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DPOC é a obstrução crônica ao fluxo aéreo, de caráter irreversível, associada à resposta inflamatória exagerada do pulmão à inalação de partículas e/ou gases tóxicos. As substancias do tabaco estimulam a produção de muco das vias aéreas, reduzem o movimento ciliar, ativam macrófagos alveolares que secretam fatores quimiotaticos (IL-8), que vão estimulam o recrutamento alveolar de neutrófilos, além de ativar neutrófilos, que passam a produzir mais enzimas proteolíticas, como a elastase e inibem a alfa 1 antitripsina, enzima inibidora da elastase. O paciente com DPOC apresenta 2 tipos de lesão, mas sempre apresenta o predomínio de um desses: └ ENFISEMA PULMONAR: destruição do parênquima (mais interstício) com perda do suporte alveolar (dano no alvéolo reduz a troca gasosa) e da retração elástica (pink). – ausculta com diminuição do murmúrio vesicular sem ruídos adventicios └ BRONQUITE OBSTRUTIVA: doença de pequenas vias aéreas onde ocorre hiperplasia e hipertrofia das glândulas submucosas secretoras de muco, aumentando a secreção (blue) – ausculta mostra vários ruídos adventícios, como sibilos, roncos, estertores creptantes, além da diminuição do murmúrio vesicular Ambas as lesões levam à limitação do fluxo aéreo (DPOC) por diminuição da elasticidade pulmonar e aumento da resistência das vias aéreas distais. Esses fatores predispõem ao colabamento dos bronquíolos terminais na expiração, o que gera aprisionamento de ar (tórax em tonel) nas porções distais, o que promove o aumento do volume residual. O ar aprisionado não vai se renovar adequadamente, ficando com um baixo teor de O2, o que diminui a PO2 (distúrbio V/Q – ventilação/perfusão). A hipoxemia crônica causa um mecanismo reativo de vasoconstricção na circulação pulmonar, que causa hipertensão pulmonar, levando ao aumento da pressão da artéria pulmonar, que vai atrapalhar o VD a bombear (aumento da pós carga), podendo levar à falência de VD (turgência jugular, ascite, hepatomegalia, edema de MMII e cor pulmonale). Tambem pode causar Policitemia, pelo aumento da produção de eritropoietina, o que aumenta a produção de hemácias (não ocorre no renal crônico, pois nele há deficiência de eritropoietina). Nas fases iniciais praticamente não há sintomatologia e o exame físico pode ser normal, mas com a progressão da doença pode ocorrer diminuição da mobilidade pulmonar, hipersonoridade à percussão, frêmito toracovocal e murmúrio vesicular diminuídos, expiração prolongada e estertores finos. Em casos mais avançados há taquipneia, respiração com os lábios semicerrados e utilização da musculatura acessória. Se associado a cor pulmonale, há turgência jugular, hepatomegalia e edema de MMII, além de segunda bulha cardíaca em foco pulmonar hiperfonetica, sugestiva de hipertensão pulmonar. O diagnostico é feito através de espirometria, que mede os volumes e fluxos de ar na expiração. A presença de padrão obstrutivo, caracterizados por valores de VEF1/CVF (capacidade vital forçada) abaixo do limite, após o uso de broncodilatador, sugere a presença de doença, mesmo que em indivíduos assintomáticos. A oxigenação arterial pode ser medida indiretamente pelo oximetro de pulso ou de forma direta pela gasometria arterial, indicada para indivíduos com SPO2<90%. O RX afasta outras patologias e pode mostrar alterações como hipertransparencia, pobreza da trama broncovascular, rebaixamento e retificação dos hemidiafragmas, alargamento dos espaços intercostais e silhueta cardíaca menor, nas fases avançadas da doença. O PRINCIPAL FATOR DE DESCOMPENSAÇÃO É A INFECÇÃO RESPIRATÓRIA!!! Além de broncoespasmo, insuficiência cardíaca, TEP e pneumotórax. Índice de dispneia: 1 = só tem falta de ar durante exercícios intensos 2 = falta de ar quando anda apressadamente ou sobe uma rampa leve 3 = anda mais devagar do que pessoas da mesma idade por causa da falta de ar ou tem que parar pra respirar, mesmo andando devagar 4 = para pra respirar depois de andar 100m ou após alguns minutos de caminhada no plano 5 = sente tanta falta de ar que não sai mais de casa, ou quando esta se vestindo Estadiamento da DPOC: Estádio Classificação Característica Clinica I Leve VEF1/CVF<70% VEF1 pós BD >80% Geralmente apresentam pequena limitação de suas atividades habituais, que aumenta durante as exacerbações. A redução da progressão da doença ocorre com o abandono do tabagismo. II Moderado VEF1/CVF<70% VEF1 pós BD entre 50% e 80% Doença já sintomática e mais limitante, com redução da capacidade física e dispneia já percebidas. Procura o medico durante a exacerbação. III Grave VEF1/CVF<70% VEF1 pós BD entre 30% e 50% Ou com dispneia grau 2 ou 3 Onde geralmente ocorre a procura por assistência medica. Geralmente apresentam sintomas respiratórios frequentes e repercussões sistêmicas da DPOC. IV Muito Grave VEF1/CVF<70% VEF1 pós BD <30% OU VEF1 pós BD <50% + insuficiência respiratória crônica (PaO2<60 mmHg em ar ambiente e ao nível do mar) Geralmente cursa com hipercapnia Os objetivos do tto são prevenir a deterioração da função pulmonar, melhorar os sintomas e a qualidade de vida. Como o tabagismo é o principal fator de risco, parar de fumar é a mais importante estratégia terapêutica, reduzindo a progressão da doença. Poluentes ambientais e exposição ocupacional também devem ser diminuídos. A = Medicação de alívio SAMA prn ou SABA prn B = LABA ou LAMA C = ICS + LABA ou LAMA D = ICS + LABA e LAMA SABA = beta agonista de curta duração (fenoterol - BEROTEC, salbutamol - AEROLIN e terbutalino), relaxam a musculatura lisa das vias aéreas, aumentando seu diâmetro e, consequentemente, o fluxo aéreo. SAMA = anticolinérgico de curta duração (brometo de ipratrópio - ATROVENT), bloqueiam os receptores muscarinicos prevenindo a broncoconstricção mediada pela acetilcolina, o que aumenta o fluxo aereo LABA = beta agonista de longa duração (formoterol - FLUIR e salmeterol - SERETIDE), relaxam a musculatura lisa das vias aéreas, aumentando seu diâmetro e, consequentemente, o fluxo aéreo. LAMA = anticolinérgico de longa duração (brometo de tiotrópio - SPIRIVA), bloqueiam os receptores muscarinicos prevenindo a broncoconstricção mediada pela acetilcolina, o que aumenta o fluxo aereo ICS = corticosteroides inalatórios Além do tto farmacológico citado acima, as vacinas para influenza podem minimizar a gravidade da gripe nesses pacientes, sendo indicada em todos os casos anualmente. Vacinas para pneumococo podem reduzir pneumonia adquirida e também estão indicadas. A reabilitação pulmonar é muito importante nos pacientes sintomáticos, principalmente pelo treinamento físico. A oxigenoterapia melhora a sobrevida dos hipoxemicos em repouso. Existem varias cirurgias que tem sido propostas: bulectomia para grandes bolhas localizadas e função pulmonar relativamente preservada, cirurgia redutora de volume pulmonar para pacientes com doença mais difusa e grave e transplante de pulmão em pacientes muito graves, com menos de 65 anos e VEF1<25%, sem comorbidades importantes que diminuam o tempo de vida. Exacerbação da DPOC é um evento de instalação súbita que ocorre no curso natural da doença, caracterizado por alterações na dispneia, tosse e/ou expectoração, suficiente para gerar modificação no tto de manutenção. A presença de comorbidades de alto risco, inadequada resposta ao tto ambulatorial, inabilidade de comer ou dormir por causa dos sintomas, piora importante da dispneia, piora da hipoxemia e hipercapnia, perda da consciência, são indicações de internação. Nelas, devemos usar os broncodilatadores de curta ação inalatórios (fenoterol - BEROTEC, salbutamol -AEROLIN), corticoide sistêmico (prednisona, VO por 7 a 10 dias), oxigenioterapia mantendo a SaO2>90% e ventilação mecânica se necessário. NÃO ESQUECER DO ANTIBIÓTICO se houver aumento do volume do escarro, alteração do aspecto para purulento, aumento da dispneia ou necessidade de intubação. Bactrin ou Ciprofloxacino.
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