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Resumo de CPC Av. Bimestral 2 B DN7B

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Das Ações Possessórias – Art. 920 e seguintes
Conceito de Posse – é o domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa (móvel ou imóvel). No Art. 1.196 do CC – este artigo estabelece o conceito de possuidor. 
Teorias da Posse:
Teoria subjetivista de Savigny
Teoria Objetivista de Ihering.
Segundo a teoria de Ihering o possuidor é aquele que exterioriza o domínio, sendo a posse um direito juridicamente tutelado. 
Classificação da Posse: 
Justa e Injusta (Art. 1.200 do CC);
De Boa-fé e de Má-fé (Art. 1.201 do CC);
Direta e Indireta.
OBS: Ações Possessórias = Interditos Possessórios.
Procedimento das ações possessórias:
Se for ação de força nova – menos de ano e dia – segue o rito especial (Art. 924 e Art. 927 do CPC;
Se for ação de força velha – mais de ano e dia – segue o rito ordinário.
O conceito de ações possessórias estabelece que são ações judiciais com vistas à proteção da posse, que pode ser pela autotutela ou pela heterotutela (neste caso em que se enquadra as ações possessórias).
Turbação – pressupõe a prática de atos materiais concretos de agressão à posse, mas sem desapropriar a vítima.
Esbulho – pressupõe que a vítima seja desapropriada do bem, que o perca para o autor da agressão, ou seja, é o que ocorre quando há uma invasão e o possuidor não é expulso da coisa. 
Ameaça – não há atos materiais concretos, mas o agressor manifesta a intenção de consumar a agressão. 
Peculiaridades das ações possessórias: 
1) fungibilidade – Art. 920 - a propositura de uma ação possessória em vez de outra não obsta ao conhecimento do pedido, diante de uma dúvida sobre a natureza da agressão, o legislador houve por bem considerar as ações possessórias fungíveis. Quando a parte qualificar a agressão de uma determinada maneira o juiz, pode considerar a qualificação incorreta e adequar para outra classificação. Também pode ocorrer no curso do processo de uma agressão transformar-se em outra. A sentença não é extra ou ultra petita e não fere o princípio do contraditório e da ampla defesa. 
2)Natureza dúplice das ações possessórias o réu pode cumular, em contestação, tanto a defesa da posse como o pedido de indenização pela agressão. Além da tutela possessória o réu pode cumular na ação os incisos do art. 921 do CPC em pedido contraposto. (princípio da economia processual). 
3) Exceção de domínio – consiste na possibilidade do réu defender-se na ação possessória sem alegar a cerca do domínio ou da qualidade de proprietário do bem. A súmula 487 do STF foi revogada e portanto, não se pode alegar a propriedade nas ações possessórias – art. 1.210, § 2º do CC.
4) Cumulação de pedidos – nas ações possessórias o autor pode postular além da proteção da posse, a condenação em perdas e danos, cominação de multa ou o desfazimento de construção ou plantação realizada no bem objeto do litígio – Art. 921 do CPC. 
Quadro Sinótico das espécies de ações possessórias: Art. 926 e seguintes.
	Características
	Manutenção
	Reintegração
	Interdito Proibitório
	Objetivo
	Afastar a turbação
	Afastar o esbulho
	Afastar a ameaça
	Legitimidade
	Autor: possuidor turbado
Réu: turbador 
	Autor: possuidor esbulhado
Réu: esbulhador
	Autor: possuidor ameaçado
Réu: pretendente
	Liminar Art. 927
	Menos de ano e dia
	Idem
	Idem 
	Defesa
	Ação dúplice: tutela da posse e indenização
	Idem 
	Idem
	Procedimento Art. 282 do CPC
	Apreciação da liminar: *com ou sem justificação prévia em audiência de justificação
*com ou sem citação do réu;
* citação do réu para defesa em 15 dias – Art. 931. 
	
Idem
	
Idem
Ações de Usucapião – Direitos Reais - Art. 941 e seguintes do CPC
Conceito – a ação de usucapião tem por objetivo a declaração de usucapião, ordinário ou extraordinário, de bens imóveis particulares. Figurando como instrumento processual utilizado pelo possuidor persistente contra o proprietário negligente, reconhecendo ao autor o preenchimento dos requisitos exigidos pela lei para a obtenção do domínio.
Espécies de Usucapião:
Extraordinário – Art. 1.238 do CC – requisitos: 15 anos, ininterruptos, sem oposição;
Extraordinário Minorado – Parágrafo Único do Art. 1.238 do CC - requisitos: 10 anos, ininterruptos, sem oposição, estabelecido moradia ou realizados obras;
Ordinário – Art. 1.242 do CC – requisitos: 10 anos, ininterruptos, sem oposição, justo título e de boa-fé, 
Ordinário Minorado – Parágrafo Único do Art. 1.242 do CC – requisitos: 05 anos, ininterruptos, sem oposição, justo título e de boa-fé, estabelecido moradia ou realizado obras e cancelado seu registro anterior no cartório.
Rural – Art. 1.239 do CC – requisitos: 05 anos, ininterruptos, sem oposição, até 50 hectares, tornar uma terra produtiva, ou estabelecer sua moradia, e não possuir outro imóvel;
Urbano – Art. 1.240 do CC – requisitos: até 250 metros quadrados, não ser proprietário de outro imóvel, 05 anos, ininterruptos, sem oposição e estabelecer sua moradia;
Urbano Especial – Art. 1.240 –A – requisitos: 02 anos, ininterruptos, sem oposição, área de até 250 metros quadrados, abandonado por ex-cônjuge, estabelecido moradia, não ser dono de outro imóvel.
Procedimento nas Ações de Usucapião – Rito Ordinário 
Petição Inicial com os requisitos do Art. 942 do CPC : “ O autor, expondo na petição inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imóvel, requererá a citação daquele em cujo nome estiver registrado o imóvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos réus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observando quanto ao prazo do artigo 232 ( citação por edital 20 a 60 dias).
Citação do: a) réu (que poderá ser pessoal por oficial de justiça ou por correio); 
 b) réu de lugar incerto; 
 c) confinantes e eventuais interessados; 
 c) União, Estado, DF e Municípios.
Intimação: no Ministério Público como “custus legis” (Art. 944) e da Fazenda Pública (Art. 943) – sob pena de alegação de nulidade absoluta – Art. 84 do CPC.
Art. 943 – serão intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pública da União, dos Estados, do DF, dos Territórios e dos Municípios.
Art. 944 – intervirá obrigatoriamente em todos os atos do processo o MP.
Provas – todos os meios de provas admitidos no direito ( documental, testemunhal e pericial);
Sentença : Art. 945 do CPC – a sentença, que julgar procedente a ação, será transmitida, mediante mandado, no registro de imóveis, satisfeitas as obrigações fiscais 
Recursos – recurso de sentença – apelação.
Competência – absoluta – Art. 95 do CPC – foro da situação da coisa. 
Legitimidade nas ações de usucapião – Art. 942/ Art. 943/ Art. 944 do CPC:
OBS: A ação de usucapião exige a participação do cônjuge do autor e a citação do cônjuge do réu, conforme preceitua o art. 10 do CPC.
Legitimidade Ativa – possuidor/ cônjuge ou copossuidores – Art. 941 do CPC.
Legitimidade Passiva – será mediante a formação de um litisconsórcio necessário, ou seja, será citado o réu (proprietário/ cônjuge), os confrontantes (lindeiros, confinantes), os réus de lugar incerto, os eventuais interessados (herdeiros), a União, Estado, DF, e Município. Será intimado o MP.
Defesa – não poderá ser alegada a posse, na ação de usucapião, em matéria de defesa.
OBS: a transcrição da sentença no Registro de Imóveis representa um modo originário de aquisição da propriedade, não dependendo da vontade do ex-proprietário.
Outros Mecanismos de Defesa da Posse:
Imissão na Posse – é a ação que protege aquele que adquiriu a propriedade, mas que ainda não ingressou na posse.
Ação Reivindicatória – é aquela ação que permite ao proprietário, com base no domínio, invocar seu direito à posse perdida. 
Embargos de Terceiros – é a peça de defesa de terceiro, cabível quando a ofensa à posse, decorrer de um ato de constrição judicial (penhora, arresto, adjudicação).
Despejo – se assenta sobre o desfazimento do vínculo locatício e a proteção possessória,requerendo a retirada forçada do inquilino. 
Inventário e Partilha – Art. 982 ao Art. 1.045 do CPC
Conceito – é o procedimento judicial que permite a identificação, a arrecadação e a divisão dos bens que integram o acervo do de cujus, sendo um procedimento especial de Jurisdição Contenciosa. Prevalece o Princípio do Saisine.
Competência - absoluta Art. 89 do CPC – compete à autoridade judicial brasileira, com exclusão de qualquer outra: inciso II – proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.
Art. 96 – regra geral – domicílio do autor da herança;
Foros subsidiários : Situação dos bens inventariados ou Do lugar do óbito .
Legitimados – Art. 987 e Art. 988
Administradores provisórios – art. 987 – a quem estiver na posse e administração do espólio incumbe, no prazo estabelecido no art. 983 ( de até 60 dias), requerer o inventário e a partilha.
Parágrafo único – o requerimento será instruído com a certidão de óbito do autor da herança. 
Art. 988 do CPC – Tem, contudo, legitimidade concorrente:
I – o cônjuge supérstiste;
II – o herdeiros necessários;
III – o legatário – doação em vida e o beneficiário em testamento;
IV – Testamenteiro;
V- o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VI – o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
VII – o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge supérstite;
VIII – o MP, havendo herdeiros incapazes;
IX – a Fazenda Pública, quando tiver interesse (herança jacente ou vacante).
Espécies de Inventário:
Inventário Judicial – Art. 982 ao Art. 1.030. torna-se exigível quando da existência de herdeiros incapazes, ou de testamento e menores.
Arrolamento Comum – Art. 1.036 – aplicável em caso de haver herdeiros capazes ou não, com o valor de bens igual ou inferior a 2.000 OTNs.
Arrolamento Sumário – Art. 1.031 ao Art. 1.035 – aplicável na hipótese de existência de acordo quanto à divisão dos bens entre herdeiros maiores e capazes ( é pouco usado).
Inventário Extrajudicial – simplificado e não está disposto no CPC, aplicável nas hipóteses dos herdeiros serem todos maiores e capazes.
Inventário Negativo – ocorre quando não há herdeiros e nem bens a partilhar.
Procedimento do Inventário e da Partilha
Inventário Extrajudicial – cabível em caso de herdeiros maiores e capazes – o tabelião irá expedir a escritura pública, a qual constitui título hábil para o registro imobiliário.
É confeccionada mediante uma petição inicial (minuta) discriminando todos os herdeiros e todos os bens, já com o esboço da partilha e o acordo entre os herdeiros. O tabelião declara a partilha, sendo obrigatório a postulação por meio de advogado.
Inventário Judicial - 1ª) Primeiramente está é interposta por meio de petição inicial, atendendo os requisitos do Art. 282 do CPC, instruída com a certidão de óbito do autor da herança, e indicando a competência adequada para o feito.
2ª) Posteriormente haverá a nomeação do inventariante atendendo o rol daqueles elencados no art. 990. Enquanto não é nomeado o inventariante a administração dos bens do espólio, ficará a cargo do administrador provisório, conforme preceitua o art. 985 do CPC. Após a nomeação do inventariante, este prestará a assinatura do termo de compromisso, no prazo de 5 dias, conforme o parágrafo único do art. 990.
A ordem contida no Art.990 não é taxativa, e o juiz poderá desconsiderar esta ordem, quando verificar que outra pessoa se encontra em melhores condições de representar o espólio em juízo.
A remoção do inventariante pode ser solicitada por qualquer herdeiro, pelo representando do MP, pelo credor ou cessionário, acarretando a formação de um incidente processual, sem suspender o processo de inventário – Art. 995 do CPC.
3ª) Após prestar o compromisso, ao inventariante caberá a apresentação das primeiras declarações - Art. 993 do CPC – no prazo de 20 dias, contados da data em que prestou o compromisso. OBS: o objetivo das primeiras declarações prestadas pelo inventariante serve para a apresentação e qualificação do falecido e seus herdeiros, menção se deixou ou não testamento, descrição e valoração dos bens, e apresentação das dívidas. 
4ª) Citação dos Interessados e Manifestação dos Autos – Art. 999 – É cabível impugnação no prazo de 10 dias para que a parte alegue erros ou omissões feitas pelo inventariante, reclamação da nomeação do inventariante ou contestar algum herdeiro incluído no inventário (Art. 1000 do CPC).
OBS : o herdeiro excluído é aquele que se julgar preterido e poderá demandar a sua admissão no inventário, requerendo-o antes da partilha, e o julgamento ocorrerá no prazo de 10 dias, após o juiz ouvir as partes – Art. 1001do CPC. 
Avaliação dos Bens Penhorados – Art. 1003 ao Art. 1011 – através de perito ou não.
Cálculo do Imposto – ITCD – Art. 1.012 ao Art. 1013 – 2%.
Partilha dos Bens e Expedição do Formal de Partilha – Art. 1.022 ao Art. 1.030
Partilha – é uma das fases do processo de inventário em que o juiz decidirá o quinhão de cada um dos herdeiros, determinando o direito de usar e fruir do bem, cabendo ao herdeiro beneficiado todos os ônus e bônus decorrentes do quinhão recebido. Dividido nas seguintes etapas:
Pedido de Quinhões – Art. 1.022 – cumprido a divisão para pagamento das dívidas, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 10 dias, formulem o pedido de quinhão; em seguida proferirá, no prazo de 10 dias, o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e legatário. 
Esboço da Partilha – Art. 1.023 – SSQP – plano ou projeto da partilha definitiva – o partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão, observando nos pagamentos a seguinte ordem: 
I – dívidas atendidas;
II – meação do Cônjuge;
III – meação disponível;
IV – quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. 
Manifestação dos Interessados – Art. 1.024 – feito o esboço, dirão sobre eles as partes no prazo comum de 5 dias. Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos. 
Julgamento da Partilha – Art. 1.026 ao Art. 1.027 – Art. 1.026 após pagamento do ITCD e da certidão negativa com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha. Art. 1.027 – após julgada a sentença, o herdeiro receberá seu quinhão por meio de um formal de partilha. Parágrafo único – o formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do quinhão hereditário, quando ele não exceder em 5 x o SM.
Apresentação e Registro dos Formais de Partilha:
Somente após o trânsito em julgado da partilha. O formal será registrado ou no Cartório de Registro de Imóveis ou no Detran, em caso de veículo, e serve como um título executivo. O formal é um título executivo, e pode ser executado caso algum herdeiro gere complicação na entrega do bem ou se recuse à entrega. 
J) Incidentes do Inventário:
1º) Remoção do Inventariante – Art. 995 – SSQP – o inventariante será removido: 
I – se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações;
II – se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas ou praticando atos meramente protelatórios;
III – se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano bens do espólio;
IV – se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar dívidas ativas ou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;
V – se não prestar contas ou as que prestarem não forem julgadas boas;
VI – se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
2º) Habilitação dos Credores – Art. 1.017- antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. 
3º) Sonegados – são aqueles bens do espólio em que o inventariante ou algum herdeiro não informou no decorrer do inventário – Art. 1.992 ao Art. 1.996 do CC.
4º) Sobrepartilha –Art. 1.040 do CPC : SSQP – ficam sujeitos à sobrepartilha os bens: 
I – sonegados;
II – da herança que se descobrirem depois da partilha;
III – litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV – situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único – os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob a guarda e administração do mesmo ou de diverso inventariante, a aprazimento da maioria dos herdeiros.
A sobrepartilha é um incidente dentro do processo do inventário e correrá nos autos do próprio inventário, cabível nas hipóteses do Art. 1.040 do CPC.
5º) Anulação da Partilha – Art. 1.029 do CPC – a partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial ou intervenção de incapaz.
Parágrafo único : o direito de propor ação anulatória de partilha amigável prescreve em 1 ano, contado este prazo:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II – no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III – quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. 
6º) Rescisão da Partilha – Art. 1.030 do CPC – é rescindível a partilha julgada por sentença:
I – nos casos mencionados no artigo 1.029;
II – se feita com preterição de formalidades legais;
III – se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja.

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