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Aula 7 – Mancais de deslizamento Curso: Engenharia Mecânica Série: 9º/ 10º Semestre PROJETOS MECÂNICOS Aula 7 – Mancais de deslizamento e lubrificação Segunda 19:00 às 20:40 25/09/2017 Aula 7 – Mancais de deslizamento 25/09/2017 2 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Mancais de deslizamento e lubrificação 1) Definição O nome mancal, refere-se às superfícies em contato nas máquinas sobre as quais uma carga é transferida. Quando ocorre movimento relativo é importante que seja diminuído o atrito e o desgaste. Qualquer substância entre estas superfícies que diminua o atrito e o desgaste é chamado de lubrificante. Aula 7 – Mancais de deslizamento 3 Os lubrificantes podem ser fluidos ou sólidos. Os fluidos são geralmente derivados do petróleo e são classificados quanto à sua viscosidade e tipo de aditivação. Os sólidos são geralmente de dois tipos: - materiais que exibem tensões de cisalhamento baixas, como o grafite e dissulfeto de molibdênio; - camadas como fosfatos, oxidos ou sulfetos que são produzidas nas superfícies dos materiais. Os óleos são praticamente incompressíveis, considerando-se a ordem de grandeza das pressões em mancais, mas cisalham imediatamente, o que favorece a redução do coeficiente de atrito entre as superfícies. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 4 Os óleos são caracterizados pela sua viscosidade, mas existem outras propriedades que também são importantes. Através da aditivação, várias características podem ser melhoradas, como: Ponto de início de escoamento (rebaixadores do ponto de fluidez); Variação da viscosidade com a temperatura (melhoradores de Índice de viscosidade); Geração de espuma (aditivos redutores de espuma); Oxidação em altas temperaturas (aditivos redutores de oxidação); Corrosão das superfícies metálicas (aditivos inibidores de corrosão); Formação de depósitos do motor (aditivos detergentes e dispersantes); Falta de filme de lubrificação (aditivos redutores de desgaste). As graxas são lubrificantes que foram tornados espessos para que tivessem propriedades que o liquidos não têm. São usadas quando a lubrificação constante é difícil ou cara. Muitas vezes servem como barreira para impedir que contaminantes prejudiciais entrem em contato com as superfícies internas dos rolamentos. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento A lubrificação é geralmente classificada de acordo com o grau com o qual o lubrificante separa as superfícies em contato. Deste modo, três tipos são destacadas: a - Contorno ou fronteira (f = 0,05 e 0,2); b - Misto com contato intermitente (f = 0,004 e 0,1); f = coeficiente de atrito 5 1) Tipos de lubrificação de mancais 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento c - Hidrodinâmica (f = 0,002 a 0,01). Esta é a melhor condição de lubrificação nos mancais de deslizamento e estes são dimensionados para o funcionamento nestas condições. f = coeficiente de atrito 6 1) Tipos de lubrificação de mancais 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 7 2) Suprimento de óleo As três formas de lubrificação indicadas consideram o fornecimento regular de óleo, sobretudo na condição de lubrificação hidrodinâmica. Dentre os meios de fornecimento de óleo destacam-se: a) Anel de óleo 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 8 2) Suprimento de óleo a) Anel de óleo Enquanto o eixo gira, um anel apoiado em sua parte superior traz óleo para a parte superior do eixo e este flui para a superfície do mancal. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 9 2) Suprimento de óleo b) Colar de óleo Enquanto o eixo gira, um colar entra em contato com o óleo no reservatório e o lança para a superfície superior. O óleo escoa para um reservatório acima do mancal e flui por gravidade para a parte superior do mancal. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 10 2) Suprimento de óleo c) “Splashing” No interior dos motores, a movimentação do eixo de manivelas “virabrequim” agita a superfície do óleo no cárter, mantendo um fluxo constante sobre as superfícies que necessitam de lubrificação. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 11 2) Suprimento de óleo d) Banho de óleo Mais utilizado para mancais de rolamentos, o mancal permanece parcialmente submerso no reservatório de óleo. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 12 2) Suprimento de óleo e) Furos e estrias O óleo entra pelo furo e se distribui pelas estrias tanto por pressão quanto por gravidade. As estrias não devem ser cortadas em regiões que suportam a carga, uma vez que a pressão hidrodinâmica aproxima-se de zero nestes locais. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 13 2) Suprimento de óleo f) Bombeamento Nos mancais de virabrequins e de bielas usa-se a lubrificação por bombeamento, de modo a manter o fluxo constante e suficiente para formação do filme de óleo entre as superfícies do eixo e do mancal. Quando não existem, então o pino do pistão é lubrificado no modo “splash”. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 14 3) Conceitos básicos da lubrificação hidrodinâmica 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 15 3) Conceitos básicos da lubrificação hidrodinâmica Viscosidade absoluta x rps / Carga por unidade de área projetada. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 16 3) Conceitos básicos da lubrificação hidrodinâmica Os parâmetros básicos que influenciam no tipo de lubrificação são: Viscosidade m: Quanto maior a viscosidade, menor a rotação necessária para que o eixo flutue sobre o fluido. Rotação n: Quanto maior a rotação, menor a viscosidade necessária para que o eixo flutue sobre o fluido. Carga no mancal por unidade de área P: É definida pela carga transmitida ao mancal pelo eixo, dividida pela área projetada, correspondente ao diâmetro do mancal vezes o seu comprimento (D x L). A lubrificação hidrodinâmica requer portanto três coisas: 1 – Movimento relativo entre as superfícies; 2 – Efeito de “cunha” wedging action, o que ocorre devido à excentricidade do eixo; 3 – Presença de um fluido adequado. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 17 3) Conceitos básicos da lubrificação hidrodinâmica Viscosidade Viscosidade absoluta ou dinâmica U = velocidade h = distância entre as superfícies 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 18 Unidade da viscosidade absoluta ou dinâmica 1 cPoise = 1 mPa.s A viscosidade pode ser medida por meio de instrumentos cuja forma construtiva é baseada na figura anterior, ou por meio da medição do tempo necessário para que um volume determinado flua de um reservatório por ação da gravidade através de um furo calibrado, como indicado esquematicamente na figura ao lado. Esta forma de medição é quantificada em segundos Saybolt. O valor quantificado pelos segundos Saybolt está relacionado à viscosidade cinemática. Unidade da viscosidade cinemática 1 Stoke = 1 cm2/s 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 19 Nos mancais de deslizamento, em função das suas dimensõese da viscosidade absoluta do óleo, a equação de Petroff fornece uma estimativa para o coeficiente de atrito, na hipótese de alinhamento concêntrico entre o eixo e o mancal. Equação de Petroff 𝑓 = 2𝜋2 𝜇 𝑛 𝑃 𝑟 𝑐 Onde: F = coeficiente de atrito; m = viscosidade absoluta [Pa.s]; n = velocidade [revoluções / s]; r = raio do eixo [m]; c = folga radial (Dmancal –Deixo)/2 [m] 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 20 Exercício 1 – Determinação de atrito no mancal e perda de potência Um eixo com 100 mm de diâmetro é suportado por um mancal de 80 mm de largura com folga radial de 0,10 mm. Ele é lubrificado por óleo com viscosidade (na temperatura de trabalho) de 50mPa.s. O eixo gira a 600 rpm e leva uma carga radial de 5000 N. Estime o coeficiente de atrito no mancal e a perda de potência usando a abordagem de Petroff. Hipóteses: 1. Não há excentricidade entre o mancal e o eixo e não há fluxo de lubrificante no sentido axial. 2. A força de arrasto devido ao atrito é igual ao produto do coeficiente de atrito pela carga radial do eixo. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 21 A teoria da lubrificação hidrodinâmica teve início com estudos elaborados por Osborne Reynolds durante investigações sobre mancais de deslizamentos em rodas de trens na Inglaterra no início dos anos 1880. Dentre os resultados destes estudos e avanços na compreensão deste fenômeno está o agrupamento de parâmetros em números adimensionais, os quais são utilizados no dimensionamento destes mancais. Como ponto de partida para o estudo de um mancal de deslizamento está a definição do número característico do mancal S = Número de Sommerfeld: Lubrificação hidrodinâmica 𝑆 = 𝑟 𝑐 2 𝜇 𝑛 𝑃 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 22 Na figura ao lado, apresenta-se esquematicamente a distribuição de pressões no filme de óleo no mancal de deslizamento no qual destacam-se os seguintes parâmetros: ho = espessura mínima do filme de óleo; Tendo como referência a linha de ação da carga: f = ângulo até o ponto de espessura mínima do filme de óleo; qpmax = ângulo até o ponto de pressão máxima; qpo = ângulo até o ponto de pressão nula; e = excentricidade; Q = fluxo de óleo; n = rotação; D = Diâmetro do eixo; P = Carga por unidade de área; 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 23 Os diagramas de números adimensionais 1 a 6, indicados a seguir e conhecidos como diagramas de Raimondi-Boyd, são definidos com base nos parametros mostrados na figura anterior. Eles assumem que o lubrificante é fornecido à pressão atmosférica e que a influência do fluxo de quaisquer furos ou estrias seja desprezível. A viscosidade é assumida como constante e corresponde à média de temperatura do óleo que flui através do mancal. Com base nestes diagramas, podemos fazer o dimensionamento de mancais de deslizamento nas condições que estudamos até agora, ou seja, mancais simples com cargas radiais e velocidades constantes. Nas situações com valores de L/D situados entre as curvas disponíveis, os valores corretos podem ser interpolados por meio da seguinte equação: na qual o valor de y representa o valor da grandeza desejada e os valores de y , y1, y1/2 e y1/4 correspondem aos valores desta grandeza situados sobre cada uma destas curvas. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 24 Diagrama 1 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 25 Diagrama 2 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 26 Diagrama 3 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 27 Diagrama 4 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 28 Diagrama 5 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 29 Diagrama 6 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 30 Exercício 2 – Eixo de mancal lubrificado Um eixo de mancal de diâmetro de 2 in (50,8 mm), 1 in (25,4 mm) de comprimento e folga radial de 0,0015 in (0,0381 mm) suporta uma carga fixa de 1000 lb (4448,2 N) quando o eixo gira a 3000 rpm. Ele é lubrificado com óleo SAE 20 fornecido à pressão atmosférica. A temperatura média do filme de óleo é estimada em 130oF (54,4oC). Usando os diagramas de Raimondi-Boyd estime: 1 – A espessura mínima do filme de óleo; 2 – O coeficiente de atrito no mancal; 3 – A pressão máxima no filme de óleo; 4 – Os ângulos f, qmáx e qpo; 5 – O fluxo de óleo total no mancal; 6 – A fração de fluxo renovado que precisa ser introduzido para compor o volume que escapa pelas laterais. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 31 Exercício 2 – Eixo de mancal lubrificado Figura do exercício 2 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 32 4) Materiais utilizados Babbits: Corresponde a uma família completa de ligas baseadas no chumbo e no estanho em combinação com outros elementos. É muito efetiva, especialmente quando depositados eletroliticamente em filmes finos sobre o substrato mais forte como o aço. Bronzes: A família de ligas de cobre, principalmente bronzes, é uma escolha excelente para mancais que correm contra o aço e ferro fundido. O bronze é mais brando que os metais ferrosos, mas tem boa resistência, usinabilidade e resistência à corrosão, correndo bem contra ligas ferrosas quando lubrificado. Ferro fundido cinzento e aço: são materiais razoáveis para mancais quando correm contra outro a baixas velocidades. O grafite livre no ferro fundido adiciona lubricidade, mas um lubrificante líquido também é necessário. Aço também pode correr contra aço, se as duas partes forem endurecidas e lubrificadas. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 33 4) Materiais utilizados Materiais sinterizados: São encontrados na forma de pó e permanecem microscopicamente porosos depois de tratamento térmico. A porosidade permite- lhes absorver uma quantidade significativa de lubrificante e mantê-lo pelo efeito de capilaridade, desprendendo-o no mancal quando aquecido. O bronze sinterizado é amplamente usado em superfícies que se movem contra aço ou ferro fundido. Materiais não metálicos: Alguns tipos oferecem a possibilidade de correr a seco se eles tiverem lubricidade suficiente. O grafite é um exemplo. Alguns termoplásticos, como náilon, acetal e Teflon, oferecem um coeficiente de atrito m pequeno contra qualquer metal, mas têm resistência e temperatura de fusão baixas, as quais combinadas com a condução de calor bem pobre, limitam as cargas e velocidades de operação. O Teflon tem um m muito baixo (aproximando- se aos valores de rolamento), mas requer aditivos para aumentar sua resistência para níveis usáveis. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 34 4) Materiais utilizados Exemplo de deposição de camadas 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 35 5) Formas de desgaste dos mancais de deslizamento A fadiga da sobrecamada pode não causar a falha a falha do mancal, mas é prejudicial à espessura do filme de óleo e também pode expor a camada intermediária. a) Fadiga da sobrecamada 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 36 5) Formas de desgaste dosmancais de deslizamento A forma geométrica imperfeita do eixo pode levar ao contato entre superfícies. Outra causa também pode ser a lubrificação insuficiente. b) Contato entre superfícies 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 37 5) Formas de desgaste dos mancais de deslizamento c) Cavitação A cavitação pode ocorrer devido à flutuação dos níveis de pressão do óleo, gerando a formação e eclosão súbita de bolhas de vapor na superfície dos mancais. Em motores de combustão interna, a utilização de mancais com camadas de babbitts com bi-metal são favoráveis para evitar a cavitação. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 38 5) Formas de desgaste dos mancais de deslizamento c) Cavitação 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento Aula 7 – Mancais de deslizamento 39 Bibliografia [1] BUDYNAS, R. G.; NISBETT J. K. Elementos de Máquinas de Shigley – Projeto de engenharia mecánica. Porto Alegre: Bookman, 2011. [2] JUVINALL, Robert & MARSHEK, Kurt M., Projeto de Componentes de Máquinas, Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008. [3] NORTON, Robert L., Projeto de Máquinas – Uma abordagem integrada, Porto Alegre: Bookmann, 2013. 25/09/2017 2017-PM_Aula07_M_deslizamento
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