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- PROBLEMA 01Referências: - Patologia Básica, Robbins, 9ª ed. Cap. 2 – Inflamação e Reparo - Goldman Cecil Medicina – 24ª ed – Doenças reumatológicas – Cap 274 LES - Compreender o processo inflamatório, diferenciando suas formas aguda e crônica - Compreender a fisiopatologia do lúpus e conhecer o curso da doença - Conhecer a sintomatologia e possíveis complicações do lúpus - Conhecer os fatores desencadeantes da crise do lúpus - Conhecer o diagnóstico clínico e laboratorial do lúpus - Conhecer o manejo farmacológico e não farmacológico do lúpus - Discutir os aspectos psicossociais do paciente com lúpus - Compreender o processo inflamatório diferenciando suas formas aguda e crônica - inflamação visa livrar da causa inicial da injúria celular e das suas consequências - resposta protetora - porém, pode ser iniciada de modo inapropriado ou ser controlada fracamente - consiste principalmente nas respostas dos vasos sanguíneos e leucócitos - proteínas plasmáticas, leucócitos circulantes e fagócitos teciduais são as defesas - a resposta inflamatória é responsável por coordenar a reação dos vasos, leucócitos e proteínas plasmáticas para que alcancem os locais lesionados - através de mediadores inflamatórios - inflamação pode ser aguda ou crônica, dependendo da natureza do estímulo e da efetividade da reação inicial - a inflamação aguda é rápida no início (minutos) e de curta duração (horas ou dias)Exsudação de fluido e proteínas do plasma - caracterizada por edema principalmente neutrófilos - migração de leucócitos - se a inflamação aguda resolver o problema, logo a reação reduz - caso persista, pode progredir para a inflamação crônica - a inflamação crônica pode seguir a aguda ou ser insidiosa no início; é de longa duração - presença de linfócitos e macrófagos - proliferação de vasos sanguíneosEsse processo se dá até a eliminação do agente agressor - fibrose - destruição tecidual - doenças como diabetes tipo 2, Alzheimer, aterosclerose podem ter contribuição da inflamação como sendo um “assassino silencioso” - Inflamação aguda - resposta rápida que serve para levar leucócitos e proteínas plasmáticas (tais como anticorpos) para o local da injúria - possui três principais componentes: (1) Vasodilatação (2) Aumento da permeabilidade vascular (3) Emigração de leucócitos - Estímulos - Infecções (bactérias, fungos, vírus, parasitas) e toxinas microbianas - entre as mais importantes clínicamente - mecanismos de detecção de microorganismos como os receptores Toll (TRLs) - Necrose tecidual (isquemia, trauma, injúria física ou química) - moléculas liberadas das células necróticas provocam inflamação (ácido úrico, ATP, DNA) - a hipóxia também dispara resposta inflamatória - Corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira, metais) - causam inflamação por lesionarem o tecido ou transportarem micróbios - Reações imunes (ou de hipersensibilidade) - aquelas que causam dano aos tecidos do próprio indivíduo - podem ser respostas contra antígenos próprios (doenças autoimunes) - podem ser respostas exacerbadas a substâncias ou micróbios do ambiente - Reconhecimento de agressores - fagócitos e células dendríticas e outras células têm receptores que reconhecem patógenos e substâncias de células mortas - são receptores-padrão de reconhecimento, pois reconhecem padrões moleculares comuns a patógenos e células mortas - duas famílias de receptores mais importantes: (1) Toll (TRLs): sensores para microorganismosCapazes de detectar microorganismos intra e extracelulares - reconhecem produtos bacterianos (como endotoxinas e DNA bacteriano) - reconhecem também outros patógenos - localizados nas membranas plasmáticas e nos endossomos - ao reconhecer um produto, ativa fatores de transcrição - incluindo mediadores inflamatórios, citocinas e proteínas que promovem ativação de linfócitos (2) Inflamassomo: complexo citoplasmático multiproteico - reconhece produtos de células mortas, como ácido úrico e ATP extracelular - reconhece também cristais e produtos microbianos - sua ativação resulta na ativação da enzima caspase 1 que cliva formas inativas do IL-1β em sua forma ativa - o IL-1β é importante mediador de leucócitos que irão fagocitar e destruir células mortasEstudos recentes: cristais de colesterol e ácidos graxos livres também ativam o inflamassomo, sugerindo participação de IL-1β em doenças como aterosclerose e obesidade associada à diabetes tipo 2 - Alterações vasculares - as principais são o aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade vascular - possibilitam a passagem de células sanguíneas para o local da infecção ou lesão - Alterações no fluxo e calibre dos vasos - iniciam-se rapidamente após lesão ou infecção - desenvolvem-se em velocidades variáveis conforme a natureza e gravidade do estímulo - inicialmente, vasocontrição transitória (segundos) - depois, vasodilatação das arteríolas que aumenta o fluxo sanguíneo (causa rubor e calor) - a microcirculação se torna mais permeável, permitindo extravasamento de líquido para tecidos extracelularesVasos dilatados, repletos de hemácias; menor velocidade da circulação - a perda de líquido concentra as hemácias, gerando a estase - na estase, os leucócitos se acumulam na superfície endotelial vascular - processo chamado de marginalização - Aumento da Permeabilidade Vascular - leva a saída de líquido rico em proteínas e células sanguíneas para o espaço extravascular - isso aumenta a pressão osmótica do liq. Intersticial e o efluxo de água do sangue para o tecido - acúmulo de líq. rico em proteínas Exsudato - acúmulo de líq. intersticial por aumento da pressão hidrostática Transudato - NÃO CONFUNDIR - o acúmulo de líq. no espaço extravascular é chamado edema - pode ser exsudato ou transudato - os exsudatos, porém, são típicos da inflamação - mecanismos que contribuem para aumento da permeabilidade vascular - Contração das células endoteliais - forma lacunas intercelulares - é a forma mais comum de aumento da permeabilidade - a contração ocorre rapidamente após a ligação de histamina, bradicinina, leucotrienos e mediadores químicos aos receptores específicos - essa contração é geralmente rápida (15-30 min) - induzida por citocinas, como TNF e IL-1 - inicio de 4-6h após o estímulo e perdura por 24h ou mais - pode ser mais longa, causada por alterações no citoesqueleto - Lesão endotelial - resulta em extravasamento - causa necrose e desprendimento da célula endotelial - é vista geralmente após lesões graves (como queimaduras e algumas infecções) - persiste até que os vasos sejam trombosados ou reparados - Aumento da transcitose - Extravasamento de novos vasos sanguíneosFator de crescimento endotelial vascular - o reparo dos tecidos inclui angiogênese - novos vasos permanecem permeáveis até que haja maturidade para formar junções intercelulares - além disso, novos vasos possuem mais receptores para mediadores vasoativos, como o VEGF, que induz aumento da permeabilidade - Resposta dos vasos linfáticos - fluxo da linfa é aumentado durante a inflamação - drena fluido do edema - pode transportar patógenos em infecções graves, disseminando-os - vasos linfáticos podem inflamar (linfangite), assim como os linfonodos (linfadenite), que ficam aumentados - Recrutamento e ativação de leucócitos - uma função importante da inflamação é transportar leucócitos e ativá-los, levando-os para o local da lesão/infecção - já que eles ingerem e destroem patógenos, tecidos necróticos - porém podem gerar danos teciduals (éo preço pago) - a vigilância e o equilíbrio estão inclusos nos mecanismos de defesa - leucócitos fluem rapidamente na circulação - para a inflamação precisam ser parados para ser levados a espaços extravasculares - a sequencia de eventos é: (1) Marginação e rolagem - na circulação, os eritrócitos, menores, tendem a se mover mais rápido e leucócitos são empurrados para parede - facilita o contato com o endotélio, sobretudo na estase - quando o endotélio é ativado (por citocinas e mediadores), expressa moléculas de adesão - permitindo que os leucócitos se destaquem e rolem, aderindo transitoriamente, pela superfície do endotélioE-selectina: células endoteliais P-selectina: endotélio e plaquetas L-selectina: na maioria dos leucócitos - as adesões são mediadas por selectinas (moléculas de adesão) - selectinas são receptores expressos no endotélio e leucócitos - normalmente são expressas em baixos níveisJustificando a adesão de leucócitos em locais que necessitam de suas ações - sendo hiper-reguladas após estimulação por citocinas e outros mediadores - P-selectina é encontrada em corpúsculos intracelulares, normalmente (corpúsculos de Weibel-Palade) - sendo expostos após exposição a mediadores como histamina ou trombina - E-selectina não são expressos no endotélio normal; só quando há indução por mediadores, como TNF e IL-1 (2) Adesão - após a rolagem, é necessária a firme adesão dos leucócitos ao endotélio - processo mediado pelas integrinas expressas na superfície dos leucócitos - são glicoproteínas transmembrana expressas normalmente nos leucócitos, porém com baixa afinidade e não aderem - aderem apenas quendo os leucócitos são ativados por quimiocinas secretadas no locais da lesão e expressas no endotélio - quando ativadas, as integrinas sofrem mudanças conformacionais que alteram seu estado para alta afinidade - ao mesmo tempo, mediadores como TNF e IL-1 agem nas células endoteliais aumentando a expressão de ligantes de integrinas - esse processo garante a firme adesão dos leucócitos às células endoteliais no local da inflamação (3) TransmigraçãoTambém é possível passar pelo citoplasma - após a adesão, os leucócitos se espremem e passam pelas junções intercelulares - movimento chamado de diapedese - ocorre principalmente em vênulas da circulação sistêmica e em capilares pulmonares - é orientada por quimiocinas liberadas nos locais da lesão - a PECAM-1 é uma molécula de adesão que medeia o atravessamento pelo endotélio - após a passagem, leucócitos liberam colágeno que degradam parte da membrana basal dos vasos e os atravessa (4) Quimiotaxia - após a passagem, os leucócitos serão destinados ao local da lesão/infecção seguindo um gradiente quimicoPrincipalmente o Leucotrieno B4 (LTB4) - as substâncias endógenas e exógenas atuantes incluem: - produtos bacterianos - citocinas - componentes do complemento (C5) - produtos da via da lipoxigenase - os quimiotáticos se ligam a receptores e montam elementos contráteis no citoesqueleto - assim, os leucócitos se movem projetando pseudópodes que se ancoram na matriz extracelular e puxam a cél. p frente - a direção do movimento é guiada pela densidade de quimiotáticos na dianteira da célula - o tipo de leucócito varia conforme o tempo de inflamação e o tipo de estímuloNeutrófilos mais abundantes no sangue e respondem mais rápido às selectinas induzidas inicialmente (P e E-selectinas) - geralmente em inflamações agudas os neutrófilos predominam nas primeiras horas (6-24h) - os monócitos os substituem em 24-48h - neutrófilos possuem vida breve, morrendo em 24-48h e monócitos vivem mais tempo - porém, em certas lesões, neutrófilos podem ser continuamente mobilizados (como infecções por Pseudomonas) por dias - em infecções virais os linfócitos chegam primeiro - em reações de hipersensibilidade, os eosinófilos podem chegar primeiro (5) Ativação dos leucócitos - no local da lesão, leucócitos precisam ser ativados para desempenharem suas funções de defesa - estímulos para ativação podem ser produtos de células necróticas, microorganismos e outros mediadores - leucócitos expressam receptores na superfície que percebem micróbios, células mortas e substâncias estranhas - quando há engajamento desses receptores, há indução de várias respostas, a chamada ativação leucocitária - dessa ativação resulta:Em geral por enzimas e espécies reativas de O2 e N - fagocitose de partículas - destruição intracelular de produtos - liberação de substâncias para destruição extracel. - produção de mediadores que amplificam a resposta inflamatóriaTais como citocinas e metabólitos do ác. araquidônico (6) Fagocitose - ocorre em três etapas: reconhecimento e fixação da partícula; engolfamento e degradação - leucócitos se ligam às partículas reconhecendo componentes de micróbios e células mortas ou proteínas opsoninas - no processo de opsonização, proteínas do hospedeiro revestem os alvos, facilitando o reconhecimento pelos leucócitos - as principais opsoninas são anticorpos IgG, produtos da degradação do C3 e as colectinas, lectinas de ligação a CARBS - as opsoninas podem estar presentes no sangue ou ser produzidas em resposta a micróbios - os leucócitos possuem receptores específicos para opsoninas (Fc para IgG, CR1 e CR3 para C1 e C3 e C1q para colectinas) - no engolfamento, há projeção de pseudópodes, formando um vacúolo fagocíticoNo engajamento desses receptores, há ativação celular que aumenta a degradação de micróbios ingeridos - tal vacúolo se funde a um grânulo lisossômico, formando um fagolisossoma (7) Destruição e degradação de microorganismos fagocitados - etapas-chave nesse processo são a produção de microbicidas nos lisossomas e a fusão com fagossomas - as subst. microbicidas mais importantes são as espécies reativas e oxigênio (ERO)- súbito aumento no consumo de O2 - gligogenólise - aumento da oxidação da glicose - produção de ERO - produção de ERO: - a fagocitose e o engajamento de receptores estimulam o surto oxidativo - a formação de metabólitos do O2 promove ativação da NADPH-oxidase de leucócito (oxidase de fagócito)Oxida o NADPH e, no processo, converte O2 em íon superóxido O2• - superóxido é convertido em peróxido de hidrogênio (H2O2) por dismutação - essas ERO atuam como radicais livres e destroem micróbiosPorém os grânulos de neutrófilos possuem mieloperoxidase, uma enzima que na presença de haloides (como Cl-) converte H2O2 em HOCL• (radical hipocloroso); um potente antioxidante e antimicrobiano - quantidades de H2O2 produzidas são geralmente insuficientes - todos esses processos ocorrem no interior de vesículas, não danificando o próprio fagócito - após o surto, o H2O2 é degradado pela catalase em H2O e O2 - assim como as ERO, há também as espécies reativas de nitrogênio, que funcionam do mesmo modo - os microorganismos mortos são, então, degradados pelas hidrolases ácidas lisossômicas - a enzima lisossômica mais importante é, provavelmente a elastase - além das ERO, outros componentes dos grânulos dos leucócitos destroem patógenos infecciosos - a lisozima (proteína bactericida que degrada revestimento oligossacarídico) - a proteína básica principal (do eosinófilo e que é citotóxica para parasitas) - defensinas (destroem micróbios criando poros em suas membranas) (8) Secreção de substâncias microbicidas- além da secreção em fagolisossomas, há secreção ativa de componentes granulares para o extracelular - inclui enzimas como a elastase, que destrói e digere micróbios e tecidos mortos - ocorre através de vários mecanismos: - regurgitação durante engolfamento: vacúolo permanece aberto para fora antes do fechamento do fagolisossoma - fagocitose frustrada: materiais de difícil digestão ativam a secreção ativa por linfócitos de enzimas digestivasComo imunocomplexos depositados - lesão do fagolisossoma: por substâncias nocivas fagocitadas, como a sílica (9) Armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs) - representam redes fibrilares extracelulares formadas por neutrófilos sobretudo nos locais de lesão - contém rede de cromatina repleta de agentes atimicrobianos e enzimas - é formada em resposta a patógenos e mediadores inflamatórios - impedem a disseminação dos micróbios prendendo-os nas redes de fibrilaTem sido postulado como fonte de antígenos nucleares nas doenças sistêmicas autoimunes, tais como o lúpus, que reage contra próprio DNA e nucleoproteínas - para formação, neutrófilos perdem seus núcleos e morrem - a cromatina nuclear das NETs contém histonas e DNA - Resultados da inflamação aguda - a inflamação aguda possui um de três resultados (1) Resolução - quando a lesão é limitada, breve - há pouca ou nenhuma destruição tecidual - quando o tecido é capaz de se regenerar - nesses casos, há restauração completa da estrutura e função - para isso, a inflamação aguda deve cessar antes da resolução - neutralizando mediadores químicos - normalizando a permeabilidade - cessando a migração de leucócitos - morte de neutrófilos extravasados - produção de mediadores antiinflamatórios por leucócitos - remoção dos dendritos por drenagem linfática e ingestão pelos macrófagos - formação de novos vasos sanguíneos - proliferação de fibloblastos - proliferação de células teciduais residentes (2) Inflamação crônica - pode suceder a inflamação aguda se o agente nocivo não for removidoComo em infecções virais ou autoimunes - outros casos podem apresentar características de inflamação crônica desde o início - dependendo da extensão da lesão, da sua continuidade e da capacidade de regeneração dos tecidos, pode ser sucedida pela reparação ou pela cicatrização - numa há recuperação estrutural e funcional (3) Cicatrização - tipo de reparo após destruição substancial do tecido - ou quando os tecidos afetados não se regeneram - nesses casos, são substituídos por tecido conjuntivo - órgãos que passam por cicatrização por inflamação sofrem fibrose, que compromete a função - mecanismos anti-inflamatórios - as inflamações cedem devido a presença de enzimas que degradam seus mediadoresAntagonistas de leucotrienos - além disso, outros mecanismos inibem as inflamações, como as lipoxinas e proteínas reguladoras do complemento - macrófagos ativados e outra células liberam IL-10 que funciona como atenuante das respostas dos macrófagos ativadosFazendo feedback negativo - TGF-β mediador da fibrose nos tecidos em regeneração - tirosina fostatases inibem sinais iniciados pelos receptores que reconhecem micróbios e citocinas - INFLAMAÇÃO CRÔNICADiferente da inflamação aguda que tem em sua característica alterações vasculares, edema e infiltrado predominantemente neutrofílico - duração prolongada e combina processos complexos - possui simultaneamente: - infiltração de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos - destruição tecidual induzida por mediadores das células inflamatórias - reparo, envolvendo angiogênese e fibrose - pode advir de uma inflamação aguda não resolvida ou pode surgir desde o início com manifestações crônicas - origina-se nos seguintes contextos: - infecções persistentes por microorganismos difíceis, como o Treponema pallidum (sífilis), certos vírus e fungos - doenças inflamatórias imunomediadas, como doenças autoimunes e alérgicasaterosclerose silicose - exposição prolongadas a agentes potencialmente tóxicos, exógenos como a sílica ou endógenos como cristais de colesterol - formas leves de inflamação crônica também estão intrincadas na patogenia de doenças não classificadas como inflamatórias - neurodegenerativas, como Alzheimer - aterosclerose - síndrome metabólica associada ao diabetes tipo 2 - células e mediadores da inflamação crônica (1) Macrófagos - células dominantes na inflamação crônica - derivados dos monócitos circulantes no sangue após emigração da circulação - são difusos em vários tecidos conjuntivos e órgãos (fígado, SNC, pulmões, órgãos linfoides) - atuam como filtro para partículas, micróbios e células senescentes - atuam também como efetoras eliminando micróbios - podem ser ativados por duas vias - Via Clássica - nesta via, o macrófago é ativado por produtos microbianos, sinais vindos de células T,principalmente de IFN-γ e substâncias estranhas - ativados por esta via, passam a produzir ERO, NO e enzimas lisossômicas para destruir organismos fagocitados - também secretam citocinas que amplificam a inflamação - são importantes na linha de defesa do hospedeiro - Via Alternativa - ativados por outras citocinas, como IL-4 e IL-13, produzidas por linfócitos T e outros, como mastócitos e eosinófilos - não são microbicidas, mas atuam no reparo tecidual - secretam fatores de crescimento para angiogênese, ativam fibroblastos, estimulam a síntese de colágeno - em resposta a maioria dos estímulos lesivos, há primeiro ativação pela via clássiva e depois pela via alternativaPara destruir e reparar respectivamente - além dessas funções, os macrófagos ainda agem na exposição de antógenos aos linfócitos - respondem aos sinais das células T, estabelecendo feedbaks fundamentais para imunidade celular - após a cessação da inflamação, macrófagos morrem ou seguem o caminho dos vasos linfáticos - do contrário, na inflamação crônica, acumulam-se devido recrutamento contínuo e proliferação local - IFN-γ pode induzir a fusão de macrófagos, formando células multinucleares gigantes (2) Linfócitos - mobilizados por estímulos imunes específicos - a ativação de linfócitos é parte da imunidade adaptativa - linfócitos migram utilizando algumas das moléculas de adesão e quimiocinas dos leucócitos - nos tecidos, linfócito B pode se desenvolver em plasmócito, liverando anticorpos - linfócitos T CD4+ são ativados para secretar citocinas - os linfócitos T CD4+ por secretarem citocinas, determinam a inflamação e sua natureza - três subgrupos de células T CD4+: - Células TH1: que produzem IFNγ ativando macrófagos pela via clássica - Células TH2: que secretam IL-4, IL-5 e IL-13, recrutando eosinófilos e ativando macrófagos pela via alternativa - Células TH17: que secretam IL-17 e outras citocinas responsáveis pelo recrutamento de neutrófilos e monócitos para a reação - TH1 e TH17 estão envolvidos no combate a bactérias e vírus e nas doenças autoimunes - TH2 envolvidos na defesa contra helmintos e inflamações alérgicas - linfócitos e macrófagos interagem bidirecionalmente, sendo importantes na inflamação crônica - macrófagos apresentam antígenos e liberam citocinas para os linfócitosT - linfócitos T ativados secretam citocinas que recrutam e ativam macrófagos - esse ciclo de reações abastece e mantém a inflamação crônica (3) Outras células - eosinófilos - encontrados em inflamações por parasitas ou em reações imunes mediadas por IgE - são dirigidos por moléculas de adesão semelhante dos neutrófilos - possui quimiocinas específicas (como a eotaxina) - seus grânulos possuem a proteína básica principal, tóxica para parasitas e causa necrose epitelial - mastócitosQuando encontrados, causam degranulação do mastócito, liberando histamina e metabólitos do ac. araquidônico - células sentinelas distribuídas nos tecidos conjuntivos - participam de inflamações agudas e crônicas - em atópicos, mastócitos estão armados com IgEs específicas para certos antígenos ambientais - também produzem citocinas, como TNF e quimiocinas de papel importante em algumas infecções - os neutrófilos, apesar de serem mais presentes em inflamações agudas, podem continuar em infiltrados neutrofílicos na inflamação crônica devido a persistência de bactérias e células necróticas ou mediadores produzidos por macrófagos. - esses casos podem ser chamados de inflamações aguda em crônica - ocorre na osteomielite, inflamação de ossos - Inflamação granulomatosa - inflamação crônica caracterizada por agregados de macrófagos ativados com linfócitos esparsos - são encontrados em estados patológicos específicos - origina-se: - em respostas persistentes de células T a certos organismos - quando citocinas derivadas das células T ativam cronicamente os macrófagos - em algumas doenças inflamatórias imunomediadas, como a doença de Crohn - em doenças de etiologia desconhecida, como sarcoidose - desenvolvendo-se em resposta a corpos estranhos, como farpas - o granuloma “encerra” o agente agressor, sendo útil - mas nem sempre o destroi - e em algumas doenças, o granuloma é acompanhado por fibrose, que leva a perda da função do órgão, como tuberculose - Compreender a fisiopatologia do lúpus e o curso da doença - é uma doença autoimune multissistêmica - ocorre devido danos teciduais mediados pelo sistema imune - pode afetar, pele, rins, SNC, articulações, sistema cardiovascular, as serosas e os sistemas hematológico e imune - é uma doença heterogênea devido cada paciente apresentar combinações diferentes de manifestações clínicas - o padrão clássico de padrões da doença apresenta períodos e exacerbações e períodos e remissõesApenas minoria apresentam grandes períodos de latência - alguns, porém, apresentam padrão de atividade crônica (porcentagem igual aos que variam) - seus desencadeantes moleculares ainda não foram determinados - sua patogênese é compreendida pela produção de anticorpos com múltiplas especificidades - sendo que a reatividade a proteínas ligadas a ácidos nucleicos é uma das principais características - os imunocomplexos promovem inflamação e danos teciduais - as abordagens terapêuticas geralmente envolvem imunossupressão - epidemiologia - doença marcante do sexo feminino, chegando a proporção de 8:1 e 9:1 - acomete majoritariamente pessoas entre 15 e 44 anos - tendo prevalência de cerca de 124 pessoas para cada 100.000 nos EUA - é de três a quatro vezes mais frequente em negros - fatores socioeconômicos contribuem para maior prevalência e gravidade da doença em negros e hispânicos - fisiopatologia - não é bem compreendida - hoje é entendida como uma doença q envolve múltiplos genes, desencadeantes ambientais e função imune alterada (1) Genética - tem importante fator genético sugerido pela maior concordância em gêmeos monozigóticos (14-57%) - genes que codificam componentes da via do complemento (C1, C2 e C4) Mantendo mais autoantígenos disponíveis - menor produção desses componentes diminui a eliminação de células apoptóticas - variantes polimórficas do receptor Toll-like (TRL) que regulam a produção de interferon - complexo principal de histocompatibilidade (MHC), sobretudo HLA-DR2 e HLA-DR3 - vários outros genes já foram identificados como participantes da fisiopatologia - os dados disponíveis sugerem um ponto em comum: - genes do lúpus promovem um aumento na ativação imune - promovem também um prejuízo na regulação das respostas inatas e adaptativas Mulheres em idade fértil quando engravidam transmitem anticorpos para o feto. Maior produção (2) Desencadeantes Ambientais - estrogênio (maior produção de anticorpos)ATENÇÃO: Anticoncepcionais orais e terapia de reposição hormonal - efeitos do cromossomo X (ex: gene TREX-1) - tabagismoNão se sabe como, mas esses elementos ativam o lúpus. Tanto desencadeando como exacerbando - sílica e mercúrio - vírus Episteim-barr - luz ultravioleta (causa danos ao DNA, indução de apoptose de células da pele, maior apresentação de autoantígenos)Que remite após suspensão do medicamento - fármacos como hidralazina e procainamida desencadeiam doença semelhante ao lúpus - Interferon e anti-TNF também (3) Desencadeantes imunológicos - a ativação global do sistema imune contribui para a autoimunidade do lúpusAumentando a capacidade das céls. apresentadoras - a resposta imune é inicialmente ativada por micróbios - a compreensão dos receptores TRL: sistema imune inato é ativado por estímulos endógenos e exógenos - portanto, pode ser ativado por complexos imunes que contém ácido nucleico - induzindo uma resposta imune adaptativa dirigida ao próprio indivíduo (4) Interferon tipo-1 - percebeu-se que a ativação de genes regulados pelo interferon-1 é comum aos pacientes de LES com doença ativa - pode indicar uma ativação do sistema imune inato - imunocomplexos que contem DNA ou RNA contribuem para produção de interferon tipo-1 no LESAtravés de receptores TRL - DNA ou RNA rico com CpG desmetilados associados a proteínas ligadas a ác. nucleicos podem ativar céls. dendríticas e outras - levando à produção de interferon tipo-1 - os efeitos do interferon tipo 1 são compatíveis com alterações encontradas no LES - incluem: maturação de céls. dendríticas - aumento da mudança de classe das imunoglobulinas (para IgG e IgA) - aumento na diferenciação das células B - resposta inflamatória - a indução pelo interferon-alfa pressupõe o aparecimento de uma resposta imune humoral dirigida a autoantígenos - sobretudo contra partículas intracelulares contendo ác. nucleicos e proteínas associadas - ainda não se sabe o porquê de alguns indivíduos iniciam ativação contra autoantígenos e outros não (5) Autoanticorpos - no LES há presença de autoanticorpos que tem como alvo partículas intracelulares com ác. nucleicos e suas proteínas ligantes - autoanticorpos que reagem contra certas proteínas do RNA, como a proteína Ro, estão presentes na fase pré-clínica - assim como anticorpos antinucleares estão presentes - esse aparecimento é sucedido pelo surgimento de anticorpos anti-DNA e depois por anticorpos específicos para proteínas Smith (Sm) e a ribonucleoproteína (RNP)Quando próximos do diagnóstico - essas observações sugerem que indivíduos que evoluem com anticorpos anti-RNA para anti-DNA manifestarão sintomas clínicos (6) Complexos imunes e complemento - as lesões teciduais no LES são mediadas pelo depósito ou formação de imunocomplexos + ativação do complemento - o complemento visa proteger o hospedeiro contra invasores- ele deflagra inflamação e o dano tecidualFacilitam a fagocitose por neutrófilos e monócitos - sua ativação promove quimiotaxia de células inflamatórias e geram fragmentos opsoninas - os tecidos alvo são: - pele, onde imunocomplexos se depositam de forma linear - os glomérulos - as valvas cardíacas - lesões microvasculares em artérias esplênicas no padrão “casca de cebola” (depósito concentrico no tec. conj.) - além das lesões vasculares, a trombose contribui para isquemia e necrose celular no cérebro e em outros órgãos - Sinais e sintomasFadiga, cefaleia, perda de peso e febre, artralgia generalizada, mialgia e linfadenopatia (1) Sintomas constitucionais - a LES envolve praticamente todos os componentes do sistema imune - pode ser acompanhado de sintomas semelhantes aos vistos em infecções bacterianas - cursando tipicamente com exacerbações e remissões (nem todos os pacientes) - vigilância no acometimento de órgãos e sistemas é necessário para ajustes terapêuticos em tempo (2) MucocutâneoRash nasomalar - pele e mucosas são afetadas em muitos pacientes - erupção eritematosa facial, com distribuição em asa de borboleta, é a clássica - observada em 30-60% dos pacientes - desencadeada pela luz solar - essa fotossensibilidade pode ser observada difusamente em outras partes do corpo - as lesões discoides (placas eritematosas com cicatrizes centrais) podem ser cobertas por descamação - detectadas em cerca de 25% dos pacientes - pode envolver couro cabeludo, face, ouvidos e associada a alopecia - lesões discoides podem estar presente mesmo sem manifestações sistêmicas do LES (Lúpus discoide) - a alopecia transitória (diferente da derivada das lesões discoides) é um sinal clínico de maior atividade da doença Associada a apoptose do folículo capilar - a inflamação da derme profunda e do tecido subcutâneo pode ocasionar paniculite do lúpus - nódulos firmes e dolorosos que as vezes aderem a epiderme gerando irregularidades - as úlceras de mucosa, sobretudo bucais e do palaco superior são consequentes à mucosites - vasculopatias são comuns, incluindo espamos arteriolares, infartos nos leitos ungueais - ainda padrão rentilhado difuso sofre a pele, lesões petéquias/púrpuras, urticárias nas extremidades (3) Sistema musculoesquelético - artralgias e atrites não erosivas são uma das características mais comuns no LES (mais de 85% dos pacientes)Frouxidão ligamentar que permite luxação; sem fixação dos tecidos por fibrose cicatricial - mãos, punhos e joelhos são os mais comumente sintomáticos - 10% dos pacientes apresentam artropatia de Jaccoud, que são deformidades articulares redutíveis - uso crônico de corticoides pode determinar osteoporose ou mesmo osteonecrose - miopatias podem ser consequências do uso de corticoides - a fibromialgia é comumente identificada no LES e pode contribuir para fadiga e depressão (4) Sistema renal 74% dos pacientes serão acometidos em algum momento - o envolvimento renal é frequente no LES - é indicador de pior prognóstico - a patologia renal é geralmente decorrente do depósito de imunocomplexos circulantes ou formação local nos glomérulos - levando a ativação do complemento e recrutamento de células inflamatórias - inflamação, necrose e formação de cicatrizes nos glomérulos - além disso, há, na patologia renal, lesões vasculares - a hipertensão pode ser decorrente de envolvimento renal mais significativo - a nefrite lúpica evidencia um quadro imunopatológico mais complexo - existe a classificação das lesões da nefrite lúpica (Sociedade Internacional de Nefrologia) - reflete o padrão de acometimento renal - classe I – Mesangial mínima: apenas presença de imunodepósitos sem proliferação de células inflamatórias - melhor prognóstico; não requerendo tratamento específico - classe II – Mesangial proliferativa: depósito de imunocomplexos no mesangio com proliferação celular no compartimento - proteinúria subnefrótica – hematúria - classe III – Proliferativa focal: menos de 50% dos glomérulos estão infiltrados por células inflamatóriasEm geral associada a proliferação do mesangio - classe IV – Proliferativa difusa: 50% ou mais glomérulos estão infiltrados por células inflamatórias - classe V – Membranosa: raramente o paciente tem apenas espessamento da membrana basal glomerular - nos casos de membranosa pura, apresenta-se com glomerulopatia nefrótica - classe VI – Esclerose avançada: mais de 90% dos glomérulos possui esclerose global - o paciente teve alguma forma de nefrite lúpica que não foi vista a tempo e danificou maior parte dos glomérulos - sugere doença renal terminal sem tratamento que gere benefício - o prognóstico das classes I e II é bom - a classe IV, a forma mais comum de nefrite lúpica, apresenta pior prognóstico - a classe V, 10 a 20% dos pacientes, melhora depende do grau de proteinúria, após longo período de acometimento - proteinúria leve é bom prognóstico (5) Sistema Cardiovascular - a pericardite é a manifestação cardíaca mais comum - porém, por vezes só é reconhecida por métodos de imagem ou mesmo autópsia - faz parte da serosite generalizada mediada por autoanticorpos e imunocomplexos - se manifesta com dor torácica subesternal que melhora com inclinação para frente e exacerbada com espirro ou tosse - respondem bem a doses moderadas de corticosteroides - anormalidades estruturais das valvas cardíacas englobam desde nódulos estéreis até espessamento valvar inespecífico - nódulos são imóveis, localizados geralmente no lado atrial da valva mitral - podem determinar regurgitação valvar - são achados comuns na autópsia de pacientes LES, mas acometimentos valvares significativos são raros (1-18%) - são de natureza inflamatória - a aterosclerose acelerada e precoce vem sendo cada vez mais reconhecida como prevalente no LES - descritas em 37% de pacientes LES contra 15% controleQue agrava o dano vascular - ter LES por si só é um fator de risco cardiovascular importante para aterosclerose prematura - ainda não se definiu mecanismos, mas provavelmente se dá pela inflamação crônica associada à ativação do sis imune - a mortalidade por aterosclerose chega a ser 10 vezes maior em pacientes com LES - o fenômeno de Raynaud é encontrado em até 60% dos pacientes de LEs - vasoespasmos e oclusão das artérias digitais frente ao frio e estresse emocionalDevido alterações de perfusão vascular - pode determinar dor e até necrose das extremidades digitais - num episódio, a coloração natural dos dedos para para cianótica e posteriormente para rubor Gerando manifestações como dor abdominal e sintomas neuropsiquiátricos - vasculite e necrose fibrinoide podem acometer pequenas artérias, arteríolas e capilares (6) Sistema pulmonar - a pleurite é a manifestação mais frequente do LES, ocorrendo em 30% dos pacientes em algum momento da doença - caracterizada por dor à respiração e derrames exsudativos - acometimentodo parênquima é raro, apresenta mecanismos distintos - pneumonites na ausência de infecção documentada - hemorragias alveolares - embolias pulmonares secundárias a tromboses periféricas - hipertensão pulmonar com acometimento da resistência periférica e alteração da capacidade de difusão (7) Envolvimento Neuropsiquiátrico - inclui manifestações neurológicas e psiquiátricas - pode afetar o sistema nervoso e periférico - o Colégio Americano de Reumatologia definiu 19 síndromes psiquiátricas que podem estar associadas ao LES - a ressonância magnética é útil para detectar anormalidades intracranianas - lesões da substância branca - infartos cerebrais - trombose de seio venoso e atrofia - o envolvimento de nervos cranianos e oculares por vasculopatia pode afetar a visão - exame de retina pode revelar manchas algodonosas decorrentes de isquemia ou necrose retiniana - a mielopatia transversa pode gerar consequências como paraplegiaGeralmente devidas a danos por vasculopatias de pequenas artérias que irrigam essas fibras nervosas - neuropatias sensoriomotoras são comuns (até 28% dos casos) (8) Sistema gastrintestinal - vasculite do TGI ou do mesentério é incomum, mas pode determinar dor e necrose intestinal - peritonite pode manifestar-se por derrame peritoneal e dores abdominais (raro) - pancreatite ocorre em 10% dos pacientes, mas pode ocorrer também devido acometimentos vasculares (9) Linfadenopatia - cerca de um terço dos pacientes LES apresentam linfadenopatia difusa em algum momento da doença - linfonodos não são dolorososcomo o linfoma de Hodgkin - biópsia habitualmente mostra hiperplasia folicular - estudos recentes mostram aumento de doenças hematológicas malignas nos pacientes com LES - esplenomegalia é vista muitas vezes no LES - a patologia do baço é caracterizada por histologia de casca de cebola; - circulos concêntricos de matriz de colágeno circundando artperias e arteríolas esplênicas (10) Sistema Hematológico - além dos autoanticorpos específicos do LES (anti-DNA, anti-Sm), podem haver contra elementos celulares sanguíneos - a anemia pode ser identificada em 50% dos pacientes, mas é multifatorialA contagem de linfócitos diminui frente a maior atividade da doença - a leucopenia e linfopenia também são observadas - anticorpos que se ligam a linfócitos e neutrófilos foram descritos - mas uma maior tendência à apoptose espontânea dos linftambém pode contribuir para linfopenia - a trombocitopenia induzida por anticorpos antiplaquetários pode ocasionar hemorragias com risco de vida - Conhecer o diagnóstico clínico e laboratorial do lúpus - o Colégio Americano de Reumatologia elaborou 11 critérios para classificação de pacientes com LES - critérios incluem manifestações de pele, mucosas, atrite, serosites, quadros renais, neurológicos, hematológicos, imunológicos e título anormal de ANA (anticorpo antinuclear)Por ser positivo em praticamente todos os pacientes com LES - ANA tem baixa especificidade, mas aumenta a sensibilidade dos critérios - os critérios não excluem diagnóstico, pois há pacientes com LES que não preenchem 4 critériosApesar de todos os pacientes preencherem em algum momento - assim, os critérios são úteis para lembrar aos clínicos das manifestações mais comuns do LES - portanto, necessita de história minunciosa, com revisão detalhada dos sistemas, fatores desencadeantes e histórico familiar- Procainamida, hidralazina (maior risco) - Quinidina, isoniazida e interferon recombinado (menor risco) - assim como histórico medicamentoso (devido a síndrome semelhante ao lúpus) - no início dos sintomas, pode-se não ter certeza do diagnóstico do LES - devido muitas das manifestações sistêmicas simulares outras condições (principalmente virais e malignidade) - a característica mais importante do LES é sua característica multissistêmica associada a uma sorologia típica - o diagnóstico diferencial do LES inclui: doenças reumatológicas, como atrite reumatoide e vasculites, infecções, doença inflamatória intestinal, púrpura trombocitopênica trombótica, reações a drogas e condições malignas (sobretudo linfomas) - atualmente, sistema diagnóstico novo (SLICC) - 2012, percebeu-se que ACR estavam aquém - deixavam passar muitos pacientes por não preencher os critérios (rash malar e FAN positivo apenas) - facilita no tratamento precoce que é fundamental - podendo inclusive evitar acometimentos renais mais graves - os novos critérios são mais sensíveis e podem ser vistos mais precocemente - 17 critérios divididos em clínicos e imunológicosA não associada ao lúpus discoide - o SLICC também incluiu manifestações que não estavam no ACR, como a alopécia (não-fibrótica) - Lúpus cutâneo agudo: rash malar e fotossensibilidade - lúpus cutâneo crônico: lúpus discoide e o lúpus cutâneo subagudo - alopécia como critério individual - úlceras ronais e nasais como critério individual - inovou no conceito de doença articular (antes era só artrite que requer aumento de volume articular por derrame articular) - há pacientes que tem apenas artralgia/rigidez; no SLICC é critério para lúpus - manifestações hematológicas foram divididas (no ACR eram contados como apenas um critério – distúrbio hematológico) - no SLICC, cada manifestação conta como um critério individual (leucopenia, plaquenopenia, anemia hemolítica autoimune) - os critérios imunológicos, também foram mais separados (antes tinha apenas dois FAN e os demais) - no SLICC, cada critério conta como critério individual (anti-DNA, anti-Sm, anti-PL - foi acrescentado também hipocomplementemia e Coombs direto positivo como critérios individuais - para enquadrar o paciente no SLICC, são necessário 4 critérios, sendo pelo menos 1 clínico e 1 imunológico - ou biópsia renal positiva + FAN ou anti-DNA dupla fita (é uma excessão para pacientes que não tem outros sintomas) - uma glomerulopatia lúpica + FAN ou anti-DNA dupla fita já confirma o diagnóstico - garante a precocidade do diagnóstico e do início do tratamento - (1) achados laboratoriais - todos os elementos sanguíneos podem ser alterados no LES - logo hemograma completo é essencial para auxílio no diagnóstico e tratamento - tempo parcial de tromboplastina quando prolongado pode indicar presença de anticorpos antifosfolipídes patogênicos - esses anticorpos também se associal a falso-positivo no teste sorológico para sífilisCom análise microscópica do sedimento urinário, ureia e creatinina séricos, e urina de 24h para medir proteínas e creatina - a avaliação do acometimento renal inclui na rotina exames de urina - a albumina sérica baixa é compatível com proteinúria persistente e GN membranosa - já cilíndros eritrocitários e leucocitários no sedimento urinário sugerem GN proliferativa - biópsia renal caracteriza a doença renal e pode trazer informações prognósticasA PCR, proteína de fase aguda, traz poucas informações no LES, pois muitas vezes é baixa em comparação com VHS numa mesma situação - a velocidade de hemossedimentação (VHS) é inespecífico em inflamações sistêmicas - mas pode indicar atividade da doença - a análise de testes sorológicos característicos do lúpus podem corroborar para o diagnóstico - alguns também podem ajudar no monitoramento da atividade da doença - teste do ANA (ou FAN – fator antinuclear; anticorpo antinuclear) é presenteem praticamente todos os pacientes - não precisa ser repetido se positivo uma vez - anticorpos anti-DNA de dupla hélice são frequentes no LES - o monitoramento dos seus títulos pode ser útil para avaliação da atividade da nefrite lúpica - autoanticorpos específicos contra proteínas que se apoiam em ácidos nucleicos intracelulares presentes em muitos pacientes - anti-Sm tem alta especificidade para LES - anti-Ro e anti-La são específicos de proteínas de partículas que possuem RNA - são comuns na síndrome de Sjögren (secura ocular e da boca) que pode ser secundária ao lúpus - são comuns em mães de recém nascidos com lúpus neonatal (cruza a placenta)Bb com rash malar e manifestações cutâneas que passam após o nascimento; e cardíacas de condução (importantes), requer acompanhamento cardiotocográfico - anti-Ro tem associações - é um marcador de fotossensibilidade por ser formado em células apoptóticas da pele - dosagem de proteínas do complemento diminuídas (sobretudo C3 e C4) indicam maior consumo - indicando maior atividade da doença - uma avaliação global, com histórico e exame físico, associada a exames sanguíneo, urinário e sorológico suportam o diagnóstico de LES - deve-se reconhecer a heterogeneidade da doença (diferentes manifestações) - isso também vale para outras doenças sistemicas que devem ser utilizadas como diagnósticos diferenciais - Conhecer o manejo farmacológico e não farmacológico do lúpusPara o tratamento, avalia-se: - ameaça à vida - potencial reversibilidade - melhores evidências disponíveis - uma vez feito o diagnóstico, aconselhamento e educação permanentes são fundamentais - os pacientes devem evitar fatores desencadeantes de exacerbações conhecidos - luz ultravioleta (protetor solar) - antibióticos à base de sulfa - tabagismo - implementação de repouso adequadoCecil: agentes anticonceptivos e terapia de reposição hormonal não contribuem para exacerbação da doença - a gestação deve ser vista com cautela e querer monitoramento cuidadoso (1) Terapia médica convencional - quando não há acometimento de órgãos e sistemas importantesMaior risco de meningite asséptica e IAM - AINES, corticosteroides em baixas dosagens e antimaláricos, analgésicos comuns - sendo os corticoides, como prednisona (5-30 mg/dia) eficaz em artralgias, pericardites e pleurites, quadros cutâneos - corticosteroides tópicos podem ser utilizados em lesões cutâneas - para doença mais grave, especialmente nefrite ativa, manifestações do SNC e vasculite sistêmica - doses de prenisona 60 mg/dia ou metilprednisolona 1g/dia por 3 dias - apesar de os corticosteroides serem efetivos, possuem toxicidades que aumentam a morbidade do lúpus - contribui para maior risco de infecções, osteonecrose, osteoporose, catarata, diabetes, miopatias, hipertensão, hipoadrenalismo e disturbios emocionais - agentes antimaláricos, especialmente hidroxicloroquina (200 a 400 mg/dia)Estudo canadense mostrou maior frequência de exacerbações em pacientes que suspenderam a hidroxicloroquina - utilizada em manifestações cutâneas e artralgias - são rotinas em pacientes com LES - diminui a incidência de trombose (afetando a vasculopatia e danos terminais a orgãos) - seu potencial mecanismo se relaciona aos receptores TRL (inata) - agem sobre a acidificação das vesículas intracelulares as quais os TRL se associam - inibindo a ativação das células imunesLogo, o paciente em uso, deve fazer exames oftalmológicos no início da terapia e a cada 6-12 meses - são drogas bem toleradas - raramente pode determinar toxicidade ocular - além de se controlar a autoimunidade e inflamação, deve-se controlar hipertensão quando surge1g/dia IV por 3 dias - pacientes com histórico de trombose, recomenda-se o uso de varfarinaCiclofosfamida: pulsos mensais por 6m - micofenolato + eficaz em negros - menos tóxico que ciclofosfamida - tratamento de manutenção não inclui ciclofosfamida que é muito tóxico - Belimumab: droga imunobiológica asso ciada ao tratamento padrão (anticorpo)Inibe processos da ativação linfocitária - Discutir os aspectos psicossociais do paciente com lúpus - fatores emocionais também desencadeiam LES - até a obtenção do diagnóstico, há vistas a várias especialidades - vivencia de sintomas diferenciados inexplicáveis - gera medo, insegurança, angusta e estresse - dificuldade na obtenção de diagnóstico - lidar com espera para o fechamento gera ansiedades e incertezas - isso pode desencadear problemas de ordem emocional, como reações depressivas - há relatos de efeito tranquilizador diante do diagnóstico - compreensão da doença - alguns pacientes não conseguiam compreender a constituição da doença mesmo após orientação - isso foi atribuído à resistência ao diagnóstico - já que negando o entendimento, não seria obrigado atender a cronicidade do tratamento - conexão com a não adesão ao tratamento - compreensão da doença por terceiros - cuidadores tinham dificuldades em entender a doença - sobretudo as particularidades, como a exacerbação e remissão - modificação temporal do corpo - vista como algo doloroso físico e emocionalmente - dores, inchaços, alopecia e reações a alguns medicamentos, como a retenção de líquidos - a vivência da fadiga - algo recorrente - dificulta as atividades rotineiras - retorno à rotina diária - anseio pela retomada da vida antiga - expectativa do paciente de extinção da doença para concluir projetos interrompidos - uso de medicações por tempo indeterminado - tida como uma vivência negativa - esse uso contínuo mantém a condição de “ser doente” mesmo na remissão dos sintomas - além dos efeitos colaterais dos fármacos - o acesso ao apoio profissional - difícil, principalmente para retirar dúvidas sobre a doença - deficitário na compreensão das particularidades de cada paciente - o paciente apresenta expectativa natural da melhoria dos seus sintomas - dificuldades na compreensão da cronicidade da doença - a remissão é entendida por alguns pacientes como cura, sendo que é apenas uma fase
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