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1 O fim da bipolaridade e a busca por uma nova ordem (unipolar ou multipolar?) É possível que aos mais jovens a denominação “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URRS)”, ou simplesmente “União Soviética”, soe estranho. Mas até o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990 era esse o nome da potência que se opunha aos Estados Unidos em uma queda de braço pela hegemonia econômica, diplomática, tecnológica e bélica no planeta. E essas potências nucleares (a URSS ganha esse status um pouco depois, em 1949), com força bélica desproporcionalmente maior do que os demais países, com potencial bélico apto a destruir várias vezes o planeta, possuíam posições ideológicas absolutamente opostas. E você já pode imaginar que essa oposição teria consequências, não é mesmo? Vamos, então, conhecê-las. Guerra Fria O antagonismo entre essas duas potências fez surgir a chamada Guerra Fria1, que estabeleceu uma ordem bipolar ao mundo, a partir de uma visão imperialista de ambas as partes. Visto de uma forma que reconhecemos como simplificada, poderíamos dizer que, se por um lado, os capitalistas liberais americanos defendiam as bandeira do capitalismo, da democracia e da liberdade, por outro lado, a URSS, portava a bandeira do comunismo, da ditadura do proletariado e da igualdade material, embora a história tenha nos ensinado que os discursos proferidos pelos dois lados não convergiam com as suas práticas. 1 GUERRA FRIA. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/guerrafria/. Acesso em: 11 set. 2013. 2 Como essa história terminou? A Guerra Fria2 termina oficialmente com o fim da União Soviética, em dezembro de 1991, embora simbolicamente já estivesse finalizada com a Queda do Muro de Berlim, em 1989. A derrocada do império soviético teve como consequência não apenas sua própria desintegração geográfica (com algumas antigas regiões ganhando sua soberania e passando a ter status de Estado Nacional), como também a debandada do bloco socialista (ver mapa) para a zona de influência capitalista americana. Por isso, alguns autores preferem, como vimos na aula passada, entender que é neste momento que se dá o início do processo de globalização, a partir da chamada Pax Americana, denominação dada à nova ordem internacional imposta pelos americanos que, como grandes vencedores da Guerra Fria, poderiam impor seu modelo econômico-social e ideológico. ATENÇÃO! A Pax Americana pode ser definida, basicamente, como o triunfo do Capitalismo a partir da queda do Muro de Berlim e, segundo Guilherme Sandoval Góes, é “um conceito geopolítico, cujo significado é a imposição de um cenário internacional unipolar com predominância cêntrica norte-americana em todos os campos do poder nacional (político, econômico, militar, cultural e tecnológico)”. Trata-se da Teoria da Unipolaridade que atribui aos EUA o centro do poder no sistema internacional, impulsionando, como vimos, o processo de globalização. Esse foi o panorama predominante até o fim do século XX. 2 DISSOLUÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dissolu%C3%A7%C3%A3o_da_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica. Acesso em: 11 set. 2013. 3 Unipolaridade A visão referente à unipolaridade, com ascendência americana é, nos dias de hoje, contestada por alguns estudiosos da geopolítica. Há quem, mesmo reconhecendo a importância e a força dos EUA, entenda que o poder se fragmentou e, nos dias de hoje, pode-se falar em um sistema multipolar (Poder dividido por muitos países). Nesta linha, apontam para movimentos nas relações internacionais que indicam o surgimento de potências emergentes, cuja importância (principalmente econômica) cresce no cenário global. Isso exige, então, uma redivisão dos poderes e uma redefinição dos papeis exercidos pelas diversas nações. Ascendência americana Como exemplo deste desafio à ascendência americana temos, no campo econômico, o surgimento dos denominados países BRICS e a formação de blocos econômicos (União Europeia, à frente), como veremos mais adiante. Além disso, diversos fatos isolados demonstram que Estados que não possuíam anteriormente espaço para manifestação ativa nas decisões de repercussão na política internacional começam a pleitear seus lugares nos principais Conselhos dos organismos internacionais. Para exemplificar, citamos o fato de que Brasil, Alemanha, Índia e Japão vêm reivindicando participação no Conselho de Segurança da ONU, como membros permanentes. Ver também, http://www.infoescola.com/geografia/organizacao-das-nacoes- unidas-onu/ 4 Nesta via, muitos analistas afirmam que, embora o conceito de multipolar (o poder dividido por muitos países) seja bastante complexo, o mundo tende a caminhar nesta direção, na qual o poder e as responsabilidades pelas crises passam a ser objeto de uma deliberação conjunta de um maior grupo de Estados3. OS BRICS Em economia, BRIC é a sigla que se refere aos países membros fundadores: “B” de Brasil; “R” de Rússia; “I” Índia; e “C” de China. Esse grupo foi criado por Jim O'Neill em um estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Desde então, a sigla representa um símbolo da mudança no poder econômico global, em contaposição às economias desenvolvidas do G7. ATENÇÃO! Os estudiosos afirmam que México e Coreia do Sul seriam os únicos outros países comparáveis aos BRICS, mas suas economias foram inicialmente excluídas por serem consideradas mais desenvolvidas, uma vez que já eram membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Posteriormente, em 2011, foi incluído o “S” (maiúsculo) do grupo, que representa South Africa (África do Sul). 3 POLARIDADE NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Polaridade_nas_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais. Acesso em: 11 set. 2013. 5 Juntos, os cinco formam hoje um grupo político de cooperação que se une para algumas ações comuns em diversos temas. Assim, “os BRICS”, ou “países BRICS”, embora ainda não sejam um bloco econômico ou uma associação de comércio (como é o caso da União Europeia ou do Mercosul), desde 2009, realizam cúpulas anuais, com vistas a procurar formar uma “aliança política” e, assim, converter “seu crescente poder econômico4 também em uma maior influência geopolítica”. Embora estejam situados nos diversos continentes (América do Sul, Europa, Ásia e África), desconfigurando a ideia de bloco regional, a verdade é que há previsões que em 2020 ocuparão um espaço de relevância econômica e política que caracterizará a consolidação do grupo de países. Dessa forma, seus componentes representarão papéis de protagonismo na ordem internacional5. Os processos de integração regionais A globalização tende a diluir as fronteiras tradicionais, aumentando a interdependência e as interações, tornando o mundo, cada vez mais, um lugar único. Nesta direção, o processo de integração regional representa uma oportunidade de expandir as fronteiras econômicas e comerciais dos países- membros e ampliar as possibilidades para as empresas que operam no mundo. Mais do que isso, esse processo simboliza um novo modelo institucional diferenciado em busca de novas formas de organização jurídico-política, em substituição às tradicionais concepções de Estados soberanos predominantes