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SANGRADOUROS 1. Função dos sangradouros 2. Seleção da cheia de projeto 3. Cálculo hidrológico das cheias 4. Seleção do tipo e tamanho do sangradouro 5. Componentes do sangradouro 6. Tipos de sangradouros 7. Dimensionamento hidráulico 8. Cálculo estrutural 1. Função dos sangradouros: - São saídas destinadas a liberar o excesso de fluxo d´água que não pode ser contida no reservatório e nem liberada pela tomada d´água. Também conhecido por vertedor, vertedouro ou extravasor. - Faz a medição de vazão e o controle do escoamento. - Condições de segurança: - Deve ter capacidades hidráulica e estrutural suficientes – o vertedouro é responsável pela garantia da integridade da barragem, para vazões máximas ocorridas, sendo, portanto, um importante dispositivo de segurança da mesma. - Freqüência do acionamento do sangradouro Î função das características de “runoff ” da área de drenagem. 2. Seleção da cheia de projeto: Guia do U.S Bureau of Reclamation: Caso I Î Ruptura da barragem Î risco de vida humana Î sangradouro com capacidade suficiente para acomodar a cheia máxima provável. 1 Caso II Î Ruptura da barragem Î risco de vida humana, mas o órgão responsável opera a barragem Î um risco razoável pode ser permitido. Caso III Î Ruptura da barragem Î sem risco de vida humana e reservatório não é operado pelo órgão responsável Î sangradouros com capacidade inadequada são aprovados, só que o USBR não se responsabiliza pelos danos. 3. Cálculo hidrológico das cheias Existem vários métodos hidrológicos para determinação das cheias máximas: - Empírico (fórmulas) - Correlação (regiões semelhantes) - Racional (dados – leis estatísticas, determinísticas e estocásticas) 4. Seleção do tipo e tamanho do sangradouro: Melhor combinação do armazenamento e capacidade do sangradouro. Fatores: 1. Características hidrológicas. 2. Danos causados pela cheia, sem a barragem. 3. Danos causados pela cheia, com a barragem. 4. Danos causados pela cheia se a barragem ou sangradouro romperem. 5. Custos relativos ao aumento da capacidade do reservatório. 6. Uso da combinação com a tomada d´água. 5. Componentes do sangradouro: a) Estrutura de controle b) Canal de descarga c) Estrutura de descarregamento d) Canal de entrada 2 e) Canal de restituição _______________________________________________________ a) Estrutura de controle: - Regula e controla o fluxo de saída do reservatório. Parte mais importante do sistema extravasor, pois regula as vazões que saem do reservatório; minimiza as vazões, quando o nível d´água encontra-se abaixo de um determinado valor e impede o extravasamento a partir do controle das vazões quando o reservatório atingir níveis mais elevados. - Tipos: muros, perfis, orifícios, bocais, tubulações, sifão, etc. - Formas: reta, curva, semicircular, forma de U, etc. - Relação Carga – Vazão: - Fixa – soleiras normais e não controladas - Variável – soleiras com comportas (em função da abertura das mesmas). b) Canal de descarga: - Utilizado quando existe um canal natural de descarga - Seção transversal: retangular, trapezoidal, circular, etc. - Dimensionamento: hidráulico, topográfico e geológico. c) Estrutura de descarregamento: - Energia estática convertida em energia cinética Î grandes velocidades Î grandes pressões. - Retorno do rio: Erosão (no pé do talude da barragem e na calha do rio). - Bacias de dissipação ou absorção de energia (existem vários tipos). d) Canal de entrada: - Construído para direcionar a água desde o reservatório até convergir para a estrutura de controle. 3 - As velocidades devem ser limitadas e as transições devem ser suavizadas para diminuir as perdas de carga e obter uma distribuição uniforme do escoamento junto à estrutura de controle. e) Canal de restituição - Direciona o fluxo água vertida para a calha do rio. 6. Tipos de sangradouros: a) Quanto à localização: Em função da topografia: - Incorporados à barragem (existência de uma sela topográfica próxima às ombreiras) - Isolados b) Quanto ao escoamento - De escoamento livre (sem controle) ou queda livre: caracterizado por formação de um jato livre a partir da crista do vertedouro, incidindo a jusante do barramento. - Com perfis normais: com vazão de escoamento ao longo da superfície de contato d´água com a soleira espessa, com valor de pressão igual a atmosférica, ocorrida em vertedor de parede delgada. Exemplos: Perfil Creager – evita o impacto da água sobre o terreno à jusante do sangradouro e da barragem. Perfil Wes – semelhante ao perfil Creager mas com o paramento de montante inclinado. 4 - Provido de comportas: controle da vazão. c) Quanto à forma: c.1) Retangular de soleira delgada: e ≤ H - Livre: quando o nível d´água à jusante está abaixo da soleira. - Afogado: nível de jusante acima da soleira. 5 c.2) Retangular de soleira espessa: e ≥ H/2 Ou: Largura da soleira, : SL HKnKLL aPrS )(2 +−= Onde: n = número de pilares no sangradouro. PK = coeficiente de forma, localização e esbeltez dos pilares. aK = coeficiente de geometria da aproximação e ângulo formado entre o muro de aproximação e o escoamento. H = carga sobre a soleira (lâmina de sangria). Barragem vertedoura: quando a sangria se dá por cima da barragem: - Talude de jusante modificado com um perfil apropriado ao escoamento – barragem de gravidade - Crista transformada em vertedouro – barragem abóbada c.3) Canal Lateral: O muro vertedouro é locado ao lado da barragem com o canal de descarga paralelo à crista do vertedouro, ou seja, a entrada d´água é normal ao escoamento. 6 c.4) Tulipa ou cálice: A descarga é transportada de dentro do reservatório para jusante da barragem através de um canal aberto (sangradouro em poço ou “morning glory”). O poço pode ser vertical ou inclinado. Exemplos: UHE Paraibuana e UHE Caconde – SP c.5) Sifão O sangradouro tipo sifão é um sistema de conduto forçado, na forma de U invertido. Pode ser também construído em barragens de gravidade. 7 c.6) Sangradouros especiais: - De serviço – utilizados para operar apenas com pequenas descargas, a tomada d´água pode ser utilizada como tal. - Auxiliares – projetados para prevenir rupturas causadas por cheias excedentes. - De emergência: segurança adicional – funciona como um sangradouro auxiliar e previne o transbordamento da barragem. Ex.: Diques fusíveis são destruídos no caso de excesso de vazão. - Labirinto: utilizados quando há necessidade da redução da largura, conservando a mesma vazão. - Em túnel: aproveita a galeria de derivação provisória. - Em “salto de ski” - Escada de degraus – “stepped spillway” 8 d) Quanto às condições de fundação: d.1) Rocha com profundidade inferior à cota da soleira – muro de alvenaria ou concreto. d.2) Rocha com profundidade acima da cota da soleira – canal escavado em rocha. 7. Dimensionamento hidráulico O cálculo do sangradouro deve atender algumas condições de projeto: - Dar vazão às cheias máximas - Ser estruturalmente resistente - Ser localizado de forma a não erodir a jusante da barragem - Estar sobre fundação resistente - Garantir a fixação da cota da soleira No canal, pelo menos uma seção deve ser em rocha ou concreto, para garantir o dimensionamento.Cordão de fixação (0,50 x 0,50 x 0,50 m) de concreto 9 Estrutura de controle: O dimensionamento pode ser: - Teórico - Modelos reduzidos Descarga: Q = CLH3/2 Q = descarga (pode ser calculada pela fórmula de Aguiar) L = largura do sangradouro H = lâmina máxima de sangria C = coeficiente de descarga função da profundidade de aproximação, declividade do paramento de montante, relação entre a real forma da crista e sua forma ideal, submergência de jusante, etc. C é função da relação P/H – Ábaco do USBR - DSD: (P/H x C) Várias equações convergem para a formula geral. P/H = 0 Î C = 1,71 (sangradouros em canal) P/H = 3 Î C = 2,22 (muros vertedouros) Obs. 1: C pode varia, também, de 1,65 a 2,25. Exemplo: Tucuruí (Qproj = 110.000 m3/s) 10 Obs. 2: Não são adotados coeficientes de segurança porque estes já estão contidos no período de recorrência das cheias máximas e na folga. Obs. 3: A geometria do vertedouro e dos órgãos de dissipação de energia poderá ser otimizada para uma vazão correspondente à 75% da vazão máxima de projeto. Este percentual poderá ser ajustado após a verificação através dos estudos do modelo reduzido, de forma a não haver erosões que coloquem em risco as referidas estruturas. 8. Cálculo estrutural Para o estabelecimento de critérios de análise estrutural de pilares de comportas e de outros elementos estruturais críticos, deveram ser realizados estudos, enfatizando-se os efeitos das vibrações e condições de transientes hidráulicos. 11
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