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RESUMO TOXOPLASMOSE


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TOXOPLASMOSE
INTRODUÇÃO
A	 toxoplasmose é uma zoonose e a infecção é muito frequente em várias espécies de animais: mamíferos (principalmente carneiro, cabra e porco) e aves. O gato e alguns outros felídeos são os hospedeiros definitivos ou completos e o homem e os outros animais são os hospedeiros intermediários ou incompletos. Um aspecto interessante desse parasito é ter sido encontrado no mesmo ano - 1908 - em dois países: na Tunísia, por Nicolle e Manceaux, de formas oriundas do roedor Ctenodatylus gondi e no Brasil, por Splendore, por meio de formas evolutivas encontradas em coelhos doentes ou mortos "naturalmente", em laboratório. Em 1909, Nicolle e Manceaux descreveram o parasito e criaram o gênero Toxoplasma e a espécie 7: gondii. Durante alguns anos após sua descrição o T. gondii não foi objeto de muitas pesquisas. Somente a partir da década de 70, com o conhecimento de sua ampla distribuição geográfica por meio de testes sorológicos e do grande número de mamíferos
(inclusive o homem) e aves atingidos, é que seu estudo foi aprofundado. Foram, então, descritas as várias formas que possui, os hospedeiros definitivos (felinos) e intermediários
(demais animais), os ciclos biológico e epidemiológico, melhores métodos para diagnóstico e as tentativas terapêuticas.
FORMAS INFECTANTES DO TOXOPLASMA GONDII
Taquizoito: é a forma encontrada durante a fase aguda da infecção, sendo também denominada forma proliferativa, forma livre ou trofozoíto. Foi a primeira forma descrita e o seu aspecto morfológico, em forma de arco (toxon = arco) deu o nome ao gênero. Apresenta-se com a forma grosseira de banana ou meia-lua, com uma das extremidades mais afilada e aoutra arredondada, medindo cerca de 2 x 6μm, com o núcleo em posição mais ou menos central. Quando corado pelo método de Giemsa apresenta o citoplasma azulado e o núcleo vermelho. É uma forma móvel, de multiplicação rápida (tachos = rápido), por um process denominado endodiogenia, encontrada dentro do vacúolo parasitóforo de várias células, como nos líquidos orgânicos, excreções, células do SMF, células hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares. Os taquizoitos são pouco resistentes à ação do suco gástrico no qual são destruídos em pouco tempo.
Bradizoíto: é a forma encontrada em vários tecidos (musculares esqueléticos e cardíacos, nervoso, retina), geralmente durante a fase crônica da infecção, sendo também denominada cistozoíto. Os bradizoítos são encontrados dentro do vacúolo parasitóforo de uma célula, cuja membrana forma a cápsula do cisto tecidual. Os bradizoítos se multiplica lentamente (hrady = lento) dentro do cisto, por endodiogenia ou endopoligenia. A parede do cisto é resistente e elástica, que isola os bradizoítos da ação dos mecanismos imunológicos do hospedeiro. O tamanho do cisto é variável dependendo da célula parasitada e do número de bradizoitos no seu interior, podendo atingir até 200 μm. Os bradizoitos são muito mais resistentes a tripsina e a pepsina do que os taquizoítos e podem permanecer viáveis nos tecidos por vários anos. Apesar de serem mais frequentemente encontrados na fase crônica, em algumas cepas os bradizoítos podem ser encontrados na fase aguda da infecção toxoplásmica.
Oocistos: e a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. Os oocistos são esféricos, medindo cerca de 12,5 x 11 μm e após esporulação no meio ambiente contêm dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada.
TRANSMISSÃO
A infecção pelo T. gondii constitui uma das zoonoses mais difundidas no mundo. Em todos os países, grande parte da população humana e animal (mais de 300 espécies de animais entre mamíferos e aves - domésticos ou silvestres) apresenta parasitismo pelo T. gondii. Em algumas regiões, 40 a 70 % dos adultos aparentemente apresentam-se positivos para toxoplasmose, em testes sorológicos. Essa variação da prevalência parece ser devida a fatores geográficos, climáticos, hábitos alimentares, tipo de trabalho etc., indicando que os mecanismos de transmissão devem ocorrer através de várias formas do parasito: oocistos em fezes de gato jovem infectado, cistos presentes em carnes e taquizoítos no sangue atingindo a placenta.
O SER HUMANO ADQUIRE A INFECÇÃO POR TRÊS VIAS PRINCIPAIS:
1) Ingestão de oocistos presentes em alimento ou água contaminadas, jardins, caixas de areia, latas de lixo ou disseminados mecanicamente por moscas, baratas, minhocas etc.
2) Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida, especialmente do porco e do carneiro. Os cistos resistem por semanas ao frio, mas o congelamento a 12°C ou o aquecimento acima de 67°C os mata.
3) Congênita ou transplacentária: o risco de transmissão uterina cresce de 14% no primeiro trimestre da gestação após a infecção materna primária, até 59% no último trimestre da gestação. É interessante esclarecer que as mulheres que apresentam sorologia positiva antes da gravidez têm menos chance de infectar seus fetos do que aquelas que apresentarem a primo-infecção durante a gestação.
Mas raramente pode ocorrer ingestão de taquizoitos em leite contaminado ou saliva, acidente em laboratório, transmissão por transplante de órgãos infectados etc.
Conforme será mostrado na Patogenia, as manifestações da toxoplasmose podem ser bastante variadas. Entretanto, em vista das possíveis anomalias que podem ocorrer no feto, a transmissão congênita é a mais grave. As vias de infecção mais prováveis para o feto são:
Transplacentária: quando a gestante adquire a toxoplasmose durante a gravidez apresentando a fase aguda da doença, poderá transmitir T. gondii ao feto, tendo os taquizoitos como forma responsável.
Rompimento de cistos no endométrio: apesar da gestante apresentar a doença na fase crônica, alguns cistos localizados no endométrio poderiam, em raras situações, se romper (distensão mecânica ou ação lítica das vilosidades coriônicas da placenta), liberando os bradizoítos que penetrariam no feto.
IMUNIDADE
As respostas imunes de um hospedeiro a toxoplasmose são complexas e envolvem mecanismos humoral e celular. Embora os mecanismos imunes detalhados envolvendo proteção contra toxoplasmose não sejam conhecidos, tem sido mostrado que "mecanismos imunes mediados por células" desempenham um papel de destaque na resistência a doença. Quando um hospedeiro se infecta com o parasito, ocorre a multiplicação na porta de entrada e logo em seguida ocorre a sua disseminação por todo o organismo através das vias linfática e sanguíneas. Durante este período, inicia-se a formação de anticorpos específicos e o desenvolvimento de mecanismos imunes celulares que são responsáveis pela destruição dos taquizoitos extracelulares. Como conseqüência, durante a fase crônica da toxoplasmose, somente os bradizoítos persistem e são responsáveis pela manutenção de títulos sorológicos que podem durar toda a vida do hospedeiro.
IMUNIDADE HUMORAL
A produção de imunoglobulinas da classe IgM aparece inicialmente seguida de IgG, após a infecção do hospedeiro. As imunoglobulinas da classe IgG podem ser detectadas pelas reações sorológicas dentro de oito a 12 dias após a infecção pelo T gondii. A produção de IgM geralmente é de curta duração. A pesquisa de IgM em recém-nascidos é utilizada para o diagnóstico de toxoplasmose congênita, pois, não atravessa a placenta e quando presente no soro indica a produção pelo próprio feto, em resposta a uma infecção pelo : T. gondii. A infecção, via oral, em alguns hospedeiros pode induzir formação de anticorpos IgA. Apesar dos altos títulos de anticorpos verificados em infecções humanas e animais, os mesmos, nem sempre conferem imunidade protetora ao hospedeiro.
RESUMO - FORMAS EVOLUTIVAS
Bradizoíto: brady (lento): Presente no tecido (nervoso, muscular, retina);
Taquizoíto: tachos (rápido): Vacúolo parasitóforo de células, líquidos orgânicos, excreções;
Oocisto (Forma de resistência):Esporula no meio ambiente, apresenta uma parede dupla que garante a resistência. Contém dois esporocistos com 4 esporozoítos cada.
PATOGENIA
Segundo os especialistas, o número de pessoas com sorologia positiva para t. gondii é enorme, sendo talvez o protozoário mais difundido entre a população humana e animal (incluindo as aves e excetuando-se os animais de sangue frio). A patogenia na espécie humana parece estar ligada a alguns fatores importantes, como cepa do parasito, resistência da pessoa e o modo pelo qual ela se infecta. Entretanto, a transmissão congênita é frequentemente a mais grave, e a toxoplasmose adquirida após o nascimento pode apresentar uma evolução variável. Conforme salientado, a patogenicidade da toxoplasmose humana depende muito da virulência da cepa. Alguns experimentos realizados com T. gondii oriundos de casos humanos e inoculados em animais de laboratório comprovam este fato: há cepas que matam os animais (camundongos, hamsters, ratos, coelhos, cobaias) em poucos dias; outras apenas provocam emagrecimento, anemia, queda de pêlo com posterior estabelecimento do animal.
Com o uso de quimioterapia para transplante de órgãos e da medula óssea e, com o surgimento de sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), a incidência de infecção oportunística por T. gondii tem aumentado, principalmente nas duas últimas décadas, apresentando quadros muito graves desta doença, especialmente no sistema nervoso central.
TESTES SOROLÓGICOS OU IMUNOLÓGICOS
Como foi descrito, a demonstração do parasito não é de fácil execução. O diagnóstico rotineiro da toxoplasmose tem, portanto, como base em testes imunológicos que indicam o título (diluição do soro sanguíneo) de anticorpos circulantes correspondentes a fase da doença.
Existem diversos testes imunológicos. Alguns não são mais utilizados ou são empregados apenas em casos específicos, conforme indicação a seguir:
 REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (RIF)
É um dos melhores métodos, sensível e seguro para o diagnóstico da toxoplasmose, podendo ser usada tanto na fase aguda (pesquisa de IgM) como na fase crônica (pesquisa de IgG). Esfregaços de toxoplasmas formalizados são usados como antígeno, em lâmina. Oito a dez dias após o início da infecção humana, o anticorpo pode ser detectável e um titulo de 1 : 1.000 já indica toxoplasmose aguda. Títulos baixos, persistentes, entre 1: 10 e 1500 indicam infecção crônica. A sensibilidade do método chega a acusar positividade em títulos de 1: 16.000. Indivíduos que receberam transfusão de sangue contaminado com T. gondii podem apresentar títulos positivos, indicando erroneamente urna infecção.
 HEMAGLUTINAÇÃO INDIRETA (HA)
Excelente método de diagnóstico, devido a sua alta sensibilidade e simplicidade de execução. Entretanto, é inadequado para o diagnóstico precoce e frequentemente não, detecta toxoplasmose congênita em recém-nascidos. E um método adequado para levantamento epidemiológico.
IMUNOENSAIO ENZIMÁTICO OU TESTE ELISA
Tem se tomado um dos testes mais usados atualmente, principalmente para o screening inicial de toxoplasmose em seres humanos. Tem a vantagem sobre RIF pela objetividade, automação e quantificação. Apresenta maior sensibilidade sobre os testes RIF e RSF, porém pode apresentar resultados falso-positivos. É capaz de detectar anticorpos IgM e IgA, além de IgG de baixa avidez. O uso do ELISA com antígenos recombinantes tem se mostrado útil para detecção de fase aguda da infecção.
SOROLOGIA PARA TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do tipo IgM no soro do recém-nascido. Esse anticorpo é incapaz de atravessar a placenta materna. Os anticorpos do tipo IgG são capazes de atravessar passivamente a placenta de uma mãe com sorologia positiva. Para comprovar a infecção no recém-nascido utilizando a pesquisa de IgG pelas reações de RSF, RIF ou ELISA, os recursos são:
Título do recém nascido ser maior que o título da mãe em duas diluições.
Elevação dos títulos do recém-nascido em testes sucessivas.
Persistência da reação positiva no lactente, até cinco meses após o nascimento. Sabe-se que, quando há transferência passiva de anticorpos matemos para o filho, o título desses anticorpos no lactente diminuirá dez diluições a cada 90 dias.
Em síntese: Mãe apresentará IgG (IgM) e recém nascido IgM e IgG.
Diagnóstico por imagem: Recurso para um melhor diagnóstico e prognóstico da doença:
Retinografia
Raio X
Tomografia computadorizada
Ressonância magnética