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13/03/2014 1 Genética Melissa Vieira Leite Parte IV Herança monogênica em haplóides • Nos fungos existem formas simples de sexos chamadas tipos reprodutivos; • Saccharomyces cerevisiae: organismo modelo; – Os dois tipos reprodutivos são chamados MATa e MAT; – Cruzamentos bem sucedidos: entre linhagens de tipos reprodutivos opostos; Padrões de herança monogênica ligada ao sexo • Muitos animais e plantas têm um par especial de cromossomos associados ao sexo; • Os cromossomos sexuais também segregam igualmente, mas as proporções fenotípicas vistas na prole são, em geral, diferentes das proporções autossômicas; Cromossomos sexuais • A maioria dos animais e plantas apresentam dimorfismo sexual (indivíduos masculinos ou femininos); • Na maioria dos casos o sexo é determinado por um par especial de cromossomos sexuais; • Espécie humana: – Mulheres: 44 Autossômicos + 2 sexuais (XX) – Homens: 44 Autossômicos + 2 sexuais (XY) 13/03/2014 2 • Mulher: sexo homogamético (produz gametas apenas de um tipo – óvulos contendo o cromossomo X); • Homem: sexo heterogamético (produz dois tipos de gametas – metade dos espermatozóides contendo o cromossomo X e a outra metade o Y); • Nos mamíferos, a presença do cromossomo Y determina o macho e a ausência de um Y determina uma fêmea; • Drosophila melanogaster (mosca); – Esse inseto tem sido um dos mais importantes organismos em genética; – Apresentam 3 pares de autossomos mais um par de sexuais (X e Y); – Na Drosophila o número de cromossomos X em relação ao de autossomos determina o sexo: dois X resultam em uma fêmea e um X resulta em uma macho; • Plantas vasculares apresentam uma variedade de arranjos sexuais; • As espécies dióicas são as que apresentam dimorfismo sexual similar ao dos animais, com as plantas femininas tendo flores contendo apenas ovários e as plantas masculinas tendo flores contendo apenas anteras; • Algumas, mas não todas, as plantas dióicas tem um par de cromossomos não-idênticos associados (e quase certamente determinantes) do sexo da planta; • Das espécies com cromossomos sexuais não-idênticos, uma grande proporção tem sistema XY; Padrões de herança ligada ao sexo • Os cromossomos X e Y apresentam regiões homólogas e diferenciais; • As regiões diferenciais, que contém a maiorias dos genes, não tem contrapartes no outro cromossomo sexual; • Assim, nos homens, os genes das regiões diferenciais são ditos hemizigotos; Cromossomos sexuais humanos Região pseudo- autossômica 1 Região pseudo- autossômica 2 Gene de masculinização SRY Centrômero Regiãodiferencial do Y (genes ligados ao Y) Região diferencial do X (genes ligados ao X) 13/03/2014 3 • A região diferencial com cromossomo X: – Contém muitas centenas de genes; – A maioria desses genes não tomam parte da função sexual e influenciam uma grande faixa de propriedades humanas; • O cromossomo Y: – Contém apenas algumas dúzias de genes; – Alguns desses genes têm contrapartes no cromossomo X, mas a maioria não; – Esses tomam parte na função sexual masculina. Um desses genes, SRY, determina a própria masculinidade; – Vários outros genes são específicos para produção de espermatozoides nos machos; • Ligação ao sexo: padrões de herança dos genes nas regiões diferenciais; • Os alelos mutantes na região diferencial do cromossomo X apresentam um padrão de herança monogênica chamado ligado ao X; • Os alelos mutantes dos poucos genes na região diferencial do cromossomo Y apresentam ligação ao Y; • Um gene que é ligado ao sexo pode apresentar proporções fenotípicas que são diferentes em cada sexo; • Se a localização genômica de um gene é desconhecida, um padrão de herança ligada ao sexo indica que o gene está em um cromossomo sexual; • Os cromossomos humanos X e Y têm duas regiões homólogas curtas, uma em cada ponta; • No sentido em que essas regiões são homólogas, elas são similares aos autossomos, e, portanto, são chamadas de regiões pseudoautossômicas 1 e 2; • Uma ou ambas essas regiões fazem par na meiose e sofrem crossing over; • Por essa região, os cromossomos X e Y podem agir como um par e segregar em números iguais de espermatozóides; Herança ligada ao X • Cor de olho tipo selvagem de D. melanogaster é vermelha, mas há linhagens puras de olhos brancos; • Diferença fenotípica determinada por dois alelos de um gene situado na região diferencial do cromossomo X; • O alelo mutante no caso é w para olhos brancos; • Alelo selvagem correspondente é w+; • Macho de olhos brancos x fêmea de olho vermelho toda a F1 de olhos vermelhos; • Sugere que o alelo para olhos brancos é recessivo; 13/03/2014 4 ½ ½ ½ ♀ OV ½ ♂ OV Primeiro cruzamento X♀ Olhos vermelhos (OV) ♂ Olhos brancos (OB) P F1 F2Gametas ♂ w+w+ w Ga me tas ♀ w+ w ww+ w+ ½ ½ ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OV ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OB Gametas ♂ Ga me tas ♀ w+ w+ w +w+ w+ w ww+ w ½ ½ ½ ♀ OV ½ ♂ OB Segundo cruzamento X♀ Olhos brancos (OB) ♂ Olhos vermelhos (OV) P F1 F2Gametas ♂ ww w+ Ga me tas ♀ w w+ ww+ w ½ ½ ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OV ½ ¼ ♀ OB ¼ ♂ OB Gametas ♂ Ga me tas ♀ w+ w ww+ w+ w ww w Primeiro cruzamento F2 ½ ½ ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OV ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OB Gametas ♂ Ga me tas ♀ w+ w+ w +w+ w+ w ww+ w Segundo cruzamento F2 ½ ½ ½ ¼ ♀ OV ¼ ♂ OV ½ ¼ ♀ OB ¼ ♂ OB Gametas ♂ Ga me tas ♀ w+ w ww+ w+ w ww w A herança ligada ao sexo mostra regularmente proporções fenotípicas diferentes nos dois sexos da prole, bem como proporções diferentes em cruzamentos recíprocos; Análise de heredogramas • Levantamento dos registros de reproduções; • O membro da família que primeiro chama a atenção de um geneticista é chamado de propósito; • Geralmente o fenótipo do propósito é excepcional de alguma forma; • A maioria dos heredogramas são feitos por motivos médicos; 13/03/2014 5 Homem Mulher Reprodução Pais e filhos: 1 menino; 1 menina (ordem de nascimento) Dizigóticos (gêmeos não-idênticos) Monozigóticos (gêmeos idênticos) Sexo não-especificado Número de filhos do sexo indicado Indivíduos afetados Heterozigotos para autossômico recessivo Portadora de recessivo ligado ao sexo Morte Aborto ou natimorto (sexo não especificado) Propósito Método de identificar pessoas em um heredograma: aqui o propósito é a criança 2 na geração II, ou II-2 Casamento consanguíneo Distúrbios autossômicos recessivos • Geralmente o distúrbio aparece na prole de genitores não afetados; • A prole afetada inclui tanto homens quanto mulheres; • Quando sabemos que tanto homens quanto mulheres são afetados, pode-se deduzir que estamos lidando com uma herança mendeliana simples de um gene em um autossomo e não de um gene em um cromossomo sexual; • Os heredogramas de distúrbios autossômicos recessivos tendem a ser pequenos, com poucos símbolos escuros; • Para uma condição rara a maioria da pessoas não possuem o alelo anormal; • A maioria das pessoas que possuem o alelo anormal são heterozigotas para ele; Aa Aa A_ aa aa A_ • Para ser homozigoto recessivo ambos os genitores tem que ter o alelo recessivo; • Para ser heterozigoto é suficiente que apenas um genitor tenha o alelo recessivo; • O nascimento de pessoa afetada depende da rara união aleatória de genitores heterozigotos; • A endogamia (reprodução entre parentes) aumenta a chance de nascimento de pessoas afetadas; • Casamentos de primos em primeiro grau contribuem com uma grande proporção dos que sofrem de doenças recessivas na população; Homozigotos recessivos de endogamia Aa AA 1 2I II III IV Aa A_2 3AA1 Aa4 AA5 A_ A_2 3A_1 A_4 Aa5 Aa6 A_7 aa A_2 3A_1aa4 A_5 • Exemplos de distúrbios autossômicos recessivos: – Fibrose cística: secreção de grande quantidades de muco nos pulmões resultando em morte por combinação de efeitos, mas geralmente precipitada por infecção das vias respiratórias; – Albinismo humano: indivíduos não apresentam o pigmento melanina na pele e nos cabelos; 13/03/2014 6 Em heredogramas, um distúrbio autossômico recessivo é revelado pelo surgimento do distúrbio na prole masculina e feminina de genitores não-afetados. Distúrbios autossômicos dominantes • O alelo normal é recessivo e o alelo defeituoso é dominante; • Pode parecer paradoxal que um distúrbio raro possa ser dominante, mas lembre que a dominância e a recessividade são simples propriedades de como os alelos atuam nos heterozigotos e não são definidos em relação ao quanto eles são comuns na população; • Exemplos de distúrbios autossômicos dominantes: – Pseudo-acondroplasia: um tipo de nanismo; – Doença de Huntington: degeneração neural, levando a convulsões e morte. Manifestação tardia, os sintomas aparecem depois que a pessoa já teve filhos. Diagnóstico molecular; – Polidactilia: dedos extras; – Piebaldismo: alelo dominante que interfere na migração de melanócitos (células produtoras de melanina). A testa branca é particularmente característica, sendo geralmente acompanhada de uma região branca no cabelo; Pseudo-acondroplasia 13/03/2014 7 Polidactilia Piebaldismo Herança de um distúrbio autossômico dominante Aa aa 1 2I II III aa3aa2aa1 Aa4 Aa6 aa5 Aa11 aa12aa Aa6 7 aa8 aa9 aa7aa5 aa aa2 3aa1 aa4 aa10 Aa13 Em heredogramas de distúrbios mendelianos autossômicos dominantes mostram homens e mulheres afetados em cada geração; Também mostra homens e mulheres afetados transmitindo a condição a proporções iguais de seus filhos e filhas. Polimorfismos autossômicos • Em populações naturais de organismos, um polimorfismo é a coexistência de dois ou mais fenótipos comuns de uma característica; Distúrbios recessivos ligados ao X • Muito mais homens que mulheres apresentam o fenótipo raro em estudo; • Ninguém na prole de um homem afetado, casado com mulher não portadora, apresenta o fenótipo, mas todas as suas filhas são portadoras; • Nenhum dos filhos de um homem afetado apresenta o fenótipo em estudo, nem transmite a condição para seus descendentes. 13/03/2014 8 • Exemplos de distúrbios recessivos ligados ao X: – Daltonismo: indivíduos com incapacidade de distinguir o vermelho do verde; – Hemofilia: falha na coagulação do sangue; – Distrofia muscular de Duchenne: definhamento e atrofia dos músculos; – Síndrome da feminização testicular; Síndrome de feminização testicular • Frequencia de um em cada 65.000 nascimentos; • Pessoas afetadas são cromossomicamente masculinas; • Desenvolvem-se como mulheres; • Têm genitália externa feminina (vagina em fundo de saco, sem útero); • Testículos podem estar presentes nos grande lábios ou no abdome; • São estéreis; • A condição não pode ser revertida por tratamento com hormônio masculino; • Também chamada de síndrome de insensibilidade androgênica; • Hormônio masculino não tem efeito nos órgão-alvo que contribuem para a masculinidades; Distúrbios dominantes ligados ao X • Os homens afetados passam a condição para todas as suas filhas, mas a nenhum de seus filhos; • As mulheres heterozigotas afetadas casadas com homens não afetados passam a condição para metade de seus filhos e filhas; • Exemplo: – Hipofosfatemia: um tipo de raquitismo resistente à vitamina D; – Algumas formas de hipertricose: excesso de pelos no corpo e na face; Herança ligada ao Y • Apenas os homens herdam; • Gene SRY: papel primário na masculinização; • Exemplo: – Hipertricose auricular: excesso de pelos nas orelhas (demonstrado para algumas famílias). Mais comum entre as populações da Índia; 13/03/2014 9 Teoria do rabo preso • Leiam atentamente a história e tentem explicar as possíveis causas do nascimento de indivíduos com características diferentes das dos pais. “A falsa ciência cria ateus, a verdadeira faz o homem prostrar-se diante da divindade.” Voltaire
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