Buscar

aula0_penal_processo_penit_SF_27977 (1)

Prévia do material em texto

CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
1 
www.pontodosconcursos.com.br 
APRESENTAÇÃO 
 
Caros alunos, meu nome é JULIO MARQUETI, sou bacharel em Direito, Analista 
Judiciário – Área Judiciária – especialidade Executante de Mandados no Tribunal 
Regional Federal da 3ª Região, professor de Direito Penal em vários cursos 
preparatórios, em São Paulo e em outras localidades, além de autor do livro 
DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL –– PPAARRTTEE GGEERRAALL –– EEDDIITTOORRAA CCAAMMPPUUSS//EELLSSEEVVIIEERR -- 22000088.. 
 
Mais uma vez aqui estou, pois fui honrado com o convite a integrar o grupo de 
profissionais que trabalham neste célebre curso. Digo célebre tendo em conta a 
qualidade do trabalho desempenhado e o bom nível dos alunos que buscam este 
instrumento de aprendizado. 
 
Pois bem. Passaremos, então, a desenvolver um trabalho sintético, onde tratar de 
AASSPPEECCTTOOSS TTEEÓÓRRIICCOOSS DDEE DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPAARRAA OO CCOONNCCUURRSSOO DDOO SSEENNAADDOO 
FFEEDDEERRAALL –– CCOONNSSUULLTTOORR LLEEGGIISSLLAATTIIVVOO.. 
 
O nosso trabalho será RREEAALLIIZZAADDOO EEMM 1100 AAUULLAASS, além da aula 0. As aulas 
serão semanais. Resolveremos questões com a exposição de uma boa base 
teórica. Trataremos de questões de várias organizadoras, já que não é possível 
nos atermos às questões da FGV diante da carência de questões sobre tais 
temas. 
 
ÉÉ cceerrttoo,, nnoo eennttaannttoo,, qquuee,, ddiiaannttee ddaa eexxtteennssããoo ddaa mmaattéérriiaa,, nnããoo ttrraattaarreemmooss ddee ttooddooss 
ooss tteemmaass ccoomm aa mmeessmmaa pprrooffuunnddiiddaaddee.. AAtteerreemmoo--nnooss aaooss aassppeeccttooss mmaaiiss 
iimmppoorrttaanntteess ddee ccaaddaa tteemmaa. As aulas serão todas as sextas, a partir do dia 02 de 
JANEIRO de 2012. 
 
Subárea: Direito Penal, Processual Penal e Penitenciário 
 
I DIREITO PENAL: 
 
Aula 1 - Da aplicação da lei penal. 1.1 Princípios da legalidade e da 
anterioridade. 1.2 A lei penal no tempo e no espaço. 1.3. 
Territorialidade e extraterritorialidade. 1.4 O fato típico e seus 
elementos. 1.5 Relação de causalidade e culpabilidade. 1.6 
Superveniência de causa independente. 2 Crime consumado, tentado e 
impossível. 2.1 Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 2.2 
Arrependimento posterior. 2.3 Crime doloso, culposo e preterdoloso. 3 
Erro de tipo. 3.1 Erro de proibição. 3.2 Erro sobre a pessoa. 3.3 Coação 
irresistível e obediência hierárquica. 3.4 Causas excludentes da ilicitude. 
 
Aula 2 - Da imputabilidade penal. 4.1 Do concurso de pessoas. 4.2 Do 
concurso de crimes. 5 Das penas: espécies, cominação e aplicação. 5.1 
Da suspensão condicional da pena. 5.2 Do livramento condicional. 5.3 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
2 
www.pontodosconcursos.com.br 
Efeitos da condenação e da reabilitação. 5.4 Das medidas de segurança. 
6 Da ação penal pública e privada. 6.1 Da extinção da punibilidade. 
 
Aula 3 Dos crimes contra a pessoa. 8. Dos crimes contra o patrimônio. 
9. Dos crimes contra a propriedade imaterial. 10. Dos crimes contra a 
organização do trabalho. 11. Dos crimes contra a dignidade sexual. 12. 
Dos crimes contra a incolumidade pública. 13. Dos crimes contra a paz 
pública. 14. Dos crimes contra a fé pública. 15. Dos crimes contra a 
Administração Pública. 
 
Aula 4 - 16 Do crime organizado (Lei 9.034, de 1995). 17 Dos crimes 
de abuso de autoridade (Lei 4.898, de 1965). Dos crimes hediondos (Lei 
8.072, de 1990). 21 Dos crimes de tortura (Lei 9.455, de 1997). 22 Dos 
crimes contra a ordem tributária (Lei 8.137, de 1990 e Lei 9.249, de 
1995). 23 Dos crimes contra a ordem econômica (Lei 8.176, de 1991). 
 
Aula 5 - Dos crimes de trânsito (Lei 9.503, de 1997). 19 Do tráfico 
ilícito e uso indevido de drogas (Lei 11.343, de 2006). 24 Dos crimes 
contra o sistema financeiro nacional (Lei7.492, de 1986). 25 Da 
lavagem de dinheiro (Lei 9.613, de 1998). 26 Dos crimes contra o meio 
ambiente (Lei 9.605, de 1998). 27 Dos Crimes eleitorais (Lei 4.737, de 
1965; e Lei 9.504, de 1997). 28 Das contravenções penais (Decreto- Lei 
3.688, de 1941). 29 Do ato infracional e das medidas socioeducativas 
(Lei 8.069 de 1990). 30 Política criminal. 
 
II DIREITO PROCESSUAL PENAL e PENITENCIÁRIO: 
 
AULA 1 - Princípios gerais. 1.1 Aplicação da lei processual no tempo, no 
espaço e em relação às pessoas. 1.2 Sujeitos da relação processual. 1.3 
Inquérito policial. 2 Ação penal. 2.1 Condições e pressupostos 
processuais. 2.2 Ação penal pública. 2.3 Titularidade e condições de 
procedibilidade. 2.4 Denúncia: forma, conteúdo, recebimento e rejeição. 
2.5 Ação penal privada. 2.6 Titularidade. 2.7 Queixa. 2.8 Renúncia. 2.9 
Perdão. 2.10 Perempção. 2.11 Ação civil. 
 
AULA 2 - Jurisdição. 3.1 Competência: critérios de determinação e 
modificação. 3.2 Incompetência. 3.3 Efeitos. 3.4 Das questões e 
processos incidentes. 4 Prova. 4.1 Princípios básicos, objeto, meios, 
ônus, limitações constitucionais e sistemas de apreciação. 4.2 Do Juiz, 
do Ministério Público, do acusado e defensor, dos assistentes e 
auxiliares da justiça. 
 
AULA 3 - Da prisão, da liberdade provisória e das medidas cautelares. 
4.4. Da prisão temporária (Lei 7.960, de 1989). 5 Das citações e 
intimações. 5.1 Forma, lugar e tempo dos atos processuais. 5.2 Dos 
atos processuais. 5.3 Atos das partes, dos juízes, dos auxiliares da 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
3 
www.pontodosconcursos.com.br 
Justiça e de terceiros. 5.4 Dos prazos: características, princípios e 
contagem. 5.5 Da sentença. 5.5.1 Conceito, requisitos, classificação, 
publicação e intimação. 5.5.2 Sentença absolutória: providências e 
efeitos. 5.5.3 Sentença condenatória: fundamentação da pena e efeitos. 
5.5.4 Da coisa julgada. 
 
AULA 4 - Procedimento comum. 5.6.1 Procedimento dos juizados 
especiais criminais (Lei 9.099, de 1995). 5.6.2 Procedimento no júri. 5.7 
Das nulidades. 5.7.1 Dos recursos em geral: princípios básicos e 
modalidades. 5.7.2 Da revisão criminal. 5.7.3 Das exceções. 5.8 Do 
habeas corpus. 5.8.1 Do desaforamento. 5.8.2 Do processo e do 
julgamento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos. 6 
Da Interceptação telefônica (Lei 9.296, de 1996). 
 
AULA 5 - Lei de execução penal (Lei 7.210, de 1984). 8 Das infrações 
penais de repercussão interestadual ou internacional (Lei 10.446, de 
2002). 9. Da identificação criminal (Lei 12.037, de 2009). 10 Da 
violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei 11.340, de 2006). 11 
Do Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826, de 2003). 12 Do sigilo das 
operações financeiras (Lei Complementar 105, de 2001). 13. Das 
Comissões Parlamentares de Inquérito (Leis 1.579, de 1952 e 10.001, 
de 2000). 
 
Atenção: Durante o curso, para maior eficiência dos estudos, o professor poderá alterar a ordem de alguns pontos do 
programa. 
 
A experiência já nos mostrou que o fórum de dúvidas é instrumento indispensável 
para que haja eficiência em nosso trabalho. Assim, sugiro aos alunos que dele se 
valham para que possamos extrair o melhor dos resultados. 
 
Os assuntos já tratados em aula não impedem que sejam objeto de estudo nos 
encontros seguintes, oportunidade em que novas questões sobre eles serão 
trazidas à colação. 
 
A aula 0, que segue adiante, dar-lhes-á uma boa visão do modo em que nosso 
curso irá se desenvolver. 
 
Com isso, vamos ao trabalho. 
Boa sorte a todos e que Deus nos abençoe. 
Professor JULIO MARQUETI. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA AULA 0 
 
AAUULLAA 00 –– DDooss pprriinnccííppiiooss ee aapplliiccaaççããoo ddaa lleeii ppeennaall nnoo tteemmppoo 
 
Conteúdo da Aula 0 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
4 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
99 DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDAA LLEEII PPEENNAALL 
99 DDAA LLEEGGAALLIIDDAADDEE 
99 OOUUTTRROOSS PPRRIINNCCÍÍPPIIOOSS99 PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNTTEERRVVEENNÇÇÃÃOO MMÍÍNNIIMMAA.. 
99 PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA FFRRAAGGMMEENNTTAARRIIEEDDAADDEE.. 
99 PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA TTAAXXAATTIIVVIIDDAADDEE.. 
99 PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNSSIIGGNNIIFFIICCÂÂNNCCIIAA OOUU DDAA BBAAGGAATTEELLAA.. 
99 DDAA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDAA LLEEII PPEENNAALL NNOO TTEEMMPPOO.. 
99 DDOO TTEEMMPPOO DDOO CCRRIIMMEE.. 
99 DDAA AANNTTEERRIIOORRIIDDAADDEE OOUU DDAA IIRRRREETTRROOAATTIIVVIIDDAADDEE.. 
99 DDAA RREETTRROOAATTIIVVIIDDAADDEE BBEENNIIGGNNAA.. 
99 DDAA CCOOMMBBIINNAAÇÇÃÃOO DDEE LLEEIISS.. 
99 DDAA AABBOOLLIITTIIOO CCRRIIMMIINNIISS.. 
99 DDAA LLEEII EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL EE TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA.. 
99 DDAA NNOORRMMAA PPEENNAALL EEMM BBRRAANNCCOO.. 
 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
Para tratarmos da aplicação da lei penal, devemos, inicialmente, dispensar atenção a alguns 
princípios aplicáveis ao direito penal. O primeiro deles é o princípio da legalidade. 
 
DA LEGALIDADE 
 
Para falarmos de legalidade é imprescindível que tratemos inicialmente das fontes 
do direito penal. De acordo com a doutrina, teremos as fontes material e formal 
de direito penal. A ffoonnttee mmaatteerriiaall (fonte de produção) é o Estado, já que cabe 
ao Estado tratar sobre direito penal. A ffoonnttee ffoorrmmaall (fonte de conhecimento) é 
primordialmente a lei. Assim, é através da lei que o direito penal chega ao 
conhecimento de seus destinatários. 
 
 
Então a lei é a fonte formal primária. De fato, a legalidade está estampada no 
artigo 1º do CP. Vejamos: 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
5 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com o princípio da legalidade somente por meio de lei se permitirá a 
definição da conduta criminosa e a cominação da respectiva pena. Mas, o que se 
deve entender por Lei? 
 
A expressão “Lei”, em direito penal, deve ser entendida de maneira estrita, 
abrangendo tão-somente o ato estatal que decorra do processo legislativo 
definido na Constituição Federal. Vale lembrar que, consoante dispõe o artigo 22 
da CF, CCOOMMPPEETTEE PPRRIIVVAATTIIVVAAMMEENNTTEE ÀÀ UUNNIIÃÃOO LLEEGGIISSLLAARR SSOOBBRREE DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL. Aqui, a 
ffoonnttee mmaatteerriiaall de direito penal. 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
6 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Portanto, para que se defina a conduta criminosa e se comine a ela pena será 
necessária a edição de lei pelo Congresso Nacional, obedecendo-se todo o 
processo legislativo. Mas, pergunta-se: O Estado-membro não pode, por meio de 
lei, tratar de direito penal? 
 
Excepcionalmente, sim. A Constituição Federal, já vimos, estabelece como de 
competência da União legislar sobre direito penal. No entanto, em seu artigo 22, 
parágrafo único, permite que o Estado-membro legisle sobre direito penal. Para 
tanto, será necessária a edição de Lei Complementar pela União outorgando ao 
Estado a possibilidade de, pontualmente, tratar de direito penal. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial 
e do trabalho; 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
Então, podemos dizer que: 
 
1- Compete à União legislar privativamente sobre direito penal. 
2- Os Estados (e o DF) poderão, excepcionalmente, legislar sobre direito 
penal. 
3- Os Municípios jamais poderão legislar sobre direito penal. 
 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
7 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Agora, nos surge outro questionamento: Qual o instrumento adequado para 
tratarmos de direito penal? 
 
A União poderá se valer da LLEEII OORRDDIINNÁÁRRIIAA OOUU DDAA LLEEII CCOOMMPPLLEEMMEENNTTAARR para tratar de 
direito penal. Aquela, no entanto, mostra-se o instrumento mais adequado. É 
certo, todavia, que NNÃÃOO SSEE AADDMMIITTEE TTRRAATTAARR DDEE DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL PPOORR MMEEIIOO DDEE MMEEDDIIDDAA 
PPRROOVVIISSÓÓRRIIAA OOUU LLEEII DDEELLEEGGAADDAA. O princípio da legalidade está previsto nos artigos 
1º do CP e 5º, inciso XXXIV da CF. 
 
Artigo 5º da CF 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
 
Código Penal 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal. 
 
 
De acordo com a doutrina, em tais dispositivos temos o princípio da legalidade 
que é composto da RREESSEERRVVAA LLEEGGAALL EE DDAA AANNTTEERRIIOORRIIDDAADDEE. O princípio da legalidade é 
representado pela seguinte expressão: ““NNUULLLLUUMM CCRRIIMMEENN,, NNUULLLLAA PPOOEENNAA 
SSIINNEE LLEEGGEE””.. 
 
A RREESSEERRVVAA LLEEGGAALL significa dizer que somente por meio de LEI (em sentido estrito) 
se permitirá tratar de direito penal. Portanto, podemos dizer que direito penal é 
matéria reservada à lei. 
 
Já AANNTTEERRIIOORRIIDDAADDEE significa afirmar que a lei que define determinada conduta 
como criminosa só será aplicada a fatos ocorridos após a sua vigência. Assim, 
deve ela ser anterior ao fato. HHÁÁ EEXXCCEEÇÇÃÃOO:: AA RREETTRROOAATTIIVVIIDDAADDEE DDAA LLEEII PPEENNAALL 
BBEENNÉÉFFIICCAA. 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
8 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Agora, vamos a um raciocínio um pouco mais sofisticado. Preste atenção! 
Pergunto: A UULLTTRRAATTIIVVIIDDAADDEE da lei penal é a manifestação da regra (anterioridade) 
ou da exceção (retroatividade)? A ultratividade é a aplicação da lei penal a fatos 
que lhe são supervenientes. Quando a lei é revogada por outra mais severa 
continuará a ser aplicada aos fatos ocorridos durante sua vigência. Neste caso, há 
ultratividade. 
 
A lei antiga está sendo aplicada diante da impossibilidade de retroação da lei 
nova que é mais severa. Então, a ultratividade é a manifestação da regra, ou 
seja, da anterioridade da lei penal. 
 
O sistema constitucional brasileiro impede que se apliquem leis 
penais supervenientes mais gravosas, como aquelas que afastam a 
incidência de causas extintivas da punibilidade sobre fatos delituosos 
cometidos em momento anterior ao da edição da "lex gravior". 
 
A eficácia ultrativa da norma penal mais benéfica - sob cuja égide 
foi praticado o fato delituoso - deve prevalecer por efeito do que 
prescreve o art. 5º, XL, da Constituição, sempre que, ocorrendo 
sucessão de leis penais no tempo, constatar-se que o diploma legislativo 
anterior qualificava-se como estatuto legal mais favorável ao agente1. 
 
 
Algumas conseqüências ou repercussões do princípio da legalidade devem ser 
observadas neste trabalho. Vejamos: 
 
11-- NNUULLLLUUMM CCRRIIMMEENN,, NNUULLLLAA PPOOEENNAA SSIINNEE LLEEGGEE PPRRAAEEVVIIAA.. 
 
Significa a proibição de retroatividade de lei penal maléfica, ou seja, que crime 
uma nova figura criminosa ou que agravem a situação do acusado. 
 
22-- NNUULLLLUUMM CCRRIIMMEENN,, NNUULLLLAA PPOOEENNAA SSIINNEE LLEEGGEE SSCCRRIIPPTTAA.. 
 
1STF – HC 90140/GO – 11/03/2208 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
9 
www.pontodosconcursos.com.br 
Não se admite que os costumes ou o direito consuetudinário seja fruto de 
agravamento da punibilidade. Somente lei escrita. 
 
33-- NNUULLLLUUMM CCRRIIMMEENN,, NNUULLLLAA PPOOEENNAA SSIINNEE LLEEGGEE SSTTRRIICCTTAA.. 
 
A analogia não pode levar à criação de uma nova figura criminosa e nem mesmo 
ao agravamento da punibilidade. 
 
44-- NNUULLLLUUMM CCRRIIMMEENN,, NNUULLLLAA PPOOEENNAA SSIINNEE LLEEGGEE CCEERRTTAA.. 
 
A lei penal não pode ser indeterminada. Deve, com a máxima precisão, definidira 
conduta delituosa. 
 
OUTROS PRINCÍPIOS 
 
Princípio da intervenção mínima. 
 
 
Segundo Bitencourt2: 
 
“O princípio da intervenção mínima, também conhecido como 
“ultima ratio”, orienta e limita o poder incriminador do Estado, 
preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se 
constituir meio necessário para a proteção de determinado bem 
jurídico”. 
 
Princípio da fragmentariedade. 
 
Do princípio da intervenção mínima, decorre a fragmentariedade do direito penal. 
Para alguns autores, a fragmentariedade não se mostra como um princípio, mas 
sim como uma característica, uma face do Direito Penal. 
 
Segundo a fragmentariedade, o legislador, diante de um oceano de ilícitos, 
elegerá as condutas nocivas à sociedade que impõem a intervenção por meio do 
exercício do direito de punir do Estado. Portanto, o Direito Penal ocupar-se-á de 
fragmentos e não de todos os ilícitos. 
 
Aqui, o caráter fragmentário do direito penal. Cuidará ele de fragmentos, ou seja, 
de condutas que ofendam a bens relevantes. Diante de um oceano de ilícitos, o 
direito penal se ocupará não do todo, mas do arquipélago, ou seja, de fragmentos 
do todo. 
 
E síntese, caráter fragmentário significa, nos dizeres de Bitencourt3 
 
2 Bitencourt – Cezar Roberto – Tratado de Direito Penal – Parte Geral – volume I – Editora Saraiva. 
3 Bitencourt – Cezar Roberto – Tratado de Direito Penal – Parte Geral – volume I – Editora Saraiva. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
10 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
“que o Direito Penal não deve sancionar todas as condutas 
lesivas dos bens jurídicos, mas tão-somente aquelas condutas mais 
graves e mais perigosas praticadas contra bens mais relevantes”. 
 
 
Princípio da taxatividade. 
 
A TTAAXXAATTIIVVIIDDAADDEE deve ser analisada sob dois aspectos: 1- para a definição das 
condutas delituosas o legislador deve valer-se de conceitos precisos; 2- o rol de 
ilícitos previsto na lei é fechado, não se admitindo a criação de figura criminosa 
por analogia. 
 
 
 
 
 
 
 
Assim, em respeito ao PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA TTAAXXAATTIIVVIIDDAADDEE, é dever do legislador 
descrever as condutas de forma precisa, clara, sob pena de ineficiência do 
princípio da legalidade. Pois, de nada adiantaria exigir a lei como instrumento e 
possibilitar a criação de crimes imprecisos. 
 
Crítica há, por exemplo, à descrição dada pela lei 7.492/86 ao crime de gestão 
temerária de instituição financeira, pois não é possível se estabelecer o que é 
gestão temerária, máxime quando no sistema financeiro há casos em que a 
ousadia, o risco, é inerente à própria atividade. Portanto, a imprecisão do 
dispositivo é o móvel de sua crítica. 
 
 
Lei 7.492 de 1986 – Crimes contra sistema financeiro. 
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
11 
www.pontodosconcursos.com.br 
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Parágrafo único. Se a gestão é temerária: 
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
A imprecisão também macula os crimes de abuso de autoridade descritos no 
artigo 3º da Lei 4.898/65. 
 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
 a) à liberdade de locomoção; 
 b) à inviolabilidade do domicílio; 
 c) ao sigilo da correspondência; 
 d) à liberdade de consciência e de crença; 
 e) ao livre exercício do culto religioso; 
 f) à liberdade de associação; 
 g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; 
 h) ao direito de reunião; 
 i) à incolumidade física do indivíduo; 
 j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício 
profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79) 
 
 
Princípio da insignificância ou da bagatela. 
 
Somente a ofensa ao bem protegido pela lei penal motivará a resposta jurídico-
penal. Assim, as condutas que, por ajustarem-se à norma penal, tiverem 
tipicidade formal podem, em razão do princípio da insignificância, não constituir 
fato típico, já que ausente a ofensa ao bem protegido. Fala-se em ausência de 
tipicidade material ou substancial. 
 
Observe o furto de um pequeno lápis. A rigor, a conduta tem tipicidade formal, já 
que se ajusta ao tipo penal que define o crime de furto (artigo 155 do CP). No 
entanto, a conduta não denota lesão ao patrimônio e, com isso, ausente a 
tipicidade material. 
 
O PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNSSIIGGNNIIFFIICCÂÂNNCCIIAA - que deve ser analisado em conexão com os 
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria 
penal - TTEEMM OO SSEENNTTIIDDOO DDEE EEXXCCLLUUIIRR OOUU DDEE AAFFAASSTTAARR AA PPRRÓÓPPRRIIAA TTIIPPIICCIIDDAADDEE PPEENNAALL, 
examinada na perspectiva de seu caráter material4. 
 
Ademais, considera-se necessária, na aferição do relevo material da tipicidade 
penal, a presença de certos vetores, tais como: (a) a mínima ofensividade da 
conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o 
reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a 
inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
 
 
4 STF – HC 92463/RS – Relator Ministro Celso de Mello – Segunda Turma – Data do julgamento: 16/10/2007. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
12 
www.pontodosconcursos.com.br 
Nos dizeres de Bitencourt5: 
 
“Amiúde, condutas que se amoldam a determinado tipo penal, 
sob o ponto de vista formal, não apresentam nenhuma relevância 
material. Nessas circunstâncias, pode-se afastar liminarmente a 
tipicidade penal porque em verdade o bem jurídico não chegou a ser 
lesado.” 
 
Então, segundo o PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNSSIIGGNNIIFFIICCÂÂNNCCIIAA OOUU DDAA BBAAGGAATTEELLAA, não constituirá fato típico a 
conduta que não demonstrar séria ofensa ao bem jurídico protegido pela norma penal, pois 
não se mostraria razoável e proporcional a aplicação da aflição penal. Portanto, a 
insignificância da ofensa leva à atipicidade. 
 
“A aplicação do princípio da insignificância de modo a tornar a 
conduta atípica depende de que esta seja a tal ponto despicienda que não 
seja razoável a imposição da sanção”. (STF – HC 91919/MS – 1ª Turma – Relator: Ministro 
Ricardo Lewandowski – Data do julgamento: 19/02/2008). 
 
No entanto, a incidência do princípio da insignificância, como causa excludente da 
tipicidade, deve ser aferida em concreto. 
 
É de se observar, portanto, que o princípio da insignificância não se aplicará a 
todo ilícito penal. De acordo com a doutrina e a jurisprudência atuais, NNÃÃOO SSEE 
AADDMMIITTIIRRÁÁ AA AAPPLLIICCAAÇÇÃÃOO DDOO PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA IINNSSIIGGNNIIFFIICCÂÂNNCCIIAA AAOOSS CCRRIIMMEESS PPRRAATTIICCAADDOOSS 
MMEEDDIIAANNTTEE VVIIOOLLÊÊNNCCIIAA OOUU GGRRAAVVEE AAMMEEAAÇÇAA.. 
 
O STJ, por exemplo, não tem admitido a aplicação do princípio da insignificância 
ou da bagatela aos crimes contra a administração pública. 
 
Conforme reiteradamente decidido pelo STJ6 
 
“É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes contra a 
Administração Pública, ainda que o valor da lesão possa ser considerado 
ínfimo, porque a norma busca resguardar não somente o aspecto 
patrimonial, mas a moral administrativa, o que torna inviável a 
afirmação do desinteresse estatal à sua repressão”. 
 
Em outra oportunidade, o STJ7 decidiu que 
 
“A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens 
jurídicos mais relevantes. Em decorrência disso, a intervenção penal 
deve ter o caráter fragmentário, protegendo apenasos bens jurídicos 
 
5 Bitencourt – Cezar Roberto – Tatado de Direito Penal – Parte Geral 1 – Editora Saraiva. 
6 STJ – RESP 655946/DF – Relatora: Ministra Laurita Vaz 5ª Turma – Data do julgamento: 27/02/2007. 
7 STJ – HC 50863/PE – Relator: Ministro Hélio Quaglia Barbosa – 6ª Turma – Data do julgamento: 04/04/2006. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
13 
www.pontodosconcursos.com.br 
mais importantes e em casos de lesões de maior gravidade. O princípio 
da insignificância, como derivação necessária do princípio da 
intervenção mínima do Direito Penal, busca afastar de sua seara as 
condutas que, embora típicas, não produzam efetiva lesão ao 
bem jurídico protegido pela norma penal incriminadora. Trata-se, 
na hipótese, de crime em que o bem jurídico tutelado é a 
Administração Pública, tornando irrelevante considerar a 
apreensão de 70 bilhetes de metrô, com vista a desqualificar a 
conduta, pois o valor do resultado não se mostra desprezível, 
porquanto a norma busca resguardar não somente o aspecto 
patrimonial, mas moral da Administração”. 
 
No entanto, a proibição de aplicação da insignificância pelo STJ aos crimes contra a 
administração deve ser trata com reserva, pois o próprio STJ a admite ao crime de 
descaminho quando o valor do imposto no pago não é superior àquele previsto no artigo 18, 
parágrafo 1º, da Lei 10.522/02. 
 
Lei 10.522/2002. 
Art. 18. Ficam dispensados a constituição de créditos da Fazenda Nacional, a 
inscrição como Dívida Ativa da União, o ajuizamento da respectiva execução 
fiscal, bem assim cancelados o lançamento e a inscrição, relativamente: 
§ 1o Ficam cancelados os débitos inscritos em Dívida Ativa da União, de valor 
consolidado igual ou inferior a R$ 100,00 (cem reais). 
 
O STF, por sua vez, em várias oportunidades admitiu a aplicação da insignificância ao crime 
de descaminho e, para tanto, fez ressaltar que os requisitos a serem aferidos devem ser 
objetivos e não subjetivos. Assim, o fato de o agente ter antecedentes ou praticar o crime 
com habitualidade não são óbices à aplicação da insignificância. 
 
“Descaminho considerado como "crime de bagatela": aplicação do 
"princípio da insignificância". Para a incidência do princípio da insignificância só se 
consideram aspectos objetivos, referentes à infração praticada, assim a mínima 
ofensividade da conduta do agente; a ausência de periculosidade social da ação; o 
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; a inexpressividade da lesão 
jurídica causada (HC 84.412, 2ª T., Celso de Mello, DJ 19.11.04). A caracterização 
da infração penal como insignificante não abarca considerações de ordem 
subjetiva: ou o ato apontado como delituoso é insignificante, ou não é. E sendo, 
torna-se atípico, impondo-se o trancamento da ação penal por falta de justa 
causa” (STF – AI-QO 559904/RS – 1ª Turma – Relator: Ministro Sepúlveda Pertence – Data do 
julgamento 07/06/2005). 
 
 
Abaixo segue outro julgado, agora mais recente, do STF onde se reconhece a 
insignificância no descaminho: 
 
A importação de mercadoria, iludindo o pagamento do imposto em valor inferior 
ao definido no art. 20 da Lei n° 10.522/02, consubstancia conduta atípica, dada a 
incidência do princípio da insignificância. O montante de impostos supostamente 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
14 
www.pontodosconcursos.com.br 
devido pelo paciente (R$ 189,06) é inferior ao mínimo legalmente estabelecido para a 
execução fiscal, não constando da denúncia a referência a outros débitos congêneres 
em seu desfavor. Ausência, na hipótese, de justa causa para a ação penal, pois uma 
conduta administrativamente irrelevante não pode ter relevância criminal. Princípios da 
subsidiariedade, da fragmentariedade, da necessidade e da intervenção mínima que 
regem o Direito Penal. Inexistência de lesão ao bem jurídico penalmente tutelado. 
Precedentes. Ordem concedida para o trancamento da ação penal de origem8. 
 
 
 
Após dissertar sobre a aplicabilidade do princípio da insignificância, Greco9 afirma 
que: “Concluindo, entendemos que a aplicação da insignificância não poderá ocorrer em toda e qualquer 
infração penal”. 
 
O certo, portanto, é que o princípio da insignificância não poderá ser aplicado de 
modo indiscriminado a todas as infrações penais. Impõe-se uma apreciação 
casuística do fato. 
 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO. 
 
Segundo Toledo10 
 
“A eficácia da lei penal no tempo subordina-se a uma regra 
geral e a várias exceções, como se infere dos preceitos contidos nos 
art.5º, XL da Constituição, e nos arts. 2º e 3º do Código Penal. AA RREEGGRRAA 
GGEERRAALL ÉÉ AA DDAA PPRREEVVAALLÊÊNNCCIIAA DDAA LLEEII DDOO TTEEMMPPOO DDOO FFAATTOO ((TTEEMMPPUUSS RREEGGIITT AACCTTUUMM)), 
isto é, aplica-se a lei vigente quando da realização do fato”. 
 
Assim, os fatos serão regidos pela lei de seu tempo. Então, podemos afirmar que 
é muito importante para o nosso trabalho que definamos o tempo do crime. 
Sabendo o tempo do crime poderemos afirmar qual a lei que a ele deve ser 
aplicada. 
 
Do tempo do crime. 
 
O tema “tempo do crime” é de singular importância em nosso trabalho. Só se 
sabendo quando um crime é praticado é que poderemos saber qual a lei penal 
que será aplicada. 
 
 
 
8 STF – HC 96376 PR – Julgamento: 31/08/2010. 
9 Greco – Rogério – Curso de Direito Penal – Parte Geral – volume 1 – Editora Impetus. 
10 Toledo – Francisco de Assis – Princípios Básicos de Direito Penal – 5ª Edição – Editora Saraiva. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
15 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
O Código Penal adotou a TTEEOORRIIAA DDAA AATTIIVVIIDDAADDEE para definir o tempo do crime. 
Assim, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão 
(atividade), ainda que outro seja o do resultado. 
 
 
 
 
Então, com a sucessividade de lei no tempo. Necessitamos saber qual lei será 
aplicada ao fato: lei “A” ou lei “B”. 
 
Portanto, no caso do homicídio, considera-se praticado o crime no momento em 
que se dispara a arma de fogo e não no momento em que a vítima falece. Assim, 
será aplicada a lei “A”. 
 
Não se pode, no entanto, é confundir o momento em que o crime é praticado com 
o momento em que ele se consuma. É certo que o homicídio se consuma com a 
morte. 
 
Tempo do crime 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
16 
www.pontodosconcursos.com.br 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
É de registrar, com isso, que o legislador, diante de três teorias, sufragou a teoria 
da atividade para definir o tempo do crime. 
 
 
 
 
 
 
Da anterioridade ou da irretroatividade. 
 
AA lleeii ppeennaall éé iirrrreettrrooaattiivvaa. Essa é a regra. Portanto, a lei penal será aplicada ao 
fato desde que lhe seja anterior. Há, no entanto, eexxcceeççããoo: rreettrrooaattiivviiddaaddee ddaa 
lleeii ppeennaall bbeennééffiiccaa. A lei penal benéfica retroagirá. Podemos dizer, então, que a 
rreettrrooaattiivviiddaaddee ddaa lleeii ppeennaall bbeennééffiiccaa ccoonnssttiittuuii uummaa eexxcceeççããoo aaoo pprriinnccííppiioo ddaa 
aanntteerriioorriiddaaddee. 
 
Mas, quando a lei posterior for maléfica, a lei anterior será aplicada ao fato 
praticado sob seu império, apesar de já revogada. Aqui, há a uullttrraattiivviiddaaddee ddaa 
lleeii ppeennaall bbeennééffiiccaa. Mas, isso só é possível em razão da anterioridade. Não se 
esqueça: a lei penal não retroagirá. Portanto aplicar-se-á ao fato a lei que lhe é 
posterior. Isso só não ocorrerá quando a lei nova for benéfica. Mas, quando 
maléfica, a lei anterior (anterioridade) terá, em benefício do agente, ultratividade. 
 
Mas, pergunto:A anterioridade é uma regra absoluta? Não. Sabemos que a lei 
superveniente poderá ser aplicada ao fato que lhe antecede desde que benéfica 
ao agente. Assim, a nova lei benéfica retroagirá. Aqui, a exceção à anterioridade. 
 
9 Questões sobre o tema: 
 
 
1.(FGV/INPETOR/RJ/2008) Relativamente aos princípios de direito 
penal, assinale a afirmativa incorreta. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
17 
www.pontodosconcursos.com.br 
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina. 
(B) Não há pena sem prévia cominação legal. 
(C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da 
anterioridade da lei penal. 
(D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de 
considerar crime. 
(E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-
se aos casos anteriores. 
 
 
Agora, vamos dispensar atenção aos crimes permanente e continuado. Segundo a 
doutrina, CCRRIIMMEE PPEERRMMAANNEENNTTEE é aquele em que a conduta do agente se prolonga a 
seu arbítrio. Diz-se que a conduta se protrai no tempo. É o que ocorre, por 
exemplo, com o crime de cárcere privado, onde o sujeito priva a vítima de sua 
liberdade. Enquanto perdurar o encarceramento a conduta está sendo praticada 
(prolongou-se no tempo). 
 
 
 
 
Veja no quadro abaixo: A conduta – cárcere privado – (seta laranja) foi praticada 
com a privação da liberdade da vítima. Prolongou-se no tempo. O que notamos, 
então? Notamos que, quando da conduta, imperava a lei “A”. Mas, durante a 
prática do crime (conduta prolongada) surgiu a lei “B” que revogou a lei “A”. É de 
se notar que a lei “B” comina pena mais severa ao crime. Portanto, trata-se de 
uma nova lei em prejuízo. A pergunta que surge é a seguinte: Qual das leis 
deverá ser aplicada ao fato que se iniciou sob o império de uma e se prolongou 
no tempo até a entrada em vigor da nova lei – que no caso é maléfica? 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
18 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Segundo a Súmula 711 do STF aplicar-se-á ao fato a lei “B” apesar de mais 
severa ao agente. Ressalto, no entanto, que não se trata de exceção à regra. Há a sua 
confirmação, pois ao fato se está aplicando a lei vigente quando se sua prática. Não se 
esqueça que a conduta se prolongou no tempo. Com o advento da lei “B” o crime estava 
sendo praticado. A mesma regra se aplica ao crime continuado (artigo 71 do CP). 
 
9 Questões sobre o tema: 
 
02. (FCC/MPE/SE/ANALISTA/2010) 56. Considere a hipótese de um crime de extorsão em 
andamento, em que a vítima ainda se encontra privada de sua liberdade de locomoção. 
Havendo a entrada em vigor de lei penal nova, prevendo aumento de pena para esse crime, 
(A) terá aplicação a lei penal mais grave, cuja vigência é anterior à cessação da 
permanência do crime. 
(B) terá aplicação a lei nova, em obediência ao princípio da ultratividade da lei penal. 
(C) não poderá ser aplicada a lei penal nova, que só retroage se for mais benéfica ao réu. 
(D) será aplicada a lei nova, em obediência ao princípio tempus regit actum. 
(E) não será aplicada a lei penal mais grave, pois o direito penal não admite a novatio legis 
in pejus. 
 
 
DA RETROATIVIDADE BENIGNA. 
 
A lei penal não tem efeito retroativo. Tal impossibilidade decorre, como já vimos, 
do princípio da anterioridade. A Constituição Federal prevê retroatividade benéfica 
da lei penal. 
 
É o que estatui o artigo 5º, inciso XL, da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu”. 
 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
19 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
9 Questões sobre o tema: 
 
 
03. (FCC/TRT8/EXEC/2010) 71. João cometeu um crime para o qual a lei 
vigente na época do fato previa pena de reclusão. Posteriormente, lei nova 
estabeleceu somente a sanção pecuniária para o delito cometido por João. 
Nesse caso, 
(A) a aplicação da lei nova depende da expressa concordância do Ministério 
Público. 
(B) aplica-se a lei nova somente se a sentença condenatória ainda não tiver 
transitado em julgado. 
(C) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da irretroatividade das leis 
penais. 
(D) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença condenatória já tiver 
transitado em julgado. 
(E) a aplicação da lei nova, se tiver havido condenação, depende do 
reconhecimento do bom comportamento carcerário do condenado. 
 
04.(EJEF - 2009 - TJ-MG – Juiz) Sobre as fontes do Direito Penal, a 
interpretação da Lei Penal, bem como seu âmbito de eficácia e sua 
aplicação no tempo e no espaço, marque a alternativa CORRETA. 
a) Em razão do caráter fragmentário do Direito Penal, este deverá 
ser preferencialmente observado para a solução de conflitos, 
devendo abranger a tutela do maior número de bens jurídicos 
possível. 
b) O princípio da Legalidade obriga a que toda deliberação referente 
ao Direito Penal, incriminador ou não incriminador, seja feita por 
meio de lei. 
c) O nosso Código Penal, quanto ao tempo do crime, acolheu a 
teoria do resultado. 
d) A lei penal nova mais benéfica retroage para abarcar também os 
fatos ocorridos antes de sua vigência, devendo aplicar-se inclusive 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
20 
www.pontodosconcursos.com.br 
aos processos com decisão já transitada em julgado, cabendo ao 
juízo da execução a sua aplicação. 
 
 
DA COMBINAÇÃO DE LEIS. 
 
Tema que tem trazido grande debate é a possibilidade de o magistrado, com o 
objetivo de aplicar a lei penal mais benéfica, combinar leis. É o que ocorre com o 
tráfico de entorpecentes. 
 
A lei 6.368/76 prevê pena mais branda que a Lei 11.343/2006. Assim, aos fatos 
ocorridos antes da nova lei é certo que se aplicará a lei 6.368/76. Mas, a nova lei 
passou a prever causa de diminuição de pena (artigo 33 da Lei 11.343/2006) que 
não existia na lei 6.368/76. Qual das leis deve ser aplicada? A lei 6.368/76, cuja 
pena é menor, sem a causa de diminuição da penal ou a nova lei 11.343/2006, 
cuja pena é maior, com a causa de diminuição de penal? Ou, poderíamos aplicar 
a lei 6.368/76 (pena menor) com a causa de diminuição da pena prevista na nova 
Lei (11.343/76)? Neste último caso, para chegarmos à lei penal mais benéfica, 
estaríamos combinando leis. Isto é possível? 
 
A jurisprudência e a doutrina são titubeantes a respeito. Para aqueles que não 
admitem a combinação de leis haveria interferência do judiciário no legislativo, 
pois estaria criando uma terceira lei. 
 
Já para os que entendem ser a combinação de leis o melhor caminho para se 
chegar à lei penal benéfica, o magistrado não estaria legislando, mas sim 
trilhando os caminhos definidos pelo legislativo: aplicando a lei, extraindo o 
melhor para o acusado. 
 
O STJ, analisando a situação apresentada, não admitiu a combinação de leis. Veja 
trecho de uma de suas decisões. 
 
Não pode ser admitida a combinação de leis, vez que a minorante 
insculpida no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/06 é regra relativa ao caput 
do mesmo artigo, não cabendo ao magistrado cindir o dispositivo legal, 
aplicando uma parte do retrocitado artigo, em combinação com o artigo 
12 da Lei 6.368/76, criando uma nova norma, sob pena de ver usurpada 
a competência do legislador11. 
 
Para o STJ a combinação das partes mais benéficas das leis distintas resulta na 
criação de uma nova lei não prevista no ordenamento jurídico, com ofensa aos 
princípios da reserva legal e da separação de poderes. 
 
 
 
11 STJ – HC 156403 – SP – 5ª Turma – 02/12/2010 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
21 
www.pontodosconcursos.com.br 
DA ABOLITIO CRIMINIS. 
 
Lei penal no tempo 
Art.2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
 
A nova lei inova no ordenamento jurídico de forma extremamente benéfica ao 
agente. Assim, aquele que praticou tal fato sob a vigência da lei anterior, não 
mais responderá por ele. Com isso, é imperiosa a sua aplicação retroativa. 
 
Conseqüências: Cessa a execução penal e os efeitos penais decorrentes de 
eventual sentença condenatória. Portanto, se o agente foi condenado, estando 
cumprindo pena, cessar-se-ão a sua execução e os efeitos penais reflexos 
(exemplo: reincidência). 
 
Os efeitos CIVIS que decorrem da sentença penal condenatória não sofrem 
qualquer reflexo decorrente da abolitio criminis. Portanto, os efeitos CIVIS se 
mantêm íntegros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DA COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI BENÉFICA 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
22 
www.pontodosconcursos.com.br 
Com o surgimento de uma nova lei em benefício, impõe-se estabelecer qual o 
Juízo competente para a sua aplicação. Vejamos: 
 
1- Se o processo de conhecimento ainda não se findou, caberá ao juízo 
processante a aplicação da lei penal mais benéfica. 
 
 
Atenção: Caso o processo esteja em grau de recurso, caberá ao 
Tribunal competente a aplicação da lei penal mais benéfica. 
 
 
Estupro e atentado violento ao pudor perpetrados em suas formas 
simples. Crimes hediondos. Superveniência da Lei n. 12.015/2009. 
Retroatividade da lei penal mais benéfica (CF, art. 5º, XL). Continuidade 
delitiva. Possibilidade. Ordem concedida de ofício para que o Juízo de 
origem proceda ao redimensionamento das penas12. 
 
 
2- Se o processo de conhecimento já se encerrou com o trânsito em julgado 
da sentença condenatória, caberá ao JJUUÍÍZZOO DDAASS EEXXEECCUUÇÇÕÕEESS PPEENNAAIISS a 
aplicação da lei penal mais benéfica. 
 
 
Relativamente aos crimes hediondos cometidos antes da vigência 
da Lei nº 11.464/07, a progressão de regime carcerário deve observar o 
requisito temporal previsto nos artigos 33 do Código Penal e 112 da Lei 
de Execuções Penais, aplicando-se, portanto, a lei mais benéfica. 5. 
Concede-se a ordem para que o Juízo responsável pela execução da 
pena aprecie o pedido de progressão, observado, quanto ao requisito 
temporal, o cumprimento de 1/6 da pena.13 
 
 
Há casos, entretanto, em que a aplicação da nova lei após o transito em julgado 
da sentença só poderá ser realizada por meio de processo revisional junto ao 
tribunal competente. É o que ocorrerá quando se exige ingressar no mérito da 
causa. Não poderá o Juízo das Execuções fazê-lo. Assim, o instrumento adequado 
é o processo revisional junto ao Tribunal. 
 
 
DA LEI EXCEPCIONAL E TEMPORÁRIA. 
 
 
 
12 STF – HC 99808/RS – 21/09/2010 
13 STF – HC 92592 SP – 06/11/2007 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
23 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
As leis ordinariamente são editadas para duração por prazo indeterminado. Há, 
todavia, casos em que o legislador cria leis com vigência efêmera. São as 
denominadas LLEEIISS IINNTTEERRMMIITTEENNTTEESS. 
 
Surgem as leis intermitentes no ordenamento jurídico para tratar de situação 
anormal e transitória. Com isso, de vigência breve. 
 
É o que ocorre com as LLEEIISS EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL EE TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA previstas no artigo 3º do 
CP. A elas, todavia, não se aplica, de regra, o princípio da retroatividade benéfica, 
pois, estar-se-ia instituindo a impunidade. 
 
 
 
 
 
 
Será EXCEPCIONAL a lei que tem sua vigência atrelada a uma situação anormal. 
No exato instante em que a situação de anormalidade cessa, ocorre a revogação 
da lei excepcional. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
24 
www.pontodosconcursos.com.br 
Na TEMPORÁRIA, por sua vez, o legislador estabelece de forma certa o seu 
período de vigência. Estamos, então, tratando de situações anormais que, para o 
legislador, tem prazo certo para cessar. 
 
Assim, quando da edição da lei, o legislador estabelece de forma certa o seu 
período de vigência. Não fica ela atrelada à existência da situação anormal. O 
legislador, então, determina sua vigência, por exemplo, para durante o período 
das chuvas (outubro a março). 
 
Como são leis intermitentes, isto é, de vigência breve, os fatos cometidos sob seu 
império, mesmo depois de revogadas, serão por elas regidos. 
 
Com a revogação da lei intermitente, o ordenamento jurídico volta a ser regido 
pela lei não intermitente. Aquela que não tratava das hipóteses anormais. Volta-
se à normalidade, sendo certo que tal lei não prevê como criminosa a conduta 
que, de acordo com a lei intermitente, era ilícita. 
 
No entanto, após a revogação da lei intermitente, o ordenamento jurídico 
comum, mais benéfico ao agente, não retroage para atingir os fatos praticados 
sob o império da lei temporária ou excepcional. 
 
 
AASS LLEEIISS IINNTTEERRMMIITTEENNTTEESS ((EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL OOUU TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA)), mesmo que 
prejudiciais, TTÊÊMM UULLTTRRAA--AATTIIVVIIDDAADDEE. Aplicar-se-ão aos fatos ocorridos sob sua 
vigência mesmo depois de revogadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
25 
www.pontodosconcursos.com.br 
DA NORMA PENAL EM BRANCO. 
 
A norma penal em branco é aquela que depende de complemento para ser 
compreendida. Normalmente, há uma norma explicativa para complementá-la. É 
o que ocorre, por exemplo, no caso dos crimes funcionais (ex: peculato). Tais 
crimes são praticados por funcionários públicos. No entanto, os dispositivos que 
incriminam não definem o que é funcionário público. Há uma lacuna que deve ser 
preenchida. O complemento está no artigo 327 do CP que define, para efeito 
penal, o que é funcionário público. 
 
Funcionário público 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, 
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, 
emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego 
ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa 
prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de 
atividade típica da Administração Pública. 
 
 
 
 
 
 
A norma penal em branco será homogênea quando o complemento estiver 
previsto em instrumento da mesma natureza da norma a ser complementada. 
Assim, se o complemento está previsto em lei, a NNOORRMMAA PPEENNAALL ÉÉ HHOOMMOOGGÊÊNNEEAA. 
 
Será, todavia, HHEETTEERROOGGÊÊNNEEAA quando o complemento estiver previsto é 
instrumento que não tenha a mesma natureza da norma penal a ser 
complementada. É o que ocorre, por exemplo, quando o complemento estiver em 
ato administrativo (decreto ou portaria). Veja o caso do tráfico de drogas: a lei 
11.343/2006 não define o que é droga. A definição está prevista em portaria da 
ANVISA. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
26 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
 
Agora, preste muita atenção: Complicaremos nosso trabalho um pouco. Mas, 
fazer o quê? É assim a vida do concurseiro: cheia de desafios. 
 
Com a modificação do complemento em benefícios do agente, a retroatividade se 
impõe? Vamos a um caso concreto: Com a exclusão do cloreto de etila (lança 
perfume) do rol de entorpecentes (drogas) da portaria da ANVISA, as condutas 
anteriores deixarão de ser crime? 
 
 
Para respondermos, necessitamos verificar a natureza do complemento, ou seja, 
da portaria. 
 
1- Se ela tiver a NNAATTUURREEZZAA TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA OOUU EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL, a sua alteração não 
retroagirá. Portanto, se o complemento (no caso a portaria) tiver natureza 
excepcional ou temporária aplicar-se-ão as regras do artigo 3º, ou seja, 
ultratividade gravosa:com isso o novo complemento NNÃÃOO RREETTRROOAAGGIIRRÁÁ. 
 
2- Mas, se o complemento NNÃÃOO TTIIVVEERR NNAATTUURREEZZAA TTEEMMPPOORRÁÁRRIIAA OOUU EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL, a 
sua retroatividade se impõe, aplicando-se-lhe a regra do artigo 2º do CP. 
 
No caso apresentado, a retroatividade deve ocorrer, já que a portaria da ANVISA 
não tem caráter temporário ou excepcional. Vejamos abaixo trecho de decisão do 
STF: 
 
A edição, por autoridade competente e de acordo com as 
disposições regimentais, da Resolução ANVISA nº 104, de 7/12/2000, 
retirou o cloreto de etila da lista de substâncias psicotrópicas de uso 
proscrito durante a sua vigência, tornando atípicos o uso e tráfico da 
substância até a nova edição da Resolução, e extinguindo a punibilidade 
dos fatos ocorridos antes da primeira portaria, nos termos do art. 5º, 
XL, da Constituição Federal.14 
 
14 STF – HC 94397- BA – 09/03/2010 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
27 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
Das questões tratadas em aula 
 
 
01. (FGV/INPETOR/RJ/2008) Relativamente aos princípios de direito 
penal, assinale a afirmativa incorreta. 
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina. 
(B) Não há pena sem prévia cominação legal. 
(C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da 
anterioridade da lei penal. 
(D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de 
considerar crime. 
(E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-
se aos casos anteriores. 
 
 
02. (FCC/MPE/SE/ANALISTA/2010) 56. Considere a hipótese de um crime 
de extorsão em andamento, em que a vítima ainda se encontra privada de 
sua liberdade de locomoção. Havendo a entrada em vigor de lei penal nova, 
prevendo aumento de pena para esse crime, 
(A) terá aplicação a lei penal mais grave, cuja vigência é anterior à cessação 
da permanência do crime. 
(B) terá aplicação a lei nova, em obediência ao princípio da ultratividade da 
lei penal. 
(C) não poderá ser aplicada a lei penal nova, que só retroage se for mais 
benéfica ao réu. 
(D) será aplicada a lei nova, em obediência ao princípio tempus regit actum. 
(E) não será aplicada a lei penal mais grave, pois o direito penal não admite 
a novatio legis in pejus. 
 
 
03. (FCC/TRT8/EXEC/2010) 71. João cometeu um crime para o qual a lei 
vigente na época do fato previa pena de reclusão. Posteriormente, lei nova 
estabeleceu somente a sanção pecuniária para o delito cometido por João. 
Nesse caso, 
(A) a aplicação da lei nova depende da expressa concordância do Ministério 
Público. 
(B) aplica-se a lei nova somente se a sentença condenatória ainda não tiver 
transitado em julgado. 
(C) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da irretroatividade das leis 
penais. 
(D) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença condenatória já tiver 
transitado em julgado. 
(E) a aplicação da lei nova, se tiver havido condenação, depende do 
reconhecimento do bom comportamento carcerário do condenado. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
28 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
04.(EJEF - 2009 - TJ-MG – Juiz) Sobre as fontes do Direito Penal, a 
interpretação da Lei Penal, bem como seu âmbito de eficácia e sua 
aplicação no tempo e no espaço, marque a alternativa CORRETA. 
a) Em razão do caráter fragmentário do Direito Penal, este deverá 
ser preferencialmente observado para a solução de conflitos, 
devendo abranger a tutela do maior número de bens jurídicos 
possível. 
b) O princípio da Legalidade obriga a que toda deliberação referente 
ao Direito Penal, incriminador ou não incriminador, seja feita por 
meio de lei. 
c) O nosso Código Penal, quanto ao tempo do crime, acolheu a 
teoria do resultado. 
d) A lei penal nova mais benéfica retroage para abarcar também os 
fatos ocorridos antes de sua vigência, devendo aplicar-se inclusive 
aos processos com decisão já transitada em julgado, cabendo ao 
juízo da execução a sua aplicação. 
 
 
 
Do gabarito das questões tratadas em aula 
 
1- A 
2- D 
3- D 
 
Da resolução das questões tratadas em aula 
 
 
01. (FGV/INPETOR/RJ/2008) Relativamente aos princípios de direito 
penal, assinale a afirmativa incorreta. 
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina. 
(B) Não há pena sem prévia cominação legal. 
(C) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da 
anterioridade da lei penal. 
(D) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de 
considerar crime. 
(E) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-
se aos casos anteriores. 
 
A questão é simples. Trata, é certo, do princípio da legalidade. Já sabemos que o 
princípio da legalidade abrange os princípios da reserva legal e da anterioridade. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
29 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Então, para que determina lei seja aplicada ao fato, é necessário que esteja em 
vigência quando de sua prática. Exceção há, é certo. É o que ocorre quando a 
nova lei é benéfica. Neste caso, a retroatividade decorre de imperativo 
constitucional. 
 
Dentre todas as alternativas, iinnccoorrrreettaa eessttáá aalltteerrnnaattiivvaa ““CC””, pois o princípio da 
legalidade e, por conseqüência, o da anterioridade também ser aplica aos crimes 
hediondos. 
 
 
 
02. (FCC/MPE/SE/ANALISTA/2010) 56. Considere a hipótese de um crime 
de extorsão em andamento, em que a vítima ainda se encontra privada de 
sua liberdade de locomoção. Havendo a entrada em vigor de lei penal nova, 
prevendo aumento de pena para esse crime, 
(A) terá aplicação a lei penal mais grave, cuja vigência é anterior à cessação 
da permanência do crime. 
(B) terá aplicação a lei nova, em obediência ao princípio da ultratividade da 
lei penal. 
(C) não poderá ser aplicada a lei penal nova, que só retroage se for mais 
benéfica ao réu. 
(D) será aplicada a lei nova, em obediência ao princípio tempus regit actum. 
(E) não será aplicada a lei penal mais grave, pois o direito penal não admite 
a novatio legis in pejus. 
 
GGaabbaarriittoo:: ““AA”” 
RReessoolluuççããoo:: 
 
A questão trata de um crime permanente: EEXXTTOORRSSÃÃOO. Nosso objetivo aqui não é 
falar do crime de extorsão. Vamos falar, na realidade, da aplicação da lei penal no 
caso dos crimes permanentes. O que são os crimes permanentes? São aqueles 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
30 
www.pontodosconcursos.com.br 
em que a conduta, por vontade do agente, se prolonga no tempo. É o que ocorre 
no caso de extorsão mediante seqüestro, onde a vítima é colocada em um 
cativeiro. 
 
Enquanto presa a vítima, o crime está sendo praticado. Portanto, nesse caso a 
conduta do acusado se prolonga no tempo. Pensemos que perdure por mais de 
30 dias e, nesse interregno, surja uma nova lei mais severa que a anterior. A 
vítima é solta, cessando-se a permanência sob o império da lei mais severa. 
 
Qual lei será aplicada, aquela vigente quando do início da conduta ou a atual, 
apesar de mais severa? Nos tais CCRRIIMMEESS PPEERRMMAANNEENNTTEESS, ou seja, naqueles em que 
a consumação se prolonga enquanto não cessa a atividade, aplica-se ao fato a lei 
que estiver em vigência quando da cessação da atividade, mesmo que mais grave 
(severa) que aquela em vigência quando da prática do primeiro ato executório. É 
o que estabelece a Súmula 711 do STF15. 
 
(A) terá aplicação a lei penal mais grave, cuja vigência é anterior à cessação da 
permanência do crime. 
 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa AA –– CCEERRTTAA. A questão traz uma situação em que há o advento de 
uma lei nova mais severa. De fato a alternativa “A” representa a literalidade da 
súmula do STF, Veja: ““AA LLEEII PPEENNAALL MMAAIISS GGRRAAVVEE AAPPLLIICCAA--SSEE AAOO CCRRIIMMEE CCOONNTTIINNUUAADDOO 
OOUU AAOO CCRRIIMMEE PPEERRMMAANNEENNTTEE,, SSEEAA SSUUAA VVIIGGÊÊNNCCIIAA ÉÉ AANNTTEERRIIOORR ÀÀ CCEESSSSAAÇÇÃÃOO DDAA 
CCOONNTTIINNUUIIDDAADDEE OOUU DDAA PPEERRMMAANNÊÊNNCCIIAA””.. 
 
(B) terá aplicação a lei nova, em obediência ao princípio da ultratividade da lei 
penal. 
 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa BB –– EERRRRAADDAA. A aplicação da nova lei, apesar de mais severa, não 
decorre da ultratividade da lei penal. A UULLTTRRAATTIIVVIIDDAADDEE ocorre quando a lei, apesar 
de revogada, é aplicada a fato que ocorreu sob o seu império. Pensemos que o 
fato “A” tenha sido praticado na vigência da lei “A”. Mas, surja uma nova lei mais 
severa. Qual lei será aplicada? Já sabemos que esta lei, mais severa, não poderá 
retroagir em razão da irretroatividade da lei penal (não se esqueça: 
RREETTRROOAATTIIVVIIDDAADDEE SSÓÓ DDAA LLEEII MMAAIISS BBEENNÉÉFFIICCAA). Então, ao fato será aplicada a lei penal 
anterior, apesar de já revogada, já que é mais benéfica. Com isso, haverá a 
ultratividade da lei penal. No caso apresentado na questão, não há ultratividade, 
já que a lei nova, mais severa, será aplicada ao fato em razão de já estar vigente 
quando da cessão da permanência. 
 
 
15 Súmula 711 
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A 
SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
31 
www.pontodosconcursos.com.br 
(C) não poderá ser aplicada a lei penal nova, que só retroage se for mais benéfica 
ao réu. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa CC –– EERRRRAADDAA.. Confusão que sempre se propõe é afirmar que no 
caso apresentado há retroação da lei penal mais severa. Isso é um equívoco, pois 
a lei penal, mais severa, será aplicada ao fato pelo motivo de que estava em 
vigência quando da cessação da permanência (soltura da vítima). Portanto, a lei 
mais severa esta sendo aplicada ao fato que ocorreu sob sua vigência. Não há 
retroatividade. 
 
(D) será aplicada a lei nova, em obediência ao princípio tempus regit actum. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa DD –– EERRRRAADDAA.. A alternativa “D” foi considerada errada pela 
organizadora. No entanto, na minha opinião, não está absolutamente incorreta. 
Vamos analisá-la com cautela. Segundo o princípio ““TTEEMMPPUUSS RREEGGIITT AACCTTUUMM”” a lei em 
vigência quando da prática do crime será a ele aplicada. No caso apresentado na 
questão não podemos dizer que ao fato não esteja sendo aplicada a lei vigente 
quando de sua prática. O crime permanente é caracterizado pelo fato de a 
conduta de prolongar no tempo (protrair no tempo). Quando se define que será 
aplicada a lei vigente antes da cessação da permanência está se estabelecendo 
que ao fato será aplicado a lei vigente quando de sua pratica. Portanto, 
respeitou-se o princípio “tempus regit actum”. No entanto, como a alternativa “A” 
se ajustou perfeitamente à Súmula 711 do STF deve ela ser considerada correta. 
 
(E) não será aplicada a lei penal mais grave, pois o direito penal não admite a 
novatio legis in pejus. 
 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa EE –– EERRRRAADDAA.. A nova lei em prejuízo (novatio legis in pejus) é 
admitida sim no direito penal. O que não se admite e a sua retroatividade. Mas, 
no caso apresentado, como já foi dito, não há retroatividade da lei penal maléfica. 
 
 
03. (FCC/TRT8/EXEC/2010) 71. João cometeu um crime para o qual a lei vigente na época 
do fato previa pena de reclusão. Posteriormente, lei nova estabeleceu somente a sanção 
pecuniária para o delito cometido por João. Nesse caso, 
(A) a aplicação da lei nova depende da expressa concordância do Ministério Público. 
(B) aplica-se a lei nova somente se a sentença condenatória ainda não tiver transitado em 
julgado. 
(C) não se aplica a lei nova, em razão do princípio da irretroatividade das leis penais. 
(D) aplica-se a lei nova, mesmo que a sentença condenatória já tiver transitado em julgado. 
(E) a aplicação da lei nova, se tiver havido condenação, depende do reconhecimento do 
bom comportamento carcerário do condenado. 
 
 
GGaabbaarriittoo:: ““DD”” 
RReessoolluuççããoo:: 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
32 
www.pontodosconcursos.com.br 
AAlltteerrnnaattiivvaa AA –– EERRRRAADDAA. A nova lei que passou a prever pena pecuniária para 
os casos em que lei anterior cominava pena de reclusão é evidentemente mais 
benéfica e, com isso, deverá, independentemente de concordância do Ministério 
Público ser aplicada retroativamente. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa BB –– EERRRRAADDAA. A nova lei em benefícios será aplicada aos fatos que 
lhes são pretéritos mesmo que já decididos por sentença transitada em julgado. 
Tudo à luz do disposto no parágrafo único do artigo 2º do CP: ““AA lleeii ppoosstteerriioorr,, qquuee 
ddee qquuaallqquueerr mmooddoo ffaavvoorreecceerr oo aaggeennttee,, aapplliiccaa--ssee aaooss ffaattooss aanntteerriioorreess,, aaiinnddaa qquuee ddeecciiddiiddooss ppoorr 
sseenntteennççaa ccoonnddeennaattóórriiaa ttrraannssiittaaddaa eemm jjuullggaaddoo”” 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa CC –– EERRRRAADDAA.. Como regra impera, no direito penal, o princípio da 
irretroatividade da lei penal. Sabe-se que, no tema lei penal no tempo, o princípio 
da anterioridade leva à irretroatividade da lei penal. Assim, quando se exige que 
a lei penal seja anterior ao fato afirma-se, na verdade, que a lei penal não pode 
retroagir (é irretroativa). Mas, o PPRRIINNCCÍÍPPIIOO DDAA AANNTTEERRIIOORRIIDDAADDEE e, por 
conseqüência, o da irretroatividade da lei penal, NNÃÃOO ÉÉ AABBSSOOLLUUTTOO. De fato, a nova 
lei, quando benéfica, retroagirá (artigo 2º do CP). 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa DD –– CCEERRTTAA.. A nova lei benéfica será, de acordo com o que dispõe o 
artigo 2º, parágrafo único, do CP, aplicada ainda que o fato já tenha sido decidido 
por sentença condenatória passada em julgado. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa EE –– EERRRRAADDAA.. A nova lei benéfica será, mesmo que o fato já tenha 
sido objeto de decisão judicial transitada em julgado. Nesse caso, a aplicação de 
tal lei em benefício ficará a cargo do Juízo das Execuções Penais. Ademais, para a 
aplicação da nova lei não se exigirá a analise de bom comportamento do 
condenado. 
 
 
04.(EJEF - 2009 - TJ-MG – Juiz) Sobre as fontes do Direito Penal, a 
interpretação da Lei Penal, bem como seu âmbito de eficácia e sua 
aplicação no tempo e no espaço, marque a alternativa CORRETA. 
a) Em razão do caráter fragmentário do Direito Penal, este deverá 
ser preferencialmente observado para a solução de conflitos, 
devendo abranger a tutela do maior número de bens jurídicos 
possível. 
b) O princípio da Legalidade obriga a que toda deliberação referente 
ao Direito Penal, incriminador ou não incriminador, seja feita por 
meio de lei. 
c) O nosso Código Penal, quanto ao tempo do crime, acolheu a 
teoria do resultado. 
d) A lei penal nova mais benéfica retroage para abarcar também os 
fatos ocorridos antes de sua vigência, devendo aplicar-se inclusive 
aos processos com decisão já transitada em julgado, cabendo ao 
juízo da execução a sua aplicação. 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
33 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
GGaabbaarriittoo:: aalltteerrnnaattiivvaa ““DD””. 
 
 
a) Em razão do caráter fragmentário do Direito Penal, este deverá 
ser preferencialmente observado para a solução de conflitos, 
devendo abranger a tutela do maior número de bens jurídicos 
possível. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa ““AA”” –– EERRRRAADDAA. 
 
É absolutamente o contrário. O direito penal será o último dos instrumentos a ser 
utilizado pelo Estado para a pacificação social, ou seja, para a solução de litígios. 
Assim, o direito penal tem caráter fragmentário, ou seja, se ocupará de 
fragmentos de ilícitos – de parte dos ilícitos. Diante de um oceano deilícitos, o 
direito penal se ocupará do arquipélago. A fragmentariedade é uma face ou 
decorrência do princípio da intervenção mínima. 
 
 
b) O princípio da Legalidade obriga a que toda deliberação referente 
ao Direito Penal, incriminador ou não incriminador, seja feita por 
meio de lei. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa ““BB”” –– EERRRRAADDAA. 
 
A lleeggaalliiddaaddee eessttrriittaa é exigida para a definição de crime e para a cominação de 
pena. Assim, não se admite a criação de figurar criminosas (tipos penais 
incriminadores) por meio de outro instrumento que não seja a lei em sentido 
estrito. Mas, em benefício do acusado, podemos nos valer de outros instrumentos 
que tratem de normas penais não incriminadoras. É o que ocorre, por exemplo, 
no âmbito tributário quando, por ato normativo, há hipótese de exclusão da 
exigibilidade do crédito tributário. Isso terá reflexo sobre o direito penal, apesar 
de a norma não decorrer de lei em sentido estrito. 
 
 
c) O nosso Código Penal, quanto ao tempo do crime, acolheu a 
teoria do resultado. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa ““CC”” –– EERRRRAADDAA. 
 
Ao tratar do tempo do crime o Código Penal, em seu artigo 4º, aaddoottoouu aa tteeoorriiaa 
ddaa aattiivviiddaaddee, segundo a qual o crime é praticado no momento da ação ou da 
omissão, ainda que outro seja o do resultado. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
34 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
Assim, dentre as teorias da atividade, do resultado e ubiqüidade (ou mista), o 
legislador sufragou a teoria da atividade. 
 
 
 
 
 
 
d) A lei penal nova mais benéfica retroage para abarcar também os 
fatos ocorridos antes de sua vigência, devendo aplicar-se inclusive 
aos processos com decisão já transitada em julgado, cabendo ao 
juízo da execução a sua aplicação. 
 
AAlltteerrnnaattiivvaa ““DD”” –– CCEERRTTAA. 
 
A nova lei em benefício retroagirá para atingir os fatos que lhe sejam anteriores, 
aaiinnddaa qquuee jjáá tteennhhaamm ssiiddoo oobbjjeettoo ddee sseenntteennççaa ttrraannssiittaaddaa eemm jjuullggaaddoo. 
Assim, a retroatividade ocorrerá de qualquer modo: com ou sem sentença 
transitada em julgado. 
 
CURSO ON-LINE – PROFESSOR: JULIO MARQUETI 
35 
www.pontodosconcursos.com.br

Continue navegando