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TRABALHO DE PESQUISA * ** *** Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Efi cácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) Depth of Cure of Resin Composites and Effi cacy of Curing Light Units According to International Standards (ISO) André Luiz Fraga Briso* Sílvio José Mauro* Sandra Rahal Mestrener* Marcela Junqueira Bernardes** Renato Herman Sundfeld*** Briso ALF, Mauro SJ, Mestrener SR, Bernardes MJ, Sundfeld RH. Profundidade de polimerização de materiais resinosos e efi cácia de aparelhos fotopolimerizadores segundo as normas internacionais (ISO). J Bras Clin Odontol Int - Edição Especial 2006: 01-08. Neste trabalho foi verifi cada a profundidade de polimerização de 4 materiais resinosos restauradores (Esthet-X, Filtek P-60, Durafi l e Charisma) quando polimerizados com duas fontes de luz (Halógena e LED) e por dois tempos de exposição (20 e 40 segundos). Para tanto, foram obedecidas as recomendações da ISO para avaliação da polimerização de materiais resinosos. Foi observado que os materiais fotopolimerizados pelos aparelhos LED e de luz halógena nos dois tempos de polimerização propostos atingiram o padrão estabelecido pelas normas da ISO 4049. Ambos os aparelhos apresentaram desempenho adequado no que se refere à profundidade de polimerização. A tecnologia LED mostrou-se viável frente à polimerização de todas resinas testadas. PALAVRAS-CHAVE: Polimerização; Resina composta; ISO 4049. Professor(a) Assistente e Doutor(a) da Disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba–UNESP. Rua José Bonifácio, 1193 Araçatuba-SP 16015 050; e-mail: alfbriso@foa.unesp.br Cirurgiã-Dentista, Estagiária da Disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. Professor Adjunto da Disciplina de Dentística da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. INTRODUÇÃO O crescente desenvolvimento de materiais e técnicas restauradoras adesivas exige do cirurgião-dentista a busca constante por informações sobre as propriedades dos materiais odontológicos e a forma correta de como utilizá-los. Basicamente, as alterações nas formulações dos materiais odon- tológicos, bem como na forma de empregá-los, têm dificultado, sobremaneira, o acompanhamento dessas evoluções e podem causar incertezas de suas reais efi cácias. Os materiais resinosos podem apresentar dois mecanismos de polimerização, os sistemas quimi- camente ativados e os fotoativados, com estes últimos apresentando maiores vantagens sobre os pri- meiros e conseqüentemente maior emprego clínico. Dessa forma, es- forços têm sido direcionados para melhorar as técnicas restauradoras e de polimerização dos materiais re- sinosos, visando otimizar as restau- rações realizadas com os materiais fotopolimerizáveis. Nesta linha de pesquisa, Lutz et al.1 e Yap et al.2 salientaram que para obtenção de um sucesso expressivo nas restaurações realizadas com materiais adesivos são necessários 2 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) cuidados na escolha do material, da técnica empregada, bem como no protocolo de polimerização. Ao encontro dessa exigência tecnológica e buscando otimizar o emprego dos compósitos fotopolime- rizáveis, os fabricantes de aparelhos de luz desenvolveram vários sistemas de polimerização, podendo-se, com isso, encontrar no mercado odontológico diferentes marcas e tipos de aparelhos fotoativadores, desde os que possuem mecanismo soft start, que aumentam gradativamente a intensidade lumino- sa, até aqueles que emitem intensida- de de luz constante e acima de 1000 mW/cm2, porém a maior parte dos aparelhos empregados atuam com intensidade luminosa próxima dos 400 mW/cm2. Destacamos, ainda, que recentemente foram desenvolvidos os aparelhos de luz emitida por diodo (LEDs), que, segundo seus fabricantes, mesmo liberando intensidade lumino- sa menor que os aparelhos convencio- nais, podem polimerizar os materiais resinosos, em razão desses aparelhos emitirem luz nos comprimentos de onda específi cos para a ativação da canforoquinona, o principal fotoinicia- dor dos materiais resinosos atuais. Entretanto Pires et al.3, utilizando sistemas de polimerização com luz halógena, encontraram forte corre- lação entre a intensidade de luz e a microdureza, observando pequena profundidade de polimerização ou uma diminuição dos valores de mi- crodureza, quando a intensidade de luz absorvida pela resina foi diminuída. Caso essas informações se aplicarem, também, aos aparelhos LEDs, possivel- mente poderá ocorrer comprometi- mento na polimerização dos materiais resinosos. Destaca-se, ainda, que a pro- fundidade de polimerização dos compósitos tem sido alvo de muitas pesquisas, quer seja com o uso dos tes- tes de microdureza, de pigmentação, de análises em espectrofotômetros, dentre outras. No entanto, dentre os trabalhos revisados, chama especial atenção o de Fan et al.4, que realiza- ram o experimento de acordo com as especifi cações impostas pela ISO/DIS 4049, que regulamentam e defi nem os testes de profundidade de polimeriza- ção para materiais resinosos. Segundo essas especifi cações, uma polimeriza- ção ideal pode ser obtida quando a metade da porção endurecida de um corpo-de-prova de resina composta tenha pelo menos 1,5 mm após sua polimerização. Assim, é oportuno comentar que profissionais empregam seus apa- relhos fotopolimerizadores, muitas vezes com efi cácia duvidosa, por não possuírem meios para avaliar se suas restaurações estão sendo bem poli- merizadas. Muitas vezes esta condição pode comprometer a qualidade e longevidades das restaurações. Essas informações podem ser comprovadas em pesquisas que verificaram que as unidades fotopolimerizadoras são utilizadas pelos profi ssionais sem pa- râmetros que atestam suas condições de uso5,6. De fato, todos esses fatores são capazes de sustentar a importância de se conhecer a real capacidade po- limerizadora dos diferentes sistemas de fotoativação existentes no mercado odontológico. Dessa forma, foi de- senvolvida esta pesquisa que avaliou a profundidade de polimerização de 4 diferentes marcas de resinas com- postas, empregando um aparelho de luz halógena e um aparelho de LED, variando o tempo de polimerização e seguindo o padrão de qualidade recomendado pela ISO . MATERIAL E MÉTODOS Nesta pesquisa foram empregados 80 corpos-de-prova distribuídos em 16 grupos experimentais, apresentados nos quadros 1 e 2. Para confecção dos corpos-de-prova foram utilizadas matrizes cilíndricas de aço inoxidável com perfuração central de 4 mm de diâmetro e 6 mm de altura, como descrito por Fan et al.4 e recomendado pela ISO 4049. As matrizes foram fi xadas em uma lâmina de vidro, empregando-se para tanto cera rosa número 7 e, em segui- da, preenchidas em sua totalidade em um único incremento, com pequeno excesso, por diferentes marcas comer- ciais de resina composta (Quadros 1 e 2), empregando-se cores consideradas universais. Na seqüência, sobre a resina composta foi posicionada uma tira de poliéster (3M) e sobre esta uma outra lâmina de vidro que recebeu sobre ela um peso de 50 gramas. Após 20 segundos, o peso e a lâmina de vidro foram removidos e, ainda com a tira de poliéster em posição, cada cilindro de resina composta recebeu a ação da luz emitida pelos aparelhos foto- polimerizadores pelo tempo 20 ou 40 segundos, de acordo com o grupo a ser estudado. Dessa forma, os espécimes per- tencentes aos grupos I, II, III e IV fo- ramconfeccionados com o material Esthet-X (Dentsply), aos V, VI, VII e VIII com o material Filtek P-60 (3M- ESPE), aos IX, X, XI e XII com Durafi ll (Kulzer) e, fi nalmente aos grupos XIII, XIV, XV e XVI com o material resinoso Charisma (Kulzer). 3 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) Para os grupos I, V, IX e XIII a poli- merização foi realizada pelo tempo de 20 segundos com auxílio de uma fonte de luz halógena do aparelho Ultralux (Dabi Atlante), já para os grupos II, VI, X e XIV empregou-se o tempo de 40 segundos. Nos demais grupos, os cilindros de resina composta foram polimerizados com o aparelho Ultraled (Dabi Atlante) também pelo tempo de 20 segundos para os espécimes dos grupos III, VII, XI e XV, e por 40 segundos para os dos grupos IV, VIII, XII e XVI. Vale destacar que o aparelho Ultraled (Dabi-Atlante) atuou com intensidade luminosa de 200 mW/cm2, enquanto que o Ultralux emitiu inten- sidade de 400 mW/cm2. Os aparelhos fotopolimerizadores foram ligados a um estabilizador de voltagem Revolu- tion II (SMS), visando, com isso, à ma- nutenção da potência dos aparelhos durante seu emprego. Para a avaliação da profundidade de polimerização, os cilindros de re- sina composta foram removidos das respectivas matrizes, exercendo-se pequena pressão em sua porção su- perior, que recebeu a ação direta da luz fotopolimerizadora. Em seguida, com auxílio de uma espátula de plás- tico (John), toda a porção de resina, que, ocasionalmente, não tivesse sido endurecida pela exposição à fonte de luz, situada na parte inferior do cilindro, foi removida, e o remanescente men- surado, empregando um paquímetro de alta precisão. Para a obtenção da profundidade de polimerização, o comprimento total do remanescente do corpo-de- prova mensurado foi dividido por dois, em razão das normas da ISO afi rmarem que a profundidade de polimerização considerada ideal deve ser 50% do comprimento total da porção endu- recida. Assim, da mesma forma que o empregado por Fan et al.4, e respei- tando as recomendações da ISO 4049, foram considerados corpos-de-prova adequadamente polimerizados aque- les que, diante da exposição à luz do polimerizador pelo tempo recomen- dado pelos respectivos fabricantes das resinas compostas apresentaram, como medida fi nal, o comprimento de 1,5 mm ou mais. RESULTADOS As mensurações dos corpos-de- prova foram tabuladas e classifi cadas de acordo com os critérios de avalia- ção descritos na norma ISO 4049. No Quadro 3, pode-se observar a média e o desvio-padrão de cada grupo, assim como sua classifi cação, segundo as normas internacionais. De acordo com o Quadro 3 pode- se observar que todos os grupos tes- tados atenderam à recomendação da ISO, ou seja, a metade da medida do remanescente endurecido alcançou o valor mínimo de 1,5mm exigido (Figura 1). Esses resultados comprovaram a efi cácia do tempo de polimerização preconizado pelos fabricantes dos materiais utilizados, bem como dos aparelhos fotopolimerizadores em- pregados. De uma forma geral, analisando o Quadro 3, observa-se uma tendência, em todos os materiais testados, de apresentarem menor profundidade de polimerização quando expostos à luz emitida pelo aparelho Ultraled (Dabi Atlante) pelo tempo de 20 segundos. Por outro lado, quando os corpos-de- prova foram polimerizados pelo apare- Quadro 1: Relação dos grupos experimentais segundo material empregado, fonte polimerizadora e tempo de exposição. Grupos Material Aparelho de Luz Tempo de Polimerização I ESTHET - X Halógena 20 segundos II ESTHET - X Halógena 40 segundos III ESTHET - X LED 20 segundos IV ESTHET - X LED 40 segundos V FILTEK P-60 Halógena 20 segundos VI FILTEK P-60 Halógena 40 segundos VII FILTEK P-60 LED 20 segundos VIII FILTEK P-60 LED 40 segundos IX DURAFILL Halógena 20 segundos X DURAFILL Halógena 40 segundos XI DURAFILL LED 20 segundos XII DURAFILL LED 40 segundos XIII CHARISMA Halógena 20 segundos XIV CHARISMA Halógena 40 segundos XV CHARISMA LED 20 segundos XVI CHARISMA LED 40 segundos 4 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) Quadro 2: Composição dos compósitos avaliados. Nome Comercial Fabricante Quantidade de Carga em Volume Composição da Matriz Orgânica ESTHET - X Dentsply 60% (Vidro de Bo- rosilicato de Flúor Alumínio e Bário e Sílica coloidal) BIS-GMA uretano modificado, Bis- EMA e TEGDMA FILTEK P-60 3M 61% (Zircônia e sílica) Bis-GMA, UDMA e BIS-EMA DURAFILL Heraeus Kulzer 40% (Dióxido de Si- lício e fragmentos polimerizados) UDMA, Bis-GMA e TEGDMA CHARISMA Heraeus Kulzer 64% ( Vidro bário alumínio fl uoretado e Dióxido de silício) Bis-GMA, TEGDMA Quadro 3: Médias de profundidade de polimerização e classifi cação das resinas de acordo com os critérios da ISO. Grupo Resina Tempo s Aparelho Média DP Classifi cação pelo ISO I Esthet X 20 Ultralux 2,67 0,09 Aprovado II Esthet X 40 Ultralux 2,99 0,05 Aprovado III Esthet X 20 Ultraled 2,25 0,07 Aprovado IV Esthet X 40 Ultraled 2,64 0,04 Aprovado V Filtek P60 20 Ultralux 2,60 0,06 Aprovado VI Filtek P60 40 Ultralux 2,89 0,04 Aprovado VII Filtek P60 20 Ultraled 2,23 0,12 Aprovado VIII Filtek P60 40 Ultraled 2,56 0,05 Aprovado IX Durafi ll 20 Ultralux 1,99 0,04 Aprovado X Durafi ll 40 Ultralux 2,57 0,03 Aprovado XI Durafi ll 20 Ultraled 1,93 0,04 Aprovado XII Durafi ll 40 Ultraled 2,38 0,04 Aprovado XIII Charisma 20 Ultralux 2,48 0,06 Aprovado XIV Charisma 40 Ultralux 2,80 0,05 Aprovado XV Charisma 20 Ultraled 2,16 0,04 Aprovado XVI Charisma 40 Ultraled 2,42 0,07 Aprovado lho Ultralux (Dabi Atlante) pelo tempo de 40 segundos, obteve-se maior pro- fundidade de endurecimento. Valores intermediários foram obtidos com os grupos que empregaram luz halógena por 20 segundos e LED por 40 segun- dos. Essa distribuição dos resultados pode ser mais bem visualizada nos gráfi cos 1 e 2. DISCUSSÃO Sem dúvida alguma, uma restau- ração de resina composta que recebe uma polimerização defi ciente pode ter sérios comprometimentos em sua qualidade. Pearson, Longman7 relataram que a subpolimerização dos materiais resinosos restauradores leva a um aumento tanto na absorção de água quanto em sua solubilidade, po- dendo comprometer sua longevidade. Segundo DeWald, Ferracane8, vários são os fatores que podem interferir na profundidade de polimerização das resinas fotopolimerizáveis, desta- cando-se, dentre eles, a composição e o tamanho das partículas de carga, o tipo de matriz orgânica, a cor, a translu- cidez, a intensidade da fonte de luz e a duração do tempo de exposição. Atualmente, ênfase tem sido dada à concentração do fotoiniciador pre- sente na composição da resina com- posta (geralmente a canforoquinona), como também ao comprimento de onda utilizado para a polimerização dos materiais, em razão de serem eles os responsáveis pela conversão de monômeros em polímeros resinosos, determinando a polimerização do material resinoso. Sabe-se que a concentração de canforoquinona varia de um material para outro e pode ser alterada, confor- me a cor e translucidez do material9. Por esse motivo, neste trabalho foi utilizada a cor universal, A3, para todos os materiais testados, com o intuito de padronizar essa importante variável entre as coresde resina composta. Dentre os dois aparelhos analisa- dos nesta pesquisa, o de luz halógena é atualmente o mais utilizado para a polimerização das resinas compostas e, por atuarem em uma faixa de luz mais ampla, além de polimerizar o 5 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) Gráfi co 2: Valores de profundidade de polimerização ilustrando padrão de comportamento semelhante para todos os materiais, segundo as condições estudadas. Pr of un di da de d e Po lim er iz aç ão (m m ) Protocolo de Polimerização 3,5 3 2,5 2 1,5 1 Halógena 20s Halógena 40s Led 20s Led 40s Durafi ll Charisma Filtek - P - 60 Esthet - X Led 40s Led 20s Halógena 40s Halógena 20s material 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 mm Esthet - X Filtek - P - 60 Durafi ll Charisma Gráfi co 1: Valores obtidos de profundidade de polimerização (média/2) de acordo com cada material testado e segundo o protocolo de polimerização empregado. Figura 1: Corpos-de-prova realizados com o material Charisma quando polimerizados com fonte de luz halógena por 40 segundos. material restaurador, pode determinar o aquecimento do dente e da resina durante o processo de polimerização10. Geralmente esses aparelhos atuam no comprimento de onda variando entre 400 nm e 700 nm, porém, somente os feixes de luz com comprimento de onda ao redor de 470 nm são forte- mente absorvidos pelo fotoiniciador (canforoquinona), sendo a luz fora desse espectro menos efi ciente10. Pelo fato de o aparelho de luz halógena emitir uma luz que abrange um espectro três vezes mais amplo que o LED, há um aumento signifi ca- tivo da intensidade luminosa emitida por esses aparelhos. Em contrapartida, teoricamente e segundo seus fabri- 6 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) cantes, nos aparelhos LED toda luz emitida ocupa o espectro que pode ser utilizado na polimerização das resinas (aproximadamente 470 nm), possuindo também baixo consumo de energia, pouco aquecimento, além de uma vida útil mais longa. De acordo com a metodologia aplicada neste experimento foram confi rmadas as afi rmações dos fabri- cantes, sendo observado que todas a amostras testadas alcançaram a exigência da ISO de profundidade de polimerização, ou seja, verificou-se que todas as amostras apresentaram mais que 1,5 mm, com ambos os apa- relhos e nos tempos de polimerização de 20 e 40 segundos. Por outro lado, quando se observa o quadro 3 e consideram-se os valores individualizados das mensurações, constata-se que todas as amostras polimerizadas com o aparelho Ultralux atingiram uma profundidade de poli- merização superior às polimerizadas com o aparelho Ultraled. Além disso, analisando os resultados obtidos com os materiais Esthet X, Filtek P60 e Charisma, pode ser observada uma semelhança entre as medidas alcança- das pelas amostras fotopolimerizadas pelo aparelho Ultralux com tempo de 20 segundos e as obtidas pelo Ultraled com o tempo 40 segundos, fato este também observado por Navarro11. Em relação aos grupos que testa- ram a resina Durafi ll, esse fato não foi observado. Estes resultados também foram encontrados por Jandt et al.12 que, utilizando também resinas mi- croparticuladas, obtiveram medidas de profundidade de polimerização aproximadamente 20% maiores com a utilização do aparelho de luz halógena do que as obtidas com o aparelho de LED, quando avaliadas em microdurô- metro. Vale destacar que a maior parte dos trabalhos científi cos13,14,15 atesta que quanto maior o tempo de exposi- ção, maior a profundidade de polime- rização é atingida, fato este também observado no presente trabalho, com todos os materiais e aparelhos testados. Considerando-se cada marca comercial das resinas estudadas, deve- se destacar que a profundidade de polimerização pode também ter sido infl uenciada pela forma e tamanho das partículas inorgânicas13, sendo que as resinas de micropartículas demonstram menor profundidade de polimerização quando comparadas às micro-híbridas. Pode-se assim relacio- nar os resultados obtidos no trabalho de Dunn et al.16, com os encontrados no presente experimento, quando analisados os grupos IX, X, XI e XII (Durafi ll), que apresentaram valores inferiores a todos os outros grupos, já que suas menores partículas de carga possivelmente fi zeram com que a luz se dispersasse, diminuindo a efi cácia da luz fotopolimerizadora. O mesmo não foi observado nos grupos I, II, III, IV (Esthet X) que, apesar de possuírem partículas de tamanho reduzido (sílica nanomérica), apresentam também partículas pré-polimerizadas, fato que pode ter contribuído para a obtenção desses resultados. A mesma explicação pode ser dada para os grupos que testaram as resinas microhíbridas (Filtek P60 e Charisma), em razão de apresentarem valores superiores com ambos os aparelhos e tempos de trabalho. Isso se verifica também no trabalho de DeWald, Ferracane8, que explica que a dispersão da luz fotopolimerizadora reduz a quantidade de luz transmitida pela resina. Assim, as resinas híbridas, pelo fato de apresentarem partículas de carga de tamanho e concentração maiores, são menos afetadas pela dispersão da luz fotopolimerizadora, obtendo-se, assim, maiores valores de profundidade de polimerização. Os resultados desta pesquisa apresentam fatores clinicamente relevantes, pois se observa a signifi - cativa mudança na profundidade de polimerização das resinas com a mo- difi cação do tempo de exposição e do tipo de aparelho utilizado (diferentes intensidades luminosas e comprimen- tos de onda), enfatizando-se que os incrementos utilizados ultrapassaram o limite preconizado pelo fabricante, ou seja, foram maiores que 2,0 mm de espessura. Segundo Shortall et al.17, chegar a um consenso sobre a fonte de luz mais adequada para a polimerização é algo subjetivo, em razão de alguns materiais poderem ser polimerizados mais profundamente que outros. Isso se deve a fatores intrínsecos de cada material, como composição, cor e matiz, que podem interferir na profun- didade de polimerização alcançada. Ainda segundo os mesmos autores, para que bons resultados relativos à profundidade de polimerização sejam atingidos, é necessário que se tenha um aparelho que transmita intensi- dade de luz adequada a um correto comprimento de onda, sendo esses fatores de difícil controle, já que va- riações na voltagem, fi ltros corroídos, rompidos, oxidados, degradações no bulbo, presença de resíduos de mate- riais polimerizados na saída ponta de luz, entre outros, podem diminuir sua efi cácia. Neste contexto, Briso et al.5 avaliaram mais de 400 aparelhos de luz e constataram que mais da metade 7 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) dos profi ssionais estavam trabalhando com aparelhos em condições de uso consideradas inadequadas, ou seja, com uma intensidade luminosa baixa, embora, por falta de informações sobre os problemas de seus aparelhos, seus proprietários estivessem satisfeitos com o desempenho de suas unidades fotopolimerizadoras e as empregavam rotineiramente.Unterbrink, Muessner18 obtiveram até 15% de aumento na profundidade de polimerização quando dobraram a intensidade luminosa do aparelho fotopolimerizador. Talvez essa seja uma explicação para o aumento da profundidade de polimerização veri- fi cada em nossos resultados, uma vez que o aparelho de luz halógena (apro- ximadamente 400 mw/cm2) obteve maiores valores que o aparelho LED (aproximadamente 200 mw/cm2), em todos os materiais testados, quando expostos ao mesmo tempo de expo- sição à luz. Vários estudos foram realizados com o objetivo de avaliar a profundi- dade de polimerização de materiais fotopolimerizavéis. Os métodos utiliza- dos variam consideravelmente, sendo encontrados trabalhos que empregam raspagem e mensuração, conversão de monômero para polímero, teste de dureza, entre outros8,19. Diferentemente do método de ras- pagem que considera o comprimento total do remanescente endurecido do corpo-de-prova para determinar a profundidade de polimerização8,14,16, o método da ISO empregado neste experimento pode assegurar a averi- guação adequada da polimerização na maioria dos compostos resinosos, em razão de adotar um critério mais con- servador, defi nindo a profundidade de polimerização como 50% do compri- mento total da parte endurecida do material utilizado14. A princípio, essa forma de avalia- ção pode ser considerada um método pouco preciso para a avaliação da profundidade de polimerização dos materiais resinosos, porém é possível observar na literatura que metodo- logias mais objetivas determinaram resultados semelhantes aos obser- vados neste experimento. Isso sendo considerado, o método de avaliação que a ISO recomenda torna-se muito interessante para que o profi ssional possa fazer suas próprias avaliações e constatar, de forma simples e rápida, a efi ciência de seus aparelhos, muito embora estudos experimentais mais precisos, como a microdureza e a análise da conversão monômero/po- límero devam ser considerados e estimulados. CONCLUSÃO Todos os materiais testados e fo- topolimerizados pelos aparelhos LED e de luz halógena nos dois tempos de polimerização propostos atingiram o padrão estabelecido pelas normas da ISO 4049. Ambos os aparelhos apresenta- ram desempenho adequado no que se refere à profundidade de polime- rização. A tecnologia LED mostrou-se viável frente à polimerização das resinas ESTHET-X, P-60, DURAFILL e CHARISMA. Briso ALF, Mauro SJ, Mestrener SR, Bernardes MJ, Sundfeld RH. Depth of cure of resin composites and effi cacy of curing light units according to international standards (ISO). J Bras Clin Odontol Int - Edição Especial 2006: 01-08. The aim of this study was to verify the depth of cure of four resin-based composites (Esthet-X, Filtek P-60, Durafi l and Charisma) when cured with two curing light sources (Halogen and LED) and two irradiation times (20 and 40 seconds). For that purpose, ISO standards for the evaluation of polimerization were accurately obeyed. It was observed that the materials tested and cured by the Halogen and LED curing lights at both irradiation times proposed reached the pattern established by ISO 4049 standards. Both curing lights reported an appropriate performance concerning depth of cure. The LED technology proved to be viable concerning polimerization of all the tested resin-based composites. KEYWORDS: Polymerization; Composite resin; ISO 4049. 8 Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada e Saúde Bucal Coletiva - Edição Especial 2006: 01-08 Profundidade de Polimerização de Materiais Resinosos e Eficácia de Aparelhos Fotopolimerizadores Segundo as Normas Internacionais (ISO) REFERÊNCIAS 1. Lutz F, Krejci I, Oldenburg TR. Elimination of polymerization stresses at the margins of posterior composite resin restorations: a new restorative technique. Quintessence Int 1986; 17(12):777-84. 2. Yap AUJ, Pearson GJ, Billington RW, Stokes AN. An in vitro microleakage study of tree restorative techniques for class II restoratios in posterior teeth. Biomaterials 1996; 17(21):2031-35. 3. Pires JA, Cvitko E, Denehy GE, Swift EJ Júnior. Effects of curing tip distance on light intensity and composite resin microhardness. Quintessence Int 1993; 24(7):517-21. 4. Fan PL, Schumacher RM, Azzolin K, Geary R, Eichmiller FC. 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