisito subjetivo. O requisito objetivo tem relação com o tempo. Sendo assim, a lei exige que o condenado tenha cumprido determinado tempo de prisão. Já o requisito subjetivo, tem relação com as condições do apenado. 
	REQUISITOS PARA A PROGRESSÃO DE REGIME
	REQUISITOS SUBJETIVOS 
	REQUISITOS OBJETIVOS 
	Crime comum
	
	
	Crime hediondo

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