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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: http://www.researchgate.net/publication/277558994 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA QFD NO PLANEJAMENTO DA CIRCULAÇÃO DA CARGA URBANA CONFERENCE PAPER · JANUARY 2012 DOWNLOADS 16 VIEWS 5 4 AUTHORS, INCLUDING: Gama Gardinali University of Campinas 1 PUBLICATION 0 CITATIONS SEE PROFILE Orlando Fontes Lima Jr University of Campinas 123 PUBLICATIONS 10 CITATIONS SEE PROFILE Flavio Picchi University of Campinas 15 PUBLICATIONS 9 CITATIONS SEE PROFILE Available from: Orlando Fontes Lima Jr Retrieved on: 13 August 2015 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ APLICAÇÃO DA METODOLOGIA QFD NO PLANEJAMENTO DA CIRCULAÇÃO DA CARGA URBANA Beatriz Ribeiro Humphreys Gama Gardinali Universidade Estadual de Campinas Orlando Fontes Lima Jr. Prof. Dr.DGT/FEC-UNICAMP e Coordenador do LALT-Lab. de Aprendizagem em Logísticas e Transporte Flávio Augusto Picchi Prof. Dr. FEC-UNICAMP e Diretor do Lean Institute RESUMO A circulação da carga urbana agrava a crise de mobilidade urbana enfrentada pelas cidades brasileiras. Instrumentos científicos que permitam uma aboradagem mais precisa e considerem os vários agentes envolvidos precisam ser encontrados para minimizar as externalidades negativas do problema. O objetivo do artigo é propor uma metodologia para identificar as ações prioritárias que os órgãos gestores podem oferecer como soluções logísticas para a circulação da carga urbana. A metodologia proposta é baseada no método Desdobramento da Função Qualidade – QFD. Esta aplicação teórica apresenta como resultado o estabelecimento de uma correlação entre as necessidades dos operadores logísticos e dos moradores da cidade com os órgãos gestores dos municípios, responsáveis pelo planejamento da circulação da carga urbana. O QFD é confirmado como uma ferramenta adequada de planejamento que pode fornecer subsídios para os municípios implantarem políticas públicas com qualidade que viabilizem as necessidades econômicas, sociais e ambientais da circulação da carga urbana. ABSTRACT The movement of urban load exacerbates the crisis of urban mobility faced by Brazilian cities. Scientific instruments that allow a more accurate approach and consider the various actors involved need to be found to minimize the negative externalities of the problem. The paper´s aim is to identify priority actions that the local government can offer as logistical solutions for the movement of urban goods. The proposed methodology is based on the Quality Function Deployment – QFD method. This theoretical application presents as a result the establishment of a correlation between the needs of logistics operators and of the city dwellers with the institution of the municipality, responsible for planning urban goods movement. The results show how this planning tool can provide elements to municipalities adequately deploy public policies to enable the economic, social and environmental needs of urban goods movement to be met. 1. INTRODUÇÃO O Brasil vive hoje uma crise de mobilidade, principalmente no que tange à circulação da carga urbana, uma atividade de grande importância para a vitalidade econômica das nossas cidades. É um tema emergente, que necessita de soluções quase imediatas. Os órgãos gestores da mobilidade urbana do poder público têm tratado o problema de maneira pontual e paliativa, gerando um grande número de externalidades negativas (SANCHES JR, 2008). A Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável PNMUS (2004) enfatiza a necessidade de tratamento especial para o transporte de carga urbana, dada a diversidade de aspectos envolvidos para a efetivação desse tipo de logística, sendo necessário fomentar a realização de pesquisas que permitam uma abordagem mais precisa do tema, contribuindo para a definição de políticas públicas. Woudsma (2001) pondera que mesmo nas maiores conferências sobre Transportes, como “Transport Research Board”, o número de artigos acadêmicos envolvendo transporte de cargas urbanas é pequeno. De fato, o relatório do PNMUS (2004) confirma que a falta de pesquisas relacionadas ao tema dificulta a mensuração dos problemas específicos e das soluções necessárias. 0468 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ De acordo com o Ministério das Cidades (2006) o setor público tem que implementar medidas para a produção e manutenção das redes urbanas de transporte e tráfego, localizar as atividades geradoras de cargas (terminais de cargas, indústrias, comércio), definir os acessos urbanos, os mecanismos necessários para a logística de distribuição e para a segurança. Essas medidas devem ser utilizadas levando-se em consideração os custos gerados pela aplicação de cada uma delas para que não se tornem contraproducentes ou prejudiciais à economia, uma vez que esses custos serão repassados às mercadorias. A visão fragmentada do processo logístico urbano e o seu relacionamento com as políticas públicas que o controlam são assuntos que ainda necessitam de instrumentos científicos para serem corretamente abordados. O QFD, Quality Function Deployment, é uma ferramenta de planejamento e sua maior potencialidade é tornar explícitas as relações entre às necessidades dos clientes, as características do produto ou serviço e parâmetros do processo produtivo, permitindo a harmonização e priorização das várias decisões tomadas durante o processo de concepção do produto ou serviço. O QFD foi primeiramente aplicado na produção de produtos, mas é possível adaptar as matrizes de maneira a possibilitar o seu uso para serviços, inclusive na área de transportes públicos. Já tendo sido empregado para identificar os pontos prioritários de embarque e desembarque para o transporte urbano de passageiros, (DO CARMO 2012); para o desenvolvimento de veículos destinados ao transporte coletivo de passageiros, (FORNER 2012); e, para avaliar a gestão municipal do sistema de transporte urbano de passageiros, (PÊGO 2012). Na área de transporte de carga foi encontrado um artigo de avaliação de operadores logísticos (BASTIDAS et al. 2001), mas nada referente a gestão do setor público. A proposta deste artigo é avaliar o potencial de aplicação da metodologia QFD correlacionando às necessidades dos operadores logísticos e dos moradores das cidades com os instrumentos públicos de regulamentação da circulação da carga urbana, identificando ações que possam nortear o planejamento urbano dos municípios. A metodologia utilizada será a proposta por Makabe. Neste artigo será simulada a construção da primeira Matriz, ou Casa da Qualidade para o planejamento da carga urbana e será discutida sua potencial contribuição para a análise. A aplicação real deverá ser feita com foco em situações específicas por uma equipe multidisciplinar, envolvendo os vários agentes: operadores, governo e moradores. 2. TRANSPORTE URBANO DE CARGA De forma simples, transportar significa conduzir ou levar de um lugar para outro. O transporte rodoviário de carga é uma atividade essencial à economia do país. Sem o transporte, seja qual for o modo, de nada adiantaria a produção dos demais setores econômicos, uma vez que os bens produzidos não teriam como chegar a seus consumidores finais. De certa forma, todos os agentes econômicos dependem direta ou indiretamente do transporte para a satisfação das suas necessidades, sendo este um elo socioeconômico (BASTIDAS et al., 2001). Para a cidade a movimentação de carga é um mal necessário, pois ela não sobrevive sem estes fluxos vitais. O desenvolvimento de um planejamentourbano que contemple esta variável e de uma legislação que organize suas atividades são o principal papel do poder público para minimizar as externalidades negativas geradas por esta movimentação (LIMA JR., 2005). 0469 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ 2.1 Operação da Carga Urbana Um grande número de diferentes tipos de carga circula no ambiente urbano diariamente. Contudo, Ambrosini e Routhier (2004) expõem que até mesmo entre os envolvidos nesta atividade não há concordância plena sobre o conceito do que pode ser considerado como carga urbana. Por razões práticas, o maior interesse sobre o assunto recai sobre o veículo e não na atividade do transporte, por isso os caminhões acabam sendo os grandes vilões da logística urbana. Sem entrar no mérito dessa questão, para identificar quais indicadores da operação da carga seriam afetados por regulamentações de políticas públicas, admite-se aqui que a carga urbana seja toda aquela transportada por um veículo de carga. Para tanto, tomou-se como base o projeto desenvolvido pela Universidade de Westminster durante a década de 90 que estabeleceu indicadores operacionais, financeiros e ambientais para medir a sustentabilidade da logística de carga urbana, através da implementação de quatro medidas políticas: áreas de baixa emissão de poluentes, taxas de congestionamento, restrições à circulação de veículos pesados e restrições ao tempo de acesso dos veículos (ALLEN et al., 2000). São eles: Número de viagens Tempo total Tempo de deslocamento Tempo de estacionamento Velocidade média por viagem Distância percorrida Emissão de poluentes (CO, CO2 e NOx) 2.2 Planejamento da Circulação da Carga Urbana Várias cidades brasileiras já estão legislando e definindo regras para a circulação dos veículos de carga em suas áreas urbanas, como o caso de Belo Horizonte citado em TURBLOG (2011) sem, contudo, apresentar uma ferramenta que considere as implicações dessas regulamentações para todos os agentes envolvidos. Foram selecionados três importantes autores que procuram estabelecer tipologias para as ações do planejamento da circulação de cargas. Ogden (1992) que afirma que as soluções logísticas para o planejamento da circulação da carga na cidade podem ser divididas em quatro categorias. Santos e Aguiar (2001) dizem que as regulamentações objetivam a manutenção ou o melhoramento da qualidade do serviço oferecido pelas atividades e podem ser basicamente de dois tipos. Já as classificações estabelecidas por Muñuzuri et al., (2005) são mais abrangentes, dividindo as soluções para a logística da carga urbana em cinco grupos, dependendo de cada campo de aplicação. Apresentamos a visão desses três autores no Quadro 1. No Quadro 2 sintetizamos essas tipologias uniformizando-as em uma mesma linguagem para serem aplicadas no estudo deste caso. 0470 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ Quadro 1: Regulamentações e instrumentos de planejamento da circulação da carga urbana (extraído de Sanches Jr., 2008) Regulamentações/Medidas Instrumentos A malha deverá servir aos maiores geradores de tráfego de caminhões A malha deverá estar conectada (o máximo possível) ao maior número de retornos As ruas deverão ter boas condições de pavimento e de geometria Adequação das estruturas existentes e retirada dos obstáculos A existência de rotas especiais para determinadas classes de veículos (veículos que transportam grandes equipamentos, os de carga perigosa, etc.) Medidas voltadas ao nível local: essas medidas englobam controles de acesso e a geometria das interseções, bem como a sinalização (permissão de rotas, janelas de tempo, linhas exclusivas, etc.) Criações das zonas específicas para carregamento e descarregamento em pontos estratégicos Proibição de estacionamento de outros tipos de veículos, mas a permissão para se parar e fazer entregas Zonas de carregamento em determinados períodos do dia Remoção de equipamentos viários Modificação de pontes ou alteração de rotas Melhorias no pavimento para que haja diminuição de vibração e poluição, bem como os danos à carga Consideração do acesso a comércios e indústrias, de forma a apropriar as paradas dos caminhões De quantidade (ou econômicas): intervenção direta nas atividades de cargas por meio do controle de aspectos tais como acessos e egressos para as atividades, seu número total, rotas, programações e frequências Regulamentações de tráfego: providenciam benefícios diretos às atividades de cargas urbanas mediante controle dos congestionamentos e do ambiente operacional dos caminhões intencionando a racionalização do espaço viário tanto por controle de tempo como por controle de espaço (alocação do espaço do rebordo dos passeios, restrições de cargas por tempo, regulamentação de rotas e controle de acesso de caminhões) Regulamentação de veículos: afetam aspectos tais como limites de peso e dimensões dos caminhões, fatores ambientais como emissões e ruídos e fatores de segurança tais como freios e cintos de segurança Regulamentações de edifícios: os códigos de obras e edificações são comumente utilizados para prescrever as exigências de área de cargas fora das ruas e, por isso, têm efeito direto sobre as cargas urbanas. Tais códigos especificam, para dado uso e ocupação do solo, o número de áreas de cargas fora das ruas, facilidades de estacionamento para veículos comerciais e sem cargas, suas dimensões e condições de acessibilidade Soluções relacionadas à infraestrutura: correspondem à construção de novas ou adaptação das antigas infraestruturas logísticas Soluções relacionadas com o gerenciamento do uso do solo: referem-se à regulamentação de áreas destinadas às operações logísticas Soluções relacionadas com as condições de acesso: as restrições podem ser espaciais (impõem zona ou áreas de restrição de circulação para determinados veículos de carga) e temporais (impõem horários para que as operações logísticas possam ser realizadas) Soluções relacionadas com o gerenciamento do tráfego: implementação de soluções direcionadas a reorganizar o fluxo da carga em áreas congestionadas (ex. utilização de tecnologia de informação e computador de bordo) Soluções relacionadas com coação e motivação: as duas categorias precisam trabalhar juntas, pois as ferramentas coercitivas são compulsórias (ex. multas, prisão do veículo) e as ferramentas motivacionais são espontâneas (ex. campanhas educativas) M uñ uz ur i e t. al . 2 00 5 Medidas voltadas à malha viária: para que se tenha um aumento na efetividade da rede viária, as seguintes questões devem ser seguidas: Medidas voltadas ao estacionamento e carga/descarga: facilidades de estacionamento devem ser providenciadas para que os caminhões não estacionem inadequadamente no meio-fio, (também chamadas on street park ), as quais incluem: Remoção de barreiras físicas aos movimentos; isso deverá facilitar o fluxo e a operação dos caminhões. Algumas delas incluem: O dg en 1 99 2 De qualidade (ou operacionais): envolve o controle de aspectos tais como padrões dos veículos, medidas de segurança, emissões, gestão. Essas podem ser de três tipos: Sa nt os e A gu ia r 2 00 1 0471 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ Quadro 2: Regulamentações e instrumentos sintetizados Regulamentações Instrumentos definição de rotas para a circulação da carga/racionalização do espaço viário pavimentação e geometria adequados à carga retirada de obstáculos controle de congestionamentos controle de acessos (locais, horários e pagamentos) controle de estacionamento programação semafórica e sinalizaçãoestabelecimento e controle de limite de peso e dimensões controle de segurança: freios, cinto de segurança regulamentar áreas de uso para terminais, indústrias e comércio (pólos geradores de carga) áreas destinadas às operações logísticas (carga e descarga) condições de acesso de veículos aos edifícios áreas de parada e estacionamento fora das ruas Campanhas educativas e fiscalização Regulamentação da infraestrutura urbana Regulamentação da operação do tráfego Regulamentação de veículos Regulamentação de Uso do solo Regulamentação de edificações 3. DESDOBRAMENTO DA FUNÇÃO QUALIDADE (QFD) O conceito de QFD foi introduzido no Japão por Yoji Akao em 1966. No ano de 1972 seu potencial tinha sido demonstrado ao ser implementado nos estaleiros da Mitsubishi Heavy Industries em Kobe (AKAO, 1996). O QFD é uma expressão derivada de seis caracteres chineses/japoneses: hin shitsu (qualidades, características ou atributos), ki no (função) e tem kai (desdobramento, desenvolvimento ou difusão) e quando aplicado convenientemente ajuda a assegurar a qualidade dos produtos. A metodologia é aplicada através de uma série de matrizes que desdobram as necessidades dos clientes e os requisitos técnicos com elas relacionados, a partir do planejamento do processo (SALGADO, 1998). Existem diferentes abordagens para a metodologia QFD. As mais difundidas são: Método das Quatro Ênfases, Método de King e Método de Makabe. O Método de Makabe, difundido pelo American Supplier Institute - ASI, que recebeu este nome por ter sido desenvolvido pelo engenheiro japonês Makabe, é o mais simples e popular, restringindo-se ao desdobramento da qualidade. Talvez devido à facilidade de acesso às bibliografias americanas, no Brasil este é o método que tem recebido o maior número de adeptos. As quatro fases desta abordagem se constituem em quatro matrizes que direcionam o desenvolvimento do produto ou serviço, desde os requisitos dos consumidores até a fabricação (PÊGO, 2012). Figura 1: Matrizes do Método Makabe (extraído de Pêgo, 2012) 0472 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ Para operacionalizar o objetivo do QFD, que é traduzir as necessidades e desejos do consumidor em requisitos técnicos de projeto, a Matriz da Qualidade ou Matriz de Planejamento de Produto ou Serviços é a ferramenta mais utilizada. Segundo Akao (1996), ela tem a finalidade de executar o projeto de qualidade, sistematizando as qualidades verdadeiras exigidas pelos clientes, por meio de expressões linguísticas, mostrando a correlação entre essas expressões e as características da qualidade e convertendo as qualidades exigidas pelos clientes em características da qualidade. Essa Matriz ficou conhecida como Casa da Qualidade pela similaridade na forma e é considerada a mais importante (PÊGO, 2012). Figura 2: Desdobramento da Casa da Qualidade (extraído de Pêgo, 2012) 4. Roteiro de Aplicação do QFD na Circulação da Carga Urbana Antes de tudo a finalidade da construção da Matriz da Qualidade deve estar muito clara. A matriz aqui proposta tem o objetivo amplo de harmonizar os interesses dos operadores logísticos com os demais interesses do uso do solo urbano, diminuindo os custos econômicos, sociais e ambientais da circulação da carga urbana, contribuindo com o desenvolvimento sustentável das cidades. Mas para cada caso pode haver um objetivo específico. Como roteiro para a aplicação do QFD no planejamento da circulação da carga urbana estão sendo propostas sete etapas básicas. A saber: a lista dos requisitos do cliente; a priorização desses requisitos; a lista das características da qualidade; a correlação das características com os requisitos; a intensidade dessas correlações; a priorização das características, e por fim, a correlação entre as características. A primeira etapa então é a elaboração de uma lista com os requisitos do serviço definidas pelo cliente (corresponde aos itens o que da matriz/as linhas do lado esquerdo da matriz). Essa lista deve ser feita ouvindo o cliente, através de pesquisas e outras fontes secundárias. Como este caso é uma aplicação teórica não é possível entrevistar nosso cliente, que são os operadores logísticos por um lado e os moradores da cidade por outro. Aqui a lista dos requisitos do cliente foi elaborada com base nos indicadores da operação da carga urbana da Universidade de Westminster apresentada anteriormente, combinada com os interesses da sociedade descrito pelo Ministério das Cidades (2006). Operadores Logísticos: Minimizar viagens para fazer todas as coletas/entregas; Menor tempo de deslocamento entre o depósito e os pontos de coleta/entrega; 0473 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ Menor tempo de estacionamento para realizar as coleta/entrega; Minimizar distâncias percorridas; Maior velocidade média por viagem; Menor custo operacional. Sociedade: Menos emissão de poluentes/ruídos; Diminuição de congestionamentos; Segregação do fluxo e estacionamento de veículos de carga e passeio; Redução de acidentes. Em seguida, devem-se priorizar esses requisitos do cliente (última coluna do lado direito da matriz, ver Figura 3). Nesta etapa, os clientes classificam os requisitos de acordo com o grau de importância e se for o caso, pode se fazer uma análise comparativa com os concorrentes de mercado. Podem ser utilizados diversos métodos para classificar os requisitos do cliente de acordo com a importância. Um deles é a partir da frequência de repetição dos itens nos questionários abertos aplicados junto aos clientes. Outra forma de classificar estes requisitos é a aplicação de um questionário fechado, onde a classificação é obtida estatisticamente por meio de escalas em que o entrevistado deve indicar uma pontuação de acordo com a importância. Neste exercício a classificação foi feita baseada na experiência dos autores. A partir desta lista inicial deve-se formular repetidas vezes a seguinte pergunta: O que precisa acontecer/ser modificado para se resolver/alcançar o problema/objetivo/meta definido? Desta maneira, encontra-se as características que traduzem os requisitos definidos pelas preferências/necessidades dos clientes (itens como da matriz/colunas a cima da matriz). Essas características correspondem às ações que podem levar ao cumprimento dos itens o que relacionados na etapa anterior. Neste caso, baseado nos autores Ogden (1992), Santos e Aguiar (2001) e Muñuzuri et al., (2005), as características do planejamento para atender os requisitos dos clientes são aquelas apresentadas no Quadro 2. É importante destacar que uma característica pode afetar mais de um requisito. Assim, uma equipe composta de profissionais de vários setores do órgão gestor como planejamento urbano, transporte e tráfego, meio ambiente etc. deve listar quais características estão diretamente relacionadas aos requisitos estabelecidos anteriormente, recomenda-se uma equipe em torno de 6 pessoas. Neste estudo foi elaborado o Quadro 3 para correlacionar quais características do planejamento atendem cada um dos requisitos dos clientes. 0474 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ Quadro 3: Requisitos dos clientes relacionados com as Características do planejamento Requisitos do cliente Características do planejamento definição de rotas para a circulação da carga pavimentação e geometria adequados à carga retirada de obstáculos estabelecimento e controle de limite de peso e dimensões determinar áreas de uso para terminais, indústrias e comércio (pólos geradoresde carga) definição de rotas para a circulação da carga pavimentação e geometria adequados à carga controle de congestionamentos controle de acessos (locais, horários e pagamentos) programação semafórica e sinalização controle de acessos (locais, horários e pagamentos) programação semafórica e sinalização controle de estacionamento áreas destinadas às operações logísticas (carga e descarga) condições de acesso de veículos aos edifícios áreas de parada e estacionamento fora das ruas definição de rotas para a circulação da carga pavimentação e geometria adequados à carga retirada de obstáculos determinar áreas de uso para terminais, indústrias e comércio (pólos geradores de carga) áreas destinadas às operações logísticas (carga e descarga) definição de rotas para a circulação da carga pavimentação e geometria adequados à carga controle de congestionamentos programação semafórica e sinalização estabelecimento e controle de limite de peso e dimensões controle de congestionamentos controle de acessos (locais, horários e pagamentos) controle de estacionamento campanhas educativas/fiscalização estabelecimento e controle de limite de peso e dimensões controle de congestionamentos controle de segurança: freios, cinto de segurança campanhas educativas/fiscalização definição de rotas para a circulação da carga controle de congestionamentos programação semafórica e sinalização definição de rotas para a circulação da carga controle de acessos (locais, horários e pagamentos) controle de acessos (locais, horários e pagamentos) controle de estacionamento áreas destinadas às operações logísticas (carga e descarga) condições de acesso de veículos aos edifícios áreas de parada e estacionamento fora das ruas controle de segurança: freios, cinto de segurança campanhas educativas/fiscalização minimizar distâncias percorridas maior velocidade média por viagem menor custo operacional o p er ad o r lo g ís ti co menor emissão de poluentes/ruídos minimizar viagens para fazer todas as coletas/entregas menor tempo de deslocamento gasto entre o depósito e os pontos de coleta/entrega menor tempo de estacionamento para realizar as coleta/entrega diminuição de congestionamentos segregação do fluxo de veículos de carga e passeio segregação do estacionamento de veículos de carga e passeio redução de acidentes m o ra d o re s O próximo passo é inferir as correlações da matriz, que devem ser estabelecidas verificando a intensidade da relação existente entre cada requisito definido pelo cliente (o que) com as características determinadas para o produto/processo/planejamento (como) pelo órgão gestor (interior da matriz). Esta etapa deve ser feita por uma equipe multifuncional, com representantes de todos os agentes envolvidos, operadores logísticos, moradores e órgão gestor, estabelecendo-se um consenso. As correlações podem ser forte, média, fraca ou inexistente. Os símbolos geralmente adotados são: círculo duplo, círculo simples e triângulo ou os valores 3:2:1, 5:3:1, 4:2:1 etc., respectivamente. Em ambos os casos deixa-se a célula em branco em caso de correlação inexistente. Akao (1996) supõe que 4:2:1 seja o mais adequado, portanto foi a relação adotada nesse estudo. A ausência de símbolos, ou a maioria de sinais de fraco relacionamento para um determinado requisito indica que não são atribuídas características capazes de traduzir aquela necessidade expressa pelo cliente em parâmetros de projeto. Após a análise crítica desta matriz, pode-se modificar ou suplementar as características para assegurar que todos os requisitos estão 0475 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ adequadamente traduzidos em características, ou então rever o agrupamento e a hierarquia entre os requisitos do cliente (PÊGO, 2012). Esta é a maior limitação deste trabalho, uma vez que as correlações aqui foram estabelecidas de modo intuitivo pelos autores com o objetivo de demonstrar a potencialidade da ferramenta e do método, simulando os resultados possíveis de serem alcançados. A próxima etapa (a linha mais abaixo da matriz) é a classificação das características de acordo com o grau de importância. O processo de determinação do grau de importância das características ou Qualidade Projetada é feita por meio da conversão do peso dos requisitos do cliente para as características, utilizando-se as correlações identificadas no interior na Matriz de Correlação. Dessa maneira, está sendo levada em consideração a importância apontada pelos clientes e as correlações identificadas pela equipe multifuncional. Um método para fazer a conversão do grau de importância dos requisitos em grau de importância das características é o Método de Distribuição Independente de Pontos, que consiste em calcular o grau de importância da característica obtendo-se a soma dos produtos dos pesos dos requisitos pelos respectivos valores numéricos das correlações (AKAO, 1996). E para finalizar deve-se construir a Matriz de Correlação das características. Esta matriz também é chamada de Matriz de Correlação Triangular, ou telhado da Casa da Qualidade. Nela está representada a correlação entre as características. A finalidade desta matriz é explicitar a dependência entre as características e, consequentemente, identificar características conflitantes, para as quais é difícil a otimização conjunta quanto à satisfação do cliente, bem como aquelas que interagem de forma positiva. A correlação também é expressa por símbolos, que representam o grau de intensidade da correlação e a forma, positiva ou negativa. A simbologia utilizada para determinar o tipo e a intensidade da correlação existente é mostrada na Figura 3. Terminada a realização de todas as etapas anteriores, a Matriz da Qualidade ou Casa da Qualidade está pronta e é uma ferramenta que fornece informações sobre as necessidades dos clientes, bem como das prioridades dessas necessidades e a tradução dessas necessidades para a linguagem de projeto, permitindo que sejam priorizadas as características que atendem as necessidades dos clientes. 0476 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ d e fi n iç ã o d e r o ta s p a ra c ir c u la ç ã o d a c a rg a p a v im e n ta ç ã o e g e o m e tr ia a d e q u a d o s à c a rg a re ti ra d a d e o b s tá c u lo s c o n tr o le d e c o n g e s ti o n a m e n to s c o n tr o le d e a c e s s o s c o n tr o le d e e s ta c io n a m e n to p ro g ra m a ç ã o s e m a fó ri a e s in a li z a ç ã o e s ta b e le c im e n to e c o n tr o le d e p e s o e d im e n s õ e s c o n tr o le d e s e g u ra n ç a : fr e io s e c o n to d e s e g u ra n ç a d e te rm in a r á re a s p a ra u s o d e t e rm in a is , in d ú s tr ia s e c o m é rc io s á re a s d e s ti n a d a s à s o p e ra ç õ e s l o g ís ti c a s ( c a rg a e d e s c a rg a ) á re a d e p a ra d a s e e s ta c io n a m e n to f o rad a s r u a s c o n d iç õ e s d e a c e s s o d e v e íc u lo s a o s e d if íc io s c a m p a n h a s e d u c a ti v a s e f is c a li z a ç ã o minimizar viagens 5 menor tempo de deslocamento 4 menor tempo de estacionamento 3 minimizar distâncias percorridas 2 maior velocidade média por viagem 1 menor custo operacional 5 Emissão de poluentes/ruídos 4 Diminuição de congestionamentos 5 segregação de fluxo de veículos 3 segregação de estacionamento 2 redução de acidentes 1 52 12 12 66 43 18 20 56 12 28 20 20 20 15 m o ra d o re s o p e ra d o re s l o g ís ti c o s Forte 4 Média 2 Fraca 1 Negativa forte Negativa Positiva Positiva Forte C a r a c t e r ís t ic a s d o p la n e ja m e n t o Requisitos dos clientes Figura 3: Matriz da Qualidade obtida 0477 '(������ %285%21�%86,1(66�+27(/ -2,19,//(�6& $������ 5. CONCLUSÕES Como mencionado anteriormente, a metodologia proposta se encerra com a construção da Matriz da Qualidade, que apresenta os resultados que satisfazem os objetivos desse trabalho, ou seja, a definição dos pesos que podem representar o nível de prioridade a ser dado aos instrumentos de regulamentação das políticas públicas para atender às necessidades dos operadores logísticos e dos moradores numa situação real. É importante mencionar que as etapas desenvolvidas na metodologia proposta é apenas uma parte da metodologia QFD que ainda estabelece outros desdobramentos a partir da Matriz da Qualidade que podem ser realizados posteriormente. Na matriz obtida percebe-se que a maioria das ações que beneficiam os operadores logísticos, como definição de rotas para a circulação da carga ou controle de congestionamentos, também beneficiam os moradores, não sendo contraditórias ou contraproducentes. Através da análise do telhado da matriz também se pode notar que as ações mais pontuadas, que, portanto deveriam ser priorizadas, interagem entre si de forma positiva ou fortemente positiva. Destaca-se aqui, por exemplo, controle de congestionamentos e definição de rotas para circulação de cargas. Essas medidas também não estão em contraponto, ao contrário existe uma correlação positiva entre elas. Do resultado das correlações estabelecidas nesta simulação podem-se indicar ações que os governos podem considerar priorizar para harmonizar os interesses dos operadores logísticos e os demais usos do espaço urbano como: controle de congestionamentos; estabelecimento e controle de peso e dimensões; definição de rotas para circulação de cargas; controle de acessos; e, determinação de áreas para uso de terminais, indústrias e comércios. Apesar de ser uma simulação, não se tratando de um caso real, depreende-se que viabilizar a circulação da carga, de maneira geral, não é contrário aos interesses sociais e ambientais das cidades, desde que seja de maneira planejada. Observou-se que através de uma visão integrada da questão em todos os seus aspectos é possível equacionar as variáveis de forma a permitir uma gestão da circulação da carga onde as empresas operadoras de logística ganham na redução dos custos do frete, o que se reflete no custo final dos produtos e afeta diretamente a economia, enquanto o setor público ganha com a redução dos intensos tráfegos, redução de acidentes e a degradação do espaço urbano e todos ganham com a redução dos problemas ambientais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Akao, Y. (1996) Introdução ao Desdobramento da Qualidade. Minas Gerais: Fundação Christiano Ottoni, Escola de Engenharia da UFMG. Allen J.; S. Anderson, M. Browne e P. Jones (2000). 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Beatriz Ribeiro Humphreys Gama Gardinali (biagardinali@gmail.com) Orlando Fontes Lima Jr. (oflimaj.fec@gmail.com) Flavio Augusto Picchi (fpicchi@lean.org.br) LALT – Laboratório de Aprendizagem em Logísticas e Transporte Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas Rua Albert Einstein, 951 sala 8 – Cidade Universitária Zeferino Vaz Caixa Postal 6021CEP 13083-852, Barão Geraldo, Campinas/SP, Brasil 0479
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