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FACULDADE EDUCACIONAL DA LAPA
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL
IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM AOS PORTADORES
 DE DÉFICIT DE ATENÇÃO
MARÇO
 2013
MAIRA PACHECO DOS SANTOS
IMPLICAÇÕES NA APRENDIZAGEM AOS PORTADORES
 DE DÉFICIT DE ATENÇÃO 
Projeto de pesquisa apresentado à Faculdade Educacional da Lapa, como requisito obrigatório para obtenção de título de especialista em Psicopedagogia Institucional.
Orientador: Valter Zotto de Andrade
IBIRAPUITÃ
 2013
RESUMO
O principal objetivo deste projeto de pesquisa é analisar a relação que existe entre aprendizagem e os portadores do transtorno do déficit de atenção. Sabe-se que a maioria das pesquisas existentes nesta área é de caráter experimental que resgata a observação no comportamento escrito, verbal e de atenção dos alunos. A investigação de como os transtornos de atenção alteram na aprendizagem as informações colhidas deste universo permitirá de forma compreensível fornecer informações científicas básicas que fundamentem a prática pedagógica e conscientizem da responsabilidade do ato de educar. A partir desse referencial, identificar e potencializar um aluno com déficit de atenção é base de estudo deste trabalho. Sabe-se que em geral as dificuldades nem sempre são diagnosticadas de forma correta, implicando assim um comprometimento maior no desenvolvimento das habilidades cerebrais e psicossociais do educando. Existe muito preconceito, estigma sobre este tema. É provável também que muitos pais não compreendam esse transtorno, por isso da importância do estudo dos próprios educadores para melhor se aperfeiçoarem no cuidado ao conhecer as particularidades e explorar as diferenças, permitindo assim uma adaptação social produtiva. O problema de pesquisa será: O transtorno do déficit de atenção compromete o indivíduo quanto à construção de conhecimento e implicações na aprendizagem? Os objetivos específicos são: Desenvolver referencial teórico científico sobre os portadores de déficit de atenção que fundamentem o estudo objetivado. Identificar as principais características, causas, consequências do déficit de atenção em relação ao ensino-aprendizagem. Relacionar com os portadores de déficit de atenção as possíveis dificuldades de aprendizagem. 
Palavras chave: Déficit de atenção, aprendizagem, família, escola.
1 O PROCESSO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO
Do mesmo modo que em inumeráveis outros problemas médicos não existe uma causa específica definida, isso não significa, entretanto, que não se pode afirmar um grande número de episódios acerca do transtorno e de seu tratamento (MATTOS,2006). 
Em um número recente da revista americana Attention, comenta Silva (2003), foi sugerido que se utilize a sigla DA/HI quando se estiver discutindo sobre o Distúrbio do Déficit de Atenção com hiperatividade-impulsividade, enquanto DDA deve ser usado para o distúrbio com características predominantemente desatentivas.
Numa definição mais científica, tem-se distúrbio do déficit de atenção como
 
[...] resultado de uma disfunção neurológica no córtex pré-frontal. Quando pessoas que têm DDA tentam se concentrar, a atividade do córtex pré-frontal diminui, ao invés de aumentar (como nos sujeitos do grupo de controle de cérebros normais). Assim sendo, pessoas que sofrem de DDA mostram [...] sintomas [...] como fraca supervisão interna, pequeno âmbito de atenção, distração, desorganização, hiperatividade (apesar de que só metade das pessoas com DDA sejam hiperativas), problemas de controle de impulso, dificuldade de aprender com erros passados, falta de previsão e adiamento (AMEN, 2006).
O córtex pré-frontal manda sinais inibitórios para outras áreas do cérebro, sossegando os dados advindos do meio, de modo que a pessoa possa se concentrar. Quando o córtex pré-frontal está com hipoatividade, ele não desencoraja adequadamente as partes sensoriais do cérebro e, como resultado, estímulos em demasia bombardeiam o cérebro (AMEN, 2006).
De acordo com Cláudia M. S. G. Ronchi (2007), talvez mais importante do que uma “área de aprendizagem” seja a noção de que o cérebro é um órgão que funciona tendo como substrato ou elemento fundamental a integração de diversas áreas cerebrais.
Quando se pensa em déficit de atenção, deve-se olhar sob um foco diferenciado, pois o cérebro do portador do transtorno apresenta um funcionamento bastante peculiar, que acaba por trazer-lhe um comportamento típico, que pode ser responsável tanto por suas melhores características, como por suas maiores angústias e desacertos vitais.
Atente-se para o fato de que muitas vezes os educadores são mal interpretados quando recomendam à família que faça uma investigação acerca do comportamento da criança. Alguns pais sugerem ser o transtorno do déficit de atenção uma invenção da área médica como mais um motivo de venda de medicamentos.
A respeito posiciona-se Mattos (2006), citando a Associação Médica Americana, uma das mais influentes e rigorosas do mundo, quando levantada a mesma questão em 1998: O TDA é um dos transtornos mais bem estudados na medicina e os dados gerais sobre sua validade são muito mais convincentes que a maioria dos transtornos mentais e até mesmo que muitas condições médicas.
1.2 Causas do Distúrbio do Déficit de Atenção 
De acordo o Smith (2001), as crianças que sofrem de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDA/H) formam, aproximadamente, 3 a 5% da população escolar, mas geram uma preocupação desproporcional.[1: A sigla TDAH é utilizada por Corine Smith na obra Dificuldades de aprendizagem de A a Z.]
Diante disso, convém elencar algumas causas mais prováveis do TDA a fim de que se possa compreender melhor o indivíduo portador deste transtorno.
É importante destacar ainda que, durante a pesquisa para elaboração deste estudo, existe a prevalência, na literatura, da relação entre TDA e hiperatividade. Por isso, o que segue em relação às causas do TDA vem acompanhado dos sintomas também de hiperatividade, ao que se deve atentar mais especificamente para as características da desatenção. 
Já existem inúmeros estudos em todo o mundo – inclusive no Brasil – demonstrando que a prevalência do TDA/H é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos (AMEN, 2006).
Estudos científicos mostram que portadores de TDA têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento (AMEN, 2006).
Conforme Daniel Amen (2006), o que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem razões que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões. As principais causas do TODA são: hereditariedade, substâncias ingeridas na gravidez, sofrimento fetal, exposição a chumbo e problemas familiares, dentre outros apontados e logo em seguida descartados pelos estudos estudiosos do assunto.[2: ROHDE e MATTOS. O que é TDAH. Disponível em: http://www.tdah.org.br/oque01.php. Acesso em: 10/5/07.]
Dentro do aspecto da hereditariedade, os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDA. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDA a presença de parentes também afetados com TDA era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDA. A prevalência da doença entreos parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial) (ROHDE e MATTOS, 2007). 
Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo “desatento” ou “hiperativo” simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDA entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDA que os pais adotivos (ROHDE e MATTOS, 2007). 
Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDA (presença ou não, tipo, gravidade etc.). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDA do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDA mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz “concordantes”) do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDA (ROHDE e MATTOS, 2007). 
A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDA foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDA, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único “gene do TDA”. Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDA (ROHDE e MATTOS, 2007).
Outro aspecto são as substâncias ingeridas na gravidez. Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito (ROHDE e MATTOS, 2007). 
Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDA. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDA sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto (ROHDE e MATTOS, 2007). 
Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDA. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDA/H, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica (ROHDE e MATTOS, 2007). 
Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDA nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDA (na criança e mesmo nos pais). Problemas familiares podem agravar um quadro de TDA, mas não causá-lo (ROHDE e MATTOS, 2007).
Outros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDA: corante amarelo, aspartame, luz artificial, deficiência hormonal (principalmente da tireóide) e deficiências vitamínicas na dieta. Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas.
A preocupação com as causas acima descritas e os possíveis sintomas apresentados pelas crianças com que se convive, leva muitas pessoas a enquadrar qualquer aluno agitado ou criança sem-limites como déficit de atenção. Por isso, como futuros profissionais da área de psicopedagogia, é importante que se atente para o que aponta Claude Chevrie-Muller:
Para estabelecer formalmente o diagnóstico de síndrome de DA verdadeiro ou “puro”, é necessário, em primeiro lugar, eliminar a existência de deficiência mental, de distúrbios afetivos ou de transtornos globais do desenvolvimento, todos patologias que podem justificar por si o déficit de atenção, a hiperatividade e a inabilidade psicomotora (2005, p. 411). 
A anamnese permitirá saber se o comportamento do sujeito é idêntico em diferentes ambientes (família, escola, jogo) ou se está ligado a algumas situações (neste último caso, não se trata de uma síndrome). [3: Instrumento utilizado por profissionais de diferentes áreas para obtenção de informações acerca do sujeito a ser investigado ou tratado. ]
Para uma efetiva avaliação das informações obtidas acerca da criança, convém que se considere também o sistema de valores e as competências dos adultos que fornecem a informação, bem como o seu grau de tolerância à instabilidade motora normal em uma criança.
1.3 Sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção
Os sintomas do déficit devem ser muito bem estudados no indivíduo para que não ocorra um diagnóstico errôneo, pois muitas patologias têm sintomas parecidos e podem vir a ser mascaradas com uma análise incorreta.
Corrobora neste sentido Leila Boni Guerra quando afirma que 
As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer junto com outras síndromes clínicas (como transtorno de déficit de atenção ou transtorno de conduta) ou outros transtornos do desenvolvimento (como transtorno específico do desenvolvimento da função motora ou transtornos específicos do desenvolvimento da fala e linguagem) (2002, p. 79). 
O comportamento do TDA nasce do que se chama trio de base alterada, como ensina Ana Beatriz B. Silva:
É a partir desse trio de sintomas – formado por alterações da atenção, impulsividade e da velocidade da atividade física e mental – que se irá desvendar todo o universo DDA, que, muitas vezes, oscila entre o universo da plenitude criativa e o da exaustão de um cérebro que não pára nunca (2003, p. 20). 
	
O sintoma mais importante no entendimento do comportamento TDA, no entender de Silva (2003), esta alteração é condição primeira, sem a qual não se pode efetuar o diagnóstico. Uma pessoa com comportamento TDA pode ou não apresentar hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à dispersão.
Com o passar do tempo, comenta Silva (2003), o próprio TDA se irrita com seus lapsos de dispersão, pois estes acabam gerando, além dos problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade de organização em todos os setores de sua vida. Essa desorganização acabapor fazê-lo gastar muito mais tempo e esforço para realizar suas tarefas cotidianas.
Importante aqui se faz destacar que o termo original para TDA – Transtorno do Déficit de Atenção –, segundo Ana Beatriz B. Silva, não traduz com precisão ou mesmo com justiça o que ocorre com a função da atenção do TDA. Explica a autora que
Se por um lado o adulto e a criança DDAs têm profunda dificuldade em se concentrar em determinado assunto ou enfrentar situações em condições de obrigatoriedade, por outro lado podem apresentar-se hiperconcentrados em determinados assuntos ou atividades que lhes despertem interesse espontâneo ou paixão impulsiva, como é o caso de crianças com jogos eletrônicos ou adultos com esportes, computadores ou leitura de assuntos específicos. Em tais casos, tanto as crianças como os adultos DDAs terão dificuldade em se desligar ou desviar sua atenção para outras atividades. Essa característica pode até causar desentendimentos e alguns problemas de relacionamento, se as pessoas desconhecerem ou não compreenderem o problema [...] (2003, p. 23). 
	
Como visto, o uso do termo déficit de atenção pode levar a entendimentos equivocados acerca da capacidade de atenção de uma pessoa TDA, por isso, o termo “instabilidade de atenção” parece ser mais adequado que déficit, uma vez que este traz uma idéia desagradável de uma deficiência absoluta e imutável.
A palavra impulsividade tem significado próprio: ação de impelir; força com que se impele; estímulo, abalo; ímpeto, impulsão. Estas definições ajudam a entender a maneira pela qual o TDA reage diante dos estímulos do mundo externo. Pequenas coisas despertam grandes emoções e a força destas ativa as ações.[4: Vide Dicionário Eletrônico Houaiss. ]
Os impulsivos sofrem, se culpam, se angustiam e cansam, pois um impulso sem filtros pode ocasionar nos relacionamentos cotidianos destas pessoas verdadeiros “desastres”. 
Ana Beatriz B. Silva assim caracteriza os impulsivos:
Costumam dizer o que lhes vêm à cabeça, envolver-se em brincadeiras perigosas, brigar com reações exageradas, e tudo isso pode render-lhes rótulos desagradáveis como “mal-educada”, “má”, “grosseira”, “agressiva”, “estraga-prazeres”, “egoísta”, “irresponsável”, “auto-destrutiva” etc. Nas crianças DDAs esses comportamentos são, além de mais intensos, mais freqüentes. E é claro que isso será um dos fatores de grande influência na formação de uma auto-estima cheia de “buracos”. Todo DDA, na vida adulta, apresentará problemas com sua auto-estima e este é o maior de todos os desafios de seu tratamento: a reconstrução dessa função psíquica que, em última análise, constitui o espelho da própria personalidade (2003, p. 24). 
	
Se o comportamento dos TDAs não for compreendido e bem administrado por eles próprios e pelas pessoas que com eles convivem, a conseqüências no agir poderão se manifestar sob diferentes formas de impulsividade, tais como: agressividade, descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiados, jogos, tagarelice incontrolável etc., observa Silva (2003). 
Outro ponto interessante destacado por Silva (2003, p. 26) é ao afirmar que a maioria absoluta dos DDAs têm um profundo amor à vida, “pois passam a maior parte de seu tempo buscando emoções, aventuras, projetos amores, tudo para viver mais intensamente”. Arrisca-se, a autora, a dizer que “os TDAs jamais buscam a morte”.
Identifica-se a hiperatividade física de um TDA criança quando se mostram agitados, correndo sem parar na sala de aula, em casa, no parquinho. Em ambientes fechados, mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles.
Para Ana Beatriz B. Silva, recebem designações pejorativas como:
“bicho-carpinteiro”, “elétricas”, “desengonçadas”, “desajeitadas”, entre outras Nos adultos essa hiperatividade costuma se apresentar de forma menos exuberante, o que acabou por fazer alguns autores no passado pensarem que tal alteração tendia a desaparecer com o término da adolescência. [...] o que ocorre é uma adequação à fase adulta. [...] os adultos “sacodem” incessantemente as pernas, “rabiscam” constantemente papéis à sua frente, roem unhas, mexem todo tempo em seus cabelos, “dançam” e suas aderias no trabalho (2003, p.26-7).
	
A hiperatividade mental ou psíquica, para Silva (2003), apresenta-se de maneira mais sutil, o que não significa menos penosa. Caracteriza-se, ainda conforme a autora, “no adulto que numa conversa interrompe o tempo todo, que muda de assunto antes que o outro possa elaborar sua resposta, que não dorme à noite, porque seu cérebro fica agitado a tal ponto que não consegue desligar”.
Para Silva (2003), essa agitação é parcialmente responsável pela inaptidão social que muitos TDAs apresentam e se traduzem em problemas para fazer e conservar amigos.
Paulo Mattos acredita que 
[...] se compreende melhor o TDAH do adulto quando se conhecem os sintomas que o portador apresenta desde pequeno. Muitos sintomas do adulto são conseqüência de uma vida toda com TDAH, outros são os próprios sintomas de criança e adolescente com uma “nova roupagem” e outros, ainda, são relativos ao aparecimento de problemas emocionais, que acontecem com maior freqüência nos portadores de TDAH (2006, p. 17-18).
	
Por se acreditar que se trata de um problema exclusivamente infantil, muitos adultos não recebem o diagnóstico nem o tratamento adequado. Em geral, os sintomas são basicamente os mesmos, expressando-se de forma parecida nas diferentes etapas da vida. 
Assim como nas diversas patologias, afirma Paulo Mattos (2006, p. 19), nem todo portador de DDA é igual, mesmo tendo muitos sintomas em comum, não são necessariamente iguais no seu comportamento. “Os sintomas podem ser sempre os mesmos, mas a sua expressão vai depender de quem é o indivíduo que tem este transtorno”.
Os sintomas andam frequentemente juntos, em disposição muito semelhante. Os portadores de TDA/H têm realmente problemas parecidos, aponta Mattos (2006), seja durante a infância e a adolescência ou na vida adulta. Deve-se atentar, portanto, para o fato de que os portadores são indivíduos com um determinado histórico pessoal, personalidades diferentes, estilos de vida particulares, predisposições físicas e biológicas singulares, outros problemas associados, contextos familiares, etc. 
Ana Beatriz B. Silva (2003) caracteriza o TDA pelo comportamento que nasce do trio de base alterada, visto anteriormente, já Paulo Mattos (2006) afirma que o TDA/H se caracteriza por uma combinação de dois grupos de sintomas: desatenção e hiperatividade/impulsividade. 
Os sintomas listados abaixo, e retirados da obra No Mundo da Lua (2006, 6 ed.), de Paulo Mattos, são os mesmos, segundo o autor, descritos no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, 4.ª edição), um manual preparado pela Associação Psiquiátrica Americana que lista todos os sintomas de todas as enfermidades psiquiátricas existentes, mais homogêneas entre os profissionais.
 REFERÊNCIAS 
AMEN, Daniel A. Transforme seu cérebro, transforme sua vida. Disponível em: http://www.metas.com.br/add/add.htm. Acesso em: 08/6/07. 
CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação, 2000. 
CHEVRIE-MULLER, Claude. A linguagem da criança: aspectos normais e patológicos. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. 
GUERRA, Leila Boni. A criança com dificuldades de aprendizagem: considerações sobre a teoria – modos de fazer. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002. 
MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 6 ed. São Paulo: Lemos Editorial, 2006. 
MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de metodologia da pesquisa no Direito. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. Tradução de Ana Maria Netto Machado. 
RODHE, Luís Augusto P. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade: o que é? Como ajudar?. Porto Alegre: Artes Médicas:1999. 
RONCHI, Cláudia Maria Sedrez Gonzaga. Aprendizagem. 2007. In: Material didático elaborado para o curso de Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional da Faculdade IBES, Santa Catarina.
SILVA, Ana Beatriz B. Mentes inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Editora Gente, 2003. 
SMITH, Corine. Dificuldades de aprendizagem de a a z. Porto Alegre: Artmed, 2001.
TOLEDO, Márcia Maria; SIMÃO, Adriana. Transtorno e déficit de atenção / hiperatividade. Cap. 9. In: CIASCA, Sylvia Maria. Distúrbios de Aprendizagem: proposta de avaliação interdisciplinar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

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