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Resenha PIKETTY CÁP 1

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Na primeira parte do livro de Piketty, ele busca tratar da divisão global da renda nacional, entre o trabalho e o capital que sofreu transformações ao longo do século XVIII.
Este primeiro capítulo são apresentadas noções de renda nacional, capital e relação capital / rendas. Estes conceitos contribuem bastante para descrever a evolução da distribuição mundial de renda e da produção posteriormente. Piketty ao longo deste primeiro capítulo faz breves considerações de como é necessário que a repartição da produção entre a remuneração do trabalho e a do capital sempre representa a magnitude do conflito distributivo. A exemplo disto, ele cita o exemplo histórico no dia 16 de Agosto de 2012, em que a polícia sul-americana precisou intervir num conflito entre os trabalhadores de uma mina e os responsáveis pela exploração dos recursos, onde o foco deste conflito era a questão salarial. Ademais, ele cita o exemplo da Revolução Industrial, que aguçou o conflito existente entre o capital e o trabalho – neste embalo as divisões eram injustas e a ordem democrática social foi derrubada Consideraram também outras revoltas mais antigas, duas dela coincidentemente acontecidas no dia 1º de Maio, em Chicago e também na França, onde as forças do Estado tentaram matar os grevistas que lutavam em busca de melhores salários. Diante destes fatos históricos, Piketty ainda interroga: ``Será que o confronto entre capital e trabalho pertence ao passado, ou será ele um elemento chave para o século XXI?``
	Estas greves supracitadas, a exemplo a dos mineiros de Marikanas, em agosto de 2012, não era apenas devidos aos lucros excessivos ou devido a busca de salários maiores. Na verdade, o que Piketty quer esclarecer é também o problema das desigualdades, entre elas as disparidades salariais. Entre linhas, Piketty observa que a problemática se insere na propriedade do Capital que não é repartido de forma igual e, ainda os trabalhadores não participam dos lucros auferidos no final das contas. Portanto, a divisão capital-trabalho provoca tantos conflitos, pois é extrema a concentração da propriedade do capital. 
	Na maior parte dos países o que se observa é uma maior desigualdade de riqueza e dos ganhos do capital preso – este é sempre maior do que a própria desigualdade de salários e da remuneração de salários.
	A intenção de Piketty, no entanto é assinalar a desigualdade entre capital e trabalho. Na verdade quem detém o capital já carrega em si um certo principio de desigualdade, pois estas pessoas não trabalham se quer arduamente para acumular tais riquezas. Em contraste à isso surgem as figuras dos camponeses, trabalhadores de minas do séc XVIII, que viviam em condições miseráveis.
	Durante muito tempo foi consensual entre a maior parte dos economistas, como também na literatura de modo geral sobre o tema da evolução distributiva entre capital e trabalho desde o século XVIII, e que houve estabilidade na divisão da renda nacional entre capital e trabalho. 
	Piketty também aponta a definição de renda nacional como algo que está ligado a uma soma de rendas que dispõem os residentes de um país ao longo de um ano. Este conceito está diretamente ligado ao PIB (Produto Interno Bruto). Para calculá-lo deve subtrair do PIB a depreciação do capital usado na produção, (das máquinas, equipamentos, veículos.) Também deve considerar a renda que vem de fora, assim a renda nacional pode ser superior ou inferior a produção interna. Por fim, a renda nacional é dada pela soma da produção interna mais a renda líquida recebida do exterior, assim a renda mundial é também igual a produção mundial
	O conceito de Capital de modo geral ao longo deste livro é dado pela soma de conjunto de ativos não humanos, que podem ser vendidos, adquiridos, e comprados. Neste contexto dissocia-se do capital humano, este não pode ser comprado e nem pertencer a outra pessoa – esta é a razão de sua exclusão do cálculo. Assim, apenas o ‘Capital’ somo a todo tipo de riqueza que pertence a alguns indivíduos, que podem ser comprados de forma permanente. Pode também ser dividido em capital público (Estado) e capital privado (pertencer a pessoas físicas e jurídicas) 
	Ademais, capital, riqueza, e patrimônio, passam a ser formas intercambiáveis ou associáveis diretamente, ou melhor, como sinônimos perfeitos como o próprio Piketty, denomina. Assim, capital é tudo aquilo que é acumulado pelo homem, excluindo a terra e os recursos naturais.
	É salientado as diferenças existentes entre capital e renda. A renda constitui-se como um fluxo e corresponde a soma de bens produzidos e distribuídos durante um ano, por exemplo. O capital é um estoque (resultado dos fluxos de renda e acumulados ao longo dos anos anteriores) e corresponde à quantidade total de riqueza existente em um dado instante. Não obstante, deve considerar medir a importância do capital, que é dado pela razão capital/renda, que é igual a (β). A partir dela, demonstra-se quando o estoque de capital é maior do que a acumulação ou a apropriação de renda, pois renda = produção, ou melhor uma identidade contábil.
	A partir desta razão, culmina na primeira lei do capitalismo, dada por α = r x β. 	Alfa representa a participação do capital na renda nacional, que é igual ao produto do retorno do capital(r) pela relação do estoque de capital/renda. Esta equação representa de forma simples, as definições mais importantes para a compreensão do sistema capitalista, permite também analisar a importância do capital para o país, e também para avaliar o balanço de uma empresa. (pág 63)
A igualdade entre renda e produção é dada apenas universalmente. No âmbito nacional e continental, a divisão mundial de renda costuma a ser mais desigual do que a produção – países com um PIB percapta mais elevado, tendem a deter uma parte do capital mais do que os outros países. Sendo assim, países ricos são duplamente ricos, pois nesta mesma medida eles também recebem renda do capital vindas dos países em que a produção por capital é mais baixa, tal feito está associado ao recebimento do capital investido no exterior, portanto possuem uma renda nacional maior do que a sua produção
	Por fim, é esclarecido o principio da convergência entre os países que é atribuído pela difusão do conhecimento, tanto no aspecto nacional ou internacional. A medida que economias mais pobres alcançam o mesmo desenvolvimento tecnológico, e qualificação de mão de obra das nações mais ricas, diminuirão os atrasos, portanto para tal feito é preciso que tenha uma potência pública, que viabilize uma abertura internacional e comercial de transferências tecnológicas.
	
Pág 48 à 87.

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