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fato com o qual sua mulher manifestou insatisfação. Porém Dr. Diamond não percebeu também uma possível depressão em John e termina o relato do caso dizendo “John é um homem maduro e voltado para o futuro com senso de humor perspicaz e equilíbrio. Enquanto ainda ressentido pela sua experiência, ele filosoficamente aceita o que aconteceu e tenta superar isso com o apoio de sua mulher, pais e família.” Para Diamond é possível que as interpretação dos primeiros anos de John tenham sido erradas, pela dificuldade de pesquisador de ver os resultados saindo de sua hipótese. As manifestações comportamentais masculinas de Joan iriam sempre ser interpretadas como uma fase, ou comportamentos desviantes normais para uma garota. Os comportamentos masculinos de Joan eram repetidamente rejeitados pelos médicos também pela crença a diminuição da dúvida do paciente levaria a um maior sucesso da mudança de sexo Para Diamond, todo o caso foi construído na crença de que toda a imagem pessoal depende da criação que a criança receberá baseada no órgão sexual funcional: era melhor que John tivesse uma vagina funcional que um pênis não funcional. Apesar da funcionalidade do órgão ser um fator importante para pessoa, Diamond não acredita que é o ponto central para o estabelecimento do gênero. Diamond aponta que o caso de John/Joan é incomum na literatura (não hermafrodita), mas cita outros artigos de followup de casos de pacientes com micropênis, que tiveram a mudança de sexo para o feminino, e que hoje não possuem nenhuma dúvida de seu sexo ser o masculino. E vários estudos nos quais homens com o pênis anormal sofreram uma mudança de sexo para o feminino e hoje vivem como homens. Diamond ressalta que há casos na literatura de homens que aceitaram a vida como mulheres, quando trocado de sexos quando bebês. Mas os casos relatados não contém detalhes da vida sexual ou pessoal do indivíduo e não há um longo follow up, acompanhando apenas os primeiros anos de vida. Diamond afirma que os followups de mudança de sexo tem que ir além dos 5 ou 10 anos e acompanhar a pessoa principalmente na puberdade, quando a pessoa realmente reafirmará o seu gênero. Discussão O caso de John/Joan é emblemático em dois pontos principais: na ideologia de gênero, criada por Dr. Money, que é ainda hoje defendida por alguns grupos, e no enviesamento científico que um pesquisador pode ter quando se apaixona demais por sua teoria e começa a distorcer os fatos ao seu favor. É preciso ressaltar o cuidado que o pesquisador deve ter com sua teoria e pesquisa, para que não se apaixone tanto por ela ao ponto de que esta não vire um dogma para si próprio e ao invés de criar teorias que tentem explicar a realidade ele dobre a realidade para encaixar em sua teoria. Money considerou o caso um exemplo de sucesso, e provavelmente realmente o enxergou como um completo sucesso, deixando de ver ou arranjando justificativas para qualquer comportamento de Joan que saía do esperado. A sua teoria e o caso se espalharam rapidamente, não só nos meios acadêmicos, como também na mídia. Time magazine escreveu “Este caso dramático… dá bastante suporte… que os padrões convencionais de comportamentos masculinos e femininos podem ser alterados. Também impõe dúvidas na teoria de que a maioria das diferenças sexuais, psicológicas e anatômicas, são imutáveis, deterrminadas por genes e concepção. O modelo Hopkins se espalhou pelo mundo nos hospitais. Com a crença de que a criança se adaptaria a qualquer gênero a escolha passou a se guiar pelo orgão que seria mais funcional para pessoa. Os endocrinologistas manipulavam hormônios para o melhor desenvolvimento sexual do paciente na puberdade. Neste guia pelo orgão mais funcional muitos meninos sofreram mudanças de sexo apenas ter um pênis que os médicos consideraram muito pequeno, com a crença de que eles teriam um vida mais satisfatória como meninas. Após a revisão do caso por Diamond, o caso de John/Joan levou ao início de mais estudos de followup de pacientes que tiveram uma mudança de sexo ainda quando bebês/crianças. A Intersex Society of North America (ISNA) realizou levantamentos com pacientes adultos e percebeu que um grande número dos que tiveram troca de sexo quando bebês estavam insatisfeitos com o sexo ou já haviam realizado uma mudança de sexo. Por mais que Money afirmasse que o desenvovimento do gênero é social, o foco no tratamento se concentrava na funcionalidade e mudança do orgão sexual, pouco se trabalha o lado social dos papeis. Money insistia em mostrar as diferenças dos orgão sexuais para os gêmeos, acreditando que Joan entenderia que porque tinha tal orgão era uma menina e então teria que agir de uma certa forma. Apartir de vários estudos as concepções sobre gênero e manejo destes pacientes começaram a mudar, hoje defendese que a própria pessoa deve decidir qual gênero irá ter, quando tiver capacidade para tal. A INSA afirma “Não há evidência que crianças que crescem com genitálias hermafroditas estão piores psicologicamente que aquelas que possuem o sexo alterado. Na verdade há evidências de que crianças que crescem com genitálias hermafroditas crescem bem, psicologicamente… as cirurgias acontecem antes da idade de consentimento sem justificativa”. Como o próprio John narra “Doutor… disse, vai ser difícil, as pessoas irão pegar no seu pé, você será bastante solitário, você não irá achar ninguém a não ser que tenha uma cirurgia vaginal e viva como uma mulher. E eu pensei comigo mesmo… me desapontou o fato de que estas pessoas serão muito baixas se esta é a única coisa que eles pensam que há para mim…. Se isso é tudo o que elas pensam de mim, que meu valor é baseado pelo o que eu tenho no meio das minhas pernas I tenho que ser um completo perdedor”. No caso de John/Joan toda família foi afetada drasticamente pelas decisões e ações tomadas. Obviamente o processo pelo qual estava submetido não afetou e desgastou apenas o psicológico de John, mas de seus pais e irmão, tornandoos uma família traumatizada e vítima de depressão. Fora