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Terapia manual Atlas de anatomia Palpatória. Tiago I. Imperatori Outubro, 2017 1 2 ÍNDICE: 1. Inflamação 2. Reparo dos tecidos 3. Tipos de dor 4. Anamnese 5. coluna vertebral. 6. Testes especiais 7. Palpação de nervos 3 4 INFLAMAÇÃO PRINCÍPIOS BÁSICOS DA INFLAMAÇÃO A Resposta Inflamatória consiste na resposta complexa em tecidos (principalmente nas respostas de vasos sanguíneos e leucócitos) do organismo á agentes agressores e/ou invasores. O corpo humano traz em sua essência diversos mecanismos para defender sua estase natural, dentre eles mecanismos de proteção que respondem a injurias de diferentes origens com o processo inflamatório. A inflamação pode ser aguda ou crônica, dependendo da natureza do estímulo e da efetividade da reação inicial em eliminar o estímulo ou os tecidos danificados. Inflamação Aguda É rápida no início (geralmente em minutos) e de curta duração, persistindo em horas ou poucos dias. Tipicamente apresenta exsudação de fluido e proteínas do plasma (edema) e migração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. Quando a inflamação aguda é bem-sucedida na eliminação dos agentes agressores, a reação reduz-se, mas se a resposta falha em limpar os agentes invasores, ela pode progredir para a fase crônica. Inflamação Crônica Uma falha da resposta aguda em limpar os agentes invasores evolui a uma fase crônica de inflamação. É uma fase de longa duração e está associada à presença dos linfócitos, macrófagos, proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e destruição tecidual. Embora as características clínicas da inflamação tenham sido descritas em papirus egípcios datados em torno de 3.000 a.C.,Celsius, um escritor egípcio do primeiro século d.C., primeiro listou os quatro sinais cardinais da inflamação: Rubor (vermelhidão), Tumor (inchaço), Calor (aquecimento) e Dolor (dor). Esses sinais são tipicamente mais proeminentes na inflamação aguda do que na inflamação crônica. Um quinto sinal clínico, a Perda de função (functio laesa), foi adicionado por Rudolf Virchow no século XIX. (Robbins e Cotran, 2010, P.44). 5 REPARO DOS TECIDOS A resposta inflamatória é seguida do processo de reparo. Ao mesmo tempo em que a inflamação destrói, dilui e retira os agentes injuriantes, ela põe em movimento uma série de eventos que tentam curar o tecido danificado. O reparo se inicia durante a inflamação, mas alcança a conclusão usualmente depois que a influência injuriante é neutralizada. No processo de reparo, o tecido injuriado é substituído através da regeneração das células parenquimatosas nativas, pelo preenchimento do defeito com tecido fibroso (cicatrização) ou, mais comumente, pela combinação desses dois processos. CONCEITO E MECANISMOS DE DOR Consiste em uma experiência sensorial ou emocional desagradável que ocorre em diferentes graus de intensidade – do desconforto leve à agonia –, podendo resultar da estimulação do nervo em decorrência de lesão, doença ou distúrbio emocional. Em casos de dores fisiológicas, a percepção ocorre graças à nocicepção: terminações nervosas independentes dos neurônios localizadas fora da coluna espinhal, no gânglio de raiz dorsal, são estimuladas mecânica, elétrica, térmica e quimicamente, transmitindo seus sinais por fibras nervosas até os neurônios sensoriais da medula. A percepção da dor pode variar não somente de uma pessoa para outra, mas também de acordo com a cultura, sendo transformada por muitos fatores. Portanto, é uma resposta subjetiva: cada indivíduo aprende a sensação por meio de experiências relacionadas com lesões no início da vida. Motivo mais comum que leva o paciente a procurar pela fisioterapia manipulatória. 6 TIPOS DE DOR Dor localizada: Quando se restringe a uma região específica do corpo, como em um corte no dedo. Dor difusa: Em casos da fibromialgia, a dor está presente, porém não apenas em um local. Dor Aguda: Manifesta-se transitoriamente por um período curto e na maioria das vezes com causas facilmente identificáveis. Funciona como um alerta do corpo para lesões em tecidos, inflamações ou doenças, primeiro centralizada e depois capaz de se tornar difusa. Dor Crônica: Excede seis meses, sendo constante e intermitente. Quase sempre está associada a um processo de doença crônica. Dor Cutânea: Localizadas e de curta duração, como queimaduras de primeiro grau e cortes superficiais. Dor Somática: Tem origem nos ligamentos, ossos, tendões, vasos sanguíneos e nervos. Poucos receptores de dor nestas regiões produzem uma sensação maçante, mal localizada e de maior duração. É a dor que uma pessoa sente quando quebra o braço ou torce o tornozelo, por exemplo. Dor Visceral: Origina-se dentro dos órgãos e cavidades internas do corpo. Com menos receptores sensoriais ainda nestas áreas, produz uma sensação dolorida e de maior duração do que a dor somática, muito difícil de localizar. Dor Neuropática (nevralgia): Pode ocorrer como resultado de um ferimento ou doença do tecido nervoso propriamente dito. 7 ANAMNESE A Anamnese baseia-se em um documento essencial para a abordagem terapeûtica, o qual contribui para o profissional conhecer o histórico clinico do seu paciente/ cliente e estabelecer a melhor terapia com suas necessidades. De acordo a cada caso o questionário pode variar aos pacientes, no entanto existem campos obrigatórios que precedem qualquer atendimento. - Perguntas abertas - Época em que iniciou o sintoma e como evoluiu - Dados de identificação - Queixa Principal (QP) - História Social Existem ainda pontos que não podem ser esquecidos ao examinar a coluna vertebral, denominados Red Flags (bandeira vermelha) os quais impedem a um tratamento adequado. Coluna Vertebral: Mielopatia cervical- indica alterações sensoriais; Condições neoplásicas; Ligamentos da Cervical superior; Doença inflamatória sistemica; Insuficiência da artéria vertebral. Região Lombar: Tumor relacionado à lombar- histórico de Câncer; Infecção relacionada à lombar (osteomielite espinal); Síndrome da Cauda Equina; Fratura da coluna vertebral. Com a união de todos os dados e informações necessárias, anamnese, exame físico e sinal comparável, o fisioterapeuta indica de 3-4 hipóteses para seu tratamento. Lembrando que a reavaliação tem que ser diária, pois a cada alteração de dados a terapia será modificada. Sendo necessário, o fisioterapeuta pode, e deve encaminhar o paciente para outro profissional da saúde para auxiliá-lo no tratamento. 8 9 Coluna vertebral. A coluna vertebral tem como função dar sustentabilidade e flexibilidade ao tronco e a cabeça, proteger a medula óssea e os órgãos internos, ser ponto de inserção de músculos e ligamentos além de suportar o peso da maior parte do corpo. Ela é constituída por 33 vertebras e 33 discos intervertebrais onde são; 7 Cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas. 10 Anatomia Palpatória da Coluna Cervical. Para a orientação clínica, os seguintes pontos de referência podem ser utilizados para determinar a altura das vértebras específicas: C3 nivelada com o osso hióide, que pode ser palpado anteriormente logo abaixo da mandíbula. C4 nivelada com a proeminência da laringe. C5 nivelada com a porção inferior da cartilagem tireóide. C6 cartilagem cricóide. Obs.: Uma característica das vértebras cervicais muito importante para palpação é a deque seus processos transversos estão localizados ventralmente aos processos articulares. Particularidades da 7 vertebra: Processo espinhoso longo e saliente. Paciente sentado com flexão de cabeça aponta-se com o dedo indicador a presença do processo proeminente. Para palpação da C1 o examinador coloca seu dedo anular sobre o processo mastoide, o dedo indicador se situa sobre o ângulo mandibular e o dedo médio palpa o processo transverso, através do esternocleidomastóide. Para se certificar que está mesmo palpando a C7 deve se pedir para que o paciente faça uma flexo-extensão de pescoço, se estiver em C7 haverá mobilidade; se estiver sobre T1 de uma forma geral a mobilidade será menor. 11 Anatomia Palpatória da Coluna Torácica. Dicas para palpação. ELEMENTO CORRESPÔNDENCIA Angulo superior da escapula Processo espinhoso de T1 à vértebra T2 Angulo inferior da escapula Processo espinhoso de T7 à vértebra T8 Localização dos processos transversos: Paciente sentado, o examinador segura firme a face anterior dos ombros com uma pegada de berço. Posteriormente, ele procura uma densidade a mais ou menos 2 dedos lateralmente ao processo espinhoso. A pegada em berço permite provocar uma rotação do tronco, o que possibilita uma melhor percepção dessa estrutura. 12 Anatomia Palpatória da Coluna Lombar. Algumas características das vertebras lombares auxiliam na sua identificação e, consequentemente, sua palpação. A distancia entre os dedos, na palpação dos processos transversos lombares em relação aos das vertebras torácicas é bem maior. Das vertebras moveis as vertebras lombares são as maiores e tem os seus processos transversos muito mais longos que os torácicos e os cervicais. Os processos transversos são longos, estreitos e dirigidos horizontalmente; nas vertebras L4 e L5, costumam ser ligeiramente inclinados. Palpação: Palpa-se os processos espinhosos das vértebras lombares. Coloca-se os índex, sobre as cristas ilíacas, os polegares recaem sobre o espaço interespinhoso de L4/L5. Os processos articulares e transversos não são acessíveis na região lombar. Para melhor palpar os processos espinhosos pode-se colocar um travesseiro sob o abdômen do paciente. PROCESSOS TRANSVERSOS: Estão 2 dedos lateralmente aos processos espinhosos, a palpação deles é feita com a polpa dos polegares, um em cada processo transverso da mesma vertebral. 13 Testes Especiais TESTE ATIVO DE MOVIMENTO INTERVERTEBRAL Os movimentos fisiológicos geralmente são testados em primeiro lugar. Todos os movimentos cervicais devem ser cuidadosamente observados de frente, visto que cada um deles pode revelar informações bastante importantes. TESTE DE SPURLING O teste consiste em posicionar o paciente, de preferência sentado, e o terapeuta localizado às suas costas exerce uma pressão continua no topo da cabeça ereta no sentido axial em torno de 15 segundos. Em seguida, é realizada uma nova compressão com uma leve inclinação da cabeça (direita e esquerda). Solicita-se então, com o paciente sentado e outros segmentos da coluna estabilizados que realize movimentos com a cabeça em flexão, extensão, inclinação direita e esquerda, rotação direita e esquerda. Todos os movimentos devem ser repetidos no mínimo duas vezes em sequencia para o mesmo lado a fim de comparação. 14 O teste é considerado positivo quando os sintomas são reproduzidos ou exacerbados por meio da compressão. O paciente poderá manifestar dor irradiada para o membro superior do lado da inclinação da cabeça, o que será um indício de compressão radicular e sofrimento neural. Teste de Distração Consiste em descomprimir as raízes nervosas cervicais, por meio da elevação ativa da cabeça. O terapeuta, após realizar o Teste de Spurling, ainda localizado posterior ao paciente, que está com a cabeça em posição neutra, posiciona uma mão nos ramos da mandíbula e a outra na região occipital, realizando um movimento contrário ao de Spurling, elevando a cabeça do paciente, proporcionando descompressão das raízes nervosas e relativo alívio da dor antes referida. 15 TESTE PASSIVO DE MOVIMENTO INTERVERTEBRAL Estes testes de movimento são muito comuns e apenas necessários quando for preciso determinar se uma leve pressão através da articulação causa alguma diferença na dor sentida durante o movimento. Ao examinar a coluna, o paciente deve deitar-se em prono, então o terapeuta verifica a temperatura e a transpiração da pele. Em seguida, solicita-se ao paciente deitar-se em supino na maca deixando sua cabeça e pescoço livre de qualquer apoio, em posição inicial –neutra- são iniciadas as manobras de flexão e extensão, inclinação lateral direita e esquerda, e rotações direita e esquerda, sempre apalpando vértebra a vértebra. O terapeuta deve deixar claro ao paciente de que sua cabeça estará firme para não “cair”. Pressão vertebral póstero-posterior central Com o paciente deitado em prono com as palmas das mãos na testa, o fisioterapeuta posiciona-se a frente da cabeça com os polegares segurando em oposição, no processo espinhal da vértebra a ser mobilizada. Os outros dedos que ficam ao lado do pescoço proporcionam estabilidade aos polegares. A pressão alternativa deve ser aplicada pelos braços com combinação do tronco. Esta mesma manobra pode ser realizada em pressão póstero- anterior unilateral, e bilateralmente, com a mesma posição do fisioterapeuta e paciente. 16 Teste da artéria vertebral Descrição O objetivo deste teste é avaliar se uma possível oclusão da artéria vertebral está a contribuir para os sintomas do paciente, sendo que se o teste for positivo o paciente poderá sofrer de Insuficiência Vertebrobasilar. Técnica O paciente deve estar deitado de barriga para cima com a cabeça fora da marquesa. O fisioterapeuta deve rodar, estender e inclinar para o mesmo lado a cabeça do paciente até ao final de movimento. Em seguida pede para o paciente contar de 20 até 0, mantendo os olhos abertos. Os sintomas positivos incluem vertigem, diplopia, disartria, disfagia, desmaio, náuseas e vómitos, alterações sensoriais, nistagmo, etc. Teste de Patrick Este teste destina-se a detectar tanto as patologias do quadril, como as da articulação sacro-ilíaca. Com o paciente em decúbito dorsal, colocamos o calcanhar do membro inferior em questão sobre o joelho do lado oposto; o examinador aplica então uma força sobre o joelho fletido e outra sobre a espinha ilíaca anterossuperior oposta, como se estivesse abrindo um livro. Se a dor for referida na região inguinal, pode haver patologia na articulação do quadril; caso a dor seja referida na região posterior, pode haver patologia na articulação sacro-ilíaca. 17 TESTE DE GILLET É um teste de mobilidade do ílio, aplica-se o teste com o paciente em ortostase, com os pés afastados aproximadamente 15 cm, o fisioterapeuta avalia o movimento (quando o quadril é fletido a 90°) colocando a mão nas espinhas ilíacas. Se a espinha ilíaca posterior e superior não cair do polegar em um lado o paciente possui hipermobilidade. Teste de Làsegue Provoca alongamento neural provocativo sobre os ramos nervosos que forma o nervo ciático (L5-S2) os quais se encontram totalmente estirados em uma flexão aproximadamente de 70º. O paciente em decúbito dorsal e relaxado parte de uma leve abdução e rotação interna do quadril e dorsiflexão do tornozelo. Para o teste ser positivo, deve- se levar em contaa queixa principal do paciente, não podendo ser confundida a dor ciática verdadeira do falso sinal decorrente do estiramento dos músculos isquitibiais. 18 Teste de Elevação com a perna estendida – SLR Paciente em decúbito dorsal, com o tronco e quadril em posição neutra. O fisioterapeuta posiciona uma mão sob o calcanhar e a outra acima do joelho. Realiza-se então flexão de quadril + adução + rotação interna. O teste será positivo quando os sintomas forem referidos entre 30º a 70º de amplitude. 19 Palpação de nervos: Nervo Mediano O nervo insere-se na terminação do músculo Deltóide, passando assim, abaixo do mesmo. Uma segunda forma de localiza-lo pode ser através da artéria braquial na parte medial do braço. Nervo Ulnar Pode ser localizado na epífise distal do úmero, posteriormente ao epicôndilo medial, sendo possível fazê-lo deslizar sob os dedos. Nervo Radial Passa posteriormente ao úmero, podendo ser localizado através do toque ao lado da artéria braquial, medialmente. 20 Nervo Femoral Localiza-se entre a espinha ilíaca ântero- superior e o tubérculo púbico. Também pode ser localizada com as digitais lateralmente a artéria femoral. Nervo Fibular Comum Insere-se na fossa poplítea, posterior a cabeça da fíbula. Nervo Tibial Posterior Localiza-se na fossa poplítea, tendo como referencia a artéria poplítea. 21 Nervo Ciático Localizado entre a tuberosidade isquiática o trocanter maior. Para melhor localização podemos ter como referência a linha inferior do glúteo. 22 REFERÊNCIAS 1. TIXA, S. Atlas de Anatomia Palpatória do Pescoço, tronco e membro superior. 1ª Ed. São Paulo: Manole, 2000. 2. KISNER Carolyn, COLBY Lynn, Exercícios Terapêuticos, Fundamentos e técnicas. 5ª Edição, Editora Manole, 2009. 3. MAITLAND, Geoffrey Douglas. Maitland Manipulação vertebral.Rio de Janeiro:Elsevier, 2007.
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