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Responsabilidade Civil no Código Brasileiro de Aeronáutica

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ
CURSO DE DIREITO
RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO AERONÁUTICO BRASILEIRO
RENAN MOURA RAMALHO
João Pessoa, junho de 2014
RESUMO
O ponto nodal do trabalho cinge-se à elucidação dos artigos de responsabilidade civil impostos na legislação brasileira (Código Brasileiro da Aeronáutica). O presente trabalho tem como escopo esclarecer, ponto à ponto, cada artigo presente que integre o Título VIII - Da Responsabilidade Civil no Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), Lei 7.565/86. 
O Direito Aeronáutico, muito embora tenha arcabouço jurídico próprio em virtude das peculiaridades dessa modalidade de transporte, deve ser eficiente e veloz sem abrir mão da segurança, pois envolve questões de ordem privada, mas é norteado pelo interesse público. Este é um ramo do direito desconhecido não só pelo usuário em geral, mas por robusta parcela dos operadores do direito que, muito provavelmente, buscando soluções imediatistas, não se dedicam a um estudo aprofundado das normas existentes. Faz-se mister informar que o transporte aéreo nacional ou internacional é regulado por várias convenções, e há alguns conflitos na legislação interna de um país, como no Brasil, onde temos duas correntes de entendimentos opostos, embora, mesmo não fazendo menção, ou tendo nenhuma corrente como foco neste trabalho, se faz necessário externar isso considerando como princípio a fluidez da informação, e a plenitude de uma boa, e agradável leitura.
A análise de cada artigo, por mais breve que seja, torna notável a responsabilidade civil no Código de Aeronáutica Brasileiro, que divide-se em sete capítulos: a) no primeiro, regula-se a responsabilidade contratual, em cinco seções, dedicadas, respectivamente, às disposições gerais, ao procedimento extrajudicial, à responsabilidade por dano a passageiro, à bagagem e à carga; b) no segundo, traz normas a respeito da responsabilidade por danos em serviços aéreos gratuitos (não contratuais); c) no terceiro, disciplina a responsabilidade para com pessoas e coisas na superfície; d) no quarto, considera a responsabilidade civil por abalroamento e por aeronaves em movimento; e) no quinto, examina a responsabilidade civil do construtor aeronáutico e da entidade de infraestrutura aeronáutica; f) no sexto, focaliza a garantia da responsabilidade; g) no sétimo, cogita-se da responsabilidade civil no transporte aéreo internacional.
INTRODUÇÃO
DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
De um modo geral, há responsabilidade civil toda vez que houver obrigação de reparar dano, quer seja essa obrigação proveniente de contrato, delito ou lei, do que dimana a classificação da responsabilidade em contratual, delitual ou legal, ocorrendo a primeira quando decorre de inexecução de contrato, a segunda quando alguém, por culpa, causa dano e a terceira quando a lei determina a reparação independente de culpa (Planiol, Rippert e Esmein, Traité Pratique de Droit.
Caracteriza-se a responsabilidade contratual por três elementos essenciais:
a) a existência de contrato;
b) a sua inexecução culposa;
c) a causação de dano
FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE
Como há responsabilidade civil quando houver obrigação de reparar o dano e como pode haver obrigação decorrente do contrato, do delito ou da lei, pode-se visualizar cada um destes institutos, conforme o caso, como fundamento daquela.
Entretanto, tendeu-se, simplificadamente, pela classificação da responsabilidade civil:
a) com fundamento na culpa, à maneira defendida pela teoria da culpa ou subjetiva; e
b) com fundamento no próprio dano e nexo de causalidade, tal qual sustenta a teoria objetiva ou do risco, que prescinde da culpa.
Esquematicamente, a responsabilidade civil gira em torno, de um lado, da teoria clássica da culpa, segundo a qual insta haver além do dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade entre o ato ou fato culposo e o mesmo dano, e, de outro lado, da teoria da responsabilidade objetiva ou sem culpa, segundo a qual não se perquire a culpa, contentando-se com a relação de causalidade entre o ato e o dano.
É claro que a culpa, ora integrada por dois elementos, um dos quais subjetivo, representado pela imputabilidade do agente e outro, objetivo, materializado pela violação da norma legal, mas se não havia maiores problemas em relação à culpa contratual ou culpa aquiliana, quando houvesse evidência do preceito violado, a situação se complicava quando não havia muita clareza nos preceitos.
Sobrevieram, então, os processos técnicos para, em nome da culpa, resolver as questões:
a) presunções de culpa;
b) transformação em contratual da culpa aquiliana em alguns casos como no contrato de trabalho e
de transporte;
c) abuso de direito, mau uso do próprio direito, hipóteses de responsabilidade sem culpa e teoria do
risco.
Desses processos técnicos, sobressaíram a CULPA PRESUMIDA e o risco, além da culpa compartilhada e da culpa exclusiva da vítima. Substituiu-se, em muitos casos, a ideia da culpa pela ideia de responsabilidade contratual e chegou-se à teoria do risco ou da culpa objetiva, que atende até os casos fortuitos, substituindo a ideia da
culpa pela do risco (Antonio Chaves, Tratado de Direito Civil, 1985, vol. III, p. 73).
Quando se examina, pois, determinada lei, tende-se, hoje em dia, a indagar, preliminarmente, se ela se inspira ou se baseia na teoria da culpa ou na teoria objetiva ou do risco, procurando detectar a primeira no caso em que se permite a exclusão da responsabilidade por culpa exclusiva da vítima e por força maior, e a segunda, na hipótese de não se cogitar da culpa nem da força maior. Entretanto, quando a lei denota posição intermediária, com exclusões da responsabilidade, a verificação se complica e, nesse caso, os adeptos da teoria da culpa, vêem-na, muitas vezes, adotada, com a técnica da culpa presumida, na responsabilidade contratual, que se exclui no caso de culpa exclusiva da vítima e de força maior. Os adeptos da teoria objetiva ou do risco, por seu turno, encarregam-se de espalhar a ideia de que a lei a adota, com as exceções legalmente previstas. 
Assim, ao se examinar o Título VIII do CBA, não faltará, por certo, discussão sobre o tema, cada um arrolando argumentos a favor de sua tese. 
No que se refere ao Capítulo I desse Título VIII (arts. 246 a 266), que cuida da responsabilidade contratual, parece evidente a adoção da teoria da culpa presumida, excluída apenas nas hipóteses:
a) da morte ou lesão resultar, exclusivamente, do estado de saúde do passageiro ou se o acidente decorrer de sua culpa exclusiva (art. 256, § 1º, letra “a”);
b) de ser o atraso devido à força maior ou à determinação da autoridade aeronáutica (art. 256, § 1º, letra “b” e art. 264, I);
c) de ser a perda, destruição ou avaria da carga ou bagagem resultante da natureza ou vício da própria mercadoria, de embalagem defeituosa, de ato de guerra ou conflito armado, ou de ato de autoridade pública (art. 264, II).
Vê-se, pois, que isentou o transportador da responsabilidade contratual em hipóteses de culpa exclusiva da vítima, de força maior e de vício da própria coisa ou de sua embalagem, enquadrando-se, desse modo, no sistema jurídico da Convenção de Varsóvia e no sistema jurídico brasileiro, centrado no Código Civil, como salientamos, resumidamente, dito acima, relativo à responsabilidade contratual.
As situações intermediárias, entre as duas teorias opostas, são explicadas pelos seguidores da teoria da culpa, como responsabilidade contratual ou responsabilidade por culpa presumida, e pelos seguidores da teoria objetiva ou do risco, como responsabilidade objetiva excetuável ou limitada. Para a teoria da culpa ou teoria subjetiva, a responsabilidade civil pressupõe a culpa. Mas que vem a ser culpa? É a inexecução ou violação de um dever, que tenha a sua razão de ser na vontade (contrato) ou na lei, que o agente podia conhecer, pressupondo, no mínimo, dois elementos básicos: 
a) dever violado; e 
b) imputabilidadedo agente, ou seja possibilidade de conhecer o dever e possibilidade de observá-lo.
A teoria objetiva ou do risco prescinde da culpa e invoca o risco para substituí-la (cf. Agostinho Alvim, Da inexecução das obrigações e suas consequências, nºs 196 e seg., pp. 268 e seg., Antônio Chaves, Tratado de Direito Civil, III, 1985, p. 67 e seg.; Wilson Melo da Silva, Responsabilidade sem culpa, SP, 2ª ed.).
O art. 222 e 225 do Código Brasileiro de Aeronáutica dispõe que:
	Art. 222. Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar passageiro, bagagem, encomenda ou mala postal, por meio de aeronave, mediante pagamento.
Parágrafo Único. O empresário como transportador, pode ser pessoa física ou jurídica, proprietário ou explorador da aeronave.
O CBA obriga o transportadora a transportar passageiros, bagagens e carga, encomenda ou mala postal, dentro do território nacional, por meio de aeronave, mediante pagamento. A perca do bilhete de passagem não prejudica a existência e eficácia do contrato.
	Art. 225. Considera-se transportador de fato o que realiza todo o transporte ou parte dele, presumidamente autorizado pelo transportador contratual e sem se confundir com ele ou com o transportador sucessivo.
Aqui o transportador de fato, é aquele que não sendo auxiliar ou preposto, efetua no todo ou em parte o transporte aéreo.
	Art. 229. O passageiro tem direito ao reembolso do valor já pago do bilhete se o transportador vier a cancelar a viagem.
Referente ao cancelamento de voo, ficou estabelecido o direito de reembolso no valor já pago - o passageiro tem direito ao reembolso no valor já pago do bilhete se o transportador vier a cancelar a viagem.
Título VII
Do Contrato de Transporte Aéreo
Capítulo II
Do Contrato de Transporte de Passageiro
Seção I
Do Bilhete de Passagem
	Art. 230. Em caso de atraso da partida por mais de 4 (quatro) horas, o transportador providenciará o embarque do passageiro, em voo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, se houver, ou restituirá, de imediato, se o passageiro o proferir, o valor do bilhete de passagem.
Em casos de atraso para partida do voo e o atraso em escala, o transporta é obrigado a indenizar, conforme, preceituado acima.
	Art. 231. Quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período superior a 4 (quatro) horas, qualquer que seja o motivo, o passageiro poderá optar pelo endosso do bilhete de passagem ou pela imediata devolução do preço.
Conforme previsão legal, o transportador tem a obrigação de embarcar o passageiro no horário previsto para o mesmo destino em voo que ofereça serviço equivalente. Em casos em que não seja possível, deverá este, restituir, se assim o preferir o passageiro, de imediato, o valor do bilhete de passagem.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo I
Da Responsabilidade Contratual
Seção I
Disposições Gerais
	Art. 246. A responsabilidade do transportador (artigos 123, 124, e 222, Parágrafo único), por danos ocorridos durante a execução do contrato de transporte (artigos 233, 234, S 1°, 245), está sujeita aos limites estabelecidos neste Título (artigos 257, 260, 262, 269 e 277).
O art. 257 tem como limites, o caso de morte ou lesão, ao valor correspondente, na data do pagamento, a 3.500 (três mil e quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, e , no caso de atraso do transporte, a 150 (cento e cinquenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN.
	Art. 247.  É nula qualquer cláusula tendente a exonerar de responsabilidade o transportador ou a estabelecer limite de indenização inferior ao previsto neste Capítulo, mas a nulidade da cláusula não acarreta a do contrato, que continuará regido por este Código (artigo 10).
Comina na nulidade de nulidade a cláusula que exonere a responsabilidade do transportador, bem como, daquela que fixe limite de indenização inferior ao previsto nos arts. 246, 257, 260, 262. Nada impede que seja fixado valor maior de responsabilidade, mediante pacto acessório, entre o transportador e o passageiro (§ 1º do art. 257) ou que seja declarado valor da carga, mediante taxa suplementar (art. 262, “in fine”).
	Art. 248. Os limites de indenização, previstos neste Capítulo, não se aplicam se for provado que o dano resultou de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus prepostos.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, ocorre o dolo ou culpa grave quando o transportador ou seus prepostos quiseram o resultado ou assumiram o risco de produzi-lo.
§ 2º O demandante deverá provar, no caso de dolo ou culpa grave dos prepostos, que estes atuavam no exercício de suas funções.
§ 3º A sentença, no Juízo Criminal, com trânsito em julgado, que haja decidido sobre a existência do ato doloso ou culposo e sua autoria, será prova suficiente.
No âmbito extracontratual também foi fixada a responsabilidade limitada, por danos a terceiros na superfície ou por abalroamento Os limites de indenização fixados pelo referido Código, comportariam exclusão somente nas hipóteses em que houvesse dolo ou culpa grave do transportador e de seus pressupostos, conforme artigo acima. O CBA não adotou a presunção de culpa, do contrário, adotou a responsabilidade objetiva, tanto na seara contratual quanto na extracontratual. Somente nos casos em que a culpa é exclusiva do passageiro, a empresa aérea poderá se eximir de reparar os prejuízos. Ressalta-se ainda, que a responsabilidade do transportador aéreo se estende aos passageiros transportados gratuitamente, ou seja, aqueles que viajarem por cortesia.
O art. 248, § 1º, primeira parte, adotou a teoria da vontade, ao assinalar a ocorrência de dolo quando o transportador ou seu preposto quis o Resultado danoso. Desse modo, os referidos agentes devem conhecer os atos que praticaram e sua significação contrária às normas (arts. 1º, 12 e 14), e devem estar dispostos, deliberadamente, a produzir o resultado danoso. Insta, pois, que o transportador ou seu preposto tenham a consciência da irregularidade da conduta e a vontade de causar a consequência danosa. Na segunda parte do § 1º do art. 248, bafejou-se, também, pela teoria do assentimento, uma vez que exige a previsão do resultado como provável, a consciência da irregularidade da conduta e o manifesto assentimento em assumir o risco.
	Art. 249. Não serão computados nos limites estabelecidos neste Capítulo, honorários e despesas judiciais.
Os valores apontados como limite da responsabilidade não abrange os honorários de advogado e despesas judiciais, que somente serão devidos se houver processo judicial, sucumbência ou condenação.
	Art. 250. O responsável que pagar a indenização desonera-se em relação a quem a receber (artigos 253 e 281, parágrafo único). 
Parágrafo único. Fica ressalvada a discussão entre aquele que pagou e os demais responsáveis pelo pagamento.
Qualquer um que pague, desonera-se perante aquele que recebeu.
	Art. 251.  Na fixação de responsabilidade do transportador por danos a pessoas, carga, equipamento ou instalações postos a bordo da aeronave aplicam-se os limites dos dispositivos deste Capítulo, caso não existam no contrato outras limitações.
No que se refere ao transporte aéreo não-regular, há igualmente, contrato, aplicando-se, em se tratando de responsabilidade civil, no curso da execução do contrato, o disposto nos arts. 246 em diante, mas, especialmente, o art. 251.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo I
Da Responsabilidade Contratual
Seção II
Do Procedimento Extrajudicial
	Art. 252. No prazo de 30 (trinta) dias, a partir das datas previstas no artigo 317, I, II, III e IV, deste Código, o interessado deverá habilitar-se ao recebimento da respectiva indenização.
Abre-se oportunidade à habilitação extrajudicial, perante a transportadora ou seguradora O art. 317 regula a prescrição da ação em dois anos.
	Art. 253. Nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo previsto no artigoanterior, o responsável deverá efetuar aos habilitados os respectivos pagamentos com recursos próprios ou com os provenientes do seguro (artigo 250)
O descumprimento da obrigação de pagar só ocorre após a perfeita habilitação e o decurso dos prazo. Àquele que se habilitou, i. e., a quem comprovou ser credor legítimo, deve-se efetuar, no prazo citado, o pagamento mediante quitação. O responsável que pagar a indenização desonera-se em relação a quem receber, e nada impede que haja discussão e demanda entre aquele que pagou e os demais responsáveis. 
Enquanto não decorrer o último dia desse prazo legal (arts. 253 e 254), não se pode cogitar de descumprimento, que só ocorrerá quando o transportador não cumprir a obrigação ou deixar de cumpri-la no tempo devido (art. 1.056 do Código Civil), nesse caso, responderá pelos juros de mora e custas (art. 1.061 do Código Civil) além dos, demais ônus da sucumbência (art. 20 do CPC). Entretanto, vencidos os prazos dos arts. 253 e 254, se o responsável não pagar a indenização devida, poderá o interessado cobrá-la judicialmente e nenhum juiz lhe recusará a tutela jurisdicional porque o interessado a pediu “nos casos e formas legais” (art. 2º do CPC). Vencido o prazo, a que se referem os arts. 253 e 254 deste Código, se o responsável ou a seguradora não efetuar o pagamento, ocorre descumprimento da obrigação (arts. 955, 1.056 e 1.061 do Código Civil). Perfaz-se a lesão a direito individual (art. 153, § 4º da CF). Pode, pois, o interessado pedir a tutela jurisdicional (art. 2º do CPC). Bem como poderá o interessado devidamente habilitado promover, judicialmente, a cobrança pelo procedimento sumaríssimo (art. 255, “in fine”).
	Art. 254. Para os que não se habilitarem tempestivamente ou cujo processo esteja na dependência de cumprimento, pelo interessado, de exigências legais, o pagamento a que se refere o artigo anterior deve ocorrer nos 30 (trinta) dias seguintes à satisfação daquelas.
A habilitação, a que se referem os arts. 252 e 254, consiste na justificação, com documentos legais, por quem estiver interessado em provar fatos que legitimam a sua pretensão de receber, como beneficiário, a indenização. 
	Art. 255. Esgotado o prazo a que se referem os artigos 253 e 254, se não houver o responsável ou a seguradora efetuado o pagamento, poderá o interessado promover, judicialmente, pelo procedimento sumaríssimo (artigo 275, II, letra e, do CPC), a reparação do dano.
Este artigo, traz embutido, regra de direito processual, com o objetivo de obter celeridade à cobrança judicial. Esgotado o prazo de 30 dias deverá a ação ser promovida pelo CPC.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo I
Da Responsabilidade Contratual
Seção III
Da Responsabilidade por Dano a Passageiro
	Art. 256. O transportador responde pelo dano decorrente:
I - de morte ou lesão de passageiro, causada por acidente ocorrido durante a execução do contrato de transporte aéreo, a bordo de aeronave ou no curso das operações de embarque e desembarque;
II - de atraso do transporte aéreo contratado.
§ 1º O transportador não será responsável:
a) no caso do item I, se a morte ou lesão resultar, exclusivamente, do estado de saúde do passageiro, ou se o acidente decorrer de sua culpa exclusiva;
b) no caso do item II, se ocorrer motivo de força maior ou comprovada determinação da autoridade aeronáutica, que será responsabilizada.
§ 2º A responsabilidade do transportador estende-se:
a) a seus tripulantes, diretores e empregados que viajarem na aeronave acidentada, sem prejuízo de eventual indenização por acidente de trabalho;
b) aos passageiros gratuitos, que viajarem por cortesia.
Sem dano, não há que se falar em indenização. Trata da excludente de responsabilidade do transportador em seu § 1°, e, em seu § 2°, a extensão desta responsabilidade.
No inciso II, o CBA, determina que o transportador responde pelo dano decorrente de atraso do transporte aéreo contratado  As despesas mencionadas no parágrafo único do art. 231 correm por conta do transportador, sem prejuízo da responsabilidade civil (art. 231, parágrafo único e art. 256, II). O § 2º do art. 256 equipara aos passageiros, para o efeito de responsabilidade civil, os tripulantes, diretores, empregados e passageiros gratuitos, embora não haja, entre eles, contrato de transporte que é, sempre remunerado
	Art. 257. A responsabilidade do transportador, em relação a cada passageiro e tripulante, limita-se, no caso de morte ou lesão, ao valor correspondente, na data do pagamento, a 3.500 (três mil e quinhentas) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, e, no caso de atraso do transporte, a 150 (cento e cinquenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN.
§ 1º Poderá ser fixado limite maior mediante pacto acessório entre o transportador e o passageiro.
§ 2º Na indenização que for fixada em forma de renda, o capital par a sua constituição não poderá exceder o maior valor previsto neste artigo. 
À luz do CBA, a responsabilidade da empresa transportadora só é ilimitada na hipótese de ocorrência de dolo ou culpa grave, sendo nos demais casos aplicada as limitações e tarifações previstas neste artigo.
	Art. 258. No caso de transportes sucessivos, o passageiro ou seu sucessor só terá ação contra o transportador que haja efetuado o transporte no curso do qual ocorrer o acidente ou o atraso.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto neste artigo se, por estipulação expressa, o primeiro transportador assumir a responsabilidade por todo o percurso do transporte contratado.
No caso de transporte sucessivo, se o primeiro transportador assumiu, por estipulação expressa, a responsabilidade por todo o percurso do transporte contratado, ele será o legitimado passivo, embora o acidente haja ocorrido no segmento executado pelo transportador sucessivo. Contudo, se não houver estipulação expressa nesse sentido, o legitimado passivo será o transportador que haja efetuado o transporte, no curso do qual ocorrer o acidente ou o atraso. O parágrafo único deste artigo estabelece que pode o interessado acionar o primeiro transportador contratual se houver este, por cláusula expressa, se obrigado por todo o percurso. É bom salientar que tal dispositivo dirige-se ao contrato de transporte de passageiro.
OBS¹: Pergunta-se: Aplicam-se o art. 266 e respectivo parágrafo, no caso de dano à bagagem, por força do art. 261 ou o art. 258 e respectivo parágrafo?
 A bagagem acompanha o passageiro, motivo porque é chamada de bagagem acompanhada e, desse modo, deverá ensejar a aplicação do art. 258. E tanto mais tal interpretação se apresenta razoável, só verificamos que o art. 266 somente fala em expedidor e destinatário, o que denota expedição de carga desacompanhada.
	Art. 259. Quando o transporte aéreo for contratado com um transportador e executado por outro, o passageiro ou sucessores poderão demandar tanto o transportador contratual como o transportador de fato, respondendo ambos solidariamente.
Assim como o art. 258, cogitam, principalmente, da legitimidade passiva. Neste artigo (259), tem-na o transportador contratual e o transportador de fato. Há solidariedade passiva, entre eles, quanto à indenização devida por responsabilidade civil.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo I
Da Responsabilidade Contratual
Seção IV
Da Responsabilidade por Danos à Bagagem
	Art. 260. A responsabilidade do transportador por dano, consequente da destruição, perda ou avaria da bagagem despachada ou conservada em mãos do passageiro, ocorrida durante a execução do contrato de transporte aéreo, limita-se ao valor correspondente a 150 (cento e cinquenta) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, por ocasião do pagamento, em relação a cada passageiro.
A responsabilidade do transportador aéreo sobre o extravio de bagagens é certa, desde que a bagagem tenha se perdido enquanto estava sob a custódia do transportador.
	Art. 261. Aplica-se, no que couber, o que está disposto na Seção relativa à responsabilidadepor danos à carga aérea (artigos 262 a 266).
Apesar de tratar de bagagem acompanhada do passageiro, manda aplicar, “mutatis mutandis”, as regras referentes à carga aérea (arts. 262 a 266).
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo I
Da Responsabilidade Contratual
Seção V
Da Responsabilidade por Danos à Carga
Para serem indenizáveis pelo transportador, impõe-se que:
a) ocorram durante a execução do contrato de transporte aéreo (art. 245);
b) não haja exclusão da responsabilidade (art. 264);
c) não haja sido a carga recebida sem protesto (art. 244 e parágrafos).
Não há indenização pelo transportador, de acordo com o CBA, no caso de ter o dano ocorrido:
a) fora do período de execução do transporte aéreo (art. 245);
b) em outro transporte combinado (art. 245, parágrafo único e 263);
c) por fatos alheios ao transportador (art. 264).
O limite da responsabilidade, no caso de carga, é de três OTN por quilo.
Pode, todavia, haver declaração especial de valor feita pelo expedidor, mediante o pagamento de
taxa suplementar (arts. 239, 241 e 244).
	Art. 262. No caso de atraso, perda, destruição ou avaria de carga, ocorrida durante a execução do contrato do transporte aéreo, a responsabilidade do transportador limita-se ao valor correspondente a 3 (três) Obrigações do Tesouro Nacional - OTN por quilo, salvo declaração especial de valor feita pelo expedidor e mediante o pagamento de taxa suplementar, se for o caso (artigos 239, 241 e 244).
O transportador responde pelo dano decorrente dos fatos apontados pelos arts. 256, 260 e 262, dentro dos limites previstos nos arts. 257, 260 e 262. A taxa suplementar, a que se refere o art. 262, diz respeito ao prêmio do seguro correspondente para garantir a responsabilidade civil decorrente da perda ou avaria da mercadoria pelo valor declarado e não pelo valor previsto no referido art. 262.
	Art. 263. Quando para a execução do contrato de transporte aéreo for usado outro meio de transporte, e houver dúvida sobre onde ocorreu o dano, a responsabilidade do transportador será regida por este Código (artigo 245 e Parágrafo único).
Quando for usado outro meio de transporte, além do transporte aéreo, tais como o terrestre ou viário, o fluvial, lacustre ou marítimo, e houver dúvida sobre em que meio de transporte combinado ocorreu o dano à carga transportada, a responsabilidade do transportador aéreo rege-se pelo CBA, aplicando os limites do art. 262.
	264. O transportador não será responsável se comprovar:
I - que o atraso na entrega da carga foi causado por determinação expressa de autoridade aeronáutica do voo, ou por fato necessário, cujos efeitos não era possível prever, evitar ou impedir;
II - que a perda, destruição ou avaria resultou, exclusivamente, de um ou mais dos seguintes fatos:
a) natureza ou vício próprio da mercadoria;
b) embalagem defeituosa da carga, feita por pessoa ou seus prepostos;
c) ato de guerra ou conflito armado;
d) ato de autoridade pública referente à carga.
O artigo acima fixou rol taxativo das excludentes do dever de indenizar por parte do transportador aéreo nacional, eximindo a responsabilidade deste transportador nas hipóteses de natureza ou vício próprio da mercadoria, embalagem defeituosa não efetuada pelo transportador, ato de guerra ou conflito armado e ato de autoridade pública referente à carga. No que concerne ao atraso, o mesmo dispositivo legal alude à denominada força maior extrínseca, bem como à determinação expressa da autoridade de voo.
	Art. 265. A não ser que o dano atinja o valor de todos os volumes, compreendidos pelo conhecimento de transporte aéreo, somente será considerado, para efeito de indenização, o peso dos volumes perdidos, destruídos, avariados ou entregues com atraso.
A responsabilidade, consoante os limites do art. 262, corresponderá ao peso total da carga constante do conhecimento (art. 265, 1ª parte). No segundo caso, relacionar-se-á ao peso dos volumes perdidos ou avariados (art. 265, 2ª parte).
	Art. 266. Poderá o expedidor propor ação contra o primeiro transportador e contra aquele que haja efetuado o transporte, durante o qual ocorreu o dano, e o destinatário contra este e contra o último transportador. 
Parágrafo único. Ocorre a solidariedade entre os transportadores responsáveis perante, respectivamente, o expedidor e o destinatário.
Em se tratando de mercadorias, o expedidor terá ação contra o primeiro transportador, o destinatário, a quem couber direito à entrega, a terá contra o último transportador. Tanto o expedidor quanto o destinatário, outrossim, poderão acionar o transportador que haja efetuado o transporte, durante o qual ocorreu a destruição, perda, avaria ou atraso. Esses transportadores serão responsáveis, solidariamente, para com o expedidor e o destinatário. No que se refere o art. 266 e respectivo parágrafo, igualmente, não é aplicável no caso de bagagem acompanhada, despachada ou de mão, porque, nessa hipótese, não se cogita de expedidor ou de destinatário, pertinentes à hipótese de carga, mas não na de bagagem.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo II
Da Responsabilidade por Danos em Serviços Aéreos Gratuitos
	Art. 267. Quando não houver contrato de transporte (artigos 222 a 245), a responsabilidade civil por danos ocorridos durante a execução dos serviços aéreos obedecerá ao seguinte:
I - no serviço aéreo privado (artigos 177 a 179), o proprietário da aeronave responde por danos ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos limites previstos, respectivamente, nos artigos 257 e 269 deste Código, devendo contratar seguro correspondente (artigo 178, §§ 1º e 2º);
II - no transporte gratuito realizado por empresa de transporte aéreo público, observa-se o disposto no artigo 256, § 2º, deste Código;
III - no transporte gratuito realizado pelo Correio Aéreo Nacional, não haverá indenização por danos à pessoa ou bagagem a bordo, salvo se houver comprovação de culpa ou dolo dos operadores da aeronave.
§ 1º No caso do item III deste artigo, ocorrendo a comprovação de culpa, a indenização sujeita-se aos limites previstos no Capítulo anterior, e no caso de ser comprovado o dolo, não prevalecem os referidos limites.
§ 2º Em relação a passageiros transportados com infração do § 2º do artigo 178 e artigo 221, não prevalecem os limites deste Código.
Os proprietários ou operadores de aeronaves destinadas a serviços aéreos privados, sem fins comerciais (Lei n° 7.565/86, art. 178) que, contrariando a lei, exerçam transporte público, respondem ilimitadamente, quer o transporte seja oneroso, quer seja gratuito.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo III
Da Responsabilidade para com Terceiros na Superfície
	Art. 268. O explorador responde pelos danos a terceiros na superfície, causados, diretamente, por aeronave em voo, ou manobra, assim como por pessoa ou coisa dela caída ou projetada.
§ 1º Prevalece a responsabilidade do explorador quando a aeronave é pilotada por seus prepostos, ainda que exorbitem de suas atribuições.
§ 2º Exime-se o explorador da responsabilidade se provar que:
I - não há relação direta de causa e efeito entre o dano e os fatos apontados;
II - resultou apenas da passagem da aeronave pelo espaço aéreo, observadas as regras de tráfego aéreo;
III - a aeronave era operada por terceiro, não preposto nem dependente, que iludiu a razoável vigilância exercida sobre o aparelho;
IV - houve culpa exclusiva do prejudicado.
§ 3º Considera-se a aeronave em voo desde o momento em que a força motriz é aplicada para decolar até o momento em que termina a operação de pouso.
§ 4º Tratando-se de aeronave mais leve que o ar, planador ou asa voadora, considera-se em voo desde o momento em que se desprende da superfície até aquele em que a ela novamente retorne.
§ 5º Considera-se em manobra a aeronave que estiver sendo movimentada ou rebocada em áreas aeroportuárias.
A responsabilidade do transportador aéreo perante danos causados àterceiros na superfície.
	Art. 269. A responsabilidade do explorador estará limitada:
I - para aeronaves com o peso máximo de 1.000kg (mil quilogramas), à importância correspondente a 3.500 (três mil e quinhentas) OTN - Obrigações do Tesouro Nacional;
II - para aeronaves com peso superior a 1.000kg (mil quilogramas), à quantia correspondente a 3.500 (três mil e quinhentas) OTN - Obrigações do Tesouro Nacional, acrescida de 1/10 (um décimo) do valor de cada OTN - Obrigação do Tesouro Nacional por quilograma que exceder a 1.000 (mil).
Parágrafo único. Entende-se por peso da aeronave o autorizado para decolagem pelo certificado de aero navegabilidade ou documento equivalente.
Aqui são fixados os limites da responsabilidade do explorador, quanto aos critérios que se sujeitam as aeronaves.
		Art. 270. O explorador da aeronave pagará aos prejudicados habilitados 30% (trinta por cento) da quantia máxima, a que estará obrigado, nos termos do artigo anterior, dentro de 60 (sessenta) dias a partir da ocorrência do fato (artigos 252 e 253).
§ 1º Exime-se do dever de efetuar o pagamento o explorador que houver proposto ação para isentar-se de responsabilidade sob a alegação de culpa predominante ou exclusiva do prejudicado.
§ 2º O saldo de 70% (setenta por cento) será rateado entre todos os prejudicados habilitados, quando após o decurso de 90 (noventa) dias do fato, não pender qualquer processo de habilitação ou ação de reparação do dano (artigos 254 e 255). 
O artigo 270 do CBA definiu que o explorador da aeronave deverá pagar aos prejudicados habilitados 30% da quantia máxima, a que estará obrigado, nos termos do artigo 269, dentro de sessenta dias a partir da ocorrência do dano, entretanto, nos termos do §1º, eximindo o explorador que houver proposto ação para isentar-se de responsabilidade sob a alegação de culpa predominante ou exclusiva do prejudicado. O artigo ainda determina, em seu §2º, que “o saldo de 70% (setenta por cento) será rateado entre todos os prejudicados habilitados, quando após o decurso de 90 (noventa) dias do fato não pender qualquer processo de habilitação ou ação de reparação do dano”, no caso, através do direito comum. 
	Art. 271. Quando a importância total das indenizações fixadas exceder ao limite de responsabilidade estabelecido neste Capítulo, serão aplicadas as regras seguintes:
I - havendo apenas danos pessoais ou apenas danos materiais, as indenizações serão reduzidas proporcionalmente aos respectivos montantes;
II - havendo danos pessoais e materiais, metade da importância correspondente ao limite máximo de indenização será destinada a cobrir cada espécie de dano; se houver saldo, será ele utilizado para complementar indenizações que não tenham podido ser pagas em seu montante integral.
O artigo trata da redução do excesso das indenizações observando as modalidades expostas acima.
	Art. 272. Nenhum efeito terão os dispositivos deste Capítulo sobre o limite de responsabilidade quando:
I - o dano resultar de dolo ou culpa grave do explorador ou de seus prepostos;
II - seja o dano causado pela aeronave no solo e com seus motores parados;
III - o dano seja causado a terceiros na superfície, por quem esteja operando ilegal ou ilegitimamente a aeronave.
O Código Brasileiro de Aeronáutica contemplando várias hipóteses de limitação por dano aos passageiros e tripulantes, à bagagem, à carga, e aos terceiros na superfície, fixa limites de indenização que não se aplicam se restar provado que o dano resultou de dolo ou culpa grave do transportador ou de seus prepostos .
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo IV
Da Responsabilidade por Abalroamento
	Art. 273. Consideram-se provenientes de abalroamento os danos produzidos pela colisão de 2 (duas) ou mais aeronaves, em voo ou em manobra na superfície, e os produzidos às pessoas ou coisas a bordo, por outra aeronave em voo.
O abalroamento se define por qualquer colisão entre duas ou mais 
aeronaves, em voo ou em manobra na superfície, resultando danos ou 
prejuízos causados por estas, mesmo que não tenha existido a colisão. 
	Art. 274. A responsabilidade pela reparação dos danos resultantes do abalroamento cabe ao explorador ou proprietário da aeronave causadora, quer a utilize pessoalmente, quer por preposto.
A transportadora é responsável pelo dano sofrido pelo passageiro. A culpa de terceiro não o exonera da obrigação, apenas lhe confere ação 
regressiva contra o culpado. A Lei prevê a responsabilidade por dano a 
passageiro, à bagagem, à carga, por serviços aéreos gratuitos e para com terceiros na superfície. 
	Art. 275. No abalroamento em que haja culpa concorrente, a responsabilidade dos exploradores é solidária, mas proporcional à gravidade da falta.
Parágrafo único. Não se podendo determinar a proporcionalidade, responde cada um dos exploradores em partes iguais.
A conduta do piloto e as demais circunstâncias que provocaram o acidente, devem ser rigorosamente apuradas, podendo caracterizar até culpa grave, não configurando, porém, dolo. Havendo concorrência na culpa, a responsabilidade recai sobre ambos de forma solidária, e na impossibilidade de determinar a proporção das condutas que provocaram o acidente, os exploradores responderão igualmente.
	Art. 276. Constituem danos de abalroamento, sujeitos à indenização:
I - os causados a pessoas e coisas a bordo das aeronaves envolvidas;
II - os sofridos pela aeronave abalroada;
III - os prejuízos decorrentes da privação de uso da aeronave abalroada;
IV - os danos causados a terceiros, na superfície.
Parágrafo único. Incluem-se no ressarcimento dos danos as despesas, inclusive judiciais, assumidas pelo explorador da aeronave abalroada, em consequência do evento danoso.
O art. 276, configura os danos indenizáveis consequentes de abalroamento, e o parágrafo único, deixa claro que incluem-se ao ressarcimento as despesas, inclusive as judiciais pelo qual o explorador da aeronave causadora do evento danoso estará encarregada.
	Art. 277. A indenização pelos danos causados em consequência do abalroamento não excederá:
I - aos limites fixados nos artigos 257, 260 e 262, relativos a pessoas e coisas a bordo, elevados ao dobro; 
II - aos limites fixados no artigo 269, referentes a terceiros na superfície, elevados ao dobro; 
III - ao valor dos reparos e substituições de peças da aeronave abalroada, se recuperável, ou de seu valor real imediatamente anterior ao evento, se inconveniente ou impossível a recuperação;
IV - ao décimo do valor real da aeronave abalroada imediatamente anterior ao evento, em virtude da privação de seu uso normal.
No art. 277, estão previstos e, consequente, são apresentados os tetos indenizatórios relativos aos danos do abalroamento. 
	Art. 278. Não prevalecerão os limites de indenização fixados no artigo anterior:
I - se o abalroamento resultar de dolo ou culpa grave específico do explorador ou de seus prepostos;
II - se o explorador da aeronave causadora do abalroamento tiver concorrido, por si ou por seus prepostos, para o evento, mediante ação ou omissão violadora das normas em vigor sobre tráfego aéreo;
III - se o abalroamento for consequência de apossamento ilícito ou uso indevido da aeronave, sem negligência do explorador ou de seus prepostos, os quais, neste caso, ficarão eximidos de responsabilidade.
Os critérios de cálculo de indenização não prevalecerão no caso do abalroamento resultar, nos moldes deste artigo (I, II, e III).
	Art. 279. O explorador de cada aeronave será responsável, nas condições e limites previstos neste Código, pelos danos causados:
I - pela colisão de 2 (duas) ou mais aeronaves;
II - por 2 (duas) ou mais aeronaves conjunta ou separadamente.
Parágrafo único. A pessoa que sofrer danos, ou os seus beneficiários, terão direito a ser indenizados, até a soma dos limites correspondentes a cada uma das aeronaves, mas nenhum explorador será responsável por soma que excedaos limites aplicáveis às suas aeronaves, salvo se sua responsabilidade for ilimitada, por ter sido provado que o dano foi causado por dolo ou culpa grave (§ 1º do artigo 248).
O explorador de cada aeronave será responsável, além dos limites e condições estabelecidos neste código, pelos danos causados nas condições expostas nos incisos I e II.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo V
Da Responsabilidade do Construtor Aeronáutico e das Entidades de Infraestrutura Aeronáutica
	Art. 280. Aplicam-se, conforme o caso, os limites estabelecidos nos artigos 257, 260, 262, 269 e 277, à eventual responsabilidade:
I - do construtor de produto aeronáutico brasileiro, em relação à culpa pelos danos decorrentes de defeitos de fabricação;
II - da administração de aeroportos ou da Administração Pública, em serviços de infraestrutura, por culpa de seus operadores, em acidentes que causem danos a passageiros ou coisas.
No exercício normal destas atividades, a lei é acertada em obrigar um grau elevado de previdência e de diligência, em face das atividades consideradas de periculosidade. Nas referidas atividades, estão sujeitas a regras especiais e particulares cautelas, tendentes a reduzir os riscos à elas aderidos.
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo VI
Da Garantia de Responsabilidade
	Art. 281. Todo explorador é obrigado a contratar o seguro para garantir eventual indenização de riscos futuros em relação:
I - aos danos previstos neste Título, com os limites de responsabilidade civil nele estabelecidos (artigos 257, 260, 262, 269 e 277) ou contratados (§ 1º do artigo 257 e parágrafo único do artigo 262);
II - aos tripulantes e viajantes gratuitos equiparados, para este efeito, aos passageiros (artigo 256, § 2º);
III - ao pessoal técnico a bordo e às pessoas e bens na superfície, nos serviços aéreos privados (artigo 178, § 2º, e artigo 267, I); 
IV - ao valor da aeronave.
Parágrafo único. O recebimento do seguro exime o transportador da responsabilidade (artigo 250). 
É obrigatório o seguro para que seja garantido a responsabilidade civil do transportador, e, desse modo, cubra, sempre, a reparação prevista nos itens I a IV do art. 281, deste código. Parágrafo único. Aquele que pagar desonera-se em relação a quem receber (arts. 250 e 281, parágrafo único), ressalvada a discussão entre aquele que pagou e os demais responsáveis pelo pagamento.
	Art. 282. Exigir-se-á do explorador de aeronave estrangeira, para a eventual reparação de danos a pessoas ou bens no espaço aéreo ou no território brasileiro:
a) apresentação de garantias iguais ou equivalentes às exigidas de aeronaves brasileiras;
b) o cumprimento das normas estabelecidas em Convenções ou Acordos Internacionais, quando aplicáveis.
No âmbito internacional, as aeronaves estrangeiras deverão seguir os mesmos padrões especificados pela legislação brasileira em território brasileiro.
	Art. 283. A expedição ou revalidação do certificado de aero navegabilidade só ocorrerá diante da comprovação do seguro, que será averbado no Registro Aeronáutico Brasileiro e respectivos certificados.
Parágrafo único. A validade do certificado poderá ser suspensa, a qualquer momento, se comprovado que a garantia deixou de existir.
O seguro deve ser comprovado para a emissão (e renovação) do Certificado de Aero navegabilidade.
	Art. 284. Os seguros obrigatórios, cuja expiração ocorrer após o inicio do voo, consideram-se prorrogados até o seu término.
Os seguros que ocorreram após o início do voo, será prorrogado até seu término, ou seja, permanecerá resguardando as garantias em toda sua integralidade até o seu pouso.
	Art. 285. Sob pena de nulidade da cláusula, nas apólices de seguro de vida ou de seguro de acidente, não poderá haver exclusão de riscos resultantes do transporte aéreo.
Parágrafo único. Em se tratando de transporte aéreo, as apólices de seguro de vida ou de seguro de acidentes não poderão conter cláusulas que apresentem taxas ou sobretaxas maiores que as cobradas para os transportes terrestres.
Nos seguros de vida ou acidente, tratando-se de transporte aéreo, não poderá haver exclusão de risco.
	Art. 286. Aquele que tiver direito à reparação do dano poderá exercer, nos limites da indenização que lhe couber, direito próprio sobre a garantia prestada pelo responsável (artigos 250 e 281, Parágrafo único).
O usuário que tiver direito à reparação do dano, poderá exercer nos limites da indenização que lhe cabe, ciente que o recebimento do seguro pelo prejudicado exime o transportador da responsabilidade
Título VIII
Da Responsabilidade Civil
Capítulo VII
Da Responsabilidade Civil no Transporte Aéreo Internacional
	Art. 287. Para efeito de limite de responsabilidade civil no transporte aéreo internacional, as quantias estabelecidas nas Convenções Internacionais de que o Brasil faça parte serão convertidas em moeda nacional, na forma de regulamento expedido pelo Poder Executivo.
As quantias estabelecidas nas Convenções Internacionais, em que o Brasil integre, serão convertidas em moeda nacional.
"As pessoas fracas não podem ser sinceras."
François La Rochefoucauld

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