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Pesquisa em Serviço Social III Aula 01 Online

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Introdução
Na disciplina de Pesquisa em Serviço Social II, vocês puderam estruturar seus projetos de pesquisa. Na aula de hoje, estaremos discutindo aspectos metodológicos que deverão servir para que possam não apenas fazer uma revisão do que construíram, mas, principalmente, voltarem-se sobre seu projeto criticamente, procurando corrigir e aperfeiçoar aquilo que considerarem necessário para melhor desenvolvimento de sua pesquisa monográfica. Esse é o espírito crítico com o qual o pesquisador deve se munir para conduzir seu trabalho.
Premissa
Na disciplina de Pesquisa em Serviço Social II, você pode estruturar seu projeto de pesquisa. 
Na aula de hoje estaremos discutindo aspectos metodológicos que deverão servir para que possa fazer uma revisão do que construiu, procurando corrigir e aperfeiçoar aquilo que considerar necessário para melhor desenvolvimento de sua pesquisa monográfica.
Pensemos três aspectos do conceito de metodologia. Primeiro, a metodologia científica.
Revisão
Sua monografia deve ser um trabalho científico relacionado a uma disciplina científica, no nosso caso o Serviço Social. 
Que critérios devem ser atendidos pelo Serviço Social para que seja admitido no seleto clube da ciência? 
Ou, colocando de outra maneira, o que deve ser o Serviço Social para ser reconhecido como disciplina científica?
Essa é uma questão epistemológica e que procura responder qual o método a ser seguido pela ciência ou por uma determinada disciplina científica. O que define uma disciplina científica é sua adesão a aplicação de alguma modalidade do método científico.
Nas disciplinas anteriores, vimos como a distinção entre pesquisa pura e aplicada hoje tem pouco prestígio. 
Toda pesquisa, por mais teórica que seja, insere-se em um contexto de práticas, interesses e lutas que interferem tanto naquilo que elege como objeto a ser estudado quanto nos resultados que oferece. 
Contudo é interessante inicialmente contrastar a disciplina de Serviço Social com a Sociologia. Saltará imediatamente aos olhos a orientação mais prática do Serviço Social.
Não importa quão elaboradas, as definições de serviço social sempre enfatizarão este aspecto prático do trabalho do assistente social. Está dado logo de saída seu compromisso com uma ação na comunidade que vise alterar práticas que perpetuem a injustiça e o sofrimento de grupos sociais ao mesmo tempo fomentando práticas que busquem uma sociedade melhor.
Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade. (...). O objeto de estudo da sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais. 
(Acessado em: http://www.significados.com.br/sociologia/).
Relação com as políticas públicas
O assistente social trabalha permanentemente com as políticas públicas, seja procurando fazê-las valer na prática, seja criticando-as e propondo alternativas. 
Sua atividade exige uma crítica social permanente, no sentido de evitar tornar-se agente passivo das práticas ideológicas que sempre ultrapassam nossa consciência no aqui agora de nossa ação social.
Uma primeira questão para revisão de seu projeto seria pensar se a pesquisa que ele antecipa atende a essa orientação geral.
Talvez seja possível esclarecer as coisas dizendo que um assistente social que não trabalha participando de uma ação social concreta, torna-se um sociólogo, ou um pesquisador das ciências sociais, isso no caso de tornar-se um estudioso dos temas ligados aos fenômenos sociais. 
Entretanto é evidente que estudar e desenvolver conceitos, hipóteses, teorias, também é uma ação e uma ação com repercussão na vida prática das pessoas e com potencial transformador. Toda pesquisa é enfim uma prática e que traz retornos sobre o meio social em que acontece.
Qual a diferença, então, da prática do cientista que trabalha fazendo pesquisa teórica em se gabinete e do cientista que trabalha em direta relação com o processo de transformação, assumindo essa intenção e emprestando seu corpo mesmo a este processo, ao fazer ciência no próprio aqui agora do objeto que pesquisa?
Foco das intervenções
A intervenção do assistente social deve pautar-se em saberes científicos e especialmente naqueles que tomem a sociedade e as práticas sociais como objeto. Entretanto, por outro lado, a prática do assistente social traz subsídios para o desenvolvimento do conhecimento científico sobre a sociedade em geral. 
Ou podemos ainda comparar a relação entre o serviço social e a sociologia com aquela entre etnografia e etnologia. Enquanto o etnógrafo sai a campo para coletar dados e redigir documentos, o etnólogo debruça-se sobre estes documentos com o intuito de extrair daí teorias que expliquem os fenômenos observados e registrados pelos etnógrafos.
Há entre estes pares de disciplinas uma relação circular. Uma fornece subsídios à outra e, enfim, se formos bastante exigentes, pode mesmo ficar difícil estabelecer suas fronteiras, pelo menos com clara distinção e sem apelar para convenções. Porém se levássemos à frente as oposições sugeridas, teríamos que os resultados da psiquiatria e do serviço social seriam avaliados pelo que conseguem transformar (pelo rigor de suas práticas), enquanto a psicopatologia e a sociologia pelo que conseguem conhecer (pelo rigor de seus conceitos).
Daí a pesquisa que ora se preparam para elaborar dever ter uma forte vertente prática, que envolve o assistente social em contato imediato (sem mediação) com seu objeto de estudo.
Metodologia de pesquisa
Ao longo das disciplinas anteriores, também foi necessário que você conhecesse melhor o próprio conceito de pesquisa e os diferentes tipos de pesquisa disponíveis e melhor credenciados para o trabalho em Serviço Social. Nessa perspectiva, foram sistematicamente apresentados os elementos que existem em comum em toda pesquisa que se pretenda científica e também às especificidades de cada tipo de pesquisa.
Aprendeu que, do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa pode ser pura e aplicada; de sua abordagem, pode ser quantitativa e qualitativa; de seus objetivos, pode ser exploratória, descritiva ou explicativa. Já quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser bibliográfica, documental, de campo, histórica, comparada entre outras.
Que o tema deve ser bem delimitado, que a pergunta feita pela pesquisa deve ser passível de ser respondida, que deve haver um objetivo geral e outros específicos, que as citações obedecem a critérios convencionados, que as referências bibliográficas devem aparecer de determinada maneira e finalmente que o texto deve ser claro e situado dentro de uma cuidadosa revisão de literatura.
Enfim, todos estes aspectos falam da metodologia de pesquisa em geral e não da metodologia da sua pesquisa.
Em linhas gerais, admite-se que uma apresentação / introdução de uma pesquisa, quando bem feita, permite que o leitor entenda o que o pesquisador quer fazer, por que deseja fazê-lo e finalmente como deseja fazê-lo. 
A metodologia da sua pesquisa deverá explicitar para o leitor os aspectos relacionados ao “como”.
Todas essas formalidades são resultado da aplicação da razão à produção de conhecimento. Não devem ser encaradas como caprichos, mas sim como racionalidade concentrada em um método, que não pode ter outro objetivo que a máxima clareza na apresentação da questão da pesquisa, do desenvolvimento que lhe foi dado pelo pesquisador, das fontes consultadas e dos resultados encontrados.
Universalidade
Fala-se contra a universalidade do método científico. Quer-se afirmar que vários são os métodos e que eles devem estar adaptados aos objetos de estudo específicos de cada área de pesquisa. 
Certamente que se pode pensar assim; porém o que não se pode perder de vista jamais é o compromisso com alguma metodologia e a sua explicitaçãopara o eventual pesquisador / leitor de sua pesquisa e, ao fazer assim, dificilmente o pesquisador poderá se afastar de determinados marcos fundamentais que justamente lhes foram expostos nas aulas das disciplinas anteriores.
A metodologia responde por nosso compromisso com a clareza e será um guia para que você não se perca ao colocar sua pesquisa em prática. Cotidianamente, em meio ao senso comum, falamos de maneira tão rica quanto imprecisa sobre infinitos assuntos. 
Discorremos com elegância muitas vezes, embora na maioria delas com pouca clareza. Seu trabalho monográfico caminha em direção contrária. Nele você discorrerá sobre um tema único, procurando compensar com a clareza e a precisão o que perderá da riqueza com que discorreria sobre ele em contextos não acadêmico-científicos.
Aplicando esses conceitos à sua pesquisa
No seu projeto, há uma parte específica destinada à explicitação de sua metodologia. 
Em sua pesquisa você necessariamente irá colher dados, seja lá qual for o tipo de sua pesquisa. Da mesma forma, terá de interpretá-los e daí extrair algumas conclusões, preliminares que sejam. 
Que tipo de dados pretende reunir? Quais são suas fontes? Eles são acessíveis? Onde? Por outro lado, como eles serão tratados, de maneira tal que sirvam para que sejam tiradas algumas conclusões e / ou dar suporte a determinados argumentos e hipóteses?
Para realizar essas três etapas, terá que seguir algum método. Este deverá estar explicitado em sua metodologia.
Considerando a especificidade do serviço social e sua natureza interventiva, estaremos examinando os aspectos metodológicos ligados ao trabalho de campo. Segundo o dicionário de psicologia da APA (American Psychological Association), o trabalho de campo é definido como “pesquisa ou prática realizada em ambientes cotidianos do mundo real, e não em laboratório ou sala de aula” (2010, p.967).
Claro está que quando os dados são colhidos em experimentos de laboratório, tem-se uma possibilidade muito maior de controle. Também quando se sai a campo para observar o trabalho das formigas. 
Contudo quando no trabalho de campo o que será observado envolve o comportamento de seres humanos surge imediatamente o problema de que seres humanos não fazem sempre a mesma. 
Observar o movimento dos astros e o comportamento das formigas nos coloca diante do que retorna sempre no mesmo lugar.
Com os seres humanos não é assim. A diversidade é tão imensa que, ou colocamos em questão a possibilidade de encontrar leis gerais que recubram universalmente o comportamento dos seres humanos, ou arriscamos encontrá-las e com isso nada acrescentar de interessante ao conhecimento científico e à vida das pessoas.
Além disso, os seres humanos, o sujeito em sociedade, quererão estes dois conceitos designar a mesma coisa? Quiçá seria possível dizer sem exagero que não, pois considerar o ser humano em sua dimensão de animal determinado pela natureza é uma coisa, enquanto considerá-lo submetido a uma ordem simbólica é outra. Fazer essa divisão não é de forma alguma deixar de reconhecer a base biológica que existe em todo comportamento humano, mas apenas admitir que as causas do comportamento dos sujeitos em sociedade e dos grupos sociais não precisam ser localizadas no aparato biológico dos agentes envolvidos.
Tomemos um exemplo: 
Um homem assiste constantemente a ação de assaltantes, próxima à sua casa; toma a decisão de pegar a arma que herdara de seu pai e desce para enfrentar os assaltantes. 
Qual a causa de sua decisão? O fato de a arma ter sido de seu pai? Sua intenção de proteger seus filhos? O significado que “enfrentar assaltantes com uma arma” tem em uma cultura machista? Ter sido humilhado pelo chefe naquele dia? A briga que teve com sua esposa, que lhe exige melhor desempenho? Algumas reações neuroquímicas em seu cérebro? Todas essas coisas?
A complexidade é tamanha que cabe ao pesquisador aceitar que vários níveis de análise são possíveis e saber o mais precisamente possível qual é o seu. Como fica claro no exemplo, sujeitos (sempre sociais e humanos, no sentido em que emprego aqui o termo) atribuem razões a seus comportamentos e, se quiser levá-las em consideração em sua pesquisa estarão assumindo a responsabilidade de lidar com o universo de significações que devem ser interpretadas e não “observadas”.
Não poderá apenas observar, mas terá também que escutar e interpretar, compreender. Se fosse somente isso já seria complicado, porém há mais. Isso porque cada sujeito é atravessado por muitas determinações. Na maior parte das vezes percebe-se que os sujeitos não sabem tão bem assim o que estão fazendo e que temos que encontrar os determinantes de seu comportamento para além do que se passa em suas consciências imediatas, ou seja, das razões que atribuem para o que fazem.
Reflexão
Não é preciso apelar ao inconsciente freudiano para reconhecer isso. A noção marxista de ideologia já apontava que de certa maneira é possível afirmar que as pessoas não sabem o que fazem, estão alienadas e precisam ser conscientizadas de sua posição nas trocas sociais para que então possam fazer resistência aos mecanismos de exploração capitalista.
Por outro lado o século vinte foi pródigo na produção de intelectuais ligados às chamadas ciências humanas e sociais que mostraram como as verdades universais e eternas de cada época se devem ao modo como os sujeitos em cada cultura podem ver o que é universal e eterno. 
Ou seja, a verdade tem data e endereço e não mora no céu das ideias.
A realidade em si nos é e será sempre desconhecida. Olhamos para ela sempre de dentro do mundo e isso causa necessariamente um desvio, irredutível. Fazemos parte do quadro que estamos pintando, mesmo quando fazemos ciência. É assim que você deve encarar o que tratará como o dado, ou seja, aquela parte do mundo que parece estar frente aos olhos. 
Isso não deve levar, nem ao desalento, nem à ideia terrível de que então todo dado é possível, tanto faz. No primeiro caso, desisto de colher dados, já que eles são sempre “falsos”; no segundo caso, assumo a ideia de que todo e qualquer dado é possível, ou seja, pode-se dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa e nunca poderemos decidir qual a explicação melhor.
Entramos na pesquisa científica com a orientação de fazer afirmações e contestações firmemente apoiadas no método científico. Ao assim fazermos, assumimos que tal método é o melhor que temos para garantir que nossos enunciados científicos não sejam meramente opiniões calcadas mais em nossos desejos do que em qualquer outra coisa.
Concluindo...
No mínimo, assumimos que se estamos querendo fazer ciência, temos que seguir os critérios segundo os quais ela é reconhecida como tal. Podemos até achar que certas verdades sobre o homem são ditas com mais acuidade na bíblia. Mas não será segundo o método bíblico que agiremos.
O dado será sempre um recorte assumido e explicitado pelo pesquisador. Será então tabulado – que podemos razoavelmente traduzir como “criteriosamente organizado em tabelas” e tratado conforme metodologia explicitada que poderá ser quantitativa ou qualitativa. 
Quando se faz a matemática funcionar, a tendência a acharmos que a coisa vai por si, sem a contaminação do pesquisador. Mas já vimos que se quantificando se corre menos riscos, por isso mesmo pode-se perder o essencial da pesquisa, quando o campo é da natureza daquele em que atua o assistente social.
Para concluir acrescento um comentário sobre a própria noção de campo. Importantíssimas contribuições à psicologia social foram prestadas por Kurt Lewin (1890-1947), psicólogo alemão radicado nos EUA, que trouxe da física teórica a noção de campo para aplicação na psicologia.

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