Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 COMPLEMENTAÇÃO PEDAGOGICA 2º LICENCIATURA IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 DIREITOS HUMANOS Primeiramente, ao se iniciar uma reflexão sobre o papel dos direitos humanos em nossa sociedade, é importante considerar sua dimensão histórica e social, ou seja, o modo como tais direitos evoluíram ao longo do tempo e os contextos onde se inseriam. De acordo com Norberto Bobbio (1992), declarar que os homens nascem livres e iguais em direitos, como fizeram as primeiras declarações de direitos humanos modernas, é uma exigência da razão, mas não um dado histórico ou uma constatação da realidade. De fato, os homens não são livres nem iguais. A efetiva garantia de direitos implica um processo muito mais lento e incerto, permeado por disputas de poder e projetos de sociedade. Um exemplo disso é a própria evolução do que se entende por direitos humanos, ao longo dos séculos, até a formulação da noção contemporânea de direitos humanos que hoje nos serve de referência. As declarações de direitos humanos do mundo moderno surgiram a partir de correntes filosóficas influenciadas pelo racionalismo e jus naturalismo, nas quais os intelectuais europeus do século XVIII estiveram imersos. Esse período foi caracterizado como o do apogeu do Iluminismo ou Ilustração. Sustentava-se, basicamente, que o homem, enquanto tal, teria direitos naturais. Contudo, historicamente, a idéia de direito natural não surge com o jus naturalismo moderno; remonta, antes, ao pensamento cristão e clássico, aos grandes moralistas, poetas e escritores da Antigüidade, especialmente a Sófocles. Antígona, uma de suas melhores tragédias, trouxe como questão central o confronto entre o direito natural e IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 o direito positivo do Estado e serviu de inspiração e reflexão para pensadores como Hegel, Kant, Rousseau. Nesse sentido, a novidade trazida pelo Iluminismo foi à tradução do direito natural em lei escrita e positiva, por meio das declarações de direito, como a Declaração Americana de Direitos, de 1776, e a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. De acordo com Marilena Chauí, “A prática de declarar direitos significa, em primeiro lugar, que não é um fato óbvio para todos os homens que eles são portadores de direitos e, por outro lado, significa que não é um fato óbvio que tais direitos devam ser reconhecidos por todos. A declaração de direitos inscreve os direitos no social e no político, afirma sua origem social e política e se apresenta como objeto que pede o reconhecimento de todos, exigindo o consentimento social e político” (1989, p. 20). Nesse momento, predominava, enquanto noção de direitos humanos, uma concepção individualista e liberal de sociedade, em que o indivíduo, dotado de um valor em si, era o seu fundamento, consagrando-se o direito de liberdade como forma de limitar o poder de atuação do Estado em relação à ação do indivíduo. Contudo, no século XIX, definido por Eric Hobsbawn como a “era das revoluções”, a luta por direitos buscou incorporar aos direitos civis e políticos também os direitos sociais. O movimento operário, principal protagonista das transformações ocorridas no período, exigia mais do que a igualdade civil reconhecida pelas declarações de direito até então. Na Declaração Russa dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, de 1918, por exemplo, garantia-se o direito ao trabalho, à educação, à saúde, à moradia. Altera-se, desse modo, a relação estabelecida entre indivíduo e Estado. De uma idéia de não interferência nos direitos individuais, ou seja, de uma postura negativa do Estado, passa-se a exigir deste uma ação positiva e ativa na garantia dos direitos sociais. A questão dos direitos humanos assumiu novas dimensões diante dos horrores decorrentes da II Guerra Mundial em meados do século XX, com a emergência do fenômeno do totalitarismo nazista e fascista. Ao final do conflito, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), aprovada em 1948, assume nesse momento pretensões globais e procura articular os direitos civis e políticos IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 aos direitos econômicos, sociais e culturais, estabelecendo sua universalidade, indivisibilidade e interdependência. Ou seja, incorporou-se na DUDH não apenas aquilo que se convencionou chamar de primeira geração de direitos humanos, que consiste no direito às liberdades fundamentais – de locomoção, religião, pensamento, opinião, aprendizado, voto –, mas também os direitos de segunda geração, que abrangem os direitos econômicos, sociais e cultuais como educação, saúde, oportunidades de trabalho, moradia, transporte, previdência social, participação na vida cultural da comunidade, das artes, manifestações artísticas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos traz ainda, como objetivo comum a ser atingido por todos os povos e nações, que o Estado, cada indivíduo e cada órgão da sociedade se esforcem, por meio do ensino e da educação em geral, por promover o respeito aos direitos humanos proclamados e pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, para assegurar sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados- membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição. A educação, na DUDH, assume papel especial na promoção dos direitos humanos; ela é, ao mesmo tempo, um direito humano em si e condição para a garantia dos demais direitos. Em seu artigo 26 , a Declaração especifica algumas características do direito à educação: §1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, baseada no mérito. §2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. Nos anos seguintes, a DUDH e também vários pactos, acordos e convenções foram ampliando a abrangência de tais direitos e fortalecendo sua apropriação por meio dos Estados signatários, valendo ressaltar, dentre eles: IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 - Convenção relativa à Luta contra a Discriminação no Campo do Ensino (1960); - Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966); - Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966); - Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial (1966); - Convenção sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979); - Convenção sobre os Direitos da Criança (1989); - Convenção para proteção e promoção da diversidade de expressões culturais (2005). Recentemente, foi acrescida à noção de direitos humanos também uma terceira geração de direitos, que abrange o direito a um meio ambiente equilibrado e não poluído, uma qualidade de vida saudável, o direito à autodeterminação dos povos, direito ao progresso, direito à paz, bem como a outros direitos difusos e coletivos, não mais restritos a indivíduos ou a grupos específicos, mas a toda a coletividade. No início do século XXI, a noção contemporânea de direitos humanos com a qual se trabalha vem abarcar todas as gerações de direitos, consideradas igualmente fundamentais, sem hierarquizações, prevalecendo sua universalidade, IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 indivisibilidade e interdependência, a partir de uma postura ativa do Estado como garantidor desses direitos. A SOCIEDADE BRASILEIRA E OS DIREITOS HUMANOS No Brasil, a Constituição Federal de 1988 representa o principal marco jurídico do processo de transição democrática e de institucionalização dos direitos humanos. Ao instituir o Estado Democrático de Direito, define como seus fundamentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Vale ainda ressaltar que a República Federativa no Brasil, regendo-se em suas relações nacionais e internacionais pelo respeito aos direitos humanos, traz como seus objetivos fundamentais, dentre outros, a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais. Indica, desse modo, sua consonância com a concepção contemporânea de direitos humanos, que abrange a garantia não apenas de direitos políticos e civis, mas também de direitos econômicos, sociais e culturais. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Associados no regime militar à defesa dos direitos de presos políticos, diante da violência institucional praticada pelo Estado, os direitos humanos no Brasil se estenderam aos presos comuns e acabaram por ser identificados na sociedade como “direitos de bandidos”. Apesar de essa visão ainda predominar em alguns setores, inclusive como um legado histórico do autoritarismo que marca nossa sociedade, os trabalhos atuais de direitos humanos vêm enfatizando quão reduzida é esta perspectiva diante do que se entende hoje por direitos humanos. Essa é a concepção de direitos humanos presente, por exemplo, no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH) aprovado pelo Governo Federal em 1996 e, especialmente, no Plano revisado em 2002. No entanto, apesar dos avanços nas declarações de direitos, na elaboração do PNDH e na ampliação do conceito de direitos humanos, ainda são necessários esforços no sentido de sua materialização na sociedade brasileira, promovendo o fortalecimento de uma cultura de direitos humanos no país nas várias esferas sociais. Um aspecto a ser enfrentado para que se alcance esse objetivo relaciona-se com o reconhecimento de todo cidadão brasileiro enquanto sujeito de direitos, capaz de participar das decisões do país. Para tanto, é fundamental que se passe de uma cidadania passiva – aquela que é outorgada pelo Estado, com a idéia moral da tutela e do favor – para uma cidadania ativa – aquela que institui o cidadão como portador de direitos e deveres, mas essencialmente criador de direitos para abrir espaços de participação e possibilitar a emergência de novos sujeitos políticos (cf. Benevides, 1998, p.150). Há que se atentar também em nosso país para a hierarquização entre tipos diferentes de cidadãos de acordo com a classe social à qual pertencem, sendo ainda comum a criminalização da pobreza e a associação generalizada das classes populares ao banditismo e à violência: “As classes populares são geralmente vistas como „classes perigosas‟, ameaçadoras pela feiúra da miséria, ameaçadoras pelo grande número, ameaçadoras pelo possível desespero de quem nada tem a perder, e, assim, consolida-se o „medo atávico das massas famintas‟. (...) IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 “Esta é uma maneira de circunscrever a violência, que existe em toda a sociedade, apenas aos „desclassificados‟, que, portanto, mereceriam todo o rigor da polícia, da suspeita permanente, da indiferença diante de seus legítimos anseios” (Benevides, 2004, p. 50). A construção e a consolidação de uma cultura em direitos humanos no Brasil implicam, desse modo, enfrentar essa série de desafios e contradições, ainda presente em nossa sociedade, que afeta todos os brasileiros em termos da sua qualidade de vida e das possibilidades de seu pleno desenvolvimento enquanto pessoa humana. A educação, nesse contexto, aparece como um espaço privilegiado para a promoção dessa cultura de direitos humanos, contribuindo para a difusão de atitudes, valores e práticas coerentes com esses princípios, seja por meio da educação escolar, no nível básico ou superior, seja pela educação não-formal, por meio da atuação de organizações da sociedade civil, pela mídia e os sistemas de justiça e segurança. A EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS A preocupação e o interesse com a promoção de uma educação orientada para os direitos humanos ganham maior projeção em meados dos anos 90 com a IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 definição, em 1995, da década da educação em direitos humanos, encerrada, em 2004, com a aprovação, no ano seguinte, do Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (PMEDH) e seu Plano de Ação. Esse debate repercute no Brasil no mesmo período, especialmente no âmbito das organizações da sociedade civil e, em 2003, ganha maior institucionalidade, com a criação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos e o início da elaboração de uma primeira versão do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) no país, finalmente aprovado em sua forma final em 2006. Considera-se o PNEDH um instrumento orientador e fomentador das ações de educação em direitos humanos, especialmente por parte das políticas públicas nas áreas da educação básica, superior, educação não-formal, dos sistemas de justiça e segurança e da mídia. O Plano visa, sobretudo, promover e difundir uma cultura de direitos humanos no país. A educação, por sua vez, é entendida como um meio privilegiado para atuar nessa direção (cf. PNEDH, 2006). No entanto, o que significa educar em direitos humanos? É possível ensinar direitos humanos? De acordo com o PNEDH, a educação em direitos humanos deve ser promovida em três dimensões: “a) conhecimentos e habilidade: compreender os direitos humanos e os mecanismos existentes para a sua proteção, assim como incentivar o exercício de habilidades na vida cotidiana; b) valores, atitudes e comportamentos: desenvolver valores e fortalecer atitudes e comportamentos que respeitem os direitos humanos; c) ações: desencadear atividades para a promoção,defesa e reparação das violações aos direitos humanos” (2006, p. 23). Considera-se, segundo essa definição, a educação em direitos humanos como uma educação permanente e global, que não trabalha apenas com a dimensão da razão e da aprendizagem cognitiva, mas envolve também aspectos afetivos e valorativos que precisam ser sentidos, vivenciados. É preciso experimentar os direitos à liberdade, à igualdade, à justiça e à dignidade para entender o que significam e, principalmente, para que se consiga difundi-los (BENEVIDES, 2001). Desse modo, “de nada adiantará levar programas de direitos humanos para a escola se a própria escola não é democrática na sua relação de respeito com os alunos com os pais, com os professores, com os funcionários e com a comunidade que a cerca” (Benevides, 2001, p. 40). Por outro lado, a introdução IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 dessa discussão na escola pode servir para questionar suas próprias contradições e conflitos cotidianos, propiciando a busca de formas para enfrentá-los. A proposta é que a educação em direitos humanos seja um eixo central do trabalho desenvolvido nas escolas e permeie o currículo como um todo, a formação inicial e continuada dos profissionais da educação, o projeto político-pedagógico da instituição, os materiais didático-pedagógicos, o modelo de gestão e de avaliação e as metodologias e práticas desenvolvidas no conjunto do espaço escolar. Como observa Vera Candau (2003), é essencial enfatizar processos que utilizem metodologias participativas e de construção coletiva, superando estratégias pedagógicas meramente expositivas, e que empreguem uma pluralidade de linguagens e materiais de apoio, orientados para mudanças de mentalidade, atitudes e práticas individuais e coletivas. A educação em direitos humanos vai além de uma aprendizagem de conteúdos; inclui o desenvolvimento social e emocional de todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem. Seu objetivo é desenvolver uma cultura em direitos humanos, em que os direitos humanos são praticados e vividos na comunidade escolar e demais instituições públicas, em interação com a comunidade local. Para tanto, é essencial garantir que o ensino e a aprendizagem da educação em direitos humanos ocorram em um ambiente direcionado para os direitos humanos. É fundamental assegurar que os objetivos, práticas e organização das instituições sejam consistentes com os seus valores e princípios. Uma escola assim orientada caracteriza-se pelo entendimento mútuo, pelo respeito e pela responsabilidade; almeja a igualdade de oportunidades, o sentido de pertencimento, a autonomia, a dignidade e a autoestima de todos os membros da comunidade escolar (PMEDH, 2005). Considera-se, por fim, que a defesa, a proteção e a promoção da educação em direitos humanos, como práticas a serem difundidas pelas várias esferas da sociedade, exigem que as escolas e demais instituições públicas assumam um compromisso permanente com o fortalecimento de uma cultura de direitos humanos no país, consolidando o Estado Democrático de direito e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 NOMENCLATURA DOS DIREITOS HUMANOS Encontramos na literatura diversas nomenclaturas para o conjunto de direitos essenciais ao ser humano: Direito das gentes, direitos humanos, liberdades públicas, direitos fundamentais etc.. O constituinte originário utilizou a denominação direitos fundamentais para aqueles que estão positivados em nossa Carta de 1988. “Em suma, a expressão direitos fundamentais é a mais precisa. Primeiro, pela sua abrangência. O vocábulo direito serve para indicar tanto a situação em que se pretende a defesa do cidadão perante o Estado como os interesses jurídicos de caráter social, político ou difuso protegidos pela Constituição. De outro lado, o termo fundamental destaca a imprescindibilidade desses direitos à condição humana.” “Direitos humanos é expressão preferida nos documentos internacionais. Contra ela, assim, contra a terminologia direitos do homem, objeta-se que não há direito que não seja humano ou do homem, afirmando-se que só o ser humano pode ser titular de direitos. Talvez já não mais assim, porque, aos poucos, se vai transformando um direito especial de proteção dos animais.” Grifos no original. “Direitos fundamentais do homem constitui a expressão mais adequada a este estudo, porque, além de referir-se a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia política de cada ordenamento jurídico, é reservada para IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 designar, no nível do direito positivo, aquelas prerrogativas e instituições que ele concretiza em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas.” OBS.: A Constituição utiliza a nomenclatura direitos fundamentais e os tratados internacionais utilizam a nomenclatura direitos humanos. É preciso enfatizar, que a dignidade da pessoa humana – alçada a princípio fundamental pela Constituição Brasileira (CF/88, art. 1º, III) é vetor para a identificação material dos direitos fundamentais – apenas estará assegurada quando for possível ao homem uma existência que permita a plena fruição de todos os direitos fundamentais. DIGNIDADE HUMANA A dignidade da pessoa humana não é vista pela maioria dos autores como um direito, pois ela não é conferida pelo ordenamento jurídico. Trata-se de um atributo que todo ser humano possui independentemente de qualquer requisito ou condição, seja ele de nacionalidade, sexo, religião, posição social etc. É considerada como o nosso valor constitucional supremo, o núcleo axiológico da constituição. Considerada o núcleo em torno do qual gravitam os direitos fundamentais. Para que possa ser protegida e concedida, a Dignidade da Pessoa Humana (DPH) é protegida pela CF/88 através dos direitos fundamentais, confere caráter sistêmico e unitário a esses direitos. Existem direitos fundamentais que estão mais próximos (derivações de primeiro grau: liberdade e igualdade) e outros que estão mais afastados (derivações de segundo grau). A dignidade da pessoa humana é uma qualidade intrínseca, inseparável de todo e qualquer ser humano, é característica que o define como tal. Concepção de que em razão, tão somente, de sua condição humana e independentemente de qualquer outra particularidade, o ser humano é titular de direitos que devem ser respeitados pelo Estado e por seus semelhantes. É, pois, um predicado tido como inerente a todos os seres humanos1 e configura-se como um valor próprio que o IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 identifica. Pode-se trazer à baila a visão antropológica de Leonardo Boff, quando do ultraje da dignidade: Nada mais violento que impedir o ser humano de se relacionar com a natureza, com seus semelhantes, com os mais próximos e queridos, consigo mesmo e com Deus. Significa reduzi-lo a um objeto inanimado e morto. Pela participação, ele se torna responsável pelo outro e con-cria continuamente o mundo, como um jogo de relações, como permanentedialogação. Carmem Lúcia Antunes Rocha, ao comentar o Art. 1º da Declaração dos Direitos Humanos, o festejado dispositivo que decreta a igualdade de todos os seres humanos em dignidade e direitos, faz as seguintes considerações: Gente é tudo igual. Tudo igual. Mesmo tendo cada um a sua diferença. Gente não muda. Muda o invólucro. O miolo, igual. Gente quer ser feliz, tem medos, esperanças e esperas. Que cada qual vive a seu modo. Lida com as agonias de um jeito único, só seu. Mas o sofrimento é sofrido igual. A alegria, sente-se igual. A ausência de dignidade possibilita a identificação do ser humano como instrumento, coisa – pois viola uma característica própria e delineadora da própria natureza humana. Todo ato que promova o aviltamento da dignidade atinge o cerne da condição humana, promove a desqualificação do ser humano e fere também o princípio da igualdade, posto que é inconcebível a existência de maior dignidade em uns do que em outros. Pode-se valer da explicação de José Afonso da Silva acerca do conceito de dignidade da pessoa humana, a fim de se entender o significado para além de qualquer conceituação jurídica, posto que a dignidade é, como dito, condição inerente ao ser humano, atributo que o caracteriza como tal: A dignidade da pessoa humana não é uma criação constitucional, pois ela é um desses conceitos a priori, um dado preexistente a toda experiência especulativa, tal como a própria pessoa humana. A explicação de José Afonso da Silva se adere ao entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet ao informar sobre as dificuldades de uma definição precisa e satisfatória de dignidade da pessoa humana. E como relembra este autor, foi Kant quem definiu o entendimento de que o homem, por ser pessoa, constitui um fim em si mesmo e, então, não pode ser considerado como simples meio, de modo que a instrumentalização do ser humano é vedada. Tal definição tem inspirado os pensamentos filosófico e jurídico na modernidade. A dignidade não pode ser renunciada ou alienada, de tal sorte que não se pode falar na pretensão de uma IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 pessoa de que lhe seja concedida dignidade, posto que o atributo lhe é inerente dada a própria condição humana. FILOSOFIA GRECO-ROMANA: BASEADA NA SUA RACIONALIDADE HUMANA O conhecimento filosófico vai ser resultado do exercício e do processo de filosofar, buscando a verdade sem querer possuí-la. O ser humano busca um sentido para sua existência e um sentido mais amplo da realidade. A questão central da filosofia: quem é o ser humano e qual é o sentido da vida, da realidade. Preocupa-se em conhecer a si próprio e com o destino da humanidade. As conclusões filosóficas são sempre parciais e as respostas levam sempre a novas perguntas. O pensar Há diferença entre pensar e ter pensamentos. O pensar é uma atividade: “O pensamento é o passeio da alma”, diz um filósofo grego desconhecido. Pensar é um movimento, uma atividade, uma ação. É uma atividade pela qual a inteligência coloca algo diante de si para atentamente considerar, avaliar, pesar, equilibrar, entender. Por meio do pensamento manifestamos nossa capacidade de elaborar regras, normas, leis e princípios. Nós pensamos e sabemos que pensamos. Essa IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 capacidade de refletir sobre o nosso próprio pensamento nos permite encadear processos de abstração. São esses processos de abstração que nos levam a conhecer a realidade e atribuir significados a essa realidade. Isso é possível por que o homem é dotado de razão, da capacidade de raciocinar. O pensamento conta com seu mais poderoso invento: a palavra. É a palavra que confere ao homem essa capacidade de pensar. O pensamento nos familiariza com o mundo e nos leva a compreender o significado dos objetos, das pessoas e das relações entre uns e outros. Nem todos os pensamentos levam à verdade, ou seja, resultam de uma forma lógica correta. Para chegar ao conhecimento verdadeiro, o pensar deve ser movido pelo raciocínio, com uma lógica e argumentos válidos. O processo de pensar pode levar a uma realidade cada vez mais aprimorada. A abstração filosófica nos permite sair da aparência para a essência. Segundo diversas teorias, só é considerado livre o ser humano que é autônomo, capaz de pensar por si mesmo e dar respostas originais a si próprio e ao mundo. E acredita-se que isso é um aprendizado, ou seja, fruto de educação – é possível por meio de a educação oferecer as condições de aprimorar sua capacidade de pensar. O mundo é feito de ideias. As ideias são frutos do pensamento. Um pensar pobre não produz ideias, gera um mundo pobre. Perguntas que devemos fazer: _ Minhas crenças correspondem a um saber verdadeiro a um conhecimento? A minha fala é coerente? _ O que orienta minha atitude? Qual o sentido de minha ação? O pensamento, a linguagem e o conhecimento O pensamento é a fala internalizada, enquanto a linguagem é a expressão do pensamento. A linguagem permite a comunicação com o mundo, com os outros. O fazer humano deve ser resultado do conhecimento. E o conhecimento é resultado de um pensar correto. O fazer humano deve modificar a realidade exterior, formar os homens, aproximá-los entre si e enriquecer o mundo de valores. Existem várias formas de conhecer e interpretar a realidade, com diferentes enfoques e metodologias: IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 _ O mito – imagens, símbolos e significados. História e narrativa. _ O senso comum – herança, tradição, experiências _ A ciência – estrutura seu saber pelo método científico _ A Filosofia – reflexão rigorosa, sistemática _ A religião – fé, transcendência da vida humana _ A arte - intuição e sensibilidade Senso comum É o conhecimento recebido por tradição e que ajuda a nos situarmos no cotidiano, para compreendê-lo e agir sobre ele. É um conjunto de crenças, baseadas no conhecimento espontâneas e não-crítico, mas que revelam o esforço de buscar soluções para a nossa vida cotidiana. Essas noções podem esconder ideias falsas e preconceituosas. No entanto, não podemos desprezar o senso-comum, pois essa forma de conhecimento tão universal contém muita sabedoria essencial para o desenvolvimento e organização da humanidade (ex: a roda e o fogo). O que caracteriza o senso comum não é sua verdade ou falsidade, é a ausência de crítica, fundamentação e coerência dessas concepções. O senso comum é transmitido no cotidiano, por meio da cultura e hábitos, de pende de julgamento e de valores. Muitas vezes essas concepções do senso comum se transformam em ditados populares. O senso comum lida com opiniões e pré- conceitos, noções parciais e com julgamentos da realidade. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Ciência A ciência produz um conhecimento sistemático e empiricamente fundamentado, a partir de um método racional. A partir da observação rigorosa, a ciência busca conhecer explicar a realidade forma objetiva, sem interferência de valores e julgamentos. A ciência trabalha com conceitos, quesão as noções elaboradas, testadas rigorosamente, comprovadas. Busca descobrir leis gerais que sejam válidas para várias situações particulares. Dogmatismo Dogmas são conhecimentos inquestionáveis, são noções estabelecidas sem contestação e crítica. O dogmatismo é a nossa crença de que o mundo existe e é exatamente igual ao que percebemos, por isso não é necessário criticar e refletir sobre a realidade. A atitude dogmática é a aceitação natural e espontânea diante das coisas do mundo: acreditamos e percebemos o mundo pronto e conhecido. É uma atitude conservadora, ou seja, queremos conservar o mundo e as coisas como já são naturalmente. Criamos idéias preconcebidas e rígidas em defesa desse mundo. A Atitude filosófica é o oposto da atitude dogmática - A atitude filosófica pressupõe a dúvida e a crítica, não aceitar como naturais as coisas, os fatos, as ideias os comportamentos, os valores da nossa vida cotidiana. É preciso desconfiar das opiniões e crenças estabelecidas pela sociedade e cultura, e, também, desconfiar das próprias opiniões e crenças. É a atitude que nos leva a analise, reflexão e critica. Ir além da aparência e buscar a essência das coisas, dos fatos, dos valores, opiniões. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Procurar saber o que é (significado), como é (estrutura) e por que é (causa) de algo. ÉTICA – DEFINIÇÃO O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética. Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado. A ética pode ser interpretada como um termo genérico que designa aquilo que é frequentemente descrito como a "ciência da moralidade", seu significado derivado do grego, quer dizer 'Casa da Alma', isto é, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. Em Filosofia, o comportamento ético é aquele que é considerado bom, e, sobre a bondade, os antigos diziam que: o que é bom para a leoa, não pode ser bom à gazela. E, o que é bom à gazela, fatalmente não será bom à leoa. Este é um dilema ético típico. Portanto, de investigação filosófica, e devidas subjetividades típicas em si, ao lado da metafísica e da lógica, não pode ser descrita de forma simplista. Desta forma, o objetivo de uma teoria da ética é determinar o que é bom, tanto para o indivíduo como para a sociedade como um todo. Os filósofos antigos adotaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos indivíduos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a "ética de situação". Nesta, o que está certo depende das circunstâncias e não de qualquer lei geral. E sobre se a bondade é determinada pelos resultados da ação ou pelos meios pelos quais os resultados são alcançados. O homem vive em sociedade, convive com outros homens e, portanto, cabe- lhe pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, esta é a questão central da Moral e da Ética. Enfim, a ética é julgamento do caráter moral de uma determinada pessoa. Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas consequências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 DOUTRINA Como Doutrina Filosófica, a Ética é essencialmente especulativa e, a não ser quanto ao seu método analítico, jamais será normativa, característica esta, exclusiva do seu objeto de estudo, a Moral. Portanto, a Ética mostra o que era moralmente aceito na Grécia Antiga possibilitando uma comparação com o que é moralmente aceito hoje na Europa, por exemplo, indicando através da comparação, mudanças no comportamento humano e nas regras sociais e suas consequências, podendo daí, detectar problemas e/ou indicar caminhos. Além de tudo ser Ético é fazer algo que te beneficie e, no mínimo, não prejudique o "outro". Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e "o bem" (ou entre "o mal" e o mal"), levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros. VISÃO A ética tem sido aplicada na economia, política e ciência política, conduzindo a muitos distintos e não-relacionados campos de ética aplicada, incluindo: ética nos negócios e Marxismo. Também tem sido aplicada à estrutura da família, à sexualidade, e como a sociedade vê o papel dos indivíduos, conduzindo a campos da ética muito distintos e IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 não-relacionados, como o feminismo e a guerra, por exemplo. A visão descritiva da ética é moderna e, de muitas maneiras, mais empírica sob a filosofia Grega clássica, especialmente Aristóteles. Inicialmente, é necessário definir uma sentença ética, também conhecido como uma afirmativa normativa. Trata-se de um juízo positivo ou negativo (em termos morais) de alguma coisa. Sentenças éticas são frases que usam palavras como bom, mau, certo, errado, moral, imoral, etc. Aqui vão alguns exemplos: • “Salomão é uma boa pessoa” • “As pessoas não devem roubar” • “A honestidade é uma virtude”Em contraste, uma frase não ética precisa ser uma sentença que não serve para uma avaliação moral. Alguns exemplos são: • “Salomão é uma pessoa alta” • “As pessoas se deslocam nas ruas” "João é o chefe". ÉTICA NAS CIÊNCIAS A principal lei ética na robótica é que: • Um robô jamais deve ser projetado para machucar pessoas ou lhes fazer mal na biologia: IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 • Um assunto que é bastante polemico é a clonagem: uma parte dos ativistas considera que, pela ética e bom senso, a clonagem só deve ser usada, com seu devido controle, em animais e plantas somente para estudos biológicos - nunca para clonar seres humanos. Podemos pensar sobre moral de três maneiras diferentes. Primeiro, podemos indagar se uma ação particular ou tipo de ação é certa ou errada. O aborto ou a eutanásia são certos ou errados? Mentir pode ser admissível? Esse tipo de pensamento é chamado ética prática, e todos que já defenderam ou condenaram alguma ação com base na moral adotaram algum tipo de ética prática. Como encontrar as respostas para perguntas desse tipo? A ética normativa, que determina o pensar sobre certo e errado ou bom e mau, desenvolve teorias gerais sobre o que é certo e o que é bom que podemos usar em casos práticos. Podemos tentar entender essas ideias considerando nossas próprias ações; ou examinando suas consequências; ou considerando o tipo de pessoas que podemos ser ou nos tornar. A terceira maneira de pensar crítica e reflexivamente sobre moral é a metaética (“meta” é uma palavra grega que significa “acima”, “além” ou “após”). A metaética é o estudo das próprias ideias de certo e errado, bom e mau – os conceitos que a ética presume. A ideia de que a moral se funda na natureza humana foi usada na ética normativa e na metaética. A moral diz respeito não só a situações práticas, mas a ideias sobre a natureza humana e sobre como “valores morais” se inserem em nossa concepção científica do mundo. ÉTICA DA VIRTUDE Veja a charge e reflita! Essa situação parece ser brincadeira, mas infelizmente acontece nas melhores cidades. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Essa charge serve para pensarmos sobre o que é ser uma pessoa virtuosa. Uma pessoa virtuosa é alguém que tem traços de caráter moralmente bons. Podemos afirmar que uma ação é certa se for uma ação que uma pessoa virtuosa praticaria. Uma ação certa expressará, então traços de caráter moralmente bons e é isso que a torna certa. P. ex., dizer a verdade expressa sinceridade. O caráter envolve as propensões de uma pessoa ligada ao que, em diferentes circunstâncias, ela sente e pensa, ao modo como reage, aos tipos de escolhas que faz e ações que pratica. Assim, alguém é irascível se é propenso a se irritar rapidamente e com frequência, ou imoderado se fica bêbado muitas vezes e excessivamente. Uma virtude de caráter é um traço de caráter que nos dispõe a sentir desejos e emoções “bem”, e não “mal”. Nosso principal objetivo, portanto, deveria ser desenvolver as virtudes, pois então saberemos o que é certo fazer e desejaremos fazê-lo. Aristóteles afirma que virtudes são qualidades que nos ajudam a “viver bem”: uma conquista definida pela natureza humana. Seu termo para “viver bem”- eudaimonia - foi traduzido por “felicidade”, mas a ideia é mais próxima de “florescimento”. Temos uma ideia do que é “florescer” para uma planta ou animal, e podemos fazer uma análise de suas necessidades e julgar quando serão atendidas. Segunda a teoria da virtude, a filosofia moral deveria se ocupar de definir condições similares para o crescimento nas vidas dos seres humanos. Viver envolve, sobretudo, escolher e agir, mas também a natureza de nossas relações com outrem e o estado de nossa “alma”. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Virtude e razão Por ser racional, para viver o bem o ser humano deve viver “em conformidade com a razão.” Se sentimos emoções e desejos, e fazemos escolhas “bem” (virtuosamente), sentimos e escolhemos “nos momentos certos, com referência aos objetos certos, com respeito às pessoas certas, com o motivo certa e da maneira certa”. A virtude da sabedoria prática nos ajuda a saber o que é “certo” em cada caso. Trata-se de conhecimento prático de como viver uma boa vida. Eu preciso ser capaz de compreender minha situação e como agir nela. Mas as circunstâncias sempre diferem e assim, afirma Aristóteles, a compreensão ética não é algo que possa ser ensinado, pois o que pode ser ensinado é geral, não particular. Regras e princípios raramente se aplicam de maneira clara a situações reais. O conhecimento moral só é adquirido através da experiência. O meio-termo Aristóteles defende a ideia de que uma resposta ou ação virtuosa é intermediária: assim como há um momento certo para se irritar (ou sentir qualquer emoção em particular), algumas pessoas podem se zangar demais, por causa de coisas demais, com pessoas demais etc. Outras podem não se zangar o suficiente, ou em relação a objetos e pessoas suficientes (talvez não percebam que outros estão se aproveitando delas). A virtude é o estado intermediário entre os dois vícios, “demais” e “de menos”. Essa doutrina do meio-termo não afirma que, quando nos zangamos, deveríamos ficar apenas moderadamente zangados; devemos ficar tão zangados quanto à situação exige. A doutrina do meio-termo não ajuda muito na prática. Primeiro “demais” e “de menos” não são quantidades numa única escala. Saber o “momento certo, o objeto certo, a pessoa certa, o motivo certo, a maneira certa” é bem complicado. Segundo, IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 utos ou por cobiça, as ações po rais são uma parte real do mu expressões de crenças que po o o mudo é – das propriedades não há uma noção independente de “intermediário” que nos indique com que frequência e em que grau devemos nos zangar. No entanto, a teoria da virtude não pretende fornecer um método exato para tomar decisões. A virtude prática não é um conjunto de regras, mas fornece algum tipo de orientação. Sugere que concebamos as situações em termos das virtudes. Em vez de perguntar “Poderiam todos fazer isto?”, como Kant sugere, ou “O que trará as melhores consequências?”, como o utilitarismo sugere, podemos fazer uma série de perguntas: “Essa ação seria bondosa/corajosa/leal...?” Se concebemos as ações como expressões de virtude, essa abordagem pode ser muito útil. A REALIDADE DA MORALIDADE O estudo de conceitos éticos – certo e errado, bom e mau – e de sentenças que usam esses conceitos é chamado metaética. Na metaética, os filósofos debatem se há verdades morais universais, ou se a moralidade é simplesmente uma expressão de emoções ou costumes culturais. O “realismo moral” afirma que bom e mau são propriedades de situações e pessoas, e certo e errado são propriedades de ações. Assim como podem ser altas ou velozes, as pessoaspodem ser boas ou más. Assim como podem ser praticadas em dez min dem ser certas ou erradas. Essas propriedades mo ndo. Declarações como “Assassinato é errado” são dem ser verdadeiras ou falsas, dependendo de com que uma ação, pessoa ou situação realmente têm. O realismo moral é, para muitos, a posição de “senso comum” em ética. Muitos acreditam que as coisas são realmente certas ou erradas; não são nossas ideias que as tornam assim. Nossa experiência da moralidade também sugere o IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 realismo moral. Primeiro, podemos cometer erros. As crianças fazem com frequência; precisamos ensinar-lhes o que é certo e errado. Se certo e errado na moral não envolvessem fatos, não seria possível cometer erros. Segundo, a moralidade parece uma exigência feita a partir de “fora”. Sentimo- nos responsáveis por um padrão de comportamento que independe do que queremos. A moralidade não é determinada pelo que pensamos a seu respeito. Terceiro, muitos acreditam em progresso moral. Mas como isso é possível, a menos que algumas ideias sobre moralidade sejam melhores que outras? E como isso é possível, a menos que haja fatos sobre a moralidade? Mais que um sentimento? Por outro lado, sabemos que há diferenças culturais em crenças morais, o que pode levar alguns a abandonar o realismo moral pelo relativismo. Mas a tolerância das diferenças culturais tende a ser muito limitada. P. ex., poucos parecem pensar que, pelo fato de o assassinato de membros de outras tribos ou a circuncisão feminina serem moralmente permissíveis em algumas sociedades, isto os tornam certos, até mesmo nessas sociedades. Mas sabemos que, diferentemente de outras crenças, a moralidade desperta fortes emoções e é difícil resolver disputas morais. Se tendermos a pensar que isso ocorre porque não há fatos morais, podemos ser levado ao emotivismo. Fatos e Valores Eis a questão: se há fatos sobre certo e errado, de que tipo são? Como pode um valor (um “fato” moral) ser algum tipo de fato? Valores relacionam-se com avaliações. Se ninguém avaliasse nada, haveria valores? Fatos são parte do mundo. O fato de que dinossauros vagaram pela Terra há milhões de anos seria verdade, mesmo se nunca tivéssemos descoberto isso. Mas é mais IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 difícil acreditar que valores “existam” independentemente de nós e de nosso discurso sobre eles. Essa comparação é injusta. Há muitos fatos – relativos p.ex. a estar enamorado, ou à música – que “dependem” de seres humanos e de suas atividades (não haveria amor se ninguém amasse). Mas continuam sendo fatos, porque independem de nossos juízos e são tornados fatos pelo modo como o mundo – nesse caso o mundo humano – é. Podemos nos enganar quanto a alguém estar apaixonado, ou quanto a uma música ser de estilo barroco ou clássico. A teoria da virtude propõe uma explicação possível para a relação entre fatos morais e fatos naturais. Afirma que julgar um ato como certo depende de ser ele algo que uma pessoa virtuosa faria. Uma pessoa virtuosa é alguém que tem virtudes: traços de caráter que lhe permitem viver uma boa vida. O que é uma boa vida depende da natureza humana, e esta é uma questão de fato objetiva. Assim, fatos morais sobre boa vida e sobre ações certas estão estreitamente relacionados com a natureza humana, nossos desejos universais, necessidades e capacidades de raciocinar. A moralidade é relativa? Como explicar que a moralidade varie de cultura para cultura? Poderíamos alegar que diferentes culturas, com suas diferentes práticas éticas, tentam todas chegar à verdade sobre a ética, tal como cientistas tentam encontrar a verdade sobre o mundo. Ou podemos dizer que práticas éticas são apenas parte do modo de vida de uma cultura. Isto é o que dirá o relativista. Segundo ele, duas culturas que discordem sobre uma prática moral estão de fato fazendo afirmações que são “verdadeiras para cada uma delas”. Não tendemos a dizer o mesmo sobre afirmações científicas (p.ex., segundo algumas culturas as estrelas eram alfinetadas no tecido do céus –mas elas estavam erradas). Por que não? Porque temos uma ideia diferente de como discordâncias científicas podem ser resolvidas. No caso da ciência, a melhor explicação é que as IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 teorias científicas acerca das quais concordamos representam como o mundo é ou seja, o mundo guia nossas investigações, e confirmamos ou refutamos hipóteses através de experimentos, até chegarmos a certo entendimento sobre como é o mundo. A ciência investiga o mundo físico. Examinando a história da cultura e o desenvolvimento das práticas áticas, é difícil ver como diferentes culturas poderiam descobrir “a verdade” sobre moralidade e conduta ética para um único mundo ético. Segundo relativismo, as práticas éticas se desenvolveram para ajudar as pessoas a se orientarem no mundo social. Mas há muitos mundos sociais e muitas culturas, e ao longo do tempo as pessoas desenvolveram diferentes maneiras de fazer as coisas. Assim, não há um único mundo social que possa guiar práticas éticas pra uma concordância geral. Isto não significa que todas as práticas sócias sejam aceitáveis – que nenhum indivíduo ou prática possa ser condenado moralmente. As pessoas erram o tempo todo, e o relativismo não o nega. Mas afirma que, para condenar uma ação ou prática, deveríamos usar recursos da cultura à qual ela pertence. Não podemos julgar uma prática de fora de suas culturas. OBJETO E OBJETIVO DA ÉTICA A Ética, enquanto ramo do conhecimento tem por objeto o comportamento humano do interior de cada sociedade. O estudo desse comportamento, com o fim de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das sociedades e entre elas, constitui o objetivo da ética. Lisboa (1997, p.22) diz que, o objeto da ética é o comportamento humano no interior de cada sociedade e o estudo desse comportamento, com o fim de estabelecer os níveis aceitáveis que garantam a convivência pacifica dentro das sociedades e entre elas, constitui o objetivo da ética. Tudo o que está envolvido na IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 sociedade para uma boa convivência com referência às regras morais e ao comportamento humano, faz parte do objeto e objetivo da Ética. Para Srour (2000, p.29), os costumes das coletividades e as morais formam os objetos da ética. O objetivo é a melhor maneira de agir coletivamente, qualificando o bem e o mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício. Então, o que é realmente estudado pela Ética? As morais históricas, as relações e as condutas dos agentes sociais. E o que é a moral? Conjunto de regras consideradas válidas, de modo absoluto, para qualquer tempo ou lugar, grupo ou pessoa determinada; discursosque servem de trilhos para as relações sociais e aos comportamentos dos agentes. Segundo Stoner (1995, p.77), são os objetos da ética: os direitos e deveres das pessoas, as regras morais. E o objetivo é a melhor maneira de tomar decisões referentes ao convívio com as pessoas. FUNÇAO DA ETICA Em qualquer sociedade que se observe, será sempre notada a existência de dilemas morais em seu interior. Os dilemas morais são um reflexo das ações das pessoas, e surgem a partir do momento em que, diante de uma situação qualquer, a ação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, contraria aquilo que genericamente a sociedade estabeleceu como padrão de comportamento para aquela situação. O comportamento das pessoas, enquanto fruto dos valores nos quais cada um acredita, sofre alterações ao longo da história. Tal fato significa que aquilo que sempre foi considerado como um comportamento amoral pode, a partir de determinado momento, passar a ser visto como um comportamento adequado à luz da moral. Quando, por exemplo, um país se envolve em uma guerra, os habitantes IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 desse país (ou pelo menos grande parte deles) estão assumindo um comportamento que normalmente condenam em tempo de paz, qual seja, matar seus semelhantes. Os problemas relacionados com o comportamento do ser humano encontram- se inseridos no campo de preocupações da Ética. Ainda que não torne os indivíduos “moralmente perfeitos”, a Ética tem por função investigar e explicar o comportamento das pessoas ao longo das várias fases da história. Essa função apresenta-se como de grande relevância, tanto no sentido de se entender o passado, quanto de servir como parâmetro para fixação de comportamentos “padrões”, aceitos pela maioria, visando a diminuir o nível de conflitos de interesses dentro da sociedade. HISTÓRICO Historicamente, a ideia de Ética surgiu na antiga Grécia, por volta de 500 – 300 a.C, através das observações de Sócrates e seus Discípulos. Ética Grega A ética surge na Grécia, quando os filósofos de cultura ocidental apontam suas teorias aos “contemporâneos dos mistérios do universo e das forças cósmicas (cosmogonia), para a essência moral e o caráter dos indivíduos” (GALVÃO, 2002, p. 4), então o homem passa a ser objeto de pesquisa, iniciando a temática do discurso moral e político como forma de enquadramento social, e essa tendência movimenta o mundo das ideias, que, percorre em diversos períodos na visão de filósofos até os dias atuais. Sócrates (470-399 a.C.) considerou o problema ético individual como o problema filosófico central e a ética como sendo a disciplina em torno da qual deveriam girar todas as reflexões filosóficas. Para ele ninguém pratica voluntariamente o mal. Somente o ignorante não é virtuoso, ou seja, só age mal, quem desconhece o bem, pois todo homem quando fica sabendo o que é bem, reconhece-o racionalmente como tal e necessariamente passa a praticá-lo. Ao praticar o bem, o homem sente-se dono de si e consequentemente é feliz. A virtude IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 seria o conhecimento das causas e dos fins das ações fundadas em valores morais identificados pela inteligência e que impelem o homem a agir virtuosamente em direção ao bem. Platão (427-347 a.C.) ao examinar a ideia do Bem a luz da sua teoria das ideias, subordinou sua ética à metafísica. Sua metafísica era a do dualismo entre o mundo sensível e o mundo das ideias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, que constituíam a verdadeira realidade e tendo como cume a ideia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo. Aristóteles (384-322 a.C.), não só organizou a ética como disciplina filosófica, mas além disso, formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os filósofos morais: relação entre as normas e os bens, entre a ética individual e a social, relações entre a vida teórica e prática, classificação das virtudes, etc. Sua concepção ética privilegia as virtudes (justiça, caridade e generosidade), tidas como propensas tanto a provocar um sentimento de realização pessoal àquele que age quanto simultaneamente beneficiar a sociedade em que vive. A ética aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo sendo, portanto uma ética conhecida como naturalista. Ética Medieval Na idade média, os valores éticos são marcados pela influência da religião católica e suas doutrinas. O cristianismo que se tornou a religião oficial de Roma a partir do século IV, sobreviveu ao fim do império e ganhou força sobre as ruínas da sociedade antiga imperou seu domínio por dez séculos. Neste período a igreja enriqueceu e manteve um forte domínio sobre o modo de pensar fazendo com que o teocentrismo passasse a definir as formas de ver e sentir, contribuindo para a formação ética medieval. Para a ética cristã medieval a igualdade só podia ser espiritual ou no futuro para um mundo sobrenatural e a mensagem cristã tinha um conteúdo moral, não havendo proposta por uma igualdade real dos seres humanos.Com isto, a ética cristã procura regular o comportamento dos humanos com vistas ao outro mundo, sendo o valor supremo encontrado em Deus. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Teorias Éticas Fundamentais Santo Agostinho (354-430). Fundamentou a moral cristã, com elementos filosóficos da filosofia clássica. O objetivo da moral é ajudar os seres humanos a serem felizes, mas a felicidade suprema consiste num encontro amoroso do homem com Deus. Só através pela graça de Deus podemos ser verdadeiramente felizes. St. Tomás Aquino (1225-1274). No essencial concorda com Santo Agostinho, mas procura fundamentar a ética tendo em conta as questões colocadas na antiguidade clássica por Aristóteles. Ética Moderna (Séc. XV-XVII) A filosofia moderna reduz o homem à Razão. A ética doutrinante deste século é a ética moderna. Aqui neste período, a ética se caracteriza pelo contraste à ética Teocêntrica e Teológica da Idade Média. A ética moderna surge com a sociedade que sucede a sociedade feudal da Idade Média, moldada pelas consequências da Reforma Protestante que provoca um retorno aos princípios básicos da tradição cristã, porém o individuo passa a ter responsabilidades, tomadas como mais importantes que obediências aos ditames religiosos e a autoridades e costumes, assim, com essa transformação, em varias ordens, leva o surgimento da ética moderna. Neste período ocorrem mudanças na Ciência, na Política, na Economia, na Arte e principalmente na Religião, onde se transfere o centro de Deus para o homem que passa a adquirir um valor pessoal, que “[...] acabará por apresentar-se como o absoluto, ou como o criador ou legislador em diferentes domínios, incluindo nestes a moral” (VASQUEZ, 1978, p. 248). IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Teorias éticas fundamentais da idade moderna Descartes (1596-1650). Este filósofo simboliza toda a fé que a IdadeModerna deposita na razão humana. Só ela nos permitiria construir um conhecimento absoluto. Em termos morais mostrou-se, todavia muito cauteloso. Neste caso reconheceu que seria impossível estabelecer princípios seguros para a ação humana. Limitou-se a recomendar uma moral provisória de tendência estóica: O seu único princípio ético consistia em seguir as normas e os costumes morais que visse a maioria seguir, evitando deste modo rupturas ou conflitos. John Locke (1632-1704). Este filósofo parte do princípio que todos os homens nascem com os mesmos direitos (Direito á Liberdade, à Propriedade, à Vida). A sociedade foi constituída, através de um contrato social, que visava garantir e reforçar estes mesmos direitos. Neste sentido, as relações entre os homens devem ser pautadas pelo seu escrupuloso respeito. David Hume (1711-1778). Defende que as nossas ações são em geral motivadas pelas paixões. Os dois princípios éticos fundamentais são a utilidade e a simpatia. Ética contemporânea (Séc. XIX-XX) O Utilitarismo ou Universalismo Ético. Este é formulado por Jeremy Bentham (1748-1832). A maior felicidade para o maior número de pessoas. Esta ética é chamada “moral do bem estar”, o bem é útil para o individuo e o coletivo. A ética contemporânea também surge numa época de progressos em varias ordens, e exercem seus influxos até os dias de hoje. “No plano filosófico, a ética contemporânea se apresenta em suas origens como uma reação contra o formalismo e o racionalismo abstrato kantiano” (VASQUEZ, 1978, p. 251), e também no racionalismo de Hegel. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Éticas Fundamentais Contemporâneas Kant (1724-1804). Partindo de uma concepção universalista do homem, afirma que este só age moralmente quando, pela sua livre vontade, determina as suas ações com a intenção de respeitar os princípios que reconheceu como bons. O que o motiva, neste caso, é o puro dever de cumprir aquilo que racionalmente estabeleceu sem considerar as suas consequências. A moral assume assim, um conteúdo puramente formal, isto é, não nos diz o que devemos fazer (conteúdo da ação), mas apenas o princípio (forma) que devemos seguir para que a ação seja considerada boa. Sartre. A moral é uma criação do próprio homem que se faz a si próprio através das suas escolhas em cada situação. O relativismo é total. Mas este fato não o desculpa de nada. A sua responsabilidade é total dado que ele é livre de agir como bem entender. A escolha é sempre sua. Habermas (1929). Após a 2ª Guerra Mundial, Habermas surge a defender uma ética baseada no diálogo entre indivíduos em situação de equidade e igualdade. A validade das normas morais depende de acordos livremente discutidos e aceites entre todos os implicados na ação. Hans Jonas (1903-1993). Perante a barbárie quotidiana e a ameaça da destruição do planeta, Hans Jonas, defende uma moral baseada na responsabilidade que todos temos em preservar e transmitir às gerações futuras uma terra onde a vida possa ser vivida com autenticidade. Daí o seu princípio fundamental: "Age de tal modo que os efeitos da tua ação sejam compatíveis com a permanência da uma vida humana autêntica na terra". Crítica. Ao longo de todo o século XIX e XX sucederam-se as teorias que denunciaram o caráter repressivo da moral, estando muitas vezes ao serviço das classes dominantes (Karl Marx, 1818-1883) ou dos fracos (Nietzsche,1844- 1900).Outros demonstram a falta de sentido dos conceitos éticos, como "Dever", "Bom" e outros (Alfred J.Ayer), postulando o seu abandono por se revelarem pouco científicos. Sigmund Freud (1856-1939) demonstrou o caráter inconsciente de muitas das motivações morais. Um das correntes que maior expressão teve no século XX, foi a que procurou demonstrar que as raízes biológicas da moral, comparando o comportamento dos homens e de outros animais. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Aquilo que denominamos por "ética" é apresentado como uma forma camuflada ou racionalizada de instintos básicos da nossa natureza animal idênticos a outros animais. Novas Problemáticas. As profundas transformações sociais, culturais e científicas das nossas sociedades colocaram novos problemas éticos, nomeadamente em domínios como a tecnociência (clonagem, manipulação genética, eutanásia, etc), ecologia, comunicação de massas, etc. IMPORTÂNCIA DA ÉTICA A importância da ética hoje se dá pela necessidade, por uma questão de sobrevivência; considerando que a humanidade passa por um momento de anseio por uma vida melhor e acima de tudo digna e feliz. Podemos dizer que o tema mais ecumênico que existe atualmente é o da dignidade humana, vida com qualidade e por fim, a felicidade. No entanto percebemos que o mundo se tornou um caos, e o homem como um todo se encontra perdido em meio a tanta confusão; é o verdadeiro “jogo dos interesses”. O comportamento ético não consiste exclusivamente em fazer o bem a outrem, mas em exemplificar em si mesmo o aprendizado recebido. É o exercício da paciência em todos os momentos da vida, a tolerância para com as faltas alheias, a obediência aos superiores em uma hierarquia, o silêncio ante uma ofensa recebida. CIDADANIA É muito importante entender bem o que é cidadania. Trata-se de uma palavra usada todos os dias, com vários sentidos. Mas hoje significa, em essência, o direito de viver decentemente. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É poder processar um médico que age de negligencia. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro, índio, homossexual, mulher sem ser descriminado. De praticar uma religião sem se perseguido. Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos. Por trás desse comportamento está o respeito ao outro. Conceito: No sentido etimológico da palavra, cidadão deriva da palavra civita, que em latim significa cidade, e que tem seu correlato grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade. Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”, entende-se por cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado, ou no desempenho de seus deveres para com este”. Cidadania é a pertença passiva e ativa de indivíduos em um estado - nação com certos direitos e obrigações universais em um específico nível de igualdade (JANOSKI, 1998). No sentido ateniense do termo, cidadania é o direito da pessoa em participar das decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública, onde se agonizava para deliberar sobre decisões de comum acordo). Dentro desta concepção surge a democracia grega, onde somente 10% da população determinavam os destinos de toda a Cidade (eram excluídos os escravos, mulheres e artesãos). O que é ser cidadão?Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas), não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, desculpe, por favor e bom dia quando necessário... até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas, o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso mundo. DIREITOS E DEVERES DO CIDADÃO Na constituição brasileira os artigos referentes a esse assunto podem ser encontrados no Capítulo I, Artigo 5º que trata dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Cada um de nós tem o direito de viver, de ser livre, de ter sua casa, de ser respeitado como pessoa, de não ter medo, de não ser pisado por causa de seu sexo, de sua cor, de sua idade, de seu trabalho, da cidade de onde veio da situação em que está, ou por causa de qualquer outra coisa. Qualquer ser humano é nosso companheiro porque tem os mesmos direitos que nós temos. Esses direitos são sagrados e não podem ser tirados de nós; se forem desrespeitados, continuamos a ser gente e podemos e devemos lutar para que eles sejam reconhecidos. Às vezes cidadãos se veem privados de usufruírem de seus direitos por que vivem cercados de preconceito e racismo é incrível, mas ainda nos dias de hoje encontramos pessoas que se sentem no direito de impedir os outros de viverem uma vida normal só porque não pertencem a mesma classe social, raça ou religião que a sua. Nós cidadãos brasileiros temos direitos e devemos fazer valer o mesmo independente do que temos ou somos, ainda bem que a cada dia que passa muitas IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 pessoas estão se conscientizando e acabando com o preconceito e aquelas que acabam sofrendo por isso estão correndo atrás de seus direitos. Mas como cidadãos brasileiros não têm apenas direitos, mas deveres para com a nação, além de lutar pelos direitos iguais para todos, de defender a pátria, de preservar a natureza, de fazer cumprir as leis e muito mais. Ser cidadão é fazer valer seus direitos e deveres civis e políticos, é exercer a sua cidadania. Com o não cumprimento do dever o cidadão brasileiro pode ser processado juridicamente pelo país e até mesmo privado de sua liberdade. Seguem abaixo alguns trechos da declaração dos direitos humanos e do cidadão. Declaração dos direitos humanos e do cidadão (alguns artigos) I - Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos; as distinções sociais não podem ser fundadas senão sobre a utilidade comum. II - O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem; esses direitos são, à liberdade, à propriedade, à segurança e a resistência à opressão. III - O princípio de toda a soberania reside essencialmente na razão; nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane diretamente. IV - A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique a outrem. Assim, o exercício dos direitos naturais do homem não tem limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos; seus limites não podem ser determinados senão pela lei. V - A lei não tem o direito de impedir senão as ações nocivas à sociedade. Tudo o que não é negado pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordenar. VI - A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos. VII - Nenhum homem pode ser acusado, detido ou preso, senão em caso determinado por lei, e segundo as formas por ela prescritas. Aqueles que solicitam, expedem ou fazem executar ordens arbitrárias, devem ser punidos; mas todo cidadão, chamado ou preso em virtude de lei, deve obedecer em seguida; torna-se culpado se resistir. VIII - A lei não deve estabelecer senão penas estritamente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada ao delito e legalmente aplicada. IX - Todo homem é tido como inocente até o momento em que seja declarado culpado; se for julgado indispensável para a segurança de sua pessoa, deve ser severamente reprimido pela lei. X - Ninguém pode ser inquietado por suas opiniões, mesmo religiosas, contanto que suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida em lei. XI - A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidadão pode, pois, falar, escrever e imprimir livremente; salvo a responsabilidade do abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei. XII - A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; essa força é então instituída para vantagem de todos e não para a utilidade particular daqueles a quem ela for confiada. XIII - Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, uma contribuição comum é indispensável; ela deve ser igualmente repartida entre todos os cidadãos, em razão de suas faculdades. XIV - Os cidadãos têm o direito de constatar, por si mesmos ou por seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente e de vigiar seu emprego, de determinar sua quota, lançamento, recuperação e duração. XV - A sociedade tem o direito de pedir contas de sua administração a todos os agentes do poder público. XVI - Toda a sociedade na qual a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição. IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 XVII - A propriedade, sendo um direito inviolável, e sagrado, ninguém pode ser dela privado senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, o exija evidentemente, e sob a condição de uma justa e prévia indenização. AS INSTITUIÇÕES SOCIAIS O que você acha de obedecer regras, de cumprir ordens, de seguir caminhos que já foram preestabelecidos para você? É provável que você e muitos de seus colegas digam que não gostam de obedecer regras, e alguns cheguem mesmo a afirmar com uma pontinha de orgulho que só fazem aquilo que gostam ou que têm vontade... Pois saibam que não é bem assim que as coisas acontecem. Mesmo que você se considere um rebelde, você está muito mais dentro da ordem que imagina, principalmente se você
Compartilhar