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ATENÇÃO! Este material é resumido e apenas complementar, não dispensa o estudo da Lei n° 13.105/2015 – Código de Processo Civil de 2015, bem como leitura de obras doutrinárias e demais materiais atualizados (jurisprudências, artigos, enunciados e outros) sobre a disciplina constante da ementa do curso ou de sua preferência em razão de adaptação à leitura.[1: Este material foi elaborado de forma resumida com base no CPC/2015, Lei n° 8.245/91, obras de autores mencionados na ementa da disciplina e no decorrer do material, jurisprudência e Enunciados.] AÇÕES POSSESSÓRIAS (Arts. 554 ao 567, CPC/2015) 1) Introdução: A lei brasileira confere o direito à proteção à posse, permitindo que o possuidor a defenda de eventuais agressões. Autotutela está disciplinada no art. 1.210, §1°, do CC/2002, no entanto, o objeto do presente estudo, são as ações possessórias e seu procedimento. São três as ações possessórias: ação de reintegração de posse, a manutenção de posse e o interdito proibitório. Não importa, aqui, se o bem é de propriedade do autor e sim se ele tem ou teve a posse. Assim, para que a ação seja possessória, deve estar fundada na posse do autor, que foi, está sendo, ou encontra-se em vias de ser agredida. Ações que possuem fundamento na posse são as ações possessórias ou os também chamados de interditos possessórios; enquanto que as ações fundadas em propriedade e outros, são as ações petitórias. 02) Ações que NÃO se confundem com as possessórias: a) Ação de imissão na posse: ação fundada na propriedade; é aquela atribuída ao adquirente de um bem, que tenha se tornado seu proprietário, para ingressar na posse pela primeira vez, quando o alienante não lhe entrega a coisa; b) Ação reivindicatória: É a que tem o proprietário para, com base em seu direito, reaver a posse da coisa, que está indevidamente com o terceiro. Tanto o proprietário, por força do art. 1.228, CC/02, tem o direito de reaver a coisa do poder de quem injustamente a possua ou detenha, quanto o possuidor, porque a posse é protegida por lei e não pode ser tirada de forma indevida ou ilícita.[2: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.] EX.: A é proprietário de um bem, e B, o seu possuidor, que o tenha conseguido sem autorização do dono. O proprietário pode ajuizar ação reivindicatória para reavê-lo e, se provar a sua condição, terá êxito. Mas nem por isso ele (muito menos outras pessoas) pode tomar a coisa do possuidor, indevidamente, com emprego de violência, clandestinidade ou precariedade. Se isso ocorrer, o possuidor merecerá a proteção possessória, até mesmo contra o proprietário, que tomou a coisa a força.[3: GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p. 594.] c) Ação de nunciação de obra nova: Sua função é impedir a construção de obra nova (alterações significativas) em imóveis vizinhos que esteja impedindo, atrapalhando, causando transtornos, prejuízos ao possuidor ou proprietário. d) Embargos de terceiro: Pode ser ajuizada tanto pelo proprietário quanto pelo possuidor. Seu objetivo é permitir que terceiro, que não é parte no processo, recupere a coisa objeto de constrição judicial. 03) Os interditos possessório: Reintegração da posse; Manutenção da posse e Interdito proibitório, cabíveis quando houver, respectivamente: Esbulho: quando a vítima (possuidor) é desapossada. Houve uma invasão e o possuidor foi expulso. Turbação: quando há atos concretos de agressão à posse, mas sem desapossamento da vítima. Ex.: Agressor destrói o muro do imóvel da vítima; ou ingressa frequentemente, para subtrair frutas ou objetos de dentro do imóvel.[4: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.595.] Ameaça: quando o agressor manifesta a intenção de consumar a agressão. Ex.: Fica aposto na entrada do imóvel, gritando palavras de ordem, armado, com outras pessoas, dando a entender que vai invadir. 04) Peculiaridades das ações possessórias: 4.1. Fungibilidade: Em razão da dificuldade de diferenciar uma ação possessória das outras em razão da natureza da agressão, a lei considerou as três ações fungíveis entre si. (art. 554, CPC/2015). 4.2. Cumulação de pedidos: Art. 327 e 555, ambos do CPC/2015. Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II - indenização dos frutos. Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar nova turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final. *Há a cumulação dos pedidos sem prejuízo do procedimento especial. 4.3. Natureza dúplice: Art. 556, CPC/2015: “É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. 4.4. Exceção de domínio: Na ação possessória, o réu não poderá alegar em sua defesa a propriedade do sobre o bem, porque se assim não fosse, todo proprietário poderia tomar a posse para si, ainda que de forma ilegítima, alegando em defesa, na ação judicial, ser o proprietário e por isso faz jus à posse. Daniel Amorim Assumpção diz que: “A vedação legal de discussão da propriedade nas ações possessórias é a única forma de proteger o legítimo possuidor molestado, inclusive contra o proprietário”.[5: Cf. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Vol. Único. Editora JusPodvim, Ed. 8ª, 2016, p. 852.] 4.5. Pressuposto processual negativo: Impossibilidade de intentar ação de reconhecimento domínio durante o curso da ação possessória: Art. 557, CPC/2015: Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa. Desde o ajuizamento da ação possessória até seu trânsito em julgado, não se admite ação de reconhecimento de domínio envolvendo as mesmas partes. Se fosse admitida, haveria reunião dos processos e a propriedade acabaria interferindo no juízo possessório. Concluída a ação possessória, aquele que quiser propor a ação de reconhecimento de domínio, poderá fazê-lo. 5. PROCEDIMENTO: 5.1. Dois tipos de procedimentos: Primeiramente, cumpre destacar que existem dois tipos de possessória: a de força nova e a de força velha, o que as distingue é o procedimento. Art. 558 e parágrafo único, CPC/2015: Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial. Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório. a) (Art. 560 ao 566, CPC/2015) A ação de força nova é aquela intentada dentro de ano e dia, a contar da data do esbulho ou da turbação. Nesta ação, o que a caracteriza, é o procedimento especial, no qual há a possibilidade de liminar própria, com requisitos específicos. Se o autor propuser a ação depois de ano e dia, será observado o procedimento comum. O transcurso desse prazo não tem relevância na qualificação da posse, e sim no procedimento da ação possessória. A posse obtida indevidamente, com violência, clandestinidade, precariedade, ou outro meio ilícito, continua injusta mesmo depois do prazo de ano e dia. b) A ação de força velha, então, é aquela intentada depois de passado ano e dia, a qual seguirá o procedimento comum. (O pedido liminar é de tutela de urgência, pois aqui, o procedimento é comum). Obs.: O que o procedimento especial tem de particularidade, é a fase de liminar, que pode ser deferida de plano ou após a audiência de justificação. Passada essa fase, o procedimento seguirá pelo comum. Poderiase dizer que a liminar da possessória é igual as medidas de urgência prevista no art. 297, CPC/2015. No entanto, na liminar da possessória, não exige perigo nem urgência, mas somente que o autor demonstre, em cognição sumária, que tinha a posse e foi esbulhado ou turbado, há menos de ano e dia.[6: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.601.] 5.2. Competência: Se o bem for móvel, domicílio do réu art. 46, CPC/2015; se for bem imóvel, situação da coisa, art. 47, §2°, CPC/2015. Outorga uxória, nas possessórias dispensam autorização do cônjuge ou companheiro. 5.3. Legitimidade ativa: É do possuidor que alega ter sido esbulhado, turbado ou ameaçado. O proprietário não terá legitimidade, senão que também seja possuidor. Ver art. 1.207, CC/2002.[7: Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.] A ação possessória poderá ser ajuizada por qualquer tipo de possuidor, direto (locação, usufruto, comodato etc.) ou indireto; natural ou civil; justo ou injusto.[8: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.602.] 5.4. Legitimidade passiva: É daquele que perpetrou a agressão à posse, do autor do esbulho, turbação ou ameaça. Importante trazer o que diz NEVES, Daniel Amorim Assumpção: O simples detentor da coisa, que a ocupa por mera permissão ou tolerância do possuidor, não tem legitimidade para propor ação possessória, o mesmo ocorrendo com o sujeito que conserva a posse da coisa sob ordens ou instruções do possuidor. É possível que o legitimado passivo seja o possuidor, na hipótese de o locatário promover ação possessória contra o locador que pratica esbulho, turbação ou ameaça. Obs.: No caso dos cônjuges, ainda que o art. 47, do CPC/2015 reconheça a natureza de direito real do direito possessório, o art. 73, §2°, CPC/2015, tem tratamento expresso sobre litisconsórcio entre eles na ação possessória.[9: Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.][10: Art. 73, § 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.] Obs.: Composse: posse exercida em conjunto por dois ou mais indivíduos sobre a mesma coisa indivisa. 5.5. Quando há muitos invasores que não podem ser identificados: Nesse caso, conforme diz o autor GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios (2016, p.603), se a identidade não puder ser apurada. A ação poderá ser proposta contra todos indistintamente, sem que se identifique um a um. O §1°, do art. 554, CPC/2015 diz que, no caso de figurar grande número de pessoas no polo passivo, seja feita a citação pessoal dos que forem encontrados no local e, por edital dos demais. Art. 554 A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. § 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. 5.6. Possessória contra a Fazenda Pública (art. 562, p. único, CPC/2015): Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Importante trazer observação feita pelo autor GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, 2016, p. 602: A Fazenda Pública pode dar à área ocupada uma finalidade, construindo no local, por exemplo, uma escola, um hospital ou uma repartição. Nesse caso, por força do princípio da supremacia di interesse público, o possuidor e o proprietário perderão a coisa, mas serão ressarcidos pelos prejuízos que sofreram. Tais prejuízos poderão ser cobrados pelo proprietário, na chamada “desapropriação indireta”, ou pelo possuidor, já que também a posse tem valor econômico. 5.7. Petição inicial: Deve preencher os requisitos dos arts. 319 e 320, CPC/2015, bem como indicar o bem objeto da ação. 5.8. Liminar: É o que torna especial o procedimento das possessórias de força nova: possibilidade de o juiz determinar, de plano, a reintegração ou a manutenção de posse. Ou ainda, fixar de plano a multa preventiva, no interdito proibitório.[11: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.603.] A liminar nas possessórias é específica, própria de ação de força nova. Requisitos previstos no art. 561, CPC/2015: Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Não é tutela de urgência, pois, possui requisitos próprios no art. 561, CPC/2015. O juiz examinará os requisitos em cognição sumária. 5.8.1. Momento da liminar: a) Antes da citação: Cumpridos os requisitos, o juiz concederá a liminar antes da citação do réu. Importante ressaltar que não é muito comum o juiz conceder a liminar de plano, pois, tendo a posse aspectos fáticos, nem sempre é possível que a inicial traga todos os elementos necessários para convencer o juiz. b) Após audiência de justificação: Seu objetivo é oportunizar ao autor produzir provas para o convencimento do juiz, demonstrar o preenchimento dos requisitos necessários. 5.8.2. A audiência de justificação poderá ser designada de ofício? Há controvérsia na doutrina, mas prevalece o entendimento de que pode, pois, entendem que se houve o pedido liminar, está implícito o pedido de que o juiz, caso não a conceda de plano, designe audiência de justificação. Nesse sentido: STJ, 3ª Turma, AgRg no Ag 1.113.817/SP, rel. Min. Massami Uyda, DJU 12/06/2009. 5.8.3. Contestação do réu: Haverá a citação do réu para integrar a relação processual para que compareça à audiência de justificação. Significa que, nesta audiência, não é o momento para o réu apresentar contestação. O prazo para contestar começará a fluir a partir do momento em que tomar ciência da decisão da liminar. Significa que, se o juiz proferir a decisão da liminar em audiência, fará a intimação do réu para contestar no prazo legal, ali na audiência. Mas o juiz poderá proferir a decisão em cartório, hipótese em que o réu será devidamente intimado para contestar.[12: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p. 604/605 e NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Vol. Único. Editora JusPodvim, Ed. 8ª, 2016, p.856.][13: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p604/605.][14: Informativo 457/STJ, 4ª Turma, Resp 890.598-RJ, Min. Luis Felipe Salomão,j. 23/11/2010.][15: Informativo 457/STJ, 4ª Turma, Resp 890.598-RJ, Min. Luis Felipe Salomão, j. 23/11/2010.] Sobre o prazo para contestar, vejamos o art. 564, parágrafo único, CPC/2015: Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. Importante trazer à baila o diz NEVES, Daniel Amorim Assumpção: A doutrina majoritária entende que o réu pode se fazer representar por advogado na audiência, com plena participação na colheita da prova testemunhal a ser produzida pelo autor (reperguntas e contradita). No entanto, o réu não poderá produzir prova testemunha com a oitiva de testemunhas levadas por ele à audiência.[16: Cf. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Vol. Único. Editora JusPodvim, Ed. 8ª, 2016, p. 856: Marcato, Procedimentos, n.74, p. 173-174; Marinoni-Mitidiero, Código, p. 847; Baptista da Silva, Comentários, p. 272.] Pois bem, realizada a citação do réu, o prazo para contestar é de 15 dias, observar que o art. 566 diz que a partir desse momento, o procedimento será comum. É permitida reconvenção, considerando que o art. 556, CPC/2015 permite ao réu formular pedidos de proteção possessória e de indenização na própria contestação. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, 2016, p. 606 diz que em razão da natureza dúplice das possessórias, o réu só poderá formular, na reconvenção, pedidos distintos dos previstos no artigo 555, CPC/2015. Mas que se admite, por exemplo, que o réu peça a resolução ou anulação do contrato. Por outro lado, NEVES, Daniel Amorim Assumpção, 2016, p. 857, afirma que o artigo 556, CPC/2015 ofende o princípio da isonomia, pois, além dos dois pedidos nele previstos, o réu também poderá pedir a imposição de medida necessária e adequada para evitar nova turbação ou esbulho (art. 555, parágrafo único, I, CPC/2015), para NEVES, Daniel Amorim Assumpção, esse pedido também poderá ser feito na reconvenção, porque após a resposta do réu, o procedimento a ser observado será o comum. 5.9. Retenção por benfeitorias: Na contestação, o réu deve alegar que fez as benfeitorias necessárias ou úteis e pedir o ressarcimento, sob pena de não poder reter a coisa. O STJ entendeu que, se o réu não alegar as benfeitorias, ou seja, o direito de reter a coisa, na fase de conhecimento, haverá a preclusão, pois não havendo fase executiva subsequente, apenas a expedição de mandado possessório, não havendo outra oportunidade para que o réu alegue. Nesse sentido: REsp 649.296/DF, publicado no DJE 06/11/2006, Rel. Min. César Asfor Rocha.[17: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.606.] 5.10. Litígio coletivo pela posse: (Art. 554,§1° e art. 565, CPC/2015) O art. 565 cria especialidades procedimentais quando a demanda possessória envolver conflito coletivo pela posse de imóvel. Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2oe 4o. § 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo. § 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. § 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional. § 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório. § 5o Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel. 6. Interdito Proibitório: Essa ação é a adequada quando ainda não houve agressão à posse, mas tão somente ameaça; peculiaridades que se distingue das demais, pois seu caráter é preventivo, não repressivo.[18: Cf. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.607.] Nítida natureza inibitóriapara evitar que a ameaça à posse se concretize. Evitar a prática do ato ilícito no esbulho ou na turbação.[19: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Vol. Único. Editora JusPodvim, Ed. 8ª, 2016, p. 858.] Sobre o procedimento da ação de interdito proibitório, aplica-se subsidiariamente o da ação de reintegração e manutenção da posse, conforme artigo 568, CPC/2015. Ainda sobre o procedimento, vale trazer à baila o que diz o autor GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios:[20: GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios, Direito Processual Civil Esquematizado. Edição 7ª, Ed. Saraiva, 2016, p.608.] O procedimento do interdito proibitório, quando a ameaça tenha ocorrido há menos de ano e dia, é o das ações de força nova. O juiz poderá conceder a liminar, de plano ou após a audiência de justificação. A diferença é que a liminar não será para reprimir alguma agressão realizada, mas para fixar a multa na qual o réu incorrerá caso transforme a ameaça em ação. Deferida a liminar, caso o réu cometa a turbação ou o esbulho, haverá duas consequências: por força do princípio da fungibilidade, o juiz, ao final, concederá ao autor a reintegração ou a manutenção de posse; e o réu incorrerá na multa, que poderá ser executada nos mesmos autos, observando-se as regras doa RT. 537, §3°, do CPC que, conquanto verse sobre as astreintes, pode ser aplicado, por analogia, à multa cominatória do interdito proibitório.
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