Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO O presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre Citações, previsto em nosso Código Civil de 2.015. Trata-se de seu conceito da integração ao Réu, executado ou interessado ao processo, teorias, condições e efeitos. O estudo foi elaborado com base doutrinárias e do Código de Processo Civil de 2015. PALAVRAS CHAVE: Processo Civil - Atos Processuais – Citação. I. Conceito Conforme a definição legal, “citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual” (NCPC, art. 238). 1 Sem a citação do réu, não se aperfeiçoa a relação processual e torna- se inútil e inoperante a sentença. (JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direito processual civil – Vol. I) Como mencionado pelo Prof. Dr. Humberto Theodoro1, “sem a citação não se perfaz o direito a ampla defesa e contraditório”, direito qual nos é garantido pela constituição federal (Art. 5º, LV, CF 88), portanto a citação é um ato de extrema importância em um processo, pois, não há sentido em se dar sequência a um processo em que uma das partes não tenha ciência da existência desse processo. De outro lado assim que se concretiza a citação válida, o réu automaticamente estará no processo, mesmo contra a vontade do citado, cabendo a este somente formular sua defesa. O art. 239 considera a citação como pressuposto indispensável para a validade do processo e o art. 242 determina que a citação seja feita pessoalmente podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante legal ou do procurador do réu, executado ou interessado. I.I. Citação direta Aquela que é feita diretamente ao réu ou seu representante legal I.II. Citação indireta É realizada por meio de outras pessoas com o poder de vinculá-las. Ex. advogado. I.III. Citação dos absolutamente incapazes Para citar menores de 16 anos, será através de seus pais, tutor ou curador. A lei 13.146/15 ( Estatuto do deficiente) altera, no código civil, o conceito de absolutamente incapaz, determinando que apenas os menores de 16 anos poderão ser assim considerados.2 1 JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direito processual civil – Vol. I 2(MARQUES, Paulo Edson – Apostilas Solução – 2017). I.IV. Citação dos relativamente incapazes Aos maiores de 16 e menor de 18 anos será feita a citação para estes e seus representantes legais. O estatuto do deficiente eliminou do rol de relativamente incapazes aqueles que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido e os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo. I.V. Citação do mentalmente incapaz O CPC traz em seu artigo 245 e dispositivos a figura do mentalmente incapaz, Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está impossibilitado de recebê-la. § 1º O oficial de justiça descreverá e certificará minuciosamente a ocorrência. § 2º Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3º Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2º se pessoa da família apresentar declaração do médico do citando que ateste a incapacidade deste. § 4º Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa. § 5º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do citando. Como a citação é o ato pelo qual se dá ciência a uma pessoa de que contra ela foi proposta uma ação, de nada adiantará a ciência dada a um mentalmente incapaz que não tem consciência do que está dizendo o oficial de justiça. Vale o mesmo se a pessoa estiver impossibilitada de receber a citação (saber o conteúdo dela). Em tais situações, o oficial de justiça deverá lavrar certidão esclarecendo o fato. O juiz, então, nomeará um médico para examinar a pessoa e se ela for mentalmente incapaz ou se encontrar impossibilitada de tomar ciência, então o juiz nomeará um curador para ela, que receberá a citação em nome dela e cuidará de sua defesa no processo. (MARQUES, Paulo Edson – Apostilas Solução – 2017)3 No caso de citação da pessoa mentalmente incapaz, há de se observar dois momentos distintos. O primeiro, quando o oficial de justiça encontra a pessoa a ser citada e constata que ela é mentalmente incapaz. Nesse primeiro momento não fará a citação, devendo certificar sua constatação, descrevendo minunciosamente o verificado na certidão. Com a certidão em mãos o juiz nomeará um médico para verificar a sanidade mental da pessoa e atestará se ela é ou não mentalmente incapaz. Se constatado que não se trata de um mentalmente incapaz a citação será realizada normalmente. Se, entretanto, confirmar ser o citando mentalmente incapaz, o juiz deverá nomear um curador, normalmente este será um parente, que receberá a citação em nome do réu. Assim, já nesse segundo momento, a citação será feita na pessoa do curador do mentalmente incapaz. I.VI. Citação a pessoa jurídica Como informado pelo artigo 242, caput, a citação deve ser realizada pessoalmente. No entanto quando a parte a ser citada é uma pessoa jurídica a citação deve ser recebida por seus representantes legais ou quem tenha poderes para representa-la em juízo. Em regra, a citação deve ser sempre pessoal. Pode recair na pessoa do réu, do executado ou do interessado ou do seu representante legal ou procurador. Se pessoa jurídica, em quem tenha poderes estatutários ou convencionais para representá-la em juízo. I.VII. Citação ao militar O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado. (Art. 243 § único, NCPC) O militar poderá ser citado na unidade em que estiver servindo somente se este não for localizado em sua residência ou tiver o endereço desconhecido. A citação em sua unidade militar sempre ocorrerá como última opção. I.VIII. Citação Real Quando se tem certeza que ela chegou ao conhecimento do réu, como ocorre na realizada pelo correio, por meio eletrônico, ou em regra, na feita por oficial de justiça. I.IX. Citação Ficta É aquela que não é recebida diretamente pelo réu. Por isso, quando o réu não comparece, há necessidade de nomear lhe um curador especial. Ex. citação por edital e a realizada por hora certa I.X. Exceções da citação De acordo com o Art. 244 do NCPC e seus dispositivos, há ocasiões em que a citação não poderá ser realizada: Art. 244 - Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: I - de quem estiver participando de ato de culto religioso; II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento; IV - de doente, enquanto grave o seu estado. Estas são as regras de situações em que não pode ser feita a citação, seja porque irá atrapalhar a pessoa ou atividade, seja porque não é ético ou moral, seja porque há de se respeitar a dor ou festa do momento. Ainda afirma o Prof. Dr. Paulo Edson Marques4 que “a citação poderá ser feita, mesmo em tais situações, se for necessária para evitar o perecimento do direito. Pode ocorrer que a citação do não for feita o direito do autor da açãoprescreverá. ” I.XI. Meios da citação O artigo 246, nCPC, nos traz os meios legais de citação. Art. 246 - A citação será feita: I - pelo correio; II - por oficial de justiça; III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório; IV - por edital; V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei. 4 Professor Doutor Edson Marques, Apostilas Solução,2017. II.I. Citação Por Correio (Via Postal) conceito: A Citação por Correio é utilizada como regra geral, no silêncio ou falta de justificação, é mais ágil, possui custo mais barato, os possíveis problemas podem ser contornados e alguns deles foram até previstos pelo novel legislador. O novo CPC preza pela celeridade e economia processual e essa alteração na citação faz com que o processo fique menos moroso e mais eficaz para o credor. ’’ O legislador prestigiou a citação pelo correio dada a sua rapidez, sobretudo quando dirigida a outras comarcas ou Estados. O art. 247, no entanto, ressalva algumas situações, em que não será admitida: nas ações de Estado; quando o citando for incapaz; quando o citando for pessoa jurídica de direito público; quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência; ou quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma. Afora essas situações, a citação será feita por carta, que deverá ser encaminhada com aviso de recebimento (Súmula 429 do STJ). Na ação monitória, a citação pode ser feita por carta (admite-se, também, a citação com hora certa e por edital nessas ações — STJ, Súmula 282).’’ Súmula n. 429, STJ: A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de recebimento. “O art. 247 preserva a regra de que a citação seja realizada pelo correio. As exceções são as previstas nos incisos, chamando a atenção que eles não se referem, diferentemente da alínea d do art. 222 do CPC de 1973, ao ‘processo de execução’. (…) Na revisão do texto do novo CPC, contudo, apareceu um complemento neste mesmo inciso I (‘observando o disposto no art. 695, § 3º’), ao indicar que a citação, nas ‘ações de família’, deve ser feita na pessoa do réu. Ainda que a remissão possa ser entendida como adequada, não há razão para ela ter sido feita, extrapolando, claramente, os limites de revisão redacional do texto final. Pior ainda porque o acréscimo pode ensejar o entendimento de que em qualquer ação de estado, mesmo que não amoldável à tipologia de ‘ações de família’ constante do caput do art. 693, exige a citação feita na pessoa do réu, o que não é necessariamente correto diante do que foi aprovado pelo Senado Federal em dezembro de 2014.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 191). 5 II.II. Do prazo de resposta da citação e seu recebimento: O prazo de resposta fluirá da data da juntada aos autos do aviso devidamente firmado pelo destinatário da citação, salvo disposição em contrário. O prazo de contestação, no procedimento comum, corre, no entanto, a partir das datas estabelecidas nos incisos do art. 335, isto é, da audiência de tentativa de conciliação ou da data em que o réu protocola o pedido de cancelamento dessa audiência, já tendo o autor manifestado desinteresse na sua realização, na petição inicial. O prazo correrá da juntada do AR apenas quando, por se tratar de processo que não admite a auto composição, a audiência não for designada. Caso seja pessoa física, a citação só valerá se o aviso de recebimento tiver sido por ele firmado. Caso seja pessoa jurídica, se entregue a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou a funcionário responsável pelo recebimento da correspondência (CPC, art. 248, § 2º). A carta deve ser acompanhada de cópia da petição inicial e deverá observar todos os demais requisitos do art. 250. II.III - Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o endereço do juízo e o respectivo cartório. § 1o A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. § 2o Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de correspondências. § 3o Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 250. 5 Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 191 § 4o Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente. III. CITAÇÃO POR MANDADO III.I Conceito: A citação por mandado é realizada por meio de oficial de justiça, a quem cabe procurar o réu, cientificá-lo do teor do mandado e emitir certidão ao juízo, detalhando os atos praticados. Aduz o artigo 247 do Novo CPC, que a citação por mandado acontecerá nas hipóteses de: Ações de estado, Se o citando for incapaz, Se o réu for pessoa jurídica de direito publico, Se residir em local não servido por correio ou quando há requerimento justificado do autor. Nesse caso será expedido pelo cartório um MANDADO DE CITAÇÃO, que deverá preencher os requisitos formais do artigo 250 do Novo CPC. Artigo 250 do CPC. O mandado que o oficial de justiça tiver de cumprir conterá: I - os nomes do autor e do citando e seus respectivos domicílios ou residências; II - a finalidade da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a menção do prazo para contestar, sob pena de revelia, ou para embargar a execução; III - a aplicação de sanção para o caso de descumprimento da ordem, se houver; IV - se for o caso, a intimação do citando para comparecer, acompanhado de advogado ou de defensor público, à audiência de conciliação ou de mediação, com a menção do dia, da hora e do lugar do comparecimento; V - a cópia da petição inicial, do despacho ou da decisão que deferir tutela provisória; VI - a assinatura do escrivão ou do chefe de secretaria e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz. III.II – QUANTO A VALIDADE É indispensável para a validade da citação que sejam cumpridos os requisitos, cuja função é assegurar que o citando obtenha o conhecimento da demanda e de suas respectivas particularidades. Sendo o réu localizado, o oficial de justiça deve ler o teor do mandado, entregando- lhe a contrafé a partir de então é considerada realizada a citação. Caso o citando se recusar a receber a contrafé, o oficial de justiça certificará sua conduta e por ter fé publica o dará por citado. III.III. O OFICIAL DE JUSTIÇA NA ATUALIDADE Não há dúvida que atualmente com os processos eletrônicos qualquer indivíduo consegue ter fácil acesso ao conteúdo dos processos assim que for citado em determinada ação. Ou seja, não é mais necessária presença de um oficial de justiça que explique ao executado as consequências de eventual descumprimento de ordem judicial. A justificativa para realização da citação em execução exclusivamentevia oficial de justiça também não se justifica porque atualmente já ocorrem diversos atos constritivos via exclusivamente internet, tais como a penhora on-line e a penhora de imóveis via bloqueio judicial eletrônico. (Daniel Amorim Assumpção, Curso de Processo Civil, 2016). III.IV. CITAÇÃO FICTA Alude o artigo 252 do CPC dispõe que quando o oficial de justiça houver procurado o citando em seu domicilio ou residência por duas vezes sem encontra-lo havendo suspeita de ocultação intima qualquer pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de efetuar a citação, na hora designada. No dia e na hora designada de acordo com o artigo 253, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicilio ou residência do citado a fim de realizar a diligencia. § 1º do art. 253 Se o citado não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando tenha se ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciária. § 2º A citação com hora certa será efetivada da mesmo que a pessoa da família ou vizinho que houver sido intimado esteja ausente, ou se, embora presente, a pessoa da família ou vizinho se recuse a receber o mandado. Deste modo presume-se que o réu tomou conhecimento dos termos da ação mesmo não sendo encontrado pessoalmente. IV. CITAÇÃO POR ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA (ART. 246, III, NCPC ): Conforme o Artigo 246, III, NCPC, caso o citando compareça ao cartório a citação poderá ser feita pelo escrivão ou chefe de secretaria. O escrivão ou chefe de secretaria no ato entrega a cópia da petição inicial e do despacho ou da decisão que deferir a tutela provisória, colhe a assinatura a assinatura do mesmo, ou certifica a sua recusa. V. CITAÇÃO POR EDITAL (NCPC, 256 a 259): V.I. CONCEITO: A citação por edital manteve em sua essência pelo novo CPC, ratificando os casos em que se pode utilizá-la, ao mesmo tempo em que, reforça a responsabilidade do autor em querer se utilizar de subterfúgio para ter em seu favor uma revelia e seus efeitos, portanto, com certeza, restarão ao cabo sem qualquer validade, pois basta o surgimento do réu e comprovação de que não se encontrava em local incerto e desconhecido. V.II. HIPÓTESES: Essa citação só deve ser manejada nos casos em que realmente não se tem conhecimento do próprio réu, ou quando este se encontre em lugar totalmente desconhecido, ou até mesmo o local seja inacessível.Em caso de esgotadas as tentativas do autor em encontrar o requerido. A respeito versa a jurisprudência: "Se o réu, apesar de possuir duas residências, não é encontrado em nenhuma delas em várias tentativas, informando seu empregado que desconhece seu paradeiro, correta é a caracterização de encontrar-se em lugar incerto e não sabido, convalidada a citação por edital" – RT 625/79. V.III. Hipóteses de admissibilidade (NCPC,256): A citação por edital é feita: I - Quando desconhecido ou incerto o citando; II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei. Considera- se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória (§ 1 °). No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão (§ 2 °). O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos (§ 3°). V.IV. Requisitos (NCPC,257) I - A afirmação do autor ou a certidão do oficial informando a presença das circunstâncias autorizadoras; II - A publicação do edital na rede mundial de computadores, no sítio do respectivo tribunal e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, que deve ser certificada nos autos; III - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e 60 (sessenta) dias, fluindo da data da publicação única ou, havendo mais de uma, da primeira; IV - A advertência de que será nomeado curador especial em caso de revelia. Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a publicação do edital seja feita também em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, considerando as peculiaridades da comarca, da seção ou da subseção judiciárias. V.V. Penalidade, caso haja má-fé do autor (NCPC,258). A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadas para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes no salário mínimo. Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando. V.VI. Apontamentos finais sobre a citação por edital (NCPC,259) Serão publicados editais: I- Na ação de usucapião de imóvel; II-na ação de recuperação ou substituição de título ao portador; III-Em qualquer ação em que seja necessária, por determinação legal, a provocação, para participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos. “6 Os artigos 256 a 259 do CPC/15 cuidam das hipóteses e requisitos da citação efetuada na modalidade de edital. Trata-se de forma de citação fundada em ficção. Ao contrário da citação real, na qual é certa a ciência do réu a respeito da ação, na citação ficta o ordenamento processual contenta-se com a mera ficção legal de conhecimento da propositura da demanda (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum, v. II, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 123). A citação por edital pode ser essencial ou acidental. Será essencial quando disser respeito à especificidade do direito material, vale dizer, a essencialidade da ESA - OAB/RS 212 citações por edital ocorre como adaptação do procedimento em razão das peculiaridades do direito material, sendo por isso indispensável a citação por edital (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel, cit., p. 125). São as hipóteses previstas no art. 259 do CPC/15, ou seja, na ação de usucapião de imóvel, na ação de 6 MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum, v. II, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 123 recuperação ou substituição de título ao portador e em qualquer ação em que, por determinação legal, seja necessária a provoca- ção, para participação no processo, de interessados incertos ou desconhecidos. Em relação aos dois primeiros incisos do art. 259, o CPC/73 tutelava os direitos neles previstos por meio da previsão de procedimentos especiais (“procedimento especial de ação de anulação e substituição de títulos ao portador” e “procedimento especial de ação de usucapião de terras particulares”), sendo que a principal particularidade dos respectivos procedimentos era a citação por edital. O CPC/15 extinguiu esses dois procedimentos especiais. Os direitos neles tutelados passam agora a seguir o procedimento comum, mantida a obrigatoriedade de citação por edital. Acidental, por outro lado, é a citação por edital nas hipóteses do art. 256, ou seja, quando desconhecido ou incerto o citando, quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar a pessoa a ser citadae nos demais casos previstos em lei. É considerado lugar inacessível o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. Considera-se o réu em local incerto ou ignorado se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. Trata-se, nesse último caso, de uma novidade introduzida pelo CPC/15, ao exigir o esgotamento das diligências para citação do réu antes de se proceder à citação por edital do inciso III do art. 256 (AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às Alterações do Novo CPC. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 355). Simplificando o procedimento de citação por edital, o art. 257 determina que, de regra, o edital passará a ser publicado exclusivamente na rede mundial de computadores, no sítio eletrônico do tribunal respectivo e na plataforma de editais do CNJ, com certificação nos autos, sem prejuízo de também ser determinada em jornal local de ampla circulação ou por outros meios, em razão de peculiaridades da comarca, seção ou subseção. No mais, segue a exigência de afirmação do autor ou certificação do oficial de justiça a respeito das circunstâncias que autorizam a citação por edital (arts. 256 e 258). De igual forma, é requisito de validade do edital a determinação do juiz de prazo de espera do edital de vinte a sessenta dias, que não se confunde com o prazo de defesa (o prazo de defesa começa a fluir no dia útil seguinte ao que findar o prazo de espera). Ademais, o edital deverá conter a advertência de que será nomeado curador em caso de revelia. Evidentemente, ESA - OAB/RS 213 esse é apenas um dos efeitos da revelia da citação por edital. Outro possível efeito está previsto no art. 344 e consiste na presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor (efeito material da revelia). Para viabilizar a incidência de tal efeito, contudo, é necessário que o edital contenha também a advertência do art. 344. Se o edital não contiver semelhante advertência, será válida a citação, mas não se dará a presunção do art. 344 (AMARAL, Guilherme Rizzo, cit., p. 357). Finalmente, o art. 258 do CPC/15 manteve a regra já prevista no art. 233 do CPC/73, segundo a qual a parte que alegar dolosamente a ocorrência das circunstâncias autorizadoras da citação por edital incorrerá em multa equivalente a cinco vezes o salário- mínimo, revertida em favor do citando. ” VI. Citação por meio eletrônico – NCPC, (Lei nº 13.105/15) VI.I CONCEITO: É o ato processual feito em portal próprio, acessível pelos cadastrados no sistema, dispensada a publicação no órgão oficial. Considerar-se realizada no dia em que o citando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização. Nesta hipótese, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a citação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte. A consulta deverá ser feita em até dez dias corridos contados da data do envio da citação, sob pena de considerar-se a citação automaticamente realizada na data do término desse prazo - há, aqui, uma presunção legal de citação. Não é uma ficção, pois a comunicação pode ter acontecido. No processo em autos eletrônicos, todas as citações, inclusive da Fazenda Pública, serão feitas por meio eletrônico. A citação eletrônica nem sempre será possível, pois é preciso que o destinatário tenha antecipadamente sido credenciado pelo Poder Judiciário, conforme o art.2° da Lei n. 11.419/2006. Somente é possível haver citação eletrônica se a íntegra dos autos estiver disponível para o citando. Se a citação viabilizar o acesso do demandado à íntegra do "processo" ("autos eletrônicos"), será considerada como vista pessoal do interessado para todos os efeitos legais. Quando, por motivo técnico, for inviável o uso do meio eletrônico para a realização da citação, esse ato processual poderá ser praticado segundo as regras gerais para o procedimento documentado em autos de papel, digitalizando-se o documento, que deverá ser posteriormente destruído. V.II. Fundamentação: Artigos 5º, 6º e 9° da Lei nº 11.419/2006. Artigos 231, V, 246, V, §§ 1º e 2º, 270, e 1.051, do Código de Processo Civil. Citação por meio eletrônico: Empresas Esta modalidade de citação passa a ser regra no que tange às empresas públicas e privadas, que não sejam de pequeno porte ou microempresas, ambas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em auto eletrônicos para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse meio (art. 246, § 1. °). Desde então as empresas tem um prazo de trinta dias,’’a contar da data de inscrição do ato constitutivo da pessoa jurídica, perante o juízo onde tenham sede ou filial”. (art. 1.051, NCPC). Segundo a doutrina de Marcos Vinícius Rios Gonçalves “trata-se de mecanismo que visa viabilizar a citação por meio eletrônico. Para a efetivação dessa medida “. Especificamente sobre as obrigações das empresas privadas, no que tange ao cadastro para permitir sua citação ou intimação eletrônica, as mais interessantes regras previstas na minuta de resolução são as seguintes: É obrigatório o cadastro no domicílio eletrônico judicial para as empresas privadas, com exceção das microempresas e empresas de pequeno porte; A identificação das empresas privadas será feita por meio no número de seu CNPJ e o acesso às comunicações será feito mediante certificado digital; A comunicação (citação ou intimação) da empresa por meio eletrônico substituirá as outras formas previstas no novo CPC; O aperfeiçoamento (interpretado como realização ou efetivação) da comunicação processual ocorrerá no momento em que a empresa privada consultar seu teor. Se a consulta se der em dia não útil, considera-se como realizada no primeiro dia útil seguinte; Se a consulta não for realizada em até 10 dias corridos da data do envio da intimação, considerar-se a intimação realizada no décimo dia; O CNJ publicará em 30 dias os requisitos mínimos para a transmissão eletrônica de atos processuais destinados ao domicílio judicial eletrônico. Findo este prazo, os órgãos do Poder Judiciário terão 90 dias para adequação de seus sistemas de Processo Judicial Eletrônico. V.III. Suprimento da citação Como visto a citação é indispensável para a validade do processo, isto porque uma das partes mais interessadas, o réu, precisa ser chamado para responder e acompanhar. No entanto, o réu pode não responder e nem acompanhar o processo. Mas a justiça deve chama-lo sempre, se não o fizer o processo é nulo. Se, porém, o réu compareceu espontaneamente ao processo, mesmo que não houvesse sido citado seu comparecimento supre a falta da citação, porque o que importa é que tome conhecimento do processo e compareça para se defender. Enfim, se objetivo da citação já foi cumprido pelo comparecimento espontâneo, não há porque repetir o ato. Mas se o comparecimento do ato só se dá para dizer que sua citação é nula, então também será tomado conhecimento do processo, a citação não mais precisa ser repetida, considerando-se feita a partir do dia que a anterior for nula. Se esse se estabeleceu, inobstante a falta ou o vício da citação, não há que se falar em nulidade do processo, visto que o seu objetivo foi alcançado por outras vias. A nulidade do processo, em razão do art. 280 do NCPC, só ocorre, portanto, plenamente, no caso de revelia do demandado. (JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direitoprocessual civil – Vol. I) Assim é que dispõe o art. 239, § 1º o comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução”,[nCPC] Ainda, o professor Dr. Humberto Junior observa a seguinte situação comparando o antigo cpc com o novo. No regime do CPC anterior, havia entendimento que interpretava restritivamente o sentido de “comparecimento espontâneo” capaz de suprir a nulidade ou a falta de citação. Por exemplo, não se considerava eficaz para tal fim a simples petição com pedido de vista dos autos. Mas, se o advogado juntasse procuração do réu e retirasse os autos do cartório com carga, a partir desse momento ter-se-ia como suprida a citação. Para isso, seria irrelevante a existência, ou não, de poderes especiais para receber citação. Pensamos que tal orientação deva prevalecer perante o novo Código, por ser compatível com a ideia dos princípios fundamentais do processo justo, estribados na boa-fé e na lealdade, já que não seria razoável ter como ciente do conteúdo da ação quem ainda nem sequer tomou conhecimento do pedido objeto da causa.(JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direito processual civil – Vol. I) O código atual tem uma abordagem rígida ao se tratar do comparecimento do réu após uma citação nula, pois este terá de produzir logo sua defesa, sofrendo suas penalidades caso ultrapassado o prazo, e se tornara revel, independente da nulidade ocorrida no ato citatório. V.IV. Efeitos da citação Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (NCPC). Na sistemática de nosso direito processual civil, a citação válida produz os seguintes efeitos (a) induz a litispendência; (b) torna litigiosa a coisa; (c) constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 do Código Civil;111 e (d) interrompe a prescrição. A litispendência e a litigiosidade são consideradas efeitos processuais da citação; a constituição em mora e a interrupção da prescrição, efeitos materiais. O novo Código, adotou um critério único para todos os efeitos da citação, sejam eles materiais ou processuais, os quais ocorrerão, ainda quando a citação for “ordenada por juízo incompetente” (art.240, caput).112 Litispendência Consiste em fazer com que o mesmo litígio não poderá voltar a ser objeto entre as partes, de outro processo, enquanto não extinguir o feito pendente. Conforme o professor Dr. Humberto Junior explica. Com o instituto da litispendência, o direito processual procura: (a) evitar o esperdício de energia jurisdicional que derivaria do trato da mesma causa por parte de vários juízes; e (b) impedir o inconveniente de eventuais pronunciamentos judiciários divergentes a respeito de uma mesma controvérsia jurídica (JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direito processual civil – Vol. I) Litigiosidade É pela fenômeno da litigiosidade que o objeto do processo se torna litigioso a partir da citação válida não podendo assim aos litigantes altera-lo sob pena de cometer atentado (NCPC, art. 77, §7º), nem o alienar sem incorrer nas sanções da fraude à execução (NCPC art. 790,V).Do atentado decorre a obrigação para a parte de restabelecer o estado anterior, ficando proibida de falar nos autos até que a falta seja purgada (art. 77, § 7º). Da fraude à execução resulta a ineficácia do ato de disposição, de sorte que o bem alienado, mesmo na posse ou propriedade do terceiro adquirente, continuará sujeito aos efeitos da sentença proferida entre as partes (arts. 790 e 792) (JUNIOR. Humberto Theodoro - Curso de direito processual civil – Vol. I) Mora Constitui o devedor em mora a partir da citação valida significando que todos os efeitos da demora no pagamento começam a ser produzidos (juros, correção monetaria e etc) Prescrição Art 240 § 1º A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação. Embora a citação ocorra bem depois da propositura da ação, a interrupção da prescrição retroage aquela data inicial do despacho que a ordenou VIV. Fechamento Vimos que a citação, para o Direito, consiste no ato processual no qual a parte ré é comunicada de que se lhe está sendo movido um processo e a partir da qual a relação triangular deste se fecha, com os três sujeitos envolvidos no litígio devidamente ligados: autor, réu e juiz; ou autor interessados e juiz. A citação é um ato formal, ou seja, obedece a formas determinadas pela lei, sob pena de nulidade, devendo ser refeita se descumpri-las. Por fim, podemos mencionar que a importância da citação e de todos seus requisitos são fundamentais para garantir as partes do processo que seus direitos de contraditório e ampla defesa sejam colocados em pratica e que o juiz possa jurisdicionar de forma técnica e imparcial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 191 Daniel Amorim – Manual de Direito Processual Civil, Volúme Único, Saraiva – 2017. MARQUES, Paulo Edson – Apostilas Solução 2017. Humberto Theodoro - Curso de Direito Processual Civil, Forense - 2015. https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2134079/nova-sumula-429-do-stj-consolida-que-a- citacao-pelo-correio-exige-a-assinatura-do-recibo-pelo-citando https://www.jusbrasil.com.br/busca?q=sumula+282+stj https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/122046/a-citacao-no-processo-civil Lei 13.105, de 16 de Março de 2015 – Código de Processo Civil
Compartilhar