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Espirometria Carine Gomez, Gabriela Torres, Kimberly Wojcik, Maiane Silva, Mariana Wohlgemuth, Tiago Imperatori Trabalho de Conceitos da Espirometria A espirometria (do latim spirare = respirar + metrum = medida) é a medida do ar que entra e sai dos pulmões. É um teste que auxilia na prevenção, permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. Deve ser parte integrante da avaliação de pacientes com sintomas respiratórios ou doença respiratória conhecida. Tipos de Aparelhos Espirômetro Selo D’água: Consistem de uma campânula grande (7 a 10L) suspensa num reservatório de água com a extremidade aberta da campânula abaixo da superfície da água. Um sistema de tubos dá acesso ao interior da campânula e medidas precisas de volumes podem ser obtidas. Espirômetro Tipo Pistão: Existem sistemas horizontais e verticais. Os espirômetros de pistão são em geral exatos. Estes aparelhos têm também a vantagem da realização de testes manuais e computadorizados. A despeito de seu grande tamanho, podem ser mais facilmente transportados do que os de água. Espirômetro de Fole O sistema pode ser horizontal ou vertical. Alguns espirômetros de fole, especialmente aqueles que são montados verticalmente, são construídos especificamente para medida dos fluxos expiratórios (sistemas abertos). Classificação da Espirometria Dentre as formas de organizar a espirometria e, para efeito de estudo, é possível classificá-la em: Simples ou convencional – estática – dinâmica Espirometria Simples ou Convencional Possibilita avaliar todos os volumes, capacidades e fluxos diretamente, com exceção do VR, fornecendo ricas informações sobre a função pulmonar. Por intermédio da espirometria simples é possível detectar valores considerados estáticos (volumes e capacidades) e valores considerados dinâmicos (fluxos). Espirometria Estática A espirometria estática não permite avaliar todas as condições da função pulmonar, entretanto, fornece alguns volumes importantes, como, por exemplo, a capacidade vital (CV). Espirometria Dinâmica Envolve, além de volumes e capacidades, a velocidade com que o ar deixa os pulmões. Isto é, o fluxo aéreo ou fluxo expiratório, que significa o tempo que uma quantidade de ar leva para passar pelas vias aéreas e chegar à boca. Critérios de Aceitação Pelo menos três testes aceitáveis. Inspiração máxima (antes da manobra). Curvas reprodutíveis com diferença inferior a 200ml ou 5% entre os maiores valores do VEF1 e também da CVF. Duração satisfatória: em geral > 6s. Término em platô no último segundo, por desconforto acentuado do paciente ou risco de síncope. Manobras CVF: CAPACIDADE VITAL FORÇADA CVL: CAPACIDADE VITAL LENTA VVM: VENTILAÇÃO VOLUNTÁRIA MÁXIMA CVF Curva em envelope Curva fluxo -volume Curva volume-tempo Aceitação da curva Deve ter pelo menos 3 teste aceitáveis e 2 reprodutíveis CVF e VEF1: devem ser menos que 150mL Inspiração máxima antes da manobra Expiração abrupta CVF/VEF1 - Tiffeneau Indica se tem alguma doença obstrutiva ou restritiva Valores de referências CVF > 80% VEF1 >80% Tiffeneau – CVF/VEF1 >70% Idosos >65% Indicações para o exame As razões para realizar espirometria podem ser divididas em 3 categorias maiores: Propósitos diagnósticos. Monitorização da doença ou seu tratamento. Avaliação de incapacidade Tosse crônica > 3 semanas Dispnéia crônica Exame físico: hiperinsuflação, redução do MV, cianose, deformidades torácicas, sibilos Após tratamento com estabilização dos sintomas Tabagistas Neuromusculares Medicina do trabalho Risco operatório Uso de BD Asma DPOC Bronquite Bronquiectasia Enfisema Fibrose Cística Sarcoidose Fibrose Pulmonar Contraindicações Aneurisma Aneurisma Aorta torácica Cirurgia neurológica recente Concussão recente Cirurgia oftalmológica recente Glaucoma significante Cirurgia de seios nasais e ouvido Pneumotórax Cirurgia torácica recente Cirurgia abdominal recente Gestação Hipotensão sistêmica ou severa hipertensão Arritmia atrial/ventricular significante Insuficiência cardíaca descompensada IM recente História de síncope relacionado ao esforço/tosse Tuberculose ativa Hepatite B Hemoptise oral Inabilidade de seguir instruções Angina recente Descolamento de retina Edema pulmonar Preparação do exame Broncodilatadores de ação curta devem ser suspensos por 4 horas e de ação prolongada por 12 horas; (suspensão do Bd resultar em dispnéia acentuada, Bds podem ser mantidos) Não deve-se tomar chá ou café dentro das 6hrs antes; Não fumar nas últimas 2 horas; Preparação do exame Não beber bebidas alcoólicas nas últimas 4 horas; Evitar refeições volumosas na última hora; O paciente deve repousar 5 a 10 minutos antes do teste; Questionar o paciente sobre Sintomas: pigarro pela manhã,eliminação de catarro,chiado no peito, Quantificar a dispnéia (MCR) Infecção respiratória nas últimas 3 semanas. Outras doenças:cardíacas,doença sistêmica, crônicas. Alterações dos Parâmetros As doenças obstrutivas e restritivas alteram de maneira característica a forma das curvas volume-tempo e fluxo-volume Nos pacientes com lesões obstrutivas da traqueia intratorácica, da traqueia extratorácica, da laringe ou da orofaringe, a alça fluxo-volume pode apresentar deformidades características, acompanhadas de anormalidades em determinados parâmetros espirométricos Distúrbio Ventilatório Restritivo A restrição resulta em volumes pulmonares reduzidos, pode ocorrer quando o parênquima pulmonar é deslocado (tumores, derrames pulmonares) ou removido (ressecção) e afecções que afetam a parede torácica ou os músculos respiratórios também resultam em restrição Doenças: pneumopatias intersticiais difusas, ressecções cirúrgicas, cifoescoliose, torocoplastia, obesidade, ascite, etc. Diminuição da CVF e VEF1, a relação VEF1 / CVF (tiffeneau) estará normal Distúrbio Ventilatório Obstrutivo Fluxo aéreo reduzido que ocorre por redução de calibre nas vias aéreas superiores, traqueia e brônquios principais Doenças: asma, DPOC, enfisema, fibrose cística, bronquite crônica, bronquiolite e bronquiectasias em geral Diminuição da relação VEF1 / CVF e VEF1, e a CVF normal DIFERENÇA DOS VALORES DA CVF E DO VEF1 (CVF%T - VEF1%T) CLASSIFICAÇÃO ≤ 12 DISTÚRBIO MISTO > 12 e < 25 DISTÚRBIO OBSTRUTIVO COM REDUÇÃO DA CVF ≥ 25 DISTÚRBIO OBSTRUTIVO COM DIMINUIÇÃO DA CVF POR PROVÁVEL HIPERINSUFLAÇÃO ASSOCIADA (DPOC) DISTÚRBIO VENTILATÓRIO OBSTRUTIVO, COM DIMINUIÇÃO DA CVF DISTÚRBIO VENTILATÓRIO RESTRITIVO VEF1 / CVF VEF1 DISTÚRBIO OBSTRUTIVO VEF1 CVF DISTÚRBIO RESTRITIVO VEF1 / CVF CVF e VEF1 DISTÚRBIO MISTO VALORES DE REFERÊNCIA NORMAIS CVF > 80% VEF1 > 70% Idoso: > 65% VEF1 / CVF > 70% FEF25-75% > 80% Gradação dos Distúrbios Ventilatórios GRAU RESTRIÇÃO CV (F) (%T) OBSTRUÇÃO VEF1 / CV (F) (%T) ou VEF1 (%T) Leve 80 - 66 60 - LN Moderado 65 - 51 41 - 59 Grave < 51 ≤ 40 Prova Broncodilatadora Uma vez obtida uma curva F-V pré- broncodilatador (BD) satisfatória, usa-se um fármaco beta-2-adrenérgico de curta duração (fenoterol, salbutamol ou terbutalina), em aerossol por nebulímetro (spray), inalado através de aerocâmara, dois jatos (400ug). Aguardam-se 10 a 15 minutos e repete-se todo o processo da curva F-V para obtenção de resultados após BD. Indicações Determinar se a obstrução de vias aéreas observada num determinado momento é irreversível, parcialmente reversível ou completamente reversível Avaliar a eficáciade um dado broncodilatador num paciente com obstrução de vias aéreas reversível Acompanhar a evolução da reversibilidade da obstrução das vias aéreas de pacientes asmáticos, durante tratamentos de longo prazo Contraindicações e precauções As contraindicações à PBD são as mesmas da espirometria forçada Além disso, a ministração de agonistas beta2-adrenérgicos está contraindicada nos pacientes com hipertireoidismo não controlado, cardiomiopatia hipertrófica, insuficiência cardíaca descompensada ou taquiarritmias Qual teste solicitar ? Paciente com queixas respiratórias, suspeito de apresentar hiperreatividade brônquica (HRB), se no teste espirométrico pré broncodilatador observa-se um valor da relação VEF1/CVF inferior a 70%, o mais indicado é fazer o teste com broncodilatador. Se houver resposta, estará indiretamente confirmada a suspeita clínica de HRB. Curvas Fluxo-Volume (F -V) A figura A mostra uma curva normal, enquanto a figura B e C evidencia os padrões obstrutivo e restritivo, respectivamente. É obtida durante a realização da capacidade vital forçada pela plotação entre volume (CVF) e fluxo (fluxo máximo instantâneo) Interpretação Se a espirometria pré broncodilatador apresenta padrão obstrutivo, considera-se a presença de resposta ao broncodilatador (BD) quando o VEF1 aumentar pelo menos 200ml e 7% em relação ao previsto, ou houver um aumento na CVF superior a 350ml. Em pacientes sem obstrução, considera-se presente a resposta ao BD quando houver aumento no VEF1 superior a 10% (em relação ao valor previsto) ou aumento no VEF1 superior a 300ml. Se após o BD, normalizar- se a CVF, exclui-se distúrbio restritivo ou misto. Pacientes com DPOC podem até ter respostas positivas, mas por definição, não podem apresentar uma reversão completa de sua obstrução de vias aéreas. A reversão mais completa da obstrução de vias aéreas é mais comum em pacientes com asma de início recente. A resposta à PBD pode ser paradoxal: alguns pacientes com obstrução de vias aéreas apresentam, após a inalação da substância broncodilatadora, decréscimos significativos em parâmetros nos quais se poderiam esperar aumentos. Isso pode decorrer de: uso de um dosificador pressurizado quase vazio; fadiga do paciente; ou falta de cooperação por parte do paciente. Referências CONDE, Marcus Barreto; SOUZA, Gilvan Renato Muzy (Ed.). Pneumologia e tisiologia: uma abordagem prática. São Paulo, SP: Atheneu, 2009. Saúde. Espirometria. Acesso em 30/10/2017. Disponível em: http://www.saude.ufpr.br/portal/labsim/wp-content/uploads/sites/23/2016/07/Suple_139_45_11- Espirometria.pdf. SILVA, Luiz Carlos Corrêa da; SILVA, Luciano Muller Corrêa da. Avaliação funcional pulmonar: incluindo questões de auto avaliação e respostas comentadas. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, c2000. Francisco George - Diretor-Geral da Saúde. Especificações técnicas para a realização de espirometrias com qualidade em adultos, nos Cuidados de Saúde Primários (Orientação nº 005/2016)
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