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NÚCLEO PREPARATÓRIO DE EXAME DE ORDEM 
CURSO JURÍDICO 1ª FASE 
PROFª. Cibele Fernandes Dias Knoerr 
 
1 
 
ROTEIRO DE DIREITO CONSTITUCIONAL1 
BIBLIOGRAFIA BÁSICA PARA O EXAME: 
 
1. KNOERR, Cibele Fernandes Dias. Direito constitucional didático. 2. ed. Curitiba: Juruá: 2007. 
2. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. São Paulo: Método. 
 
AULA 1: PODER CONSTITUINTE. 
 
I - CONSTITUIÇÃO E MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA 
 
1. (1º Exame 2007) O constitucionalismo, que pode ser conceituado como o movimento político-social que 
pretende limitar o poder e estabelecer o rol de direitos e garantias fundamentais, está diretamente 
relacionado com a ideologia socialista do início da primeira metade do século XX. (FALSA) 
 
II - PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. 
a) CONCEITO 
É o poder responsável pela elaboração da Constituição Federal. 
 
 
b) TITULARIDADE E EXERCÍCIO (1º, §único, CF – relação com o regime de governo) 
O titular é o povo. 
O exercício depende da origem da Constituição. Se ela foi promulgada, quem exerceu a função 
constituinte originária foi uma Assembléia Nacional Constituinte. Se outorgada, a autoridade que 
ditou a Constituição em nome do povo. 
 
 
1
 Roteiro elaborado pela Professora Cibele Fernandes Dias Knoerr. Mestre e Doutoranda em Direito Constitucional 
PUC/SP. Professora de Direito Constitucional da Faculdade Tuiuti, na Escola da Magistratura Federal (ESMAFE), na 
Fundação Escola do Ministério Público do Paraná (FEMPAR), na Escola Superior da Advocacia (ESA) e no Curso 
JURIDICO, em Curitiba. Professora de Direito Constitucional no curso de ensino à distância da Universidade Estácio de 
Sá no Rio de Janeiro. Advogada. Superintendente Jurídica da COHAPAR. 
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c) CARACTERÍSTICAS 
JUSPOSITIVISTAS (STF) JUSNATURALISTAS 
1. inicial ou inaugural 1. derivado 
2. ilimitado (juridicamente) embora existam 
limites sociais, políticos e econômicos 
2. limitado 
3. incondicionado (juridicamente) 3. condicionado 
4. autônomo 4. autônomo 
5. Natureza: poder de fato 5. Natureza: poder de direito 
 
d) NORMAS CONSTITUCIONAIS QUE ELABORA: 
Normas constitucionais originárias: normas da Constituição Federal que não sofreram processo de 
reforma (emenda). 
 
 
e) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS ELABORADAS PELO PODER 
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO? 
1. JUSPOSITIVISTAS 
Nunca. 
2. JUSNATURALISTAS 
Sim, se ofenderem o Direito Natural. 
 
II – CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 
 
III. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES: 
I – Conteúdo: 1. “Conjunto de regras materialmente constitucionais, estejam ou não codificadas em 
um único documento.” MATERIAL 
2. “Forma escrita, por meio de um documento solene estabelecido pelo poder 
constituinte originário.” FORMAL 
II – Forma: 2. “Conjunto de regras não aglutinadas em um texto solene, mas baseado em leis 
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 esparsas, costumes, jurisprudência e convenções.” NÃO-ESCRITA 
3. “Conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento para fixar-
se a organização fundamental.”2 ESCRITA 
III – Modo de 
elaboração: 
 
4. “Fruto da lenta e contínua síntese da história e tradições de um determinado 
povo.” HISTÓRICA, COSTUMEIRA OU CONSUETUDINÁRIA 
5. “Produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de princípios e 
idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante.” DOGMÁTICA 
IV – Origem: 
 
6. “Derivam do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte composta de 
representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração.” 
PROMULGADA, DEMOCRÁTICA OU POPULAR 
7. “Elaboradas e estabelecidas sem a participação popular, através de imposição do 
poder da época.” OUTORGADA 
V – 
Estabilidade 
ou 
mutabilidade: 
 
8. “Constituições onde se veda qualquer alteração, constituindo-se relíquias 
históricas”. IMUTÁVEL 
9. “Podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário.” FLEXÍVEL 
10. “Podem ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o 
existente para a edição das demais espécies normativas.” RÍGIDA 
11. “Algumas regras poderão ser alteradas pelo processo legislativo ordinário, 
enquanto outras somente por um processo legislativo especial e mais dificultoso.” 
SEMI-RÍGIDA OU SEMIFLEXÍVEL 
VI – 
Ontológica3 ou 
Axiológica4: 
(Karl 
Loewenstein) 
12. “Constituições cuja realidade ontológica não é senão a formalização da situação do poder 
político existente em benefício exclusivo dos detentores de facto desse poder.” “Servem apenas 
para estabilizar e eternizar a intervenção dos dominadores de facto na comunidade” – 
SEMÂNTICA 
13. “Constituições cujas normas não conseguem se adaptar à dinâmica do processo político, pelo 
que ficam sem realidade existencial” – “Embora não limitem o poder político, ainda têm essa 
finalidade” - NOMINAL 
14. “Constituições cujas normas dominam o processo político, aquelas em que o 
processo do poder se adapta às normas constitucionais e se lhes submete.” “Limitam 
efetivamente o poder político”. NORMATIVA 
VII – Extensão 15. “Prevêem somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, 
organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação de direitos e garantias 
 
2
 Identificada também como Constituição instrumental (efeito racionalizador, estabilizante, de segurança jurídica), legal 
(porque a Constituição é dotada de coercibilidade, vale como lei). MORAES, Direito constitucional..., op. cit., p. 40. 
3
 Para José Alfredo de OLIVEIRA BARACHO, a classificação de Karl LOEWENSTEIN é ontológica, porque baseadas 
no “ter e estar na Constituição”: “constituição normativa, os países que contam com ela: têm e estão na Constituição, 
constituição nominal, só têm Constituição; constituição semântica, a Constituição é como uma folha de papel e portanto 
não estão em Constituição.” BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Teoria da Constituição. In: MARTINS, Ives 
Gandra da Silva (coord.). As vertentes do direito constitucional contemporâneo. Rio de Janeiro: América Jurídica, 
2002. p. 293. 
4
 Esta classificação “toma por critério ‘a análise ontológica da concordância das normas constitucionais com a realidade 
do processo do poder’ e por ponto de apoio a tese de que uma Constituição é o que os detentores do poder fazem na 
prática – o que, por seu termo, depende, em larga medida, do meio social e político em que a Constituição deve ser 
aplicada.” Trata-se de classificação axiológica para Jorge MIRANDA, porque elaborada em face de uma Constituição 
ideal, ligada à concordância da Constituição normativa e democracia constitucional ocidental.” MIRANDA, Jorge. 
Teoria do Estado e da Constituição. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 330. 
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e finalidade: fundamentais.” SINTÉTICAS, NEGATIVAS OU GARANTIA 
16. “Examinam e regulamentam todos os assuntos que entendam relevantes à 
formação, destinação e funcionamento do Estado.” ANALÍTICAS, DIRIGENTES 
 
 
FERDINAND LASSALE: inventou o conceito sociológico de Constituição no livro “A essência da 
Constituição”. Defendeu a existência de uma separação entre a Constituição real (soma dos fatores reais 
de poder – político, econômico, religioso, social) e a Constituição jurídica (mera folha de papel). Negava, 
portanto, forçanormativa à Constituição escrita, porque acreditava que ela não tinha poder para mudar 
o status quo, nem muito menos limitar o Estado. 
KONRAD HESSE: com o livro “A Força normativa da Constituição” defendeu que a Constituição terá força 
normativa, pretensão de eficácia e capacidade para limitar o Estado se a “vontade de Constituição” 
prevalecer sobre a “vontade de poder”. 
 
CONCLUSÕES sobre a CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
1. TODA Constituição FORMAL e ESCRITA é DOGMÁTICA (não existe Constituição não-escrita 
dogmática) 
2. TODA Constituição NÃO-ESCRITA é HISTÓRICA, COSTUMEIRA ou CONSUETUDINÁRIA (não existe 
Constituição escrita histórica) 
3. A Constituição ESCRITA pode ser FLEXÍVEL, RÍGIDA, SEMI-RÍGIDA ou SEMIFLEXÍVEL 
4. TODA Constituição NÃO-ESCRITA é FLEXÍVEL (não existe Constituição não-escrita rígida ou semi-
rígida) 
5. TODA Constituição RÍGIDA ou SEMI-RÍGIDA é ESCRITA e DOGMÁTICA 
 
2. (3º Exame 2009) De acordo com a classificação das constituições, denomina-se dogmática a constituição 
que: 
(a) é elaborada, necessariamente, por um órgão com atribuições constituintes e, somente existindo na forma 
escrita, sistematiza as ideias fundamentais contemporâneas da teoria política e do direito. 
(b) somente pode ser alterada mediante decisão do poder constituinte derivado, sendo também conhecida 
como histórica. 
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(c) contém uma parte rígida e outra flexível e sistematiza os dogmas aceitos pelo direito positivo 
internacional. 
(d) sistematiza os dogmas sedimentados pelos costumes sociais e, também conhecida como costumeira, é 
modificável por normas de hierarquia infraconstitucional, dada a rápida evolução da sociedade. 
 
3. (3º Exame 2007 São Paulo) Quanto ao processo de mudança, a Constituição Federal de 1988 pode ser 
classificada como: 
(a) flexível, por admitir alteração por iniciativa não só dos membros do Congresso Nacional, como também do 
presidente da República. 
(b) semi-rígida, por admitir alteração de seu conteúdo, exceto com relação às cláusulas pétreas. 
(c) transitoriamente rígida, por não admitir a alteração dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias. 
(d) rígida, por admitir a alteração de seu conteúdo por meio de processo mais rigoroso e complexo que o 
processo de elaboração das leis comuns. 
 
II a) CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS (promulgadas: 1891, 1934, 1946, 1988) (outorgadas: 1824, 1937, 1967, 
1969) 
 
4. (1º Exame 2006) Acerca da história constitucional do Brasil, assinale a opção correta: 
(a) A Constituição de 1824 introduziu no país a organização federativa, 
(b) A Constituição de 1891 introduziu no país o voto secreto e universal, inclusive o voto das mulheres, 
(c) Inspirando-se na organização dos Estados Unidos da América, a Constituição de 1934 introduziu no Brasil o 
sistema presidencialista de governo, 
(d) A ordem constitucional instaurada pela Constituição de 1946 foi rompida pelo golpe militar de 1964. 
III – PODER CONSTITUINTE DERIVADO (SEGUNDO GRAU, CONSTITUÍDO, INSTITUÍDO OU 
REFORMADOR) 
a) CONCEITO 
É o poder responsável pela reforma da Constituição Federal. 
b) TITULARIDADE e EXERCÍCIO 
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O titular é o povo. 
O exercício é realizado pelo Congresso Nacional. 
c) CARACTERÍSTICAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO 
1. derivado 1. (3º, ADCT) – emendas constitucionais de revisão 
(total: 6) 
2. limitado 
3. condicionado 
2. (60, CF) – emendas constitucionais (total: 55) 
4. Natureza: Poder de direito EMENDAS À CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
d) NORMAS CONSTITUCIONAIS QUE ELABORA: 
Normas constitucionais derivadas: emendas constitucionais e emendas constitucionais de revisão. 
e) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
ELABORADAS PELO PODER CONSTITUINTE DERIVADO? 
Sim, se ofenderem as normas constitucionais originárias que contém limites ao poder constituinte 
derivado. 
5. (3º Exame 2007) Emendas constitucionais, por gozarem do caráter de normas constitucionais, não são 
passíveis de serem controladas na sua constitucionalidade. (FALSA) 
f) LIMITES à REFORMA CONSTITUCIONAL (art. 60 + 3º, ADCT, CF) 
 
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EMENDA CONSTITUCIONAL (60, CF) 
I – LIMITES EXPRESSOS 
1. LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS: 
(a) INICIATIVA (60, I a III, CF): Presidente da República; um terço, no mínimo, dos deputados 
federais (são 513 no total, 1/3 = 171) ou um terço, no mínimo dos senadores (são 81 no total, 1/3 
= 21); mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da federação manifestando-se 
cada uma delas pela maioria relativa de seus membros. NÃO CABE INICIATIVA POPULAR. 
(b) DISCUSSÃO E VOTAÇÃO (60, §2º, CF): a proposta de emenda será discutida e votada em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de discussão e votação, e será considerada 
aprovada se obtiver, em ambos os turnos, três quintos (60%) dos votos dos respectivos 
membros. 
(c) PROMULGAÇÃO e PUBLICAÇÃO (60, §3º, CF): a emenda constitucional é promulgada e 
publicada pela Mesa da Câmara dos Deputados e pela Mesa do Senado Federal. 
(d) PROPOSTA DE EMENDA COM VOTAÇÃO PREJUDICADA OU REJEITADA (60, §5º, CF) 
– somente poderá ser reapresentada na próxima sessão legislativa (57, CF) 
2. LIMITES CIRCUNSTANCIAIS (60, §1º, CF): a Constituição Federal não poderá ser reformada 
na vigência de estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal. 
 
3. LIMITES MATERIAIS (cláusulas pétreas) (60, §4º, I a IV, CF): não será objeto de deliberação 
a proposta de emenda tendente a abolir: a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, 
universal e periódico, a separação de poderes e os direitos e garantias individuais. 
 
II – LIMITES IMPLÍCITOS MATERIAIS: não é possível por via de emenda revogar o art. 60, da 
CF para (a) suprimir os limites expressos; (b) alterar os limites expressos (a fim de facilitar ou 
dificultar o processo de reforma); (c) vedação ao processo de “dupla revisão”. 
REVISÃO CONSTITUCIONAL (3º, ADCT) 
I – LIMITES EXPRESSOS: 
1. LIMITES FORMAIS (3º, ADCT) 
A proposta de emenda constitucional de revisão foi discutida e votada em sessão unicameral, num só 
turno de discussão e votação e aprovada por, no mínimo, a maioria absoluta dos deputados federais 
e senadores. 
2. LIMITE TEMPORAL (3º, ADCT): a revisão somente foi possível após cinco anos da data da 
promulgação da Constituição de 1988 (após 5 de outubro de 1993) 
3. LIMITES IMPLÍCITOS: 
1. Limites circunstanciais (60, §1º, CF) 
2. Cláusulas pétreas (60, §4º, CF) 
3. Limites materiais implícitos das emendas constitucionais 
 
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6. (1º Exame 2007) O poder de reforma está limitado às chamadas cláusulas pétreas, entre as quais se inclui a 
proibição de mudança do voto majoritário ou proporcional pelo voto distrital misto. (FALSA) 
 
7. (1º Exame 2007) É cláusula pétrea a regra constitucional segundo a qual a matéria constante de proposta 
de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão 
legislativa. (FALSA) 
 
8. (2º Exame 2007) O poder constituinte reformador manifestado por meio de emendas: 
(a) pode ser iniciado por meio das mesas das assembléias legislativas, 
(b) exige, no âmbito federal, que a proposta seja discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em 
dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros,(c) permite que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada seja objeto 
de nova proposta na mesma sessão legislativa, desde que por iniciativa da maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, 
(d) tem por características ser inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado. 
 
9. (3º Exame 2007) Após a aprovação da proposta de emenda constitucional pelo Congresso Nacional, cabe 
ao presidente da República sancioná-la ou vetá-la. (FALSA) 
 
10. (3º Exame 2009) Assinale a opção correta acerca do disciplinamento das emendas constitucionais. 
(a) As emendas à CF podem ser definidas como uma espécie extraordinária e transitória do gênero das 
reformas constitucionais. 
(b) Há limitações implícitas ao poder reformador. 
(c) As limitações expressas com relação às emendas à CF restringem-se às temporais e às materiais. 
(d) As limitações materiais de emenda à CF relacionam-se à idéia de que a Constituição, documento mais 
importante de um país, não pode ser alterada em regime de exceção. 
 
g) HOJE, É POSSÍVEL MODIFICAR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL PELO PROCEDIMENTO DA REVISÃO 
CONSTITUCIONAL? (ligação com o art. 2º, ADCT) 
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Não. A Constituição previu uma única revisão, já realizada em 1993. Em 1994, concluída a revisão, o 
poder constituinte derivado promulgou e publicou 6 emendas constitucionais de revisão. 
 
h) PLEBISCITO (2º, ADCT) 
h1) OPÇÃO PELA FORMA DE GOVERNO: REPÚBLICA 
h2) OPÇÃO PELO SISTEMA DE GOVERNO: PRESIDENCIALISMO 
 
11. (1º Exame 2007) A federação é forma de Estado, ao passo que a República é forma de governo. 
(VERDADEIRA) 
 
VI. MECANISMO INFORMAL OU MATERIAL DE ALTERAÇÃO CONSTITUCIONAL 
“Pese embora o exagero da formulação, há alguma coisa de exacto na afirmação de Loewenstein, 
quando ele considera que uma ‘constituição jamais é idêntica a si própria, estando constantemente 
submetida ao pantha rei heraclitiano de todo o ser vivo.”5 
 
 
 
1. CONCEITO DE MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: 
É alteração da Constituição Federal por via de interpretação judicial e legislativa, sem que haja alteração 
do seu texto. É chamada de alteração informal ou material, porque as normas constitucionais têm o seu 
sentido alterado por interpretação. 
2. PODER RESPONSÁVEL PELA MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL: 
 É um poder constituinte difuso, porque, segundo a doutrina, é exercido pelo Poder Judiciário no controle 
de constitucionalidade e também pelo Poder Legislativo quando regulamenta as normas constitucionais. 
Todavia, hoje podemos afirmar que o grande responsável pela mutação é o STF no exercício do controle 
 
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 CANOTILHO, op. cit., p. 1000. 
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abstrato de constitucionalidade. 
 
 
 
12. (1º Exame 2007) Denomina-se mutação constitucional o processo formal de alteração da Constituição por 
meio de técnicas de revisão e reforma constitucional. (FALSA) 
 
EXISTE HIERARQUIA ENTRE NORMAS CONSTITUCIONAIS? Entre normas constitucionais originárias não existe 
hierarquia. Entre normas constitucionais derivadas não existe hierarquia. O princípio regente é o da unidade 
hierárquico-normativa da Constituição. Excepcionalmente, entre normas constitucionais originárias que 
contém limites ao poder constituinte derivado e normas constitucionais derivadas, existe hierarquia. 
 
13. (1º Exame 2006) De acordo com a dogmática constitucional contemporânea, as normas definidoras de 
direitos fundamentais têm hierarquia maior que os dispositivos que definem a organização do Estado, 
exceto quando as primeiras tiverem o caráter de normas programáticas: 
A afirmação acima é equivocada porque: 
(a) a dogmática constitucional contemporânea não admite a distinção hierárquica entre normas 
constitucionais, 
(b) a única diferença hierárquica admitida pela dogmática constitucional é a existente entre regras e princípios 
constitucionais, sendo que os princípios têm status hierárquico superior ao das regras, 
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(c) somente as normas definidoras de direitos individuais têm hierarquia superior aos demais dispositivos 
constitucionais, 
(d) as normas definidoras de direitos fundamentais são sempre normas programáticas. 
 
14. (3º Exame 2006) No sistema brasileiro, a existência de hierarquia entre normas da própria Constituição 
permite a declaração da inconstitucionalidade de uma norma da Constituição por violação a outra nela 
também prevista. (FALSA) 
 
APLICABILIDADE DA CONSTITUIÇÃO NO TEMPO: 
1. RELAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO NOVA COM A CONSTITUIÇÃO ANTERIOR: 
a. AB-ROGAÇÃO (TESE ACEITA PELO STF) 
A Constituição nova revoga totalmente a 
Constituição anterior (revogação tácita). 
 
b. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO (Maria Helena 
Diniz – doutrina minoritária): Normas da 
Constituição anterior são recepcionadas como 
lei ordinária federal se compatíveis com o 
texto da nova Constituição. 
O STF aceita a desconstitucionalização expressa, 
mas rejeita a tácita. 
RELAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO NOVA COM A LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL ANTERIOR: 
A “RECEPÇÃO” (princípio da continuidade da ordem jurídica e da segurança jurídica): as leis anteriores 
(1) compatíveis com o conteúdo da nova Constituição e (2) constitucionais em face da Constituição 
que foram publicadas são recebidas e continuam em vigor. Como regra, esta recepção é tácita. 
a. TESE DA REVOGAÇÃO TOTAL (AB-ROGAÇÃO) OU PARCIAL (DERROGAÇÃO) (STF): 
b.1 Requisitos para revogação: se a lei anterior é incompatível com o conteúdo da nova Constituição 
(e constitucional em face da Constituição em que foi publicada), ela será revogada totalmente (ab-
rogação) se for totalmente contrária, parcialmente (derrogação) se somente uma parte dela 
contrariar a nova Constituição. Como regra, esta revogação é tácita. 
 
b. NÃO-RECEPÇÃO: se uma lei anterior é inconstitucional em face da Constituição que ela foi 
publicada, ainda que seja compatível com a nova Constituição, não será recebida, porque a 
Constituição nova não convalida vícios de leis anteriores. 
 
15. (3o Exame 2008) A respeito da entrada em vigor de uma nova ordem constitucional, assinale a opção 
correta. 
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(a) Na CF, foi adotada a vacatio constitutionis (vacância da Constituição), que corresponde ao interregno entre 
a publicação do ato de sua promulgação e a data estabelecida para a entrada em vigor de seus dispositivos. 
(b) A regra geral de retroatividade máxima das normas constitucionais aplica-se às normas constitucionais 
federais e estaduais. 
(c) No Brasil, os dispositivos de uma constituição nova têm vigência imediata, alcançando os efeitos futuros de 
fatos passados (retroatividade mínima), salvo disposição constitucional expressa em contrário. 
(d) A inconstitucionalidade superveniente, regra adotada pelo STF, é o fenômeno jurídico por meio do qual 
uma norma se torna inconstitucional em momento futuro, depois de sua entrada em vigor, em razão da 
promulgação de um novo texto constitucional com ela conflitante. 
 
J) A CONSTITUIÇÃO “CIDADÔ: 
 
(1) PREAMBULO DA CONSTITUIÇÃO 
 
16. (2º Exame 2009) Com relação ao preâmbulo da CF e às disposições constitucionais transitórias, 
assinale a opção correta: 
(a) Considerando-se que o conteúdo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias é de direito 
intertemporal, não é possível afirmarque suas normas ostentam o mesmo grau de eficácia e de autoridade 
jurídica em relação aos preceitos constantes do texto constitucional. 
(b) A doutrina constitucional majoritária e a jurisprudência do STF consideram que o preâmbulo constitucional 
não tem força cogente, não valendo, pois, como norma jurídica. Nesse sentido, seus princípios não prevalecem 
diante de eventual conflito com o texto expresso da CF. 
(c) As disposições constitucionais transitórias são normas aplicáveis a situações certas e passageiras; 
complementares, portanto, à obra do poder constituinte originário e, situando-se fora da CF, não podem ser 
consideradas parte integrante desta. 
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(d) Por traçar as diretrizes políticas, filosóficas e ideológicas da CF, o preâmbulo constitucional impõe 
limitações de ordem material ao poder reformador do Congresso Nacional, podendo servir de paradigma para a 
declaração de inconstitucionalidade. 
 
(2) FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (1º, CF): soberania, cidadania, dignidade da 
pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e pluralismo político; 
 
 
 
 
 
 
 
17. (1º Exame 2007) O valor social do trabalho e da livre iniciativa é um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil. (VERDADEIRA) 
 
18. (3o Exame 2008) Assinale a opção correta no que se refere à aplicação do princípio da dignidade da 
pessoa humana: 
(a) O uso de algemas não requer prévio juízo de ponderação da necessidade, como em casos de resistência e 
de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, pois, como a fuga é ato extremamente provável no momento da prisão, as algemas podem ser 
utilizadas como regra. 
(b) A referência, na CF, à dignidade da pessoa humana, aos direitos da pessoa humana, ao livre exercício dos 
direitos individuais e aos direitos e garantias individuais está relacionada aos direitos e garantias do indivíduo 
dotado de personalidade jurídica ou não. Desse modo, a aplicação do princípio da dignidade humana exige a 
proteção dos embriões humanos obtidos por fertilização in vitro e congelados, devendo-se evitar sua 
utilização em pesquisas científicas e terapias. 
(c) A aplicação do princípio da insignificância, embora seja consequência do princípio da dignidade da pessoa 
humana, não é aplicável aos crimes militares, haja vista a dignidade do bem jurídico protegido pelos tipos 
penais que têm por objeto de proteção os interesses da administração militar. 
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(d) A ausência de indicação da conduta individualizada dos acusados de crimes societários, além de implicar a 
inobservância aos princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, fere o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
 
(2) OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: construir uma sociedade livre, justa 
e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras 
formas de discriminação. (3º, CF) 
 
 
 
(3) PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL (art. 4º, CF): independência nacional, 
prevalência dos direitos humanos, autodeterminação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os 
Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre 
os povos para o progresso da humanidade, concessão de asilo político. 
 
 
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19. (2º Exame 2006) Os preâmbulos das constituições estaduais devem invocar a proteção de Deus. (FALSA) 
 
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 
20. (2º Exame 2006) É incompatível com o ordenamento constitucional brasileiro: (a) promulgação de leis 
interpretativas que configurem interpretação autêntica. (FALSA, porque é compatível) 
 
(AULA 2): DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1. CONCEITO E ESPÉCIES de DIREITOS e GARANTIAS FUNDAMENTAIS (Título II, CF) (art. 1º, III, CF) 
Os direitos e garantias são fundamentais em sentido material, porque essenciais à proteção da 
dignidade da pessoa humana; são fundamentais em sentido formal porque estão positivados em 
normas constitucionais. 
São 5 (cinco) espécies: direitos e garantias individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de 
nacionalidade; direitos políticos; direitos de participação em partidos políticos. 
PREÂMBULO da Constituição Brasileira de 
1988 
 Nós, representantes do povo brasileiro, 
reunidos em Assembléia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça 
como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e 
comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das 
controvérsias, promulgamos, sob a proteção 
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(c) CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
1. Conceito: fundamentalidade material (1º, inc. III) e fundamentalidade formal 
 
2. Características 
(c1) HISTORICIDADE (generatividade)6 – não são direitos naturais 
 “Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) — que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais — realçam o princípio da liberdade e os direitos de 
segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) — que se identifica com as liberdades 
positivas, reais ou concretas — acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, 
que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações 
sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo 
de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto 
valores fundamentais indisponíveis, nota de uma essencial inexauribilidade.” (MS 22.164, Rel. Min. 
Celso de Mello, DJ 17/11/95) 
 
Os direitos de quarta geração compreenderiam os direitos das minorias, de que são expressões o 
direito à democracia, o direito ao pluralismo e o direito à informação.7 (PAULO BONAVIDES). No 
entanto, para Norberto BOBBIO, os direitos de quarta geração são referentes à proteção do patrimônio 
genético de cada indivíduo em face das novas pesquisas biológicas.8 
 
“Não é por mera coincidência que cada uma das antigas colônias inglesas da América do Norte, ao romper 
seus laços com a metrópole, tem o cuidado do formular desde logo a sua declaração de direitos. Não é por 
capricho que essas colônias adotam declarações (a primeira, da Virgínia, em 1776), antes de estabelecer as 
próprias Constituições, e muito antes de se unirem pelas instituições confederativas (em 1781) e federativas 
(em 1787), com a Constituição dos Estados Unidos da América. O mesmo ocorre em relação a esses Estados 
quando se unem. Primeiro, vem a declaração de direitos embasando a própria declaração de independência 
(1776), bem antes, portanto, da vigência dos Artigos da Confederação (1781) e promulgação da Constituição 
 
6
 “BOBBIO assinala o gradualismo dos direitos fundamentais, destacando que eles,nem nasceram todos de uma vez 
(generatividade), nem de uma vez por todas (garantismo).” CRUZ, op. cit., p. 207. Segundo Manoel GONÇALVES 
FERREIRA FILHO, os direitos de terceira geração seriam os seguintes: (i) direito à paz (4º, VI e VII, CF), (ii) ao 
desenvolvimento (4º, IX, CF); (iii) à autodeterminação dos povos (4º, III, CF); (iv) ao patrimônio comum da 
humanidade (fundo do mar e seu subsolo); (v) ao meio ambiente (225) e (vi) à comunicação social (220). FERREIRA 
FILHO, Manoel Gonçalves. Direitos humanos fundamentais. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. p. 58. 
7
 CARVALHO, Kildare Gonçalves, op. cit., p. 403. 
8
 BOBBIO, A era dos direitos..., op. cit., p. 6. 
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17 
 
da Filadélfia (1787). E o mesmo ocorreu na França. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é de 
1789; a primeira Constituição, de 1791.”9 
 
21. (1º Exame 2007) (a) Os direitos e garantias fundamentais, criados como direitos negativos, impedem o poder 
público, mas não a esfera privada, de violar o espaço mínimo de liberdades assegurado pela Constituição Federal. 
(FALSA) (b) De acordo com a doutrina majoritária, os direitos de segunda geração, ou direitos sociais, não 
constituem simples normas de natureza dirigente, sendo verdadeiros direitos subjetivos que impõem ao Estado um 
facere. (VERDADEIRA) 
 
22. (2º Exame 2007) O direito ao progresso é um exemplo de direito fundamental de segunda geração ou dimensão. 
(FALSA) 
 
23. (3º Exame 2007) O descaso para com os problemas sociais, que veio a caracterizar o État Gendarme, 
associado às pressões decorrentes da industrialização em marcha, o impacto do crescimento demográfico e 
o agravamento das disparidades no interior da sociedade, tudo isso gerou novas reivindicações, impondo 
ao Estado um papel ativo na realização da justiça social. O ideal absenteísta do Estado liberal não 
respondia, satisfatoriamente, às exigências do momento. Uma nova compreensão do relacionamento 
Estado/sociedade levou os poderes públicos a assumir o dever de operar para que a sociedade lograsse 
superar as suas angústias estruturais. Daí o progressivo estabelecimento pelos Estados de seguros sociais 
variados, importando intervenção intensa na vida econômica e a orientação das ações estatais por 
objetivos de justiça social. 
Gilmar Ferreira Mendes et al. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 223 (com 
adaptações). 
Esse texto caracteriza, em seu contexto histórico, a 
(a) primeira geração de direitos fundamentais. 
(b) segunda geração de direitos fundamentais. 
(c) terceira geração de direitos fundamentais. 
(d) quarta geração de direitos fundamentais. 
 
 
9
 FERREIRA FILHO, Direitos humanos..., op. cit., p. 5. O autor cita como precedentes históricos dos direitos do 
homem (que, portanto, antecederam o fenômeno de nascimento dos direitos humanos no século XVIII): (1) Forais e 
cartas de franquia (documentos escritos que se difundem a partir da segunda metade da Idade Média que incorporam 
direitos de comunidades locais ou de corporações, outorgados pelos senhores feudais, (2) Magna Carta (de 21 de junho 
de 1215) outorgada pelo Rei João Sem Terra (Pacto do Rei João Sem Terra) que reconhece direitos dos súditos ingleses 
diante da Coroa, decorrentes da Law of the Land, a que se seguiram várias declarações inglesas como a Petition of Rights 
de 1628, Bill of Rights de 1689, (3) Rule of Law como expressão da Common Law, que expressão do Estado de Direito 
consolidado na Inglaterra a partir do direito constitucional consuetudinário. 
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(c.2) RELATIVIDADE – não são direitos absolutos: admite-se limitação ou contenção dos direitos 
fundamentais numa situação de colisão (conflito) entre direitos fundamentais (em que deverá 
prevalecer o que for considerado de ‘maior peso’ no caso concreto) ou em face da ordem pública, dos 
interesses da coletividade. Essa limitação pode estar prevista expressamente na Constituição Federal 
(exemplos: hipóteses do art. 5º, XI e XII que prevêem a possibilidade de invasão domiciliar e 
interceptação telefônica), ser realizada pelo legislador tendo em vista a necessidade de harmonizar 
direitos fundamentais (exemplo: hipóteses de aborto autorizadas pelo Código Penal), ou pelo próprio 
juiz no caso concreto. 
IMPORTANTE: No choque entre direitos fundamentais, o exercício de um implicará a invasão do 
âmbito de proteção do outro. A convivência exige um regime de cedência recíproca. A regra de 
solução do conflito é a da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos e da sua mínima 
restrição (menor sacrifício possível) compatível com a salvaguarda adequada de outro direito 
fundamental.10 Assim, no juízo de ponderação dos direitos colidentes, feito pelo legislador ou pelo 
juiz, num caso concreto e determinado (exemplo: permitir o aborto em casos de gravidez decorrente 
de estupro) é possível que um direito prevaleça sobre o outro.11 
 Exemplo de relatividade – O princípio da inafastabilidade do Poder Judiciário (5º, XXXV) não é 
absoluto, a própria Constituição Federal prevê exceção no art. 142, §2º, CF – “não caberá habeas 
corpus em relação à punição disciplinar militar”, o que a jurisprudência do STF lê como “não caberá 
habeas corpus em relação ao mérito da punição disciplinar militar”, vedando-se o controle 
jurisdicional do “mérito” da punição disciplinar militar. Se a prisão decorre de aplicação do poder 
disciplinar na esfera militar, o Judiciário não pode examinar o “mérito” da “prisão administrativa” 
seja mediante habeas corpus, seja por meio de qualquer outra ação. Todavia, o STF entende ser 
cabível habeas corpus em relação à punição disciplinar militar quando houver desatendimento, pela 
autoridade administrativa, de pressupostos formais: 
“Como assinala Pontes de Miranda, a transgressão disciplinar tem quatro pressupostos: 1º) a 
hierarquia: o transgressor deve estar subordinado a quem o pune, 2º) poder disciplinar: a lei deve 
atribuir poder de punir a esse superior, 3º) ato ligado à função: o fundamento da punição tem de ligar-
se à função do punido, 4º) pena: ou seja, sanção prevista em lei. Se faltar qualquer desses 
pressupostos, não houve, na verdade, transgressão disciplinar. Daí decorre que o cerceamento da 
liberdade de locomoção é ilegal, cabendo então a ordem judicial.”12 
Sobre o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional e a proibição da exigência de 
exaurimento da via administrativa, a Súmula 89 do STJ: “A ação acidentária prescinde do 
exaurimento da via administrativa”. 
 
10
 ARAÚJO, Luiz Alberto David de. Curso de direito constitucional positivo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 95-
96. 
11
 SAMPAIO, José Adércio Leite. A Constituição reinventada pela jurisdição constitucional. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2002. p. 728. 
12
 FERREIRA FILHO, Direitos humanos..., op. cit., p. 143. 
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PARA LEITURA – O DIREITO DE GREVE, como os demais direitos fundamentais, é relativo e por isso 
pode ser limitado tendo em vista a necessidade de proteger o interesse público e outros direitos 
fundamentais. Assim, quando a Constituição Federal assegura o direito de greve aos trabalhadores 
(art. 9º), já traça expressamente limites a serem respeitados nos §§1º e 2º: “a lei definirá os serviços 
ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade”e 
“os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei”. Da mesma forma, quando permite o 
direito de greve aos servidores públicos civis, remete o exercício do direito ao legislador ordinário que 
deverá definir termos e limites tendo em vista a necessidade de garantir a continuidade dos serviços 
públicos, do qual a coletividade depende (37, VII, CF que o STF classifica como norma constitucional de 
eficácia limitada). De outro lado, dada a estrutura militar (hierarquia e disciplina), a natureza das 
funções a serem por ela exercidas e a essencialidade da segurança pública, a Constituição Federal 
proíbe a sindicalização e a greve para os servidores militares (142, §3º, IV). 
c.3) IRRENUNCIABILIDADE ou INALIENABILIDADE (como regra, mas há exceções: art. 7º, VI, XIII e 
XIV, CF): a irrenunciabilidade diz respeito à titularidade dos direitos fundamentais, mas se admite 
renúncia ao seu exercício. 
(c.4) INDIVISIBILIDADE 
(c.5) IMPRESCRITIBILIDADE (como regra, exceção: art. 7º, inc. XXIX) 
(c.6) UNIVERSALIDADE 
(c.7) INTER-RELAÇÃO e INTERDEPENDÊNCIA 
(c.8) PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO SOCIAL 
 
24. (2º Exame 2007) Os direitos fundamentais são relativos e históricos, pois podem ser limitados por outros 
direitos fundamentais e surgem e desaparecem ao longo da história humana. (VERDADEIRA) 
 
2. TITULARIDADE dos direitos e garantias fundamentais (5º, caput) 
Os brasileiros e estrangeiros residentes no país ou não-residentes (lembrando que os estrangeiros, 
como regra, não podem titularizar direitos de nacionalidade, políticos e de participação em partidos 
políticos). 
Pessoas físicas e pessoas jurídicas quando o direito for compatível com sua personalidade (exemplo: 
direito à honra objetiva, direito de pleitear indenização por danos morais e materiais, direito de 
propriedade). Podem ser pessoas jurídicas de direito privado ou de direito público. 
 
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20 
 
Súmula 227, do STJ “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral” 
“A honra objetiva da pessoa jurídica pode ser ofendida pelo protesto indevido de título cambial, cabendo 
indenização pelo dano extrapatrimonial daí decorrente.13 
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. 
Súmula 654, do STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da 
República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. 
 
3. Direitos e garantias fundamentais expressos e implícitos (art. 5º, §2º, CF): ABERTURA DO CATÁLOGO DE 
DIREITOS E GARANTIAS 
Os expressos estão escritos na letra da Constituição Federal. Os implícitos decorrem do regime 
democrático ou dos princípios constitucionais (exemplo: privilégio contra a auto-incriminação e o 
direito de impetrar mandado de injunção coletivo). 
 
 
a) Os direitos e garantias previstos em tratados internacionais do qual a República Federativa do Brasil seja 
parte (art. 5º, §2 º e 3º, CF, na redação da Emenda n. 45/04 – “os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”) 
 
1. Sistemas: dualista ou monista 
1. Fases de incorporação, transposição ou recepção dos tratados internacionais: 
1. Celebração do 
tratado pelo 
Presidente da 
República (84, VIII, CF) 
2. Referendo do 
Congresso Nacional 
por meio de decreto 
legislativo (49, I, CF) 
3. Ratificação do 
tratado (depósito ou 
troca) 
4. Promulgação e publicação 
do tratado por decreto do 
Presidente da República (84, 
IV, CF) 
 
a) Antes da Emenda 45/04, os tratados internacionais sobre direitos humanos ingressavam na ordem 
jurídica interna com “status” de: lei ordinária federal – dotados de SUPRALEGALIDADE 
b) Depois da Emenda 45/04, os tratados internacionais sobre direitos humanos ingressam na ordem jurídica 
com “status” de: 
 
13
 STJ, 4ª Turma, Recurso Especial nº 60033/MG, Relator Ministro Ruy Rosado Aguiar Júnior. 
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21 
 
1. lei ordinária federal (se seguirem o rito simplificado, ou seja, forem aprovados no Congresso Nacional em 
cada Casa em um só turno por, no mínimo, a maioria simples ou relativa) com STATUS SUPRALEGAL, ou 
seja, como estão acima das demais leis não podem ser revogados por leis posteriores 
2. emenda constitucional (se seguirem o rito complexo, ou seja, forem aprovados no Congresso Nacional em 
cada Casa em dois turnos por, no mínimo, três quintos dos votos dos respectivos membros) – STATUS 
CONSTITUCIONAL 
 
c) Requisitos para que um tratado internacional tenha força de emenda constitucional: (1) versar sobre 
direitos humanos, (2) ser incorporado após a Emenda 45/04, (3) ser aprovado no rito do art. 5º, §3º, da CF. 
 
25. (3º Exame 2006) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às emendas constitucionais. (VERDADEIRA) 
 
26. (1º Exame 2008) Acerca de tribunais internacionais e de sua repercussão, assinale a opção correta: 
(a) O Tribunal Penal Internacional prevê a possibilidade de aplicação da pena de morte, ao passo que a 
Constituição brasileira proíbe tal aplicação. 
(b) O § 4.º do art. 5.º da Constituição Federal prevê a submissão do Brasil à jurisdição de tribunais penais 
internacionais e tribunais de direitos humanos. 
(c) O Estatuto de Roma não permite reservas nem a retirada dos Estados-membros do tratado. 
(d) O Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, estabelece uma diferença entre entrega e 
extradição, operando a primeira entre um Estado e o mencionado tribunal e a segunda, entre Estados. 
 
27. (3o Exame 2008) Tratados são, por excelência, normas de direito internacional público. No modelo 
jurídico brasileiro, como nas demais democracias modernas, tratados passam a integrar o direito interno 
estatal, após a verificação de seu iter de incorporação. A respeito dessa temática, assinale a opção correta, 
de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro. 
(a) Uma vez ratificados pelo Congresso Nacional, os tratados passam, de imediato, a compor o direito 
brasileiro. 
(b) Aprovados por decreto legislativo no Congresso Nacional, os tratados podem ser promulgados pelo 
presidente da República. 
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(c) Uma vez firmados, os tratados relativos ao MERCOSUL, ainda que criem compromissos gravosos à União, 
são automaticamente incorporados visto que são aprovados por parlamento comunitário. 
(d) Após firmados, os tratados passam a gerar obrigações imediatas, não podendo os Estados se eximir de 
suas responsabilidades por razões de direito interno. 
 
28. (1º Exame 2009) Com relação aos tratados internacionais, assinale a opção correta à luz da Convenção 
de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969: 
(a) Ainda que a existência de relações diplomáticas ou consulares seja indispensável à aplicação de um 
tratado, o rompimento dessas relações, em um mesmo tratado, não afetará as relações jurídicas 
estabelecidas entre as partes. 
(b) Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um 
tratado. 
(c) Reserva constitui uma declaração bilateral feita pelos Estados ao assinaremum tratado. 
(d) Apenas o chefe de Estado pode celebrar tratado internacional. 
 
29. (3º Exame 2009) Os tratados internacionais sobre direitos humanos firmados pela República Federativa 
do Brasil serão equivalentes às emendas constitucionais, se forem aprovados, em cada Casa do Congresso 
Nacional: 
(a) em único turno, por maioria absoluta dos votos dos respectivos membros. 
(b) em único turno, por três quintos dos votos dos respectivos membros. 
(c) em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros. 
(d) em dois turnos, por maioria absoluta dos votos dos respectivos membros. 
 
QUESTÃO 134. APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS. 
 
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APLICABILIDADE: capacidade da norma constitucional de produzir efeitos jurídicos. 
 
EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA CONTIDA EFICÁCIA LIMITADA 
 As normas constitucionais de 
eficácia contida são normas 
de aplicabilidade direta, 
imediata, mas 
possivelmente não integral. 
Embora sozinhas já 
consigam produzir todos os 
seus efeitos (positivos e 
negativos), permitem que o 
legislador restrinja, diminua, 
contenha a sua eficácia, 
prevendo exceções ou 
condicionamentos à sua 
incidência. Exemplos: 5º, 
VIII; 5º, XII; 5º, XIII; 5º, XV; 
5º, XLV; 5º LX; 5º, LXI. 
As normas constitucionais de eficácia 
limitada têm aplicabilidade indireta, 
mediata e reduzida. Sozinhas, só 
produzem efeitos negativos (servem de 
parâmetro para revogar leis anteriores 
ou declarar a inconstitucionalidade de 
leis posteriores com elas incompatíveis). 
Precisam de lei regulamentadora, que 
complete o seu comando normativo 
para produzirem efeitos positivos e 
assegurar o exercício do direito ou da 
competência nela previstos. Exemplos: 
5º, XXXII; 5º, XLII; 5º, XLIII; 7º, XXIII; 14, 
§9º; 33; 37, VII; 107, §único; 143, caput. 
ESPÉCIES: 
a) PROGRAMÁTICAS (fixam programas 
de ação que o Estado deve cumprir na 
área social, econômica ou cultural -
exemplos: arts. 196, 205 e 217, CF) 
b) RINCÍPIOS INSTITUTIVOS (princípios 
de organização de entes ou instituições 
públicas – exemplos: arts, 88, 109, 
inciso VI, CF) 
 
ART. 5º, §1º, CF: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata.”14 – presunção de aplicabilidade imediata: como regra, normas definidoras de direitos e 
garantias fundamentais têm eficácia plena ou contida; em caráter excepcional, têm eficácia limitada 
(aplicabilidade mediata). 
 
14 A doutrina e a jurisprudência referem-se, muitas vezes, a normas constitucionais auto-aplicáveis (são as de eficácia 
plena e contida que não dependem do legislador para a produção de efeitos positivos) e a normas constitucionais não 
auto-aplicáveis (são as de eficácia limitada, que dependem do legislador para produção de efeitos positivos). Exemplo 
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24 
 
5º, LXXI, CF: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a FALTA de NORMA 
REGULAMENTADORA torne inviável o exercício dos DIREITOS E LIBERDADES CONSTITUCIONAIS e das 
prerrogativas inerentes à NACIONALIDADE, à SOBERANIA e à CIDADANIA.” Logo, somente cabe 
mandado de injunção se (1) alguém tem um direito previsto numa norma constitucional de eficácia 
limitada, (2) está inviabilizada de exercer o direito, (3) a causa da impossibilidade do exercício do 
direito é a falta de norma regulamentadora. Num primeiro momento, o STF equiparou a decisão do 
MI a da ADIO (ação direta de inconstitucionalidade por omissão). Hoje, tem aceitado, por meio do 
MI, regular provisoriamente o exercício do direito (até que sobrevenha lei regulamentadora). 
 
30. (2º Exame 2006) O parágrafo único do art. 4º, da Constituição da República estabelece que a República 
Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, 
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Esse dispositivo constitucional 
constitui: 
(a) regra de eficácia limitada, uma vez que a sua aplicabilidade depende da edição de normas de caráter 
infraconstitucional, 
(b) princípio de eficácia contida, porque os comandos constitucionais somente se concretizam mediante a 
própria edição das normas infraconstitucionais a que se referem, 
(c) norma programática, que estabelece para o Estado o dever de envidar esforços para concretizar os seus 
preceitos, 
(d) dispositivo constitucional auto-aplicável, por força da regra constitucional que atribui eficácia imediata a 
todos os princípios constitucionais. 
 
31. (1º Exame 2007) (a) Ao contrário da norma de eficácia plena, a norma constitucional de eficácia contida 
é aquela que já contém todos os elementos necessários para a sua aplicação imediata, não admitindo 
qualquer normatividade ulterior, seja para aumentar a sua eficácia, seja para restringi-la. (FALSA) (b) A 
norma constitucional que preceitua como objetivos da República Federativa do Brasil erradicar a pobreza e 
 
de utilização dessa classificação: Súmula 24, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região: “São auto-aplicáveis os 
parágrafos 5º e 6º do art. 201 da Constituição Federal de 1988”; Súmula 648, do STF: “A norma do §3º, do artigo 192 da 
Constituição, revogada pela Emenda Constitucional 40/2003, que limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua 
aplicabilidade condicionada à edição de lei complementar”; Súmula 13, do TSE: “Não é auto-aplicável o §9º, do art. 14, 
da Constituição, com a redação da emenda constitucional de revisão nº 4/94.” 
Essa nomenclatura merece críticas porque as normas de eficácia limitada são auto-aplicáveis no tocante à eficácia 
negativa, podendo servir, imediatamente, como parâmetro para declaração de inconstitucionalidade de leis posteriores e 
revogação de leis anteriores com ela colidentes (imediatamente já produzem uma eficácia reduzida, a eficácia negativa ou 
paralisante). Exemplo de eficácia negativa de norma constitucional é o que mostra a Súmula 280 do STJ: “O art. 35 do 
Decreto-Lei n. 7661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5º, 
da Constituição Federal de 1988.” 
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25 
 
a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais é enquadrada como norma constitucional 
eficácia plena. (FALSA) 
 
32. (3o Exame 2008) O art. 37, VII, da CF, dispõe que “a administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) o direito de 
greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.” Acerca da interpretação e da 
aplicação dessas disposições constitucionais, assinale a opção correta: 
(a) O direito de greve dos servidores públicos é norma de eficácia plena. 
(b) A lei específica pode conter matéria estranha à disciplina do direito de greve dos servidores públicos. 
(c) Na ausência de lei específica, é cabível a impetração de mandado de injunção. 
(d) Compete à justiça do trabalho julgar os dissídios relativos ao direito de greve dos servidores públicos 
estatutários da administração direta, dos das autarquiase dos das fundações da União. 
 
5. DESTAQUE PARA DIREITOS E GARANTIAS positivados no art. 5º, CF 
1. IGUALDADE (Art. 5º, caput: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”; 5º, 
I, 3º, III) 
a) igualdade formal ou jurídica: significa tratar os iguais de forma igual e os diferentes de forma diferente, na 
medida das suas diferenças. O princípio da igualdade veda o tratamento diferenciado? Não, até exige quando 
as pessoas sejam realmente diferentes. A igualdade de tratamento jurídico divide-se em (1) igualdade na lei 
(conteúdo da lei) e igualdade perante a lei (aplicação da lei: dirige-se à Administração Pública, ao Poder 
Judiciário e aos particulares que devem observar a igualdade no momento da aplicação da lei). a.1. vedação à 
discriminação “negativa”: o princípio da igualdade não admite a utilização de critérios de discriminação 
ilógicos, desarrazoados ou injustos, que importam prejuízo ao exercício dos direitos e correlata exclusão. 
Exemplo: altura mínima para escrivão da polícia civil, o STF entendeu que o critério ofende o princípio da 
igualdade porque o escrivão não precisa ter porte intimidador para bem exercer as suas funções. Já altura 
mínima para delegado de polícia não ofende o princípio da igualdade, porque segundo o STF, aqui o critério se 
mostra lógico, razoável e justo, já que o delegado precisa ter porte intimidador. 
b) igualdade material ou de fato: igualdade real, porque é a igualdade social, econômica e cultural. b.1 a 
discriminação positiva ou revertida e as políticas compensatórias (exemplos: arts. 17, XX e 37, VIII, CF): a 
Constituição exige que o Estado adote políticas de inclusão das minorias (grupos socialmente vulneráveis que 
sofrem preconceito e se encontram numa situação de exclusão social). As cotas nos concursos públicos para 
pessoas portadoras de deficiência representam uma aplicação do princípio da igualdade material. 
“O princípio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, não é — enquanto postulado fundamental de 
nossa ordem político-jurídica — suscetível de regulamentação ou de complementação normativa. Esse 
princípio — cuja observância vincula, incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público — deve 
ser considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de extinguir privilégios (RDA 55/114), sob 
duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei e (b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei — que opera 
numa fase de generalidade puramente abstrata — constitui exigência destinada ao legislador que, no processo 
de sua formação, nela não poderá incluir fatores de discriminação, responsáveis pela ruptura da ordem 
isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos 
demais poderes estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que ensejem 
tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual inobservância desse postulado pelo legislador imporá ao ato 
estatal por ele elaborado e produzido a eiva de inconstitucionalidade.” (MI 58, Rel. Min. Celso de Mello, 
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julgamento em 14-12-90, DJ de 19-4-91) 
2. INAFASTABILIDADE DO PODER JUDICIÁRIO (5º, XXXV – “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”) Exceções constitucionais: art. 142, §2º e 217, §1º, CF. Este 
princípio não é absoluto. A primeira restrição constitucional diz respeito à impossibilidade do controle 
judicial do mérito da punição disciplinar militar. Entende, todavia, o STF que cabe habeas corpus para 
discutir os pressupostos formais da aplicação da punição disciplinar militar (autoridade incompetente, 
ofensa ao devido processo legal, ausência de previsão legal da pena). A segunda restrição diz respeito à 
exigência de esgotamento das instâncias da justiça desportiva para o ajuizamento de ação discutindo 
questões afetas à disciplina desportiva. 
 
3. JUIZ NATURAL (5º, XXXVII – “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e LIII – “ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.”) 
3.ª PROMOTOR NATURAL (127, §1º, CF – princípio institucional do Ministério Público: independência 
funcional) 
4. DEVIDO PROCESSO LEGAL (5º, LIV – “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o 
devido processo legal”) 
(a) em sentido material ou substancial: as normas processuais devem ser lógicas, justas e razoáveis. É a 
fonte do princípio da razoabilidade e da proporcionalidade (princípios constitucionais implícitos que 
derivam do devido processo legal em sentido material) 
O Princípio da razoabilidade nas Súmulas: SÚMULAS DO STF: 70: “É inadmissível a interdição de 
estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo” 547: “Não é lícito a autoridade 
proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e 
exerça suas atividades profissionais.” 667: “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a 
taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa” 680:“O direito ao auxílio-alimentação 
não se estende aos servidores inativos.” 683: “O limite de idade para a inscrição em concurso público 
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza 
das atribuições do cargo a ser preenchido.” 
Súmula 266 do STJ: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na 
posse e não na inscrição para o concurso público”. 
 
(b) em sentido formal: direito à observância das formalidades previstas na Constituição e na lei para a 
defesa dos direitos 
 
Súmula 686 do STF: “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo 
público.” 
 
RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO (5º, LXXVIII – “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são 
assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”): foi 
explicitado pela Emenda 45/04, porque já estava implícito no devido processo legal em sentido formal. 
 
5. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA (5º, LV – “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes.”) 
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Recente entendimento do STF: a exigência do depósito da multa para recorrer administrativamente ofende 
o princípio da ampla defesa, que também se aplica no processo administrativo. 
Recente entendimento do STJ: nos processos administrativos disciplinares (contra servidores públicos) a 
defesa técnica (feita por advogado) é indispensável, sob pena de nulidade do feito. 
No inquérito policial, entende o STF que não há contraditório e ampla defesa, porque se trata de um 
processo inquisitório. 
 
6. INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS ILÍCITAS (5º, LVI – “são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos”) 
a) Prova ilícita e prova ilegítima: prova ilícita é obtida com violação a normas constitucionais, enquanto a 
ilegítima com atentado a normas infraconstitucionais de caráter processual 
7. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (5º, LVII – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória”)A presunção de inocência não impede a prisão antes do trânsito em julgado 
da sentença condenatória. 
8. DIREITO AO SILÊNCIO (5º, LXIII – “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de 
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado.”) O STF entende que o 
direito ao silêncio não é só do preso, mas de qualquer pessoa, ainda que não esteja presa. 
 
 
33. (3º Exame 2006) Acerca dos direitos e deveres individuais, assinale aopção correta: 
(a) A casa é asilo inviolável do indivíduo. Ninguém pode ingressar em residência alheia sem o consentimento do 
morador, salvo flagrante delito ou determinação judicial, independentemente do horário do dia ou da noite. (FALSA) 
 
34. (1º Exame 2007) (a) No que se refere à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das 
pessoas, a Constituição Federal assegurou a preferência pelo modelo de reparação em detrimento da prevenção do dano. 
(b) A casa é asilo inviolável, nela não se pode penetrar, salvo na hipótese de flagrante delito ou para prestar socorro, 
durante o dia, ou por determinação judicial. (FALSAS) 
 
35. (2º Exame 2007) O dispositivo constitucional que assegura que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito é um direito e não uma garantia. (FALSA) 
 
36. (3º Exame 2006) (a) A sucessão de bens de estrangeiros situados no país será regulada sempre pela lei brasileira em 
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, independentemente da lei pessoal do de cujus. (b) mediante o pagamento 
de respectiva taxa, fica assegurado a todos o direito à obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de 
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. (FALSAS) 
 
37. (3º Exame 2006) Uma das inovações introduzidas pela Emenda Constitucional n. 45 é a garantia dada a todos, no 
âmbito judicial e administrativo, da duração razoável do processo e dos meios que assegurem a celeridade de sua 
tramitação. (VERDADEIRA) 
 
38. (2º Exame 2007) (a) São inafiançáveis os crimes de racismo, tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
terrorismo e os cometidos por grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o estado democrático. 
Mas em relação aos crimes hediondos, fica o legislador autorizado a excluir ou não a inafiançabilidade. (FALSA) (b) É 
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na 
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forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias. (VERDADEIRA) (c) Em nenhuma hipótese, são previstas 
penas de morte ou de caráter perpétuo, ou de trabalhos forçados, ou de banimento ou cruéis. (FALSA) 
 
39. (1º Exame 2006) No texto da Constituição da República, encontra-se explicitamente o princípio: 
(a) da proporcionalidade, no tocante à ponderação de valores constitucionais, 
(b) do duplo grau de jurisdição, no que concerne ao processo civil, 
(c) da eficiência, com relação à administração pública, 
(d) da proteção à boa-fé, no tocante às relações jurídicas contratuais. 
 
40. (1º Exame 2007) Acerca de política urbana, agrícola e de reforma agrária, assinale a opção correta: 
(a) compete privativamente à União desapropriar o imóvel rural para fins de reforma agrária, mas essa competência 
somente poderá incidir sobre imóveis que não estejam cumprindo sua função social, como, por exemplo, aqueles em que 
a atividade não favoreça o bem-estar dos trabalhadores, 
(b) o beneficiário da distribuição de imóvel rural objeto da reforma agrária pode alienar o seu domínio imediatamente, 
sendo esse um dos grandes entraves à concretização da reforma agrária, 
(c) o imóvel urbano que não esteja cumprindo a sua função social poderá ser imediatamente desapropriado, efetuando-se 
o pagamento com títulos da dívida pública, 
(d) os imóveis públicos urbanos não são suscetíveis de usucapião, mas essa restrição não se aplica aos imóveis públicos 
rurais. 
 
41. (2º Exame 2007) (a) Os bens públicos não podem ser desapropriados. (VERDADEIRA) 
 
49. (3º Exame 2007 Pato Branco) 
(a) Ao Poder Judiciário é vedado, no próprio processo de desapropriação, discutir sobre eventual desvio de 
finalidade do administrador ou sobre a existência dos motivos que o administrador tenha considerado como 
de utilidade pública. 
(b) A União pode desapropriar bens dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, mas os bens da União 
não são expropriáveis. 
(c) O estado-membro tem competência para desapropriar bens de uma autarquia ou de uma empresa pública 
municipal. 
 
50. (1o Exame 2009) De acordo com a CF, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. No que diz respeito aos direitos e garantias 
fundamentais previstos na CF, assinale a opção correta. 
(a) É admitida a interceptação telefônica por ordem judicial ou administrativa, para fins de investigação 
criminal ou de instrução processual penal. 
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(b) O duplo grau de jurisdição, no âmbito da recorribilidade ordinária, não consubstancia garantia 
constitucional. 
(c) Os direitos fundamentais não são assegurados ao estrangeiro em trânsito no território nacional. 
(d) Como decorrência da inviolabilidade do direito à liberdade, a CF assegura o direito à escusa de consciência, 
desde que adstrito ao serviço militar obrigatório. 
 
51. (2º Exame 2009) No que se refere à política urbana e à de reforma agrária, assinale a opção correta: 
(a) O imóvel público situado na área urbana só pode ser adquirido por usucapião se estiver sendo ocupado há 
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, como moradia familiar, desde que os membros da família não 
sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. 
(b) Compete à União desapropriar, por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não 
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro. 
(c) O plano diretor, aprovado pela câmara municipal, é obrigatório para cidades que tenham mais de vinte mil 
eleitores, nos termos do que dispõe o Estatuto das Cidades. 
(d) É insuscetível de reforma agrária a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
seu proprietário não possua outra. 
 
52. (3º Exame 2009) A respeito da política agrícola e fundiária e da reforma agrária, assinale a opção 
correta: 
(a) A alienação, a qualquer título, de terras públicas com área de mil e quinhentos hectares a pessoa jurídica 
depende de prévia aprovação do Congresso Nacional. 
(b) A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, sem a participação do setor de produção. 
(c) Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais por reforma agrária receberão títulos de domínio ou de 
concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos. 
(d) Propriedade produtiva pode ser desapropriada para fins de reforma agrária, dada a imperiosa necessidade 
de se observar o interesse coletivo. 
 
6. EFICÁCIA ou EFEITOS dos direitos fundamentais: “VERTICAL” (quando os direitos 
fundamentais aplicam-se em relações jurídicas regidas pelo Direito Público) e 
“HORIZONTAL” (“eficácia privada”, “eficácia em relação a terceiros”, “eficácia 
externa”, quando os direitos fundamentais se aplicam em relações jurídicas regidas 
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pelo Direito Privado) 
7. DIREITOS SOCIAIS (6º a 11, da CF) 
 
53. (3º Exame 2007 Pato Branco) Acerca dos direitos sociais na CF, assinale a opção correta. 
(a) O princípio da unicidade sindical, que veda a criação de mais de um sindicato representativo da mesma 
categoria profissional ou econômica na mesma base territorial, não é extensivo às federações e 
confederações sindicais. 
(b) Os direitos sociais elencados no art. 7.º da CF são aplicáveis, em sua totalidade, aos servidores ocupantesde cargos públicos. 
(c) O aposentado tem direito a votar nas eleições dos sindicatos, federações, confederações e centrais 
sindicais, mas não pode integrar a diretoria dessas entidades. 
(d) São assegurados ao trabalhador avulso os mesmos direitos do trabalhador com vínculo empregatício 
permanente. 
 
8. DIREITOS DE NACIONALIDADE 
a) Conceito de nacionalidade: “vínculo jurídico político que liga um indivíduo a certo e determinado Estado, 
fazendo deste indivíduo um componente do povo”.15 
 
b) Espécies de nacionalidade: 
1) NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA (12, I, a, b, c, CF – brasileiro nato): 
(a) jus soli: nascidos na República Federativa do Brasil ainda que de pais estrangeiros, desde que estes 
não estejam a serviço do seu país. Logo, para que uma pessoa nascida no Brasil não seja brasileiro nato, 
é preciso a conjugação de dois fatores: ambos os pais estrangeiros (ius sanguinis) + um dos pais, no 
mínimo, esteja a serviço do seu país. 
(b) jus sanguinis + critério funcional: os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira no 
exterior (ius sanguinis) + quando o pai ou a mãe está a serviço da República Federativa do Brasil 
(critério funcional). 
(12, I, c, na redação da Emenda 54, de 2007) NACIONALIDADE POTESTATIVA: “c) os nascidos no 
estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira 
competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois 
de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.” Art. 95 do ADCT (acrescentado pela 
 
15
 MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 213. 
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Emenda 54/07): “os nascidos no estrangeiro entre 7 de junho de 1994 e a data da promulgação desta 
Emenda Constitucional, filhos de pai brasileiro ou mãe brasileira, poderão ser registrados em 
repartição diplomática ou consular brasileira competente ou em ofício de registro, se vierem a residir 
na República Federativa do Brasil." 
 
2) NACIONALIDADE SECUNDÁRIA, DERIVADA OU ADQUIRIDA (12. II, a, b, CF - 
brasileiro naturalizado): 
(a) naturalização ordinária: (1) estrangeiros originários de países de língua portuguesa: os requisitos 
são constitucionais: residência por um ano ininterrupto no Brasil + idoneidade moral (12, II, a, CF); (2) 
estrangeiros não originários de países de língua portuguesa: adquirem a nacionalidade “na forma da 
lei”, que é o Estatuto do Estrangeiro, a Lei 6815/80 (12, II, a, CF) 
(b) naturalização extraordinária – estrangeiros de qualquer nacionalidade: residência no Brasil há 
mais de quinze anos ininterruptos (quinzenária) + ausência de condenação penal + requerimento do 
interessado (12, II, b). 
“O requerimento de aquisição da nacionalidade brasileira, previsto na alínea b do inciso II do art. 12 
da Carta de Outubro, é suficiente para viabilizar a posse no cargo triunfalmente disputado mediante 
concurso público. Isto quando a pessoa requerente contar com quinze anos ininterruptos de residência 
fixa no Brasil, sem condenação penal. A Portaria de formal reconhecimento da naturalização, expedida 
pelo Ministro de Estado da Justiça, é de caráter meramente declaratório. Pelo que seus efeitos hão de 
retroagir à data do requerimento do interessado." (RE 264.848, Rel. Min. Carlos Britto, DJ14/10/05) 
PROCEDIMENTO da NATURALIZAÇÃO: (1) requerimento do interessado perante o Ministério da 
Justiça, (2) o Poder Executivo dispõe de competência para conceder a naturalização, (3) entrega do 
certificado de naturalização pelo juiz federal competente (109, X, CF).16 
3) EQUIPARAÇÃO COM BRASILEIRO NATURALIZADO (12, §1º, CF – o “português 
equiparado” ou a “quase nacionalidade”): (1) o título somente pode ser adquirido por portugueses 
com residência permanente no país, (2) concede os direitos do brasileiro naturalizado desde que haja 
 
16 IV – APERFEIÇOAMENTO DA NATURALIZAÇÃO: Conforme o art. 111, da Lei 6815/80 (Estatuto do Estrangeiro), a 
concessão da naturalização é feita por meio de Portaria do Ministro da Justiça. O art. 119 desta Lei estabelece que, após 
a publicação da Portaria de Naturalização no Diário Oficial da União, o órgão competente do Ministério da Justiça 
(Departamento de Estrangeiros) “emitirá certificado relativo a cada naturalizando, o qual será solenemente entregue, 
na forma fixada em regulamento, pelo Juiz Federal da cidade onde tenha domicílio o interessado”. É a entrega solene do 
certificado de naturalização, pelo juiz federal competente, que consagra a efetiva aquisição da nacionalidade brasileira, 
ou seja, antes da entrega, o indivíduo ainda é estrangeiro. O Decreto 86715/81, que regulamenta a Lei 6815/80, 
determina, no art. 129, que a entrega do certificado constará de termo lavrado no livro de audiência, assinado pelo juiz 
e pelo naturalizado devendo este “I – demonstrar que conhece a língua portuguesa, segundo a sua condição, pela 
leitura de trechos da Constituição, II – declarar, expressamente, que renuncia à nacionalidade anterior, III – assumir o 
compromisso de bem cumprir os deveres de brasileiro.” No certificado de naturalização, serão anotadas a data da 
prestação do compromisso pelo naturalizado e a circunstância de ter sido lavrado o respectivo termo. 
17
 Cláusula do ut des ou de “admissão de reciprocidade” que depende de ato internacional. O Decreto 3927, de 19 de 
setembro de 2001 promulgou o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Brasil e Portugal, celebrado em Porto 
Seguro em 22 de abril de 2000. 
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reciprocidade em favor de brasileiros17, (3) não estabelece um regime de dupla nacionalidade ou 
nacionalidade comum luso-brasileira, porque o “português equiparado” continua sendo estrangeiro (não 
perde a nacionalidade portuguesa e nem adquire a nacionalidade brasileira) mas pode exercer alguns 
direitos (exclusivamente direitos civis caso adquira equiparação civil e também direitos políticos caso 
adquira equiparação política) inerentes aos brasileiros naturalizados, (4) Para o exercício dos direitos 
políticos, há necessidade de requerimento e residência permanente no país por, pelos menos, 3 anos. 
"A norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República — que contempla, em seu texto, hipótese 
excepcional de quase-nacionalidade — não opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo 
eficacial, seja no que se refere a todas as conseqüências jurídicas que dela derivam, pois, para incidir, 
além de supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua própria soberania, 
depende, ainda, de requerimento do súdito português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a 
obrigação de preencher os requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres 
entre brasileiros e portugueses." (Extradição 890, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 28/10/04) 
 
(QUESTÃO) Quem são os heimatlos, apátridas ou apólidos? São aqueles que não tem nenhuma 
nacionalidade. Trata-se de um conflito negativo de nacionalidade. 
 
c) SOMENTE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL pode outorgar tratamento diferenciado aos brasileiros natos e 
naturalizados – matéria sujeita à reserva constitucional absoluta (12, §2º): 
1. Cargos 
privativos de 
brasileiros natos 
(12, §3º): 
Presidente da 
República e Vice; 
Presidente da 
Câmara dos 
Deputados; 
Presidente do 
Senado Federal; 
Ministro do STF; 
oficial das forças 
armadas; 
membro de 
carreira 
diplomática e 
Ministro de 
Estado

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