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Volume 1 Edição: MED1 2018.1 Desenvolvimento Humano Bruno Aguiar Martins APOSTILA DE DESENVOLIMENTO HUMANO Nome: __________________________________________________ E-mail: __________________________________________________ Telefone: ( ) ___________________ Recomenda-se utilizar, juntamente a esse material, as referências listadas no início de cada capítulo. Obs.: em caso de erro no conteúdo, me procure para que eu possa corrigi-lo. Obrigado! E-mail: brunoaguimartins@gmail.com Telefone: (31) 98556-2536 Conteúdo Obs.: Capítulos em azul são de Genética e, os em verde, Embriologia 1. Genoma humano e ciclo celular .................................................................................. 1 Genoma Humano ......................................................................................................................... 1 Ciclo celular .................................................................................................................................... 3 Fases do ciclo celular ............................................................................................................ 3 Esquema do Ciclo celular .................................................................................................... 4 Complicação no ciclo: câncer ........................................................................................... 5 Exercícios ......................................................................................................................................... 6 2. Gametogênese e fertilização ........................................................................................ 7 Gametogênese Masculina (Espermatogênese) ...................................................................... 7 Etapas da espermatogênese .............................................................................................. 8 Maturação dos espermatozoides ........................................................................................ 8 Gametogênese Feminina (Ovogênese) .................................................................................... 8 Fertilização .................................................................................................................................... 13 Exercícios ....................................................................................................................................... 14 3. Reprodução assistida (RA) ........................................................................................... 15 Problemas de fertilidade ............................................................................................................ 15 Técnicas de Reprodução Assistida (RA) .................................................................................. 16 Regulação das técnicas de RA no Brasil ................................................................................. 17 Exercícios ....................................................................................................................................... 18 4. Primeira semana ............................................................................................................ 19 Trajeto para o útero ..................................................................................................................... 19 Após a fertilização ............................................................................................................... 19 Potência celular .................................................................................................................. 22 Diferenciação das células embrionárias........................................................................... 22 Nidação ........................................................................................................................................ 23 Exercícios ....................................................................................................................................... 24 5. Segunda semana .......................................................................................................... 25 Finalizando a implantação ........................................................................................................ 25 Diferenciação das estruturas intraembrionárias ..................................................................... 25 Diferenciação das estruturas extraembrionárias .................................................................... 27 Destino dos folhetos embrionários ............................................................................................ 29 Exercícios ....................................................................................................................................... 29 D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 1. Genoma humano e ciclo celular Artigo: “Ciclo Celular e novas terapias contra o cancro (o ano do Nobel).” Por: Joana Perdigão e Álvaro Tavares. Livros: “Genética médica” por: L. B. Jorde; “Citogenética Humana” por: S. W. Maluf. Introdução Para termos melhor noção de todo conteúdo da matéria de Desenvolvimento Humano, necessitamos entender as bases do material genético e o funcionalmento do ciclo celular. Genoma Humano O estudo do nosso genoma (conjunto dos genes) progrediu de forma significativa por meio do Projeto genoma a partir do séc. XX. Objetivos base do projeto genoma Sequenciamento: construção do banco de dados dos genes humanos para futuras pesquisas médicas; Identificação: para ter conhecimento da função dos genes; Funcionalidade específica dos genes: saber quais genes são ativos em nossa espécie e ratificar quais são os genes “lixo”; Entender as variações de sequências: reconhecer as variações existentes nas sequências dos pares de base; Levantar questões éticas: humanos “superiores” poderiam ser desenvolvidos e gerar problemas de cunho social e outras questões éticas, como imparcialidade da reprodução assistida, por exemplo (comentaremos aqui na apostila). Contudo, ainda não se sabe 100% sobre as informações contidas no nosso material genético. Mas as pesquisas continuam revelando muitas informações sobre nossa individualidade, essa que é representada como apenas por cerca de 0,1% de nosso DNA. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 Objetivos práticos do projeto genoma O interesse prático do projeto genoma é conhecer o locus (região) de um gene de interesse para que possamos, por meio da engenharia genética, nos beneficiarmos. Ex.: extração do gene para produção de medicamentos específicos, clínica molecular e etc. Captura do gene de interesse: isola-se o locus por meio de técnicas de engenharia genética capturando o gene de interesse (obs.: não é possível retirara, precisamente, um gene atualmente, mas sabe-se em que região ele se localiza no DNA). Criação de um vetor recombinante: inocula-se o possível gene de interesse em um vetor de propagação (geralmente são vírus bacteriófagos em alguma bactéria de alta produtividade); Inserir o vetor recombinante na célula alvo: agora o vetor se chama: vetor de propagação. O gene será anexado ao genoma da célula alvo e espera-se que o produto desejado seja produzido; Coletar células recombinantes: são as células que obtiveram o padrão desejado de características e produtos para serem replicadas e, depois,extrair o produto em grande quantidade. Hoje é possível produzirmos insulina sintética (exemplo anterior), tratarmos leucemia por terapia gênica, diagnóstico precoce de Alzheimer entre outras conquistas. O que se sabe sobre nosso genoma . Cada célula tem cerca de 19.000 genes e 2,9 Gb de informação; Existem cerca de 3 bilhões de pares de base (pb) mas 50% dos genes são sequências repetidas ou não têm função definida; Normalmente um gene tem 3.000pb, mas o maior possui 2,4 milhões de pb (gene da Distrofina). Um gene é possível gerar várias proteínas; Somos 99,9% semelhantes; Existe DNA herdado fora do núcleo, ele está nas mitocôndrias. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 3 O que não se sabe sobre nosso genoma A possível conservação evolutiva; Número e localização exata dos genes; Informações sobre o DNA não-codificante (DNA “lixo”); Suscetibilidade a doenças baseada na variação da sequência. Coordenação da expressão gênica, síntese proteica e eventos pós-traducionais; Além do Genoma existe o Proteoma. Ele é o conjunto de proteínas e variantes que podem ser encontrados/produzidos em uma célula. Ciclo celular Ele é dividido em Interfase e Mitose e/ou Meiose. E tal ciclo possibilita três destinos para as células seguirem após terem sido criadas: autorrenovação, diferenciação e morte celular. Fases do ciclo celular A mitose (M) corresponde a uma pequena parte do processo geral do ciclo. Já a interfase ( I ) é dividida em 4 porções: G0: Estado de quiescência (quase dormência) celular; G1: Preparação intracelular para a fase seguinte; S : Momento de síntese do DNA (duplicação); G2: Preparação intracelular para a fase seguinte (mitose). Obs.: G0 não é uma fase obrigatória, mas sim uma possibilidade em que a célula pode seguir entre a fase M e S A mitose (M) dura, em média, 1h para a grande maioria das células. As fases S e G2 da interfase também têm tempos semelhantes na maioria das células. No entanto, a fase G1 é a fase que mais se diferencia de um tecido para outro. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 4 Em cada fase da interfase existe um mecanismo que se chama: Checkpoint; responsável por interromper a célula seguir para a fase seguinte caso exista algum erro no processo recém percorrido por meio das seguintes substâncias: As Ciclinas (cdc) são proteínas que se unirem às CDKs. CDKs (Quinases Dependentes de Ciclina): proteínas que fosforilarão o complexo o MPF, liberando energia ao meio intracelular (as CDKs estão presentes em todo o ciclo celular). O MPF (Fator Promotor de Maturação) é o complexo formado pela união da cdc + CDK, permitindo a continuação da divisão celular após sua fosforilação. Há, também, a p27 e p53 (existem outras proteíns). São inibidores da cdc, conectando nas CDKs. A pRb (Proteína Retinoblastoma) é um freio do ciclo celular (transição G1 para S). Esquema do Ciclo celular Mitose ou Meiose Start (Ponto de restrição) Estado de quiescência induzida ou facultativa Obs.: a colchicina não age nessa fase Checkpoint Checkpoint Checkpoint Espera-se que o MPF se forme quando tudo ocorrer naturalmente Caso contrário, o controlador de G1 (pRb) atuará impedindo com que o ciclo progrida para fase S MPF formado se tudo estiver correto Se houver algum erro, a p53 (principalmente) agirá levando os apoptossomos atuarem na célula MPF é o fator formado pela união das: Ciclinas + CDK Imagem adaptada de: <http://dicionariosaude.com/wp-content/uploads/2014/01/Graaf-foliculo.jpg> MPF checa as fibras do fuso. Caso haja erro, a célula será interrompida por fatores já discutidos D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 5 . Complicação no ciclo: câncer Quando algum mecanismo do checkpoint falha, uma célula descontrolada entra em processo de proliferação descontrolado. Isso se deve à perda ou ganho de função inesperada de algum componente celular por meio da expressão ou não expressão de um gene em local e/ou momento errado devido mutações ou não. Dessa forma, o processo pode ser causando por origens endógenas (fisiológico, genético ou psicológico) e exógenas (teratogênicos em geral e outros fatores epigenéticos). Imagem adaptada de: <http://dicionariosaude.com/wp-content/uploads/2014/01/Graaf-foliculo.jpg> Não sabemos ainda como tratar células cancerosas em G0 Muitas células cancerígenas em G2 ou M são mais sensíveis aos radioterápicos Meiose A fase I é mais propensa a sofrer ataques de quimioterápicos Obs.: principalmente na fase M Célula cancerígena D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 6 Exercícios 1. Quais os benefícios clínicos do projeto genoma e proteoma? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2. Marque V ou F: a) ( ) No genoma há o DNA “lixo”, o qual ainda não sabemos sua função; b) ( ) O DNA é universal e degenerado; c) ( ) Todos os genes das células humanas estão dentro do núcleo; d) ( ) Pode-se tratar cânceres em G0 com quimioterapia (colchicina); e) ( ) Células cancerosas em M se tratam, de preferência, com radioterapia. 3. Células ativas em divisão possuem no seu ciclo uma fase G0? E qual é o papel de G0? ________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 4. Como agem os pontos de checagem quando há dano ao material genético? Quais as fases que mais necessitam desses mecanismos? (Relacione pRb e p53). ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 5. Como deve ser o tratamento de câncer em diferentes fases do ciclo celular? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 6. Por que a proteína p53 é essencial para o funcionamento adequado do ciclo celular? Qual a relação dela com o câncer? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ____ de 10 questões D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 7 2. Gametogênese e fertilização Artigo: “Gametogênese: Estágio fundamental do desenvolvimento para reprodução humana.” Por: Carlos Henrique Medeiros de Araújo, Maria Cristina Picinato Medeiros de Araújo, Wellington de Paula Martins, Rui Alberto Ferriani e Rosana Maria dos Reis. Capítulo 2 do livro “EmbriologiaClínica 8ª Edição”. Por: Keith L. Moore e T. V. N. Persaud. Introdução O princípio da gametogênese se dá com o surgimento das CGPs (Células germinativas primordiais) durante o período embrionário, tanto no homem quanto na mulher. Elas são células-tronco que formarão as gônadas de ambos os sexos. Morfologicamente falando elas são identicas, mas, no decorrer do desenvolvimento, fatores induzem a sua diferenciação em células precursoras de espermatozóides ou ovócitos. Gametogênese Masculina (Espermatogênese) Ela é menos complexa do que a feminina e há grande rendimento na sua produção. As CGPs (2n) sofrem mitoses dando origem às espermatogônias (2n) quando há devida expressão gênica do cromossomo Y. Ainda no período embrionário, as espermatogônias vão se multiplicando e se posicionando no limite da estrutura interna do túbulo seminífero. Devido a fatores hormonais, as espermatogônias permanecem em estado de dormência até a puberdade, período onde elas estarão em atividade intensa de mitose e meiose nos homem (obs.: a gametogênese no homem pode ocorrer durante a velhice, não sendo comum ser interrompida como ocorre na mulher). Na histologia sabe-se que há existência de 2 células testiculares importantes. As células de Leydig são responsáveis por produzir o hormônio andrógeno (testosterona) com o estímulo de outro hormônio (Hormônio luteinizante ou LH) e as células de Sertoli dão sustentação e protegem as células germinativas masculinas. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 8 Etapas da espermatogênese 1. Fase de proliferação: acréscimo exponencial de espermatogônias (2n) ao iniciar a puberdade. 2. Fase de crescimento: há um leve aumento do volume celular acompanhado com diferenciação e expressões gênicas, transformando a espermatogônia (2n) em espermatócido primário (2n). 3. Fase de maturação: inicia-se a meiose dos espermatócitos I para cada formar dois espermatócitos secundários (n). 4. Espermiogênese: processo de amadurecimento das espermátides (n) em espermatozoides (n) com a expulsão de grande quantidade de conteúdo intracelular e criação do corpo espermático. Mas eles ainda não estão maduros. Maturação dos espermatozoides Espermatogênese (64 dias nos túbulos seminíferos) Ducto deferente (12 dias no Epidídimo) Espermatozoide maduro Obs.: se não ficarem no epidídimo, os espermatozoides vivem por 24h Gametogênese Feminina (Ovogênese) Ao contrário da masculina, a gametogênese feminina tem baixo rendimento, é mais complexa e possui data de validade. Além disso, a sua maturação é iniciada ainda no período intrauterino. Tudo se inicia quando as CGPs (2n) começam a se diferenciar em ovogônias (2n); em seguida elas sofrem um processo semelhante à gametogênese masculina, que é certa alteração morfológica da célula para então tornar-se ovócito primário (2n). Então, quando o ovócito primário surge, por volta da 18ª semana do desenvolvimento, ele inicia o processo de Meiose I. Ao mesmo tempo, no ovário, algumas células epiteliais se aglomeram no entorno do ovócito primário em processo de meiose I, essas são as células foliculares. . D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 9 Quando a meiose I já está na Prófase I na fase do Diplóteno, essas células foliculares liberam fatores (Inibidor de Maturação de Meiose ou IMM) que interrompem a divisão celular, mantendo o ovócito I nessa situação até a puberdade (a partir desse instante não haverá mais mitoses de células germinativas). Quando o organismo feminino chega à puberdade, existem cerca de 2 milhões folículos (com ovócitos I em seu interior) estacionados na Prófase I. Muitos sofrerão atresia e involuirão. Já na puberdade, as gonadotrofinas (FSH e LH) possibilitam o retorno do ciclo celular do ovócito I. Assim, a meiose I é finalizada surgindo duas células haploides. Vale salientar que as duas células formadas estarão aprisionadas dentro do folículo ovariano. Esse dará nutrição e certa proteção até o momento da ovulação. Como, normalmente, não há fecundação na primeira ovulação, a menarca (primeira menstruação) ocorre e esse ciclo se repetirá a cada mês: um folículo ovariano amadurecerá com a indução de gonadotrofinas e outros serão degenerados. . Ovócito I (2n) Ovócito II (n) Polócito I (n) No momento da divisão meiótica, uma das células acaba ficando com quase todo o citoplasma e organelas, deixando a outra célula picnótica (anã e quase sem funcionamento). A célula maior é uma célula germinativa funcional, o Ovócito II (n). Já a outra célula é o Polócito I (n) ou Primeiro corpo polar, esse que não possui quase nenhum funcionamento e logo se degenerará com o decorrer do processo de fecundação. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 0 Do embrião à menopausa No embrião há cerca de 4.000.000 de folículos em formação. Quando a meiose I é finalizada restam apenas 40.000. Por fim, quando chega a puberdade, apenas 400 folículos, aproximadamente, serão amadurecidos para serem fecundados durante a vida adulta. Com seu esgotamento, há então o início do processo de menopausa. Ação das gonadotrofinas As principais gonadotrofinas serão três: Duas maternas 1. FSH (Hormônio estimulante de folículo): induz a produção de estrogênio (estradiol) para que o útero se prepare para receber o ovócito fecundado. 2. LH (Hormônio luteinizante): induz a produção de progesterona pelas células foliculares do corpo lúteo (vamos falar ainda dele) e auxiliando na liberação do ovócito. Uma embrionária 1. hCG (Gonadotrofina coriônica humana): induz o corpo lúteo (gravídico) a continuar liberando progesterona na corrente materna. Para isso, é necessário que haja a fertilização do Ovócito II e uma consequente nidação. Então o sinciciotrofoblasto (estrutura embrionária) liberará o hCG (progestante) no sangue materno. Obs.: hormônio que pode ser dosado para teste de gravidez a partir da 2ª semana. Folículos ovarianos A maioria dos folículos se tornam folículos atrésicos (degenerados), os que progridem começam a se espessar e ganhar células, dividindo as em dois grupos celulares, as tecas. A teca interna produz fatores e um líquido nutritivo para o ovócito (com o aumento do volume intersticial, é formado o antro). A teca externa sustenta o cumulus oophorus (conjunto de ovócito, zona pelúcida, corona radiata, líquido antral e algumas células foliculares), esse que será expulso na ovulação. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 1 . Ovulação . A meiose do ovócito é novamente paralisada quando a célula está prestes a ser liberada. O Ovócito secundário (n) é barrado na Metáfase II da Meiose II. Com essa interrupção da meiose, o ovócito II estará pronto para ser expelido com o cumulus oophorus. Fonte: <http://dicionariosaude.com/wp-content/uploads/2014/01/Graaf-foliculo.jpg> Polócito I (n) Ovócito II (n) Ovócito II (n) parado na Metáfase II da Meiose II Com a contínua estimulação do LH, na metade do ciclo ovariano regular, o folículo se rompe e libera o ovócito secundário embebido em líquido tecal e células foliculares que formarão a corona radiata. As célulasfoliculares que ficaram pra trás formam o Corpo lúteo (CL). Após isso, há duas possibilidades de eventos: 1. Fertilização: com a nidação, hCG é liberando para formar o Corpo lúteo gravídico, esse que manterá a gestação com a progesterona. 2. Menstruação: se não há hCG, o CP deixará de produzir progesterona. O endométrio se descama e o CP se torna Corpo albicans, o que é uma cicatriz ovariana. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 2 Ciclo ovariano e uterino Ciclo ovariano • Fase folicular: recebe estímulo do FSH e há crescimento folicular; • Fase luteínica: LH atua de forma predominante. Ciclo uterino • Menstruação: Dura 4-5 dias. Os sinais ovarianos de queda do estrógeno e progesterona são essenciais para que ocorra; • Fase proliferativa: Após a menstruação, há um aumento do estímulo estrogênico, regenerando o endométrio, a partir das glândulas uterinas da camada basal; • Fase secretora: Depois da ovulação, o corpo lúteo secreta progesterona e estrógeno. O estroma uterino torna-se edemaciado e as células do estroma de hipertrofiam (reação da decídua) preparando-se para uma possível gravidez. Ciclo ovariano e uterino com seus hormônios (sem fecundação) Fonte: <http://biologia-no-vestibular.blogspot.com/2013/08/reproducao-ii-ciclos-hormonais.html> D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 3 Fertilização Na ejaculação, o sêmen possui frutose para aumentar o estoque energético para os gametas masculinos e, nesse momento, os espermatozoides ganham motilidade. O fluido, em contato com a vagina, formará um tampão no colo uterino impedindo com que líquido seminal retorne para o canal vaginal ao invés de prosseguir para o ovócito II por meio da vesiculase. Então ocorre a Capacitação dos espermatozoides, pelo movimento uterino causado pelas prostaglandinas, auxiliando no processo de fertilização. O encontro pode levará cerca de 12h após a ovulação e ocorre na ampola da tuba uterina. O tempo total: 24h. Na cabeça do espermatozoide (acrossoma), há enzimas que, em contato com as barreiras do ovócito, serão liberadas e , com o movimento dos seus flagelos, o gameta masculino penetrará o feminino por meio do seguinte processo: ▒ ▓▓▓▓ ║ Hialuronidase e acrosina (além de neuranimidases e esterases) do acrossoma degradam, respectivamente: corona radiata e zona pelúcida. Por fim, as membranas plasmáticas do espermatozoide e ovócito se fundem e todo o corpo espermático penetra a célula. Um fluxo de íons com a penetração do espermatozoide causa, teoricamente, uma impossibilidade físico-química de polispermia. Após isso há a seguinte sequência de eventos: Formação do Prónucleo feminino (n). 23, X. Formação do Segundo corpo polar (n). Formação do Pronúcleo masculino (n). 23, X ou Y. Degeneração da calda do espermatozoide. União dos Prónucleos com surgimento um novo humano por meio do: Zigoto Meio externo Corona radiata Zona pelúcida Membrana plasmática Citoplasma do ovócito D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 4 Exercícios 1. Que conselho você daria para não recomendar uma paciente de 43 anos ter um filho. Dê uma explicação fisiológica e genética. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2. Marque V ou F: a) ( ) A maturação do espermatozoide ocorre no epidídimo e ele ganha motilidade no momento da ejaculação, com o fluido das glândulas do sistema reprodutor masculino. Sua capacitação ocorre com o útero auxiliando-o. b) ( ) Na puberdade feminina ocorrem mitoses e meioses para que haja formação de novos folículos ovarianos no intuito de haver ovulação. c) ( ) No embrião feminino, a Meiose I é estagnada na fase do Zigóteno. d) ( ) O hCG é a gonadotrofina responsável pela manutenção do corpo lúteo. e) ( ) A fertilização do ovócito secundário ocorre na ampola da tuba uterina. f) ( ) Na meiose I de ovócito I (n), ele é paralisado no período embrionário por meio de fatores (IMM) que impedem que ele continue sua divisão celular até que ocorra a puberdade, com a liberação de FSH e LH, respectivamente. g) ( ) As espermátides (n) são responsabilizadas de formar os espermatozoides por meio da espermiogênese. Após isso, os espermatozoides já estão maduros. h) ( ) Na fertilização, todo o corpo do espermatozoide adentra no ovócito II. i) ( ) Na mulher, o FSH induz a produção de estradiol e o LH progesterona. j) ( ) A queda dos hormônios femininos leva à menorreia no final de cada mês. k) ( ) Com a fertilização, o ovócito II termina sua Meiose II e há formação do segundo corpo polar (n). l) ( ) A hialuronidase rompe a corona radiata, acrosina a zona pelúcida (ZP3). 3. Explique, com os eventos chave, a ovulação a partir da Metáfase II do ovócito secundário e os dois possíveis eventos que podem ocorrer no ovário após isso. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ ____ de 14 questões D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 5 3. Reprodução assistida (RA) Artigo: “Técnicas de reprodução assistida no tratamento da infertilidade” Por: Ana Paula Kussler1 e Adriana Simon Coitinho. Link para a “Resolução CFM nº 2.121/2015”: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/2015/2121_2015.pdf Introdução Entender a reprodução assistida e suas repercuções são é algo de suma importância. Aqui iremos discutir as causas, tratamentos e anseios de cunho administrativo/social sobre o assunto. Problemas de fertilidade A infertilidade afeta aproximadamente de 10 a 15% dos casais, sendo que o componente masculino isolado é responsável por 30% das causas de infertilidade conjugal e, em associação com o fator feminino, por mais de 20%. No homem Comumente a infertilidade masculina relacionam-se à espermatogênese pobre de causa idiopática e devido a causas genéticas. Mas a seguir estão listadas as causas registradas: Ejaculação precoce e disfunções de ereção; Anticorpos espermáticos que impedem a motilidade sobrevivência ou habilidade do espermatozóide; Deficiência de Hormônio folículo estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e testosterona; Câncer testicular; Fibrose cística; Abuso de álcool, fumo, drogas e exposição ocupacional à substâncias químicas; Uso de finasterida para o crescimento dos cabelos; D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 6 . Produção excessiva de espécies reativas de oxigênio; Traumas na coluna espinhal causando problemas de fertilidade devido a lesões neurológicas geradas; Doenças sexualmente transmissíveis; Idade (Obs.: a oligospermia com a idade avançada é comum devido a queda de testosterona circulante no organismo); Doenças genéticas diversas. Na mulher Problemas hormonais de LH, FSH, estrogênio e progesterona; Anomaliasanatômicas (útero bicornoado, por exemplo); Ovário policistico: distúrbio heterogêneo que afeta 47% das mulheres em idade reprodutiva caracterizada por não ovulação crônica e hiperandrogenismo. É explicada, primariamente, como um problema intrínseco dos ovários, excessiva produção de androgênios pelos mesmos e disfunções hipotalâmicas/hipofisárias, hipersecreção de LH, havendo como fator etiológico à resistência a insulina. Estas mulheres apresentam um risco aumentado de câncer no endométrio, ovário e seios; Endometriose; Doenças sexualmente transmissíveis; Menopausa. Doenças genéticas diversas. Técnicas de Reprodução Assistida (RA) Os tratamentos para a infertilidade incluem as seguintes técnicas de reprodução assistida em ordem de complexidade: 1. Administração de hormônios sexuais (homem ou mulher) associados a uma medida de coito programado; 2. Ovulação induzida (às vezes, os métodos seguintes utilizam essa medida como associação para seu processo); 3. Inseminação artificial (inoculação de esperma no útero); 4. Fertilização in vitro ou FIV (fertilização em laboratório); 5. Injeção intracitoplasmática de esperma ou ICSI (espermatozoide inserido no citoplasma do ovócito). D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 7 Precisaremos ter um raciocínio lógico para determinar qual técnica é mais adequada para cada caso listado. É necessário analisar tanto o homem quanto a mulher para propor um tratamento eficiente e, se possível, o de menor complexidade e custo. Regulação das técnicas de RA no Brasil Segundo a resolução do CRM (2015), as técnicas de RA têm o papel de auxiliar na resolução dos problemas de reprodução humana, facilitando o processo de procriação. Portanto: Podem ser utilizadas desde que exista probabilidade de sucesso e não haja risco grave de saúde para o paciente ou o possível descendente. A idade máxima das candidatas à gestação de RA de 50 anos (devido às aneuploidias prevalentes em gestações de idade avançada). As exceções ao limite serão determinadas, com fundamentos técnicos e científicos, pelo médico. Não é permitida a seleção de sexo genético ou qualquer outra característica do futuro filho, exceto quando se trate de evitar doenças relacionadas. É proibida a fecundação de ovócitos humanos com qualquer outra finalidade que não a procriação humana. O número máximo de ovócitos/embriões a serem transferidos para a receptora não pode ser superior a quatro. Existe uma tabela de embriões por idade(nas situações de doação de óvulos e embriões, considera-se a idade da doadora): I. Mulheres até 35 anos: até 2 embriões; II. Mulheres entre 36 e 39 anos: até 3 embriões; III. Mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões. Em caso de gestação múltipla advinda das técnicas de RA, é estritamente proibida a utilização de técnicas de aborto para redução embrionária. Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Limita-se doação de gametas após 35 anos nas mulheres e de 50 anos nos homens. O número total de embriões gerados em laboratório será comunicado aos pacientes para que decidam quantos embriões serão transferidos a fresco. Os excedentes, viáveis, devem ser criopreservados. Na criopreservação, os pacientes devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino a ser dado aos embriões. Os embriões criopreservados com mais de cinco anos poderão ser descartados se esta for a vontade dos pacientes (os embriões começam a ficar debilitados). A utilização dos embriões em pesquisas de células-tronco não é obrigatória, conforme previsto na Lei de Biossegurança vigente. Pode-se utilizar técnicas de RA no intuito de selecionar embriões compatíveis com algum filho do casal afetado por alguma doença e cujo tratamento efetivo seja o transplante de células-tronco, de acordo com a legislação vigente. O tempo máximo de desenvolvimento de embriões in vitro será de 14 dias. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 8 Exercícios 1. Mediante as técnicas de Reprodução assistida responda: a) Mulher: atresia unilateral da tuba uterina: _________________________________ b) Casal: ovário policístico e oligospermia: _________________________________ c) Homem: astenospermia: __________________________________ 2. Marque V ou F: a) ( ) Uma mulher de 52 anos pode fazer reprodução assistida. b) ( ) Em caso de poligestação após uma RA de 4 embriões, é possível remover um embrião implantado ectopicamente. c) ( ) Uma mulher de idade de até 35 anos pode implantar dois embriões. Entre 36 e 39 anos ela pode implantar até três embriões. Entre 40 e 50, quatro. e) ( ) A técnica de fertilização in vitro é eficiente para um astenospérmico. f) ( ) Para um oligospérmico casado com uma mulher de ciclo menstrual regular, a administração de testosterona e gonadotrofinas, associado à técnica de coito programado, é um saída possivelmente eficaz para ele. g) ( ) O destino dos embriões congelados, após 5 anos de criogenia, é o descarte ou pesquisas científicas. h) ( ) É possível, segundo o CRM, a utilização de RA para fins científicos. i) ( ) Em caso de desejo prévio declarado, é possível induzir uma gravidez em uma mulher com morte cerebral com o material genético de seu marido e o dela segundo o CRM. j) ( ) Algumas DSTs, como a gonorreia e clamídia mal tratadas, podem levar à infertilidade masculina e feminina por processos inflamatórios nas gônadas levando-as a formar tecido cicatricial em sua estrutura, dificultando a gametogênese ou, até mesmo, impedindo-a. k) ( ) O ovário policístico associado à endometriose impede que uma gestação ocorra. m)( ) A maior parte dos problemas de infertilidade se original do homem. 3. Segundo as clausulas do CRM, é possível um casal escolher ter um garoto? E uma garota. Dê a justificativa para cada caso. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ____ de 15 questões D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 1 9 4. Primeira semana Capítulo 2 do livro “Embriologia Clínica 8ª Edição”. Por: Keith L. Moore e T. V. N. Persaud. Introdução Estamos iniciando o estudo da embriologia propriamente dita. Primeiro veremos período embrionário, esse que se estende da 1ª até a 9ª semana e será dividido em 4 capítulos para, então, estudarmos o período fetal (da 9ª até a 38ª semana). A primeira semana é a semana da Nidação (implantação). É uma das semanas mais críticas, pois o embrião ainda é minúsculo e está facilmente sujeito a sofrer um aborto. Isso se deve pelo fato da conclusão da implantação ocorrer durante a segunda semana. • Crescimento: aumento da quantidade celular ou volume. • Diferenciação celular: é a especialização estrutural e bioquímica de células com o objetivo de desempenharem funções específicas. Isso é possível por meio da interação celular com o seu meio. • Morfogênese: acontece com movimentos de mudança territorial celular no intuito de alterar o nicho de determinado grupo de células para que expressem determinados genes e captar nutrientes diferentes o que, no fim, dará forma a uma estrutura complexa. Ocorre, predominantemente, durante a fase de gástrula (3ª semana). Trajeto para o úteroApós a fertilização o ovócito secundário estará finalizando sua meiose II (estava parada em metáfase II) e há formação do segundo corpo polar (polócito II). Os polócitos são células advindas da meiose e que, teoricamente teriam que formar outros ovócitos. Mas, por causa das células que circundam o cumulus oophorus e algumas reações de fatores, não há formação 2 células germinativas femininas funcionais. Ao mesmo tempo, a cauda e outras estruturas do espermatozoide são desintegradas e há formação de um pró-núcleo masculino e feminino no citoplasma da célula maior. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 0 Essa célula maior advinda da meiose do ovócito se chama Óvulo. No entanto ele existirá por um breve momento (poucas horas), deixando de existir quando os dois pró-núcleos masculinos e femininos se unem para retornar a ploidia celular para 2n e dar origem a um novo ser humano. O nome dado a essa nova célula é Zigoto (2n). Podemos concluir que, a partir da fecundação, demora cerca de 18h para que o Zigoto se forme e, nesse instante, que a jornada passa a ser contabilizada para aquele em individuo em formação. Existem dois métodos de contagem para uma gestação. O método que iremos mais usar na matéria, o Método embriológico e o Método clínico (gestacional). O método embriológico contabiliza o tempo decorrido a partir da fertilização efetiva. Enquanto o método clínico é o mais utilizado no meio médico para determinar a data estimada baseada no Último Período Menstrual Normal (UPMN), pelo fato de não sabermos a data exata de quando que a fertilização ocorreu numa paciente. Nesse último método nós iremos somar duas semanas na data estimada pelo método embriológico. Dessa forma, a semana que estamos, segundo ele, seria a 3ª semana. Porém, lembre-se, usaremos o método embriológico como referência durante a matéria. Quando o Zigoto surge, as clivagens são iniciadas assim que o primeiro ciclo celular se finda (cerca de 6h) e o embrião passa de 2 células para quatro e assim sucessivamente de forma exponencial. 0 h +/- 12h +/- 24h +/- 30h Modificado de: <http://www.materprime.com.br/fiv-como-se-origina-o-blastocisto/> D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 1 As clivagens são um tipo de mitose na qual há um aumento do número de células, mas com uma diminuição de seu volume interno. Esse é o processo de celularização do embrião. A celularização ocorre por causa do espaço limitado em que o zigoto se encontra. O zigoto está enclausurado dentro da zona pelúcida e, como falta espaço, a única alternativa é diminuir de tamanho celular enquanto sua quantidade aumenta com as clivagens. Esse processo é necessário para que as células fiquem estáveis e com proporções que correspondam à vida humana, pois, atualmente, se pegarmos os blastômeros (as células que compõem o zigoto), são células muito maiores do que uma célula média de um adulto. Com a multiplicação celular o zigoto agora, após 72h, se chamará Mórula, devido sua aparência semelhante fruto da amora. A mórula é composta de 12 a 64 blastômeros. Após 5 a 6 dias, o agrupamento celular começar a capturar líquido presente no ambiente da tuba e útero, formando uma cavidade preenchida por esse fluido em seu interior. Esse é o instante que a mórula se torna Blastocisto. Com essa absorção de líquidos desde o 5º dia de existência, a zona pelúcida já se encontra extremamente tensionada por volta do fim do 6º dia. E, coincidentemente, o blastocisto já alcançou o útero nesse momento e está flutuando nas secreções uterinas enquanto absorve líquido para dentro da cavidade blastocística ocasionando a ruptura da zona pelúcida. O blastocisto escapa e agora se chama Blastocisto expandido. Se o observarmos, veremos que há diferenças morfológicas em comparação à mórula, que era um amontoado de células. Modificado de: <http://www.materprime.com.br/fiv-como-se-origina-o-blastocisto/> +/- 1 dia Migração na tuba uterina +/- 3 dias Finalizando o trajeto tubario +/- 6 dias D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 2 Potência celular . Quando falamos em potência celular, devemos relacionar com a capacidade de uma célula se transformar em um determinado grupo de tecidos. Pensando nisso, as células-tronco (estudaremos com mais detalhe mais para frente) possuem classificações de potência. Como por exemplo: I. Totipotente: potencia para se tornar qualquer célula humana. II. Pluripotente: possui um leque menor de diferenciação. III. Multipotente: já está mais ou menos determinado seu destino. IV. Oligopotente: já está bem diferenciada e possui uma afinidade maior por um determinado sistema para seguir seu destino. V. Unipotente: ainda se discute muito sobre esse tipo de celular, pois não sabemos muito sobre ele. Ex.: hepatoblastos. Diferenciação das células embrionárias Com a ideia de potencia celular em mente, durante a mórula, as células compartilham de mesmo nicho celular e estão sob mesma pressão ambiental. Ou seja: elas além de serem totipotentes, todas são iguais, pois compartilham o mesmo ambiente e desafios. A partir do blastocisto as coisas começam a mudar. Com a absorção do líquido materno, há formação da cavidade blastocística dividindo o blastocisto em dois polos, tornando-o multipotente: Trofoblasto: é o agrupamento de células que ficou mais espaçado e está externamente no blastocisto. Ele será responsável pela nutrição e sustentação embrionária. Embrioblasto: é o polo onde a maioria das células se agrupou e formou um nicho diferenciado. Ele é o polo onde o embrião se desenvolverá e dará origem aos tecidos humanos. Essa diferença nichos, as duas estruturas embrionárias começam a tomar destinos diferentes. Todas têm o mesmo material genético, mas, devido ao ambiente, alguns genes são lidos em algumas células e em outras não. Por isso que a Mórula é totipotente e o Blastocisto pluripotente, pois as possibilidades de diferenciação diminuem para as células do embrião na medida em que o tempo passa. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 3 Nidação O blastocisto expandido, por volta do 6º dia, está se acomodando no endométrio e, normalmente, o polo embrionário será a região que irá forçar uma implantação. Quando o blastocisto começar a penetração endometrial, o trofoblasto tende a se espessar no local de contato com o útero e terá que se diferenciar em duas novas estruturas para efetivar a nidação: Citotrofoblasto: está mais internamente no trofoblasto e aderido ao embrião e formando a cavidade blastocística. Será responsável por selecionar substâncias que serão transferidas para o embrioblasto e a cavidade blastocística. Sinciciotrofoblasto: ele será uma estrutura advinda do trofoblasto que estará mais externamente. Sua característica fisiológica é extensa pelo fato de ser um tecido de funções variadas. As principais são de produzir o hormônio hCG para estimular o corpo lúteo no ovário materno e forçar uma maior invasão do endométrio com enzimas e capturando nutrientes para o embrião. Ele será, futuramente, a placenta. Com 7 dias o embrião está penetrando cada vez mais no endométrio, mas a implantação só será efetivada durante a segunda semana. Sinciciotrofoblasto iniciando sua invasão CitotrofoblastoEmbrioblasto 7 dias Endométrio sendo erodido Modificado de: <https://www.infoescola.com/embriologia/nidacao/> D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 4 Exercícios 1. Marque V ou F: a) ( ) Geneticamente falando, as células da mórula (blastômeros) são clones perfeitos do blastocisto e, a princípio, são totipotentes. b) ( ) A mórula, quando chega ao útero, rompe a zona pelúcida e se torna blastocisto expandido. c) ( ) Para haver implantação, o trofoblasto precisa desenvolver o sinciciotrofoblasto, estrutura responsável pela placentação primitiva. d) ( ) Após a fertilização, dentro da zona pelúcida, existe um zigoto (2n) e dois corpos polares (n). e) ( ) Na nidação, o embrioblasto está em contato direto com o endométrio. f) ( ) As clivagens são divisões celulares reducionais tanto em tamanho quanto em ploidia celular. 2. Explique o mecanismo da diferenciação celular no desenvolvimento humano. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 3. Descreva o processo do 5º dia ao 7º dia da primeira semana. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2. Descreva o processo de fertilização até o terceiro dia do desenvolvimento humano (Obs.: fale de todo processo de penetração do espermatozoide, da finalização da meiose do ovócito e das clivagens do zigoto). ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ____ de 9 questões D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 5 5. Segunda semana Capítulo 3 do livro “Embriologia Clínica 8ª Edição”. Por: Keith L. Moore e T. V. N. Persaud. Introdução Nela observaremos o término da implantação do blastocisto, a formação do disco embrionário bilaminar e a variação das estruturas extraembrionárias com a efetiva liberação de hCG. Finalizando a implantação Durante os três primeiros dias da segunda semana o processo implantação está em processo de consolidação. O sinciciotrofoblasto está erodindo o endométrio e auxiliando o embrião a penetrar-se ainda mais no útero. Enzimas liberadas pelo sincício começam a deteriorar algumas glândulas e vasos uterinos, isso contribui para troca de substâncias maternas com o embrião, sendo um dos indícios da placentação primitiva. Nesse instante, o hCG liberado na corrente sanguínea (ainda não é detectável por exame), estimula o corpo lúteo a se tornar corpo lúteo gravídico, esse que irá manter níveis estáveis de estrogênio e progesterona circulantes para perpetuar a gravidez. Ao mesmo tempo, existe um acumulo de glicogênio e lipídeos no espaço intersticial devido às células endometriais deterioradas, fornecendo ao concepto um sítio imunologicamente privilegiado e nutritivo. As células dessa região são conhecidas como células da decídua, e o processo é chamado reação decidual. Não se sabe ainda como o processo funciona, detalhadamente, na questão do disfarce imunológico. Mas sabe-se que o sincício consegue enganar o sistema imune materno para que o embrião não seja abortado. Diferenciação das estruturas intraembrionárias Com a alteração de constantes do meio intraembrionário, o embrioblasto começa a se diferenciar em 2 grupos celulares. As células que estão adjacentes à blastocele (cavidade blastocística), são as células do hipoblasto, o endoderma primitivo. D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 6 Há também as células que estão aderidas ao citotrofoblasto, elas formarão o epiblasto, o ectoderma primitivo. No momento em que o epiblasto é formado, algumas células da sua extremidade se diferenciam em amnioblastos; células que produzirão o líquido amniótico, fluido no qual o concepto flutuará durante a gravidez. Com a produção desse líquido, haverá duas cavidades no embrião. A superior sendo a cavidade amniótica e a inferior a blastocele. Dessa forma, na segunda semana, o embrião humano tem uma forma bidimensional, como se fosse uma panqueca de duas camadas entre as duas cavidades. Essa estrutura embrionária é conhecida como disco embrionário bilaminar, o que é basicamente o epiblasto aderido sobre o hipoblasto. Concomitantemente a isso, algumas células hipoblasticas colonizam a blastocele (por enquanto recoberta somente por citotrofoblasto). Ela se chamará cavidade exocelômica quando as células hipoblasticas iniciam o processo de forrar a blastocele. Então, forma-se a membrana exocelômica ou de Heuser, nome dado às células que estão forrando o citotrofoblasto. Por fim, quando toda cavidade está recoberta internamente, ela se chamará saco vitelínico primitivo ou vesícula umbilical primitiva. . Modificado de: <http://www.dacelulaaosistema.uff.br/?p=474> Glândula uterina Capilar endometrial Sinciciotrofoblasto Âmnio Epitélio endometrial Cavidade amniótica Cavidade exocelômica Membrana exocelômica Hipoblasto Citotrofoblasto Epiblasto 8 dias D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 7 Diferenciação das estruturas extraembrionárias Ao mesmo tempo que ocorre os eventos do tópico anterior, externamente ocorrem eventos causados a partir do surgimento das células do hipoblasto. Algumas delas migram para fora do embrião, entre o citotrofoblasto e o conjunto de epiblasto e cavidade exocelômica, formando o mesoderma extraembrionário (MEE). O MEE circundará o âmnio e a cavidade exocelômica por volta do final do 3º dia da segunda semana, enquanto o embrião já está sendo recoberto por células da decídua e pelo sinciciotrofoblasto. Após isso, devido à contínua invasão do sincíciotrofoblasto e extravasamento de sangue materno na região da decídua, as lacunas sanguíneas formadas na estrutura trofoblástica se unem formando uma rede de comunicação sanguífera: rede lacunar. Ao mesmo tempo, mais internamente, com o espessamento do MEE, algumas células que o compõem encontram dificuldades na competição por nutrientes e, consequentemente, sofrem apoptose. Nas regiões onde houve apoptose no mesoderma extraembrionário, uma cavitação começa a se formar. Essas cavidades, semelhante à rede lacunar se unem e formam celoma extraembrionário. Saco vitelínicoprimitivo Modificado de: <http://www.dacelulaaosistema.uff.br/?p=474> Mesoderma extraembrionário Epitélio endometrial Disco embrionário bilaminar Lacunas de sangue materno Glândula uterina erodida Citotrofoblasto Âmnio 9 dias D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 8 No entanto, em uma determinada região o MEE não é deteriorado próximo ao hipoblasto. Essa região é o pedículo de conexão, esse que será a base de formação do cordão umbilical. Nesse mesmo momento, internamente, o saco vitelínico primitivo se divide em 2 estruturas distintas. Uma porção menor do saco vitelínico primitivo se atresiará e será tracionada inferiormente para o citotrofoblasto para tornar-se vesícula umbilical secundária enquanto o restante das células do hipoblasto permanecem no mesmo local e formam a vesícula umbilical definitiva. Com o findar da segunda semana, o MEE é o intermediário do embrião e as cavidades do celoma extraembrionário. O MEE que está cobrindo as regiões de ectoderma se chama mesoderma somático extraembrionário. Já o que cobre as regiões de endoderma se chama mesoderma esplâncnico extraembrionário. Concomitante a isso, o celoma extraembrionário já se formou e agora se chama cavidade coriônica. Ela é composta pelo córion, esse que é composto por mesoderma somático extraembrionário e as duas camadas do trofoblasto (cito e sincício). O conjunto do córion e a cavidade coriônica denomina-se saco coriônico. Aproximadamente 14 dias Modificado de: <http://www.dacelulaaosistema.uff.br/?p=474> Vesícula umbilical Córion (MEE somático + trofoblasto) Vesícula umbilical secundária sendo tracionada Celoma extraembrionário ou cavidade coriônica MEE esplâncnico Vilosidade coriônica primária MEE somático Sinusoide materno Rede lacunar D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 2 9 Na superfície externa do córion começa a se formar algumas projeções, as vilosidades coriônicas primárias, que enraízam o concepto no útero proporcionando o processo de placentação. Uma das últimas coisas a acontecerem é a possibilidade de referência anatômica do embrião. Cefalicamente haverá uma forte adesão entre o epiblasto e o hipoblasto, tal adesão será em uma área conhecida como placa pré-cordal, essa adesão terá um papel de suma importância durante a 3ª semana e, além disso, ela será a precursora da membrana bucofaríngea. Destino dos folhetos embrionários Exercícios 1. Uma paciente lhe procurou para trocar seu método contraceptivo por uma alternativa em que causasse menos reações adversas e, se possível, sem uso de substâncias químicas. Você aconselhou o uso de camisinha ou método da tabela, pois ela estava apreensiva sobre a colocação do DIU. No entanto, dois meses depois, ela reaparece em seu consultório muito confusa e com um teste de gravidez positivo. Segundo seus relatos, há pouco mais de um mês, a sua Modificado de: <http://www.dacelulaaosistema.uff.br/?p=474> D E S E N V O L V I M E N T O H U M A N O P á g i n a | 3 0 menstruação adiantou em uma semana, porém, houve pouco sangramento e, após isso, não houve mais episódios de sangue expelido. O que pode ter acontecido com essa sua paciente nesse ínterim? Explique. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ 2. Quais estruturas que estão envolvidas na troca/seleção de substâncias materno-embrionárias e as que são precursoras da placentação? a) __________________________________ c) __________________________________ e) __________________________________ b) __________________________________ d) __________________________________ f ) __________________________________ 1. Marque V ou F: a) ( ) A placa pré-cordal está caudalmente no embrião e será precursora de membrana cloacal, a futura mucosa genital e anal. b) ( ) O MEE somático é responsável por recobrir, externamente, todo o concepto, se acoplado, no embrião, pelo ectoderma. c) ( ) O MEE esplâncnico é responsável por recobrir todo o concepto mais internamente, estando acoplado , no embrião, pelo endoderma. d) ( ) Entre os MEE existe a cavidade coriônica ou celoma extraembrionário. e) ( ) A junção de sinciciotrofoblasto, células da decídua, rede lacunar, córion e vilosidades coriônicas serão responsabilizados, no futuro, pela placentação. f) ( ) Substâncias que serão absorvidas pelo embrião precisam atravessar o sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto e o MEE que está formando o córion. g ) ( ) As células do âmnio advêm do ectoderma primitivo, o hipoblasto. h) ( ) A blastocele, no início da segunda semana, é formada por citotrofoblasto. Mas, logo com a formação do hipoblasto, a membrana de Heuser ou exocelômica começa a recobrir a cavidade internamente e forma o saco vitelínico primitivo ou vesícula umbilical primitiva. i) ( ) A sequência da nomenclatura da cavidade embrionária inferior seria, primeiramente, blastocele, cavidade exocelômica e, por fim, saco vitelínico primitivo. j) ( ) Durante toda a segunda semana a reação decidual está ocorrendo concomitantemente com a liberação de hCG pelo sincíciotrofoblasto. k) ( ) A cavidade coriônica é formada por meio de apoptose de células do MEE, esse, que por sua vez, tem origem tecidual no hipoblasto. ____ de 18 questões A N O T A Ç Õ E S A N O T A Ç Õ E S
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