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Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos
 Gráfico de linhas no registro dos resultados de um tratamento de quadro depressivo
Ao avaliar a eficácia de uma intervenção, seja de que tipo ela for – educacional, clínica ou social, por exemplo – estamos querendo saber se com ela obtemos os resultados pretendidos. No caso aqui descrito, a eficácia da intervenção clínica pôde ser melhor avaliada graças à utilização de um gráfico de linhas para registro dos dados obtidos num estudo sobre comportamentos depressivos. O gráfico de linhas é uma representação gráfica de dados obtidos em um estudo determinado. Ele exibe uma série num conjunto de pontos conectados por uma única linha. As linhas de gráfico são usadas para representar grandes quantidades de dados que ocorrem num período de tempo contínuo. O eixo x (na posição horizontal) é denominado “eixo das abscissas”, e o eixo y (na posição vertical), “eixo das ordenadas”.
Na abscissa foram registrados os dias do tratamento, e na ordenada foi registrada a frequência com que ocorreram os comportamentos depressivos. Observando o gráfico obtido a partir desse registro de dados, verificamos que os valores registrados na ordenada variam de 0 a 300 comportamentos depressivos.
A partir dos valores registrados na abscissa o gráfico evidencia que os dias de tratamento foram classificados nas categorias pré-tratamento, tratamento e pós-tratamento.
O gráfico de linhas possibilita acompanhar a evolução do número de comportamentos depressivos ao longo dos dias de pré-tratamento, tratamento e pós-tratamento.
Podemos perceber que durante o pré-tratamento, nos quatro primeiros dias, o número de comportamentos depressivos decresceu de aproximadamente 270 para aproximadamente 180. Durante o tratamento, entre o 4º e o 13º dia, o número de comportamentos depressivos decresceu de aproximadamente 180 para aproximadamente 55, apresentando oscilações a partir do 7º dia. Na fase de pós-tratamento, houve um aumento do número de comportamentos depressivos no 14º dia, seguido de uma diminuição desses comportamentos no 15º dia e de um retorno aos aproximadamente 55 comportamentos depressivos observados no último dia do tratamento.
Tema 2: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência.
Aprendizagem vicariante
Denomina-se “aprendizagem” a mudança ou aquisição relativamente estável de um comportamento e/ou conhecimento em resultado da experiência. A perspectiva comportamental-cognitiva destaca diferentes formas pelas quais pode ocorrer aprendizagem: por habituação, por associação ou condicionamento, por generalização, por diferenciação de respostas, por regras, por observação ou modelação etc.
A aprendizagem por observação, também denominada aprendizagem vicariante ou aprendizagem social, é a ocorrida a partir da observação de um modelo, sem necessidade de passar pela experiência. A observação de um modelo que emite certo comportamento, e sofre consequências ambientais dele decorrentes, leva o indivíduo a repetir ou imitar os comportamentos que foram positivamente reforçados. 
O estudo desse tipo de aprendizagem feito pelo psicólogo canadense contemporâneo Albert Bandura levou-o a concluir que, além das situações em que somos reforçados ou punidos por nossas ações, também a experiência de outras pessoas pode conduzir à aquisição de novos comportamentos, caso em que a aprendizagem não decorre do reforçamento direto (em que o próprio sujeito é gratificado ou punido pelo ambiente), mas do reforçamento vicariante (em que o modelo é gratificado pelo ambiente).
Bandura identificou algumas variáveis que tornam esse tipo de aprendizagem mais eficaz ou menos eficaz. Algumas dessas variáveis são relativas a características do modelo, enquanto outras são relativas ao repertório comportamental do observador.
No primeiro caso – o das variáveis relativas às características do modelo – são consideradas as similaridades entre o observador e o modelo em termos de gênero, idade, status e outros aspectos que aumentem a probabilidade de ocorrência de aprendizagem vicariante. Além disso, quanto maior o vínculo afetivo entre o observador e o modelo, maior a probabilidade de ocorrência da imitação. O prestígio e a competência social do modelo também favorecem essa aprendizagem: modelos considerados bem-sucedidos e modelos admirados pelos observadores tendem a ser mais imitados do que os neutros. No segundo caso – o das variáveis relativas ao repertório comportamental do observador – um dos fatores mais considerados é a compatibilidade entre os repertórios comportamentais do modelo e do observador.
         Um tema de investigação bastante considerado pelos teóricos da aprendizagem social é o relativo à aquisição de comportamentos agressivos. Desde os estudos clássicos de Bandura (1973/1979), muitas pesquisas examinam os efeitos da observação de filmes com cenas de violência no desenvolvimento de repertórios comportamentais agressivos, com resultados consistentes que evidenciam a relação entre essas variáveis. Os experimentos desenvolvidos para investigar esse fenômeno procuram associar a exposição de sujeitos a cenas em que modelos apresentam comportamentos agressivos e são reforçados pelo ambiente para emitir comportamento agressivo em uma oportunidade posterior. Os resultados demonstram a ocorrência de aprendizagem vicariante, constatada pela imitação do comportamento dos modelos. Evidências dos estudos sobre a aprendizagem vicariante de comportamento violento demonstram a ação das variáveis intervenientes antes destacadas, tanto as referentes às características do modelo quanto as relacionadas ao repertório dos aprendizes.
Tema 3: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência.
Resiliência
No final da década de 1990 surgiu nos Estados Unidos um movimento que denunciava a excessiva preocupação da Psicologia com aspectos patológicos e com desvios da chamada normalidade, propondo que os estudos dessa ciência enfatizassem seus aspectos “saudáveis” e “positivos”, em vez das patologias. Protagonizado por Martin Seligman, então presidente da American Psychological Association, o movimento da chamada Psicologia Positiva dedicou-se à investigação de alguns fenômenos indicadores de uma “vida saudável”, dentre os quais a resiliência. Estudos sobre esse construto procuram responder às seguintes questões: o que faz com que alguns indivíduos submetidos a eventos potencialmente estressores desenvolvam patologias, enquanto outros, diante dos mesmos eventos, mostram-se capazes de superar as adversidades? Relativamente ao desenvolvimento humano, a Psicologia Positiva pergunta: quais fatores individuais, familiares e sociais favorecem a obtenção de resultados positivos?
O termo “resiliência”, utilizado originalmente nas ciências exatas, refere-se à capacidade que alguns materiais possuem de retomarem sua forma original ao cessar a ação das forças que os estavam deformando. Em Psicologia, o conceito indica a habilidade de superar adversidades, ou seja, o modo utilizado para superar eventos potencialmente estressantes. 
Embora haja alguma divergência na definição do termo, os autores geralmente concordam em relacionar resiliência a processos de natureza social e psíquica que garantem o desenvolvimento sadio, mesmo em contextos pouco satisfatórios. 
A resiliência resulta da interação entre fatores de risco, tais como exposição a situações adversas, abuso sexual, guerras, desemprego, morte e perdas, e fatores de proteção, que atuam no sentido de amenizar suas consequências negativas. Os fatores de proteção dependem de características pessoais,como empatia, autoeficácia, assertividade, habilidades sociais, comportamento dirigido para metas e habilidades para resolver problemas; condições familiares, como qualidade das interações, estabilidade, coesão e assertividade dos pais; e redes ambientais de apoio – como ambientes tolerantes aos conflitos, reforçadores positivos e limites definidos. 
Além dos fatores de risco e de proteção, as estratégias de enfrentamento (coping) também são importantes para a compreensão da capacidade de resiliência de um indivíduo. Essas estratégias de enfrentamento referem-se aos esforços cognitivos e comportamentais realizados pelo indivíduo para reduzir a sensação de desconforto decorrente de situações percebidas como estressantes.
Conhecimentos advindos de estudos sobre resiliência podem ser utilizados para a compreensão de grupos sociais, aí incluídos os familiares das pessoas expostas aos fatores de risco. 
Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos. Parâmetros Psicométricos.
 Testes psicométricos
Os testes psicológicos são instrumentos padronizados de avaliação criados segundo alguns critérios básicos: ter adequada fundamentação teórica e obedecer aos parâmetros psicométricos de “validade”, “precisão” ou “fidedignidade” e “padronização”.
O parâmetro “validade” garante que o instrumento mede efetivamente o que se propõe a medir. Três categorias de validade são consideradas: a “validade de construto”, que indica se o instrumento produz resultados compatíveis com os obtidos a partir de outros instrumentos criados para o mesmo fim; a “validade de conteúdo”, que indica se o instrumento mede efetivamente todos os aspectos que se propõe a medir – e somente eles; e a “validade de predição”, que indica se o instrumento pode realizar acuradas predições comportamentais.
O parâmetro de “precisão” ou “fidedignidade” diz respeito à homogeneidade dos resultados (manutenção dos resultados de um mesmo sujeito em diferentes aplicações) e à estabilidade dos resultados (manutenção dos resultados de um sujeito ao longo do tempo).
O parâmetro “padronização” diz respeito às normas criadas a partir da avaliação de resultados obtidos por sujeitos pertencentes a uma amostra representativa da população que foi submetida a avaliação por meio do instrumento. Uma vez estabelecido o padrão é possível situar um indivíduo testado em relação à Norma de seu grupo.
Para garantir objetividade e padronização, exige-se uniformidade na tarefa a ser realizada e na aplicação do instrumento (instruções, características do local e condições de aplicação) e da avaliação (as respostas devem ser avaliadas segundo os padrões estabelecidos e os resultados interpretados a partir das normas convencionadas).
Tema 1: Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação 
1.1. Psicologia Jurídica
Nos processos de separação ou divórcio é preciso definir qual dos ex-cônjuges deterá a guarda dos filhos. Conforme o artigo nº 1.584, do Novo Código Civil, vigente desde janeiro de 2002, nos casos de separação consensual, será observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. Em não havendo acordo, a guarda será atribuída àquele que reunir melhores condições para exercê-la, o que não implica melhores condições econômicas ou materiais (BRASIL, 2003; LAGO et BANDEIRA, 2009, p. 1).
 
Altoé (2001, p. 1) questiona: “E como saber quem tem melhores condições? Quais os critérios para a avaliação realizada pelos psicólogos?” A autora afirma que o trabalho do psicólogo na área jurídica não deve se restringir à elaboração de pareceres para que o juiz possa aplicar a lei. Deve, sim, visar à resolução dos conflitos que conduziram a família ao poder judiciário. Conflitos não resolvidos produzirão a reincidência dos problemas que conduziram o caso à Justiça, e o processo tende a prolongar-se por anos, sem redução da dor dos envolvidos.
Ainda de acordo com a autora, antes da década de 1990 a função do psicólogo judiciário se restringia à realização de perícias e pareceres. Hoje seu trabalho inclui informação, apoio, acompanhamento e orientação pertinentes aos atendimentos realizados, dado haver preocupação com a saúde mental das pessoas envolvidas.
Refletir sobre o modelo pericial e articulá-lo à ideia de um trabalho interventivo significa considerar também que o encontro com a(s) pessoa(s) que faz(em) parte de um processo de Vara de Família não é mera condição de aplicação de instrumentos de avaliação que é demandada por um terceiro. Supõe considerar que essas pessoas procuram o Judiciário para resolver conflitos de família porque não encontraram outra forma de lidar com o sofrimento que advém deles. (SUANNES, 2008, p. 29).
Segundo Suannes (2008, p. 36) a perícia, entendida como uma forma de avaliação psicológica, deve assumir também um caráter interventivo: 
Embora não seja uma instituição de saúde mental, é o Judiciário o lugar que essas pessoas escolheram para tratar, viver e falar da dor da separação, dos rompimentos de vínculos, da desidealização da família e de si mesmas.
Tema 2: Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação 
Psicologia Organizacional e do Trabalho
Como profissional de saúde, o psicólogo deverá ser capaz de acompanhar e responder às demandas sociais e políticas pela melhoria da qualidade de vida no trabalho (ZANELLI et al, 1994, p. 172).
A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) tem por objeto de estudo as relações entre homem e trabalho. Segundo a revista Diálogos (2007, p. 24), os conhecimentos sobre a conduta humana obtidos pela Psicologia no século XIX e o conjunto de técnicas desenvolvidas em prol do bem-estar dos indivíduos foram adotados pelas corporações industriais.
A história da POT teve início em 1913, ocasião em que Frederick Taylor realizou projetos de ambientes e sistemas capazes de maximizar a eficiência do trabalho humano, visando ao aumento de produtividade. Nas décadas de 1920 e 1930 foram desenvolvidas investigações sobre a influência de fatores ambientais na produtividade, segundo o viés behaviorista. No final dos anos de 1950 começaram a ser valorizados os fatores psicológicos, passando a ser reconhecida a associação entre características pessoais e produtividade. Nas décadas de 1970 e 1980 as questões humanistas passaram a dominar os estudos de POT, denotando um aumento de preocupação com a humanização do trabalho e a satisfação dos trabalhadores. A partir dos anos de 1990 ocorreram rápidas mudanças: novos avanços tecnológicos; fortalecimento do processo de globalização; ritmo intenso determinado pela era digital; aumento da competitividade no mundo corporativo; valorização das tarefas de liderança e de busca criativa de soluções. Tais mudanças determinaram a exigência de constante atualização da psicologia organizacional e do trabalho em meio a um mercado altamente competitivo. 
Ao longo desse transcurso histórico as exigências relativas à ação do psicólogo organizacional também foram se transformando: da exigência inicial, de contribuir para o aumento da produtividade, passou-se a exigir que colaborasse para promover um ambiente que, além de produtivo, fosse saudável. O ambiente de trabalho deve ser capaz de contemplar tanto as necessidades do empregado como os interesses da organização. Os anos 2000 trouxeram ao psicólogo a oportunidade de atuar como agente de mudanças, dele se esperando participação no planejamento de políticas e estratégias de negócios e dos recursos humanos e assessoria aos diversos níveis hierárquicos para colaborar com o alinhamento das necessidades organizacionais e individuais. (KANAN, 2010, p. 1)
Atualmente se espera do psicólogo organizacional que fundamente sua prática no 
entendimento do fenômenopsicológico nas organizações obtido a partir do envolvimento dos diferentes âmbitos de análise e de intervenção: o técnico, o estratégico e o das políticas globais da organização. (KANAN, 2010, p. 1). 
Cabe ressaltar ainda que a questão relativa à prática do psicólogo organizacional e do trabalho se insere num contexto mais amplo de debates: os relativos à qualificação da prestação de serviços psicológicos e às medidas a serem adotadas para a construção de políticas públicas e para a ampliação da presença da Psicologia nos mais diversos espaços. Visando esse objetivo foi lançado em 27 de agosto de 2005 o Centro de Referência Técnica de Psicologia e Políticas Públicas, que organiza, sistematiza e produz referências para os psicólogos atuarem em políticas públicas. Além disso, serve para adequar as expectativas dos gestores em relação aos serviços e contribuições profissionais dos psicólogos.
Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos 
Delineamento de pesquisa e validade interna
Um pesquisador interessado em identificar a causa ou as causas de determinada ocorrência fará inicialmente um delineamento de pesquisa, que objetive determinar a influência de uma ou mais variáveis nos resultados de determinado sistema ou processo. O delineamento desse tipo de pesquisa, ou planejamento experimental, é formulado com base em critérios científicos e estatísticos. A seu objetivo geral associam-se objetivos específicos, entre os quais incluem-se, dependendo do objetivo geral, a identificação das variáveis mais influentes nos resultados; a atribuição de valor a variáveis que possibilitem otimizar resultados; a redução de variabilidade dos resultados; e a interveniência de outras variáveis, não sujeitas ao controle.
Tendo isolado algumas variáveis que, por hipótese, servem de causa aos resultados observados, o pesquisador realizará um controle dessas variáveis, atento aos efeitos produzidos na variável dependente. A aleatoriedade, ou casualização, será indispensável tanto nas pesquisas que comparam um grupo experimental a um grupo controle, quanto naquelas em que distintos tratamentos são atribuídos a grupos experimentais, tão semelhantes quanto possível, para que se consiga avaliar adequadamente o efeito das variáveis independentes. 
O grau de certeza da pesquisa será tanto maior quanto maior a possibilidade de controle das variáveis envolvidas na pesquisa. Para que se tenha o máximo de garantia de que as relações causa-efeito observadas podem ser atribuídas à intervenção realizada, esse controle de variáveis é indispensável.
Tema 2: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos 
 Métodos qualitativos e quantitativos da pesquisa em Psicologia
O enunciado aborda a questão do método de pesquisa em Psicologia, a partir de uma investigação realizada no mundo organizacional, sobre o tratamento concedido à “deficiência” (Freitas, 2007). A escolha pela associação dos métodos quantitativo e qualitativo denota que a pesquisadora considerou que a pergunta norteadora por ela formulada exigia uma abordagem teórico-metodológica que, utilizando recursos qualitativos e quantitativos, pudesse conduzir a um resultado capaz de contribuir para a compreensão do objeto estudado.
         Cabe lembrar que o método quantitativo serve-se da linguagem matemática para descrever, representar e interpretar uma grande diversidade de objetos de estudo. A opção por esse método tem por questões fundamentais a definição de recursos matemáticos relevantes para o problema que se quer abordar, as limitações impostas pelo objeto de investigação e a possibilidade de ampliação e generalização de resultados. Trata-se de um método que busca regularidades com vistas a estabelecer relações causais que possibilitem realizar previsões.
Os métodos qualitativos, por sua vez, foram desenvolvidos para atender ao estudo de fenômenos fluidos, passageiros, que não se repetem da mesma maneira e que, portanto, dificilmente são apreendidos por métodos quantitativos. Por meio de procedimentos de observação, descrição e interpretação, próprios dos métodos qualitativos, se atende às peculiaridades de cada fenômeno ao buscar compreender como esses fenômenos ocorrem e não porque ocorrem.
Na prática atual de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais é bastante frequente a associação entre métodos quantitativos e qualitativos.
Na investigação descrita no enunciado, a pesquisadora utilizou uma abordagem qualitativa para avaliar o uso do construto “deficiência” ao longo da história e, a partir dessa análise, criou “tipificações”. Ou seja, a interpretação dos construtos possibilitou organizá-los em representações tipificadas, que serviram de referência para a elaboração de inventários a serem analisados quantitativamente. Assim, foram associados métodos quantitativos e qualitativos – o primeiro para obter indicadores e tendências observáveis do objeto estudado, e o segundo para mensurá-las. Graças a essa junção de métodos foi possível descrever e compreender o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, considerando para isso valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. 
Segundo o enunciado, o modelo utilizado, que associou metodologias quantitativas e qualitativas para investigar cientificamente o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, buscou verificar, simultaneamente, a potencialidade do modelo heurístico proposto e dos instrumentos de análise utilizados para a pesquisa. Os instrumentos utilizados mostraram seu potencial heurístico, isto é, mostraram-se suficientes para produzir um conhecimento cientificamente válido e também para colaborar com o desenvolvimento da ciência, no que diz respeito ao uso de metodologias mistas. 
Tema 1: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos 
Delineamento de pesquisa e validade interna
Um pesquisador interessado em identificar a causa ou as causas de determinada ocorrência fará inicialmente um delineamento de pesquisa, que objetive determinar a influência de uma ou mais variáveis nos resultados de determinado sistema ou processo. O delineamento desse tipo de pesquisa, ou planejamento experimental, é formulado com base em critérios científicos e estatísticos. A seu objetivo geral associam-se objetivos específicos, entre os quais incluem-se, dependendo do objetivo geral, a identificação das variáveis mais influentes nos resultados; a atribuição de valor a variáveis que possibilitem otimizar resultados; a redução de variabilidade dos resultados; e a interveniência de outras variáveis, não sujeitas ao controle.
Tendo isolado algumas variáveis que, por hipótese, servem de causa aos resultados observados, o pesquisador realizará um controle dessas variáveis, atento aos efeitos produzidos na variável dependente. A aleatoriedade, ou casualização, será indispensável tanto nas pesquisas que comparam um grupo experimental a um grupo controle, quanto naquelas em que distintos tratamentos são atribuídos a grupos experimentais, tão semelhantes quanto possível, para que se consiga avaliar adequadamente o efeito das variáveis independentes. 
O grau de certeza da pesquisa será tanto maior quanto maior a possibilidade de controle das variáveis envolvidas na pesquisa. Para que se tenha o máximo de garantia de que as relações causa-efeito observadas podem ser atribuídas à intervenção realizada, esse controle de variáveis é indispensável.
Tema 2: Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos 
 Métodos qualitativos e quantitativos da pesquisa em Psicologia
O enunciado aborda a questão do método de pesquisa em Psicologia, a partir de uma investigação realizada no mundo organizacional, sobre o tratamento concedidoà “deficiência” (Freitas, 2007). A escolha pela associação dos métodos quantitativo e qualitativo denota que a pesquisadora considerou que a pergunta norteadora por ela formulada exigia uma abordagem teórico-metodológica que, utilizando recursos qualitativos e quantitativos, pudesse conduzir a um resultado capaz de contribuir para a compreensão do objeto estudado.
         Cabe lembrar que o método quantitativo serve-se da linguagem matemática para descrever, representar e interpretar uma grande diversidade de objetos de estudo. A opção por esse método tem por questões fundamentais a definição de recursos matemáticos relevantes para o problema que se quer abordar, as limitações impostas pelo objeto de investigação e a possibilidade de ampliação e generalização de resultados. Trata-se de um método que busca regularidades com vistas a estabelecer relações causais que possibilitem realizar previsões.
Os métodos qualitativos, por sua vez, foram desenvolvidos para atender ao estudo de fenômenos fluidos, passageiros, que não se repetem da mesma maneira e que, portanto, dificilmente são apreendidos por métodos quantitativos. Por meio de procedimentos de observação, descrição e interpretação, próprios dos métodos qualitativos, se atende às peculiaridades de cada fenômeno ao buscar compreender como esses fenômenos ocorrem e não porque ocorrem.
Na prática atual de pesquisa em Ciências Humanas e Sociais é bastante frequente a associação entre métodos quantitativos e qualitativos.
Na investigação descrita no enunciado, a pesquisadora utilizou uma abordagem qualitativa para avaliar o uso do construto “deficiência” ao longo da história e, a partir dessa análise, criou “tipificações”. Ou seja, a interpretação dos construtos possibilitou organizá-los em representações tipificadas, que serviram de referência para a elaboração de inventários a serem analisados quantitativamente. Assim, foram associados métodos quantitativos e qualitativos – o primeiro para obter indicadores e tendências observáveis do objeto estudado, e o segundo para mensurá-las. Graças a essa junção de métodos foi possível descrever e compreender o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, considerando para isso valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. 
Segundo o enunciado, o modelo utilizado, que associou metodologias quantitativas e qualitativas para investigar cientificamente o modo pelo qual a “deficiência” é tratada no mundo organizacional, buscou verificar, simultaneamente, a potencialidade do modelo heurístico proposto e dos instrumentos de análise utilizados para a pesquisa. Os instrumentos utilizados mostraram seu potencial heurístico, isto é, mostraram-se suficientes para produzir um conhecimento cientificamente válido e também para colaborar com o desenvolvimento da ciência, no que diz respeito ao uso de metodologias mistas. 
Tema 1: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
DSM-IV e a classificação das perturbações mentais
O termo DSM IV (ou DSM-IV) é a abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - Quarta Edição), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington (1994). Correspondendo à quarta versão do DSM, é a principal referência de diagnóstico para os profissionais de saúde mental de diversos países, entre os quais o Brasil.
Recortamos para descrição os seguintes transtornos: (1) de personalidade borderline; (2) depressivo maior recorrente; (3) obsessivo-compulsivo; (4) psicótico; e (5) narcisista de personalidade.
Transtorno de Personalidade Borderline
Esse transtorno é identificável a partir de um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos, e acentuada impulsividade. Os indivíduos que apresentam esse transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Ao perceberem uma separação ou rejeição iminente, ou uma perda da estrutura externa, ficam sujeitos a profundas alterações de autoimagem, de afeto, cognição e comportamento. Podem supor que o "abandono" ou a “rejeição” advém do fato de serem "maus". Seus esforços frenéticos para evitar tais situações podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos suicidas e de automutilação.
Transtorno Depressivo Maior Recorrente – Episódio Depressivo Maior
A principal característica de um episódio dessa natureza é o humor deprimido ou uma perda generalizada de interesse por período não inferior a duas semanas. Em crianças e adolescentes a irritabilidade pode substituir a tristeza. A confirmação desse diagnóstico é feita a partir da identificação de pelo menos quatro sintomas adicionais dentre os seguintes: alterações de apetite ou peso; perturbações do sono e da atividade psicomotora; redução da energia; sentimentos de menos valia e culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se, tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte; ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
As principais características desse transtorno são obsessões e compulsões suficientemente severas para causar sofrimento e prejuízos: a pessoa reconhece que elas são excessivas e irracionais. Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, vivenciados como intrusivos e inadequados, causadores de ansiedade e sofrimento. Compulsões manifestam-se através de comportamentos repetitivos, como por exemplo lavar as mãos continuamente; ordenar, verificar, orar, contar, repetir palavras em silêncio, com o objetivo de prevenir ou reduzir a ansiedade e o sofrimento.
Transtorno Psicótico
Trata-se de um transtorno com sintomas psicóticos que, no entanto, não satisfaz os critérios de diagnóstico de um transtorno psicótico específico. Em outras palavras, essa categoria inclui uma sintomatologia psicótica - delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados, catatonia, sem, no entanto, reunir informações suficientes para a realização de um diagnóstico específico. Por exemplo, o paciente pode estar sofrendo, na ausência de quaisquer outros sinais de psicose, alucinações auditivas persistentes ou delírios não-bizarros persistentes com períodos de episódios de humor sobrepostos.
Transtorno de Personalidade Narcisista
A característica principal desse transtorno é o padrão de grandiosidade que se estabelece gerando necessidade de admiração e dificuldade para estabelecer empatia. Os indivíduos com esse transtorno experimentam um sentimento grandioso a respeito da própria importância: superestimam as próprias capacidades e exageram as próprias realizações. Frequentemente parecem presunçosos e arrogantes. Podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e se surpreendem ao não receberem o louvor que esperam e julgam merecer. Essas pessoas tecem fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza e amor ideal.
Tema 2: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Memória.
Memória
A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades humanas, ocorre em três etapas: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação envolve a transformação de um estímulo físico (como um som ou uma imagem) em um código, que pode ser armazenado. O armazenamento refere-se à retenção desse código por períodos curtos ou longos. A recuperação diz respeito ao resgate e ao uso dessa informação. As etapas de codificação, armazenamento e recuperação ocorrem pelas intermediações bioquímicas, via neurotransmissores, e pela intermediação elétrica, via neurônios.
Evidências empíricas e experimentais apontam para o fato de haverrelação entre as emoções e a memória. Toda memória é adquirida num certo estado emocional. As emoções estimulam a liberação de certas substâncias no cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a beta-endorfina, que agem como moduladores da atividade cerebral, aumentando ou diminuindo a capacidade de resposta de certas ligações nervosas (sinapses), inclusive das responsáveis pela memória. 
Em que pese a diversidade de enfoques teóricos e metodológicos dos inúmeros estudos clínicos e experimentais sobre a relação entre estados emocionais e memória, com resultados ainda insatisfatórios em alguns aspectos, de maneira geral é possível afirmar que a memória é mais favorecida por certos níveis de emoção do que pela repetição dos eventos e frequência de evocação. Para o neurocientista Ivan Izquierdo (2004), armazenamos mais e melhor as informações e temos mais facilidade para recuperar memórias de alto conteúdo emocional.
Além disso, há um fenômeno denominado “dependência de estado”, em função do qual a memória é melhor quando o contexto, no momento da recuperação de dados, equivale ao contexto existente no momento da codificação (BOWER, 1981). Em termos neuro-humorais essa relação pode ser explicada pela repetição, no momento da evocação, do “ambiente” neuro-humoral específico presente no momento da formação da memória.
Estudos recentes demonstram que o hipocampo é o principal elemento do sistema nervoso envolvido nos processos da memória, tanto na etapa de formação como na etapa de evocação. Como tendemos a relembrar situações emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a memória dessas situações prevalece. No entanto, não é isso que as pesquisas têm demonstrado: situações emocionalmente carregadas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, são igualmente lembradas e sua memória prevalece sobre a de situações emocionalmente neutras. Pesquisas apontam para o fato de que observam-se mais falsas memórias quando as situações lembradas são desagradáveis, embora não haja uma relação causal entre a memória de situações desagradáveis e a produção de falsas memórias.
Tema 3: Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Fatores hereditários e ambientais da inteligência
Um dos debates tradicionais da Psicologia diz respeito aos determinantes de características individuais. Historicamente, diferentes autores têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis genéticas, ou de variáveis ambientais, na gênese e no desenvolvimento das diversas capacidades humanas.
Um delineamento de pesquisa bastante utilizado nas investigações que objetivam verificar o peso de variáveis genéticas nas habilidades cognitivas é aquele que avalia essas habilidades em gêmeos monozigóticos.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único espermatozoide, espera-se que todas as características humanas resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez, da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si, quanto qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes. 
Muitos estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos. 
Tema 1: Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência.
DSM-IV e a classificação das perturbações mentais
O termo DSM IV (ou DSM-IV) é a abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - Quarta Edição), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington (1994). Correspondendo à quarta versão do DSM, é a principal referência de diagnóstico para os profissionais de saúde mental de diversos países, entre os quais o Brasil.
Recortamos para descrição os seguintes transtornos: (1) de personalidade borderline; (2) depressivo maior recorrente; (3) obsessivo-compulsivo; (4) psicótico; e (5) narcisista de personalidade.
Transtorno de Personalidade Borderline
Esse transtorno é identificável a partir de um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos, e acentuada impulsividade. Os indivíduos que apresentam esse transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Ao perceberem uma separação ou rejeição iminente, ou uma perda da estrutura externa, ficam sujeitos a profundas alterações de autoimagem, de afeto, cognição e comportamento. Podem supor que o "abandono" ou a “rejeição” advém do fato de serem "maus". Seus esforços frenéticos para evitar tais situações podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos suicidas e de automutilação.
Transtorno Depressivo Maior Recorrente – Episódio Depressivo Maior
A principal característica de um episódio dessa natureza é o humor deprimido ou uma perda generalizada de interesse por período não inferior a duas semanas. Em crianças e adolescentes a irritabilidade pode substituir a tristeza. A confirmação desse diagnóstico é feita a partir da identificação de pelo menos quatro sintomas adicionais dentre os seguintes: alterações de apetite ou peso; perturbações do sono e da atividade psicomotora; redução da energia; sentimentos de menos valia e culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se, tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte; ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
As principais características desse transtorno são obsessões e compulsões suficientemente severas para causar sofrimento e prejuízos: a pessoa reconhece que elas são excessivas e irracionais. Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, vivenciados como intrusivos e inadequados, causadores de ansiedade e sofrimento. Compulsões manifestam-se através de comportamentos repetitivos, como por exemplo lavar as mãos continuamente; ordenar, verificar, orar, contar, repetir palavras em silêncio, com o objetivo de prevenir ou reduzir a ansiedade e o sofrimento.
Transtorno Psicótico
Trata-se de um transtorno com sintomas psicóticos que, no entanto, não satisfaz os critérios de diagnóstico de um transtorno psicótico específico. Em outras palavras, essa categoria inclui uma sintomatologia psicótica - delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados, catatonia, sem, no entanto, reunir informações suficientes para a realização de um diagnóstico específico. Por exemplo, o paciente pode estar sofrendo, na ausência de quaisquer outros sinais de psicose, alucinações auditivas persistentes ou delírios não-bizarros persistentes com períodos de episódios de humor sobrepostos.
Transtorno de Personalidade Narcisista
A característica principal desse transtorno é o padrão de grandiosidade que se estabelece gerando necessidade de admiração e dificuldade para estabelecer empatia. Os indivíduos com esse transtorno experimentam um sentimento grandioso a respeito da própria importância: superestimam as próprias capacidades e exageram as próprias realizações. Frequentemente parecem presunçosos e arrogantes. Podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e se surpreendem ao não receberem o louvor que esperam e julgam merecer. Essas pessoas tecem fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza e amor ideal.
Tema 2: Fenômenos, processose construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Memória.
Memória
A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades humanas, ocorre em três etapas: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação envolve a transformação de um estímulo físico (como um som ou uma imagem) em um código, que pode ser armazenado. O armazenamento refere-se à retenção desse código por períodos curtos ou longos. A recuperação diz respeito ao resgate e ao uso dessa informação. As etapas de codificação, armazenamento e recuperação ocorrem pelas intermediações bioquímicas, via neurotransmissores, e pela intermediação elétrica, via neurônios.
Evidências empíricas e experimentais apontam para o fato de haver relação entre as emoções e a memória. Toda memória é adquirida num certo estado emocional. As emoções estimulam a liberação de certas substâncias no cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a beta-endorfina, que agem como moduladores da atividade cerebral, aumentando ou diminuindo a capacidade de resposta de certas ligações nervosas (sinapses), inclusive das responsáveis pela memória. 
Em que pese a diversidade de enfoques teóricos e metodológicos dos inúmeros estudos clínicos e experimentais sobre a relação entre estados emocionais e memória, com resultados ainda insatisfatórios em alguns aspectos, de maneira geral é possível afirmar que a memória é mais favorecida por certos níveis de emoção do que pela repetição dos eventos e frequência de evocação. Para o neurocientista Ivan Izquierdo (2004), armazenamos mais e melhor as informações e temos mais facilidade para recuperar memórias de alto conteúdo emocional.
Além disso, há um fenômeno denominado “dependência de estado”, em função do qual a memória é melhor quando o contexto, no momento da recuperação de dados, equivale ao contexto existente no momento da codificação (BOWER, 1981). Em termos neuro-humorais essa relação pode ser explicada pela repetição, no momento da evocação, do “ambiente” neuro-humoral específico presente no momento da formação da memória.
Estudos recentes demonstram que o hipocampo é o principal elemento do sistema nervoso envolvido nos processos da memória, tanto na etapa de formação como na etapa de evocação. Como tendemos a relembrar situações emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a memória dessas situações prevalece. No entanto, não é isso que as pesquisas têm demonstrado: situações emocionalmente carregadas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, são igualmente lembradas e sua memória prevalece sobre a de situações emocionalmente neutras. Pesquisas apontam para o fato de que observam-se mais falsas memórias quando as situações lembradas são desagradáveis, embora não haja uma relação causal entre a memória de situações desagradáveis e a produção de falsas memórias.
Tema 3: Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Fatores hereditários e ambientais da inteligência
Um dos debates tradicionais da Psicologia diz respeito aos determinantes de características individuais. Historicamente, diferentes autores têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis genéticas, ou de variáveis ambientais, na gênese e no desenvolvimento das diversas capacidades humanas.
Um delineamento de pesquisa bastante utilizado nas investigações que objetivam verificar o peso de variáveis genéticas nas habilidades cognitivas é aquele que avalia essas habilidades em gêmeos monozigóticos.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único espermatozoide, espera-se que todas as características humanas resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez, da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si, quanto qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes. 
Muitos estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos.

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