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A degradação dos ácidos nucléicos da dieta ocorre no intestino delgado, onde um grupo de enzimas pancreáticas hidrolisa os nucleotídeos a nucleosídeos e bases livres. Dentro das células, os nucleotídeos púricos são sequencialmente degradados por enzimas específicas, sendo que o produto final da via é o ácido úrico. As ribonucleases e as desoxirribonucleases, secretadas pelo pâncreas, hidrolisam o RNA e o DNA, produzindo principalmente oligonucleotídeos. Os oligonucleotídeos são, a seguir, hidrolisados pelas fosfodiesterases pancreáticas, produzindo uma mistura de mononucleotídeos 3' e 5'. Uma família de nucleotidases remove hidroliticamente os grupos fosfato, liberando nucleosídeos que podem ser absorvidos pelas células da mucosa intestinal ou podem ser degradados em bases livres, antes da absorção. (Nota: As purinas e pirimidinas da dieta não são usadas em larga escala para a síntese de ácidos nucléicos teciduais. Em vez disso, as purinas da dieta são geralmente convertidas em ácido úrico pelas células da mucosa intestinal. A maior parte do ácido úrico entra no sangue e é excretada pela urina. Por essa razão, indivíduos com tendência a desenvolver gota devem ser cautelosos quanto ao consumo de alimentos que contenham altas quantidades de ácidos nucléicos, como miúdos de animais, anchovas, sardinhas ou leguminosas, como o feijão. O restante das purinas da dieta é metabolizado pela flora intestinal.) Formação do ácido úrico Na Figura 22.15, é mostrado um resumo dos passos envolvidos na produção do ácido úrico e das doenças genéticas associadas com deficiências de determinadas enzimas dessa via de degradação. (Nota: Os números abaixo, entre colchetes, se referem a reações específicas na figura.) [1] Um grupo amino é removido do AMP para produzir IMP, ou da adenosina para produzir inosina (hipoxantina-ribose) pela AMP ou pela adenosina- desaminase. [2] IMP e GMP são convertidos em suas formas nucleosídicas - inosina e guanosina - pela ação da 5'-nuc/eotidase. [3] A purina-nucleosídeo fos forilase converte inosina e guanosina em suas respectivas bases púricas, hipoxantina e guanina. [4] A guanina é desaminada, formando xantina. [5] A hipoxantina é oxidada pela xantina-oxidase, resultando em xantina, a qual é subseqüentemente oxidada pela xantina-oxidase, produzindo ácido úrico, que é o produto final da degradação das purinas em humanos. O ácido úrico é excretado na urina. Doenças associadas com a degradação das purinas Gota. A gota é uma doença caracterizada por altos níveis de ácido úrico no sangue, como resultado de sua grande produção ou baixa excreção. A hiperuricemia resulta na deposição de cristais de urato sódico - o produto final do metabolismo das purinas - nos tecidos, especialmente nos rins e nas articulações, causando inicialmente um quadro agudo e, progressivamente, levando à artrite gotosa crônica. (Nota: A hiperuricemia não causa sempre a gota, mas a gota é geralmente precedida pela hiperuricemia.). A deposição de cristais de urato monossódico com formato de agulhas inicia um processo inflamatório, envolvendo a infiltração de granulócitos que fagocitam os cristais de urato. Esse processo gera metabólitos de oxigênio que danificam os tecidos, resultando em liberação de enzimas lisossomais, as quais promovem uma resposta inflamatória. Além disso, aumenta a produção de lactato nos tecidos sinuviais, resultando em um decréscimo do pH, que aumenta a deposição dos cristais de urato. Um diagnóstico definitivo requer a coleta e o exame do fluido sinovial por microscopia de luz polarizada, para confirmar a presença de cristais de urato monossódico. Gota primária. Na maioria dos pacientes, a gota é causada pela baixa excreção do ácido úrico, devido a uma deficiência na secreção renal. No entanto, uma grande produção de ácido úrico pode ocorrer devido a uma anormalidade hereditária nas enzimas do metabolismo das purinas. Essa condição é definida como "gota primária". Por exemplo, várias mutações ligadas ao cromossoma X foram identificadas no gene da PRPP-sintetase, as quais resultam em um aumento do V max para a produção de PRPP, em uma diminuição do Km para a ribose-5-fosfato ou em uma diminuição da sensibilidade aos seus inibidores, nucle- otídeos púricos. Em qualquer desses casos, a produção de purinas é elevada, resultando em altos níveis de ácido úrico plasmático. A síndrome de Lesch-Nyhan também causa hiperuricemia, como resultado da diminuição da via de salvação das bases hipoxantina e guanina. Hiperuricemia secundária. Essa forma de gota é causada por uma variedade de disfunções e por estilos de vida, podendo ocorrer, por exemplo, em pacientes com insuficiência renal crônica, pacientes submetidos a quimioterapia, pacientes com doenças mieloproliferativas e pacientes que consomem quantidades excessivas de álcool ou alimentos ricos em purinas. A gota pode ser também um efeito adverso de doenças metabólicas aparentemente não-relacionadas, como a doença de von Gierke ou a intolerância à frutose. O tratamento para a gota. Ataques agudos são tratados com colchicina, para diminuir a migração de granulócitos para a área afetada, e com antiinflamatórios, tais como a Aspirina®, para promover o alívio da dor. A maioria das estratégias terapêuticas para a gota envolve a diminuição dos níveis de ácido úrico abaixo do ponto de saturação, dessa forma prevenindo a deposição dos cristais de urato. Agentes uricosúricos, como probenecida ou sulfimpirazona, são usados na maioria dos pacientes com gota, porque em geral excretam pouco ácido úrico. O alopurinol – um inibidor da síntese do ácido úrico - é mais tóxico, sendo reservado para aqueles pacientes cuja hiperuricemia é resultante da superprodução de urato. No organismo, o alopurinol é convertido em oxipurinol, o qual inibe a xantina-oxídase, resultando no acúmulo de hipoxantina e xantina (veja a Figura 22. 15) - compostos mais solúveis do que o ácido úrico e, portanto, com menor probabilidade de promoverem uma resposta inflamatória. Beba bastante água para ajudar o organismo a eliminar o ácido úrico; Prefira os alimentos não industrializados; adote uma dieta saudável, rica em frutas, verduras, leite e derivados; Evite o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente de cerveja que é rica em purina; Dietas ricas em purinas aumentam transitoriamente: - uricemia - uricosúria Dietas ricas em purinas incluem alimentos ricos em núcleos celulares: - carnes - vísceras (p.ex. fígado) - crustáceos (camarão) - bebidas fermentadas. (Cerveja é rica em purinas porque contém leveduras, usadas na fermentação). Exemplos de alimentos pobres em purinas: queijo, leite, ovos. Alimentos permitidos Cereais e derivados Leite e derivados Chás e café Vegetais Frutas e sucos Pão branco/biscoitos de água e sal/bolos secos Manteiga ou margarina Sorvete Arroz, batata e MACARRÃO. Ovos. Mas atenção à quantidade: máximo de 3 unidades por semana Aves – consumir 80 g (1 filé) por dia Peixes maiores – apenas permitida 1 porção por semana (1 posta grande) Leguminosas (FEIJÃO, lentilha) – no máximo ½ xícara (chá) por dia Carne de boi – 80 g (1 fatia) por dia Grãos e sementes – consumir ½ xícara (chá) por dia Alimentos proibidos: Miúdos (coração, rins e fígado) Vitela, bacon e embutidos Frutos do mar em geral, sardinha, arenque, anchovas, bacalhau, camarão, ovas de peixe Caldo de carne em tabletes Peru Bebidas alcoólicas, principalmente cerveja Tomate e molho de tomate Aspargos, COGUMELOS, ervilhas, couve-flor e espinafre A alimentação para quem tem gota consiste em diminuir a ingestão de alimentos ricos em proteínas pois eles aumentam a concentração de ácido úrico no sangue.
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